Há 70 anos, Batalha de Stalingrado selava derrota do

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Disciplina - História -
Há 70 anos, Batalha de Stalingrado selava derrota
do nazismo
História
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Postado em:19/02/2013
Por Max Altman, São Paulo Faz exatos 70 anos. Em 31 de janeiro de 1943, o marechal Friedrich
Von Paulus, comandante do VI Exército alemão, comunicava sua capitulação incondicional ao
general Vassili Chuikov, comandante do Exército Vermelho em Stalingrado. Os remanescentes do
exército alemão renderam-se em 2 de fevereiro; 91 mil homens, entre eles 22 generais. Estava
encerrada a mais feroz, renhida e sangrenta batalha militar que a História da humanidade conheceu.
A Batalha de Stalingrado quebrou a espinha dorsal da poderosa máquina de guerra nazista e do
Terceiro Reich e provocou uma dramática guinada à Segunda Guerra Mundial. Por causa dos
soldados do Exército Vermelho, o mundo se livrou naquele momento do nazi-fascismo. Caso tivesse
saído vitoriosa, a sombra da Alemanha nazista pairaria por muitas e muitas décadas sobre povos e
nações, com todo o seu horror ideológico e racial. Por volta de setembro de 1942, a soma das
conquistas de Adolf Hitler era estarrecedora. O Mediterrâneo havia se tornado praticamente um lago
do Eixo, com a Alemanha e a Itália dominando a maior parte da costa setentrional, desde a Espanha
até a Turquia e a costa meridional da Tunísia até cerca de 100 quilômetros distante do rio Nilo. As
tropas da Wehrmacht mantinham guarda desde o cabo setentrional da Noruega, no Oceano Ártico,
até o Egito; da ocidental Brest no Atlântico até a parte sul do rio Volga, às bordas da Ásia Central.
Regimes fascistas pré-existentes e governos fantoches faziam o jogo do Reich nazista. França,
Holanda, Bélgica, Dinamarca, Áustria, Hungria, Tchecoslováquia, Polônia, os Bálcãs, a Grécia e
outras mais já haviam sido engolidas pelas Panzer Divisionen. Hitler parecia estar em situação
confortável. Os submarinos alemães estavam afundando 700 mil toneladas por mês de barcos
britânicos e norte-americanos no Oceano Atlântico, mais do que se poderia substituir nos estaleiros
navais dos Estados Unidos, Canadá e Escócia, então em franco progresso. Além disso, as tropas
nazistas do 6º Exército do marechal Friedrich von Paulus haviam alcançado o Volga, exatamente ao
norte de Stalingrado em 23 de agosto. Dois dias antes, a suástica tinha sido hasteada no monte
Elbruz, o ponto mais alto das montanhas do Cáucaso (5.642 metros). Os campos petrolíferos de
Maikop, que produziam anualmente 2,5 milhões de toneladas de petróleo, haviam sido conquistados
em 8 de agosto. No dia 25, os blindados do general Kleist chegaram a Mozdok, distante apenas 80
quilômetros do principal centro petrolífero soviético, nas imediações de Grozny e a cerca de 150
quilômetros do mar Cáspio. Stalingrado Então, em 31 de agosto, Hitler ordenou que o
marechal-de-campo List, comandante dos exércitos do Cáucaso, reunisse todas as forças existentes
para o assalto final a Grozny, a fim de se apoderar de todos os ricos campos petrolíferos da região.
O líder alemão determinou que o 6º Exército e o 4º Exército Panzer se lançassem para o Norte, ao
longo do Volga, cercando e sufocando Stalingrado, em um vasto movimento envolvente que lhe
permitisse avançar de leste e de oeste contra o centro da Rússia, tomando, finalmente, Moscou. Ao
almirante Raeder, no final de agosto, Hitler disse que a União Soviética "era um 'lebensraum'
(espaço vital), à prova de bloqueio" o que lhe ensejava voltar-se para os ingleses e
norte-americanos, que "seriam obrigados a discutir os termos da paz". Com essas conquistas vitais,
o "Reich de mil anos" estaria garantindo sua subsistência e permanência. Isso porque teriam
controle das vastas estepes da Ucrânia, ubérrimas, a fazer brotar um infindável celeiro dourado de
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trigais e os abundantes campos de ouro negro a besuntar de energia a máquina bélica e industrial
alemã. As imagens mais longínquas de minha meninice datam dessa época. Lembro-me de meu
pai, cercado de amigos, debruçados sobre um mapa da Europa estendido sobre a mesa, lupa em
punho, rádio em ondas curtas. Esta mesma cena provavelmente estaria se repetindo em milhões de
outros lares pelo mundo afora. Anos mais tarde, meu pai, um jovem revolucionário imbuído de ideais
socialistas, que no começo dos anos 1930 tinha abandonado a Polônia de governo pró-nazi e
anti-semita para vir ao Brasil, relatava a agonia e o horror com que acompanhavam a expansão
irrefreável do império nazista. Riscos do nazismo Quando os cabogramas anunciaram que a
infantaria alemã havia atravessado o Don silencioso em direção a Stalingrado, o assombro se
instalou. E se a Alemanha nazista derrotasse a União Soviética? A ideologia da supremacia racial
ariana de Hitler se abateria sobre grande parte do mundo. Negros, eslavos, indígenas, árabes,
mestiços, mulatos, amarelos, sub-raças e escória social, trabalhariam sob o tacão de ferro do
nazismo, como semi-escravos, para a glória da raça superior. Povos inteiros, judeus, ciganos,
seriam aniquilados em nome da limpeza étnica. Comunistas, socialistas e liberais seriam confinados
em campos de concentração e de lá não sairiam vivos. O colonialismo na África e Ásia ganharia
alento. As liberdades seriam espezinhadas e governos lacaios em todos os quadrantes se
encarregariam de organizar gestapos em cujos porões um elenco monstruoso de torturas ao som da
Deutschland Über Alles seria levado a cabo contra os inimigos do regime. As conquistas sociais dos
trabalhadores estariam esmagadas. O progresso, as artes, as ciências sofreriam abalo. Além disso,
Werner von Braun e seus assistentes em Penemunde teriam aperfeiçoando as mortíferas bombas
voadoras de longo alcance com ogivas nucleares e outras máquinas bélicas de alta tecnologia a
pender como espada de Dâmocles sobre qualquer país que ousasse desafiar o Reich alemão. E se
alguma nação pretendesse enfrentar os interesses do Grande Império Germânico novas ondas de
panzers ou de bombas V1 e V2 desencadeariam ‘blitzkriegs’ preventivas para aniquilar pelo terror
qualquer tentativa. Assim, quando o jovem general Konstantin Rokossovsky, levando a cabo as
instruções táticas da Operação Uranus ordenadas diretamente de Moscou e arquitetadas pelos
generais Alexander Vasilievsky e Vasily Volsky, conseguiu romper, em 19 de novembro, o anel de
aço que cercava Stalingrado, a esperança reacendeu. No entanto, a cidade estava sitiada, os
seguidos bombardeios da Luftwaffe haviam-na reduzido a escombros. Dia após dia o cerco se
apertava. No final de novembro, a zona urbana foi invadida e veio a ordem terminante: defender a
todo custo as fábricas Outubro Vermelho e Barricadas, que produziam os carros de assalto, a
Fábrica de Tratores que construía os blindados T-34 e a estação ferroviária central onde as matérias
primas eram desembarcadas. A Batalha Iniciou-se então a mais feroz, a mais encarniçada, a mais
renhida e sangrenta, a mais dramática das batalhas militares que a História da humanidade
conheceu. O terreno coberto de destroços impedia qualquer ação de blindados e a proximidade dos
contendores tornava impraticável a cobertura aérea. Só restava calar baionetas e passar a travar a
luta. Casa a casa, corpo a corpo, em cada centímetro de chão a luta se dava. Para ilustrar a
tenacidade com que se combatia, basta lembrar que a plataforma semidestruída da estação de trens
mudou de mãos sete vezes em um único dia. Os operários da Outubro Vermelho empunharam
armas e estabeleceram uma muralha de fogo em torno da fábrica. Jamais se havia visto tantas
cenas de heroísmo, bravura e coragem, de lado a lado, naquele cenário lúgubre das ruínas da
cidade. Nunca antes soldados haviam lutado com tanto denodo para conquistar e defender. Em 30
de janeiro de 1943, décimo aniversário da subida de Hitler ao poder, o führer fazia uma solene
proclamação pelo rádio: "Daqui a mil anos, os alemães falarão sobre a Batalha de Stalingrado com
reverência e respeito, e se lembrarão que a despeito de tudo, a vitória final da Alemanha foi ali
decidida". Três dias depois, em 2 de fevereiro, o marechal-de-campo Von Paulus assinava diante
do general Vassili Chuikov, comandante das tropas do Exército Vermelho em Stalingrado, a
rendição do 6º Exército alemão. A transmissão da capitulação foi feita em Berlim, através da rádio
alemã, pelo general Zeitzler, chefe do Alto Comando da Wehrmacht (OKW) precedida do rufar
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abafado de tambores e da execução do segundo movimento da Quinta Sinfonia de Beethoven. A
maior e a mais épica das batalhas da 2ª Guerra Mundial que tivera início em 26 de junho havia
chegado ao fim. Foram feitos prisioneiros pelos soviéticos 94,5 mil soldados alemães dos quais 2,5
mil oficiais, 24 generais e o próprio marechal Von Paulus. Foram mortos cerca de 140 mil soldados
da Wehrmacht e 200 mil homens do Exército Vermelho. Os soviéticos tomaram do exército inimigo
60 mil veículos, 1,5 mil blindados e seis mil canhões. A espinha dorsal do exército nazista e do
Terceiro Reich estava irremediavelmente quebrada. Celebração Os mesmos milhões de lares que
tinham vivido momentos de apreensão e pavor explodiram de emoção. Hitler havia mordido o pó da
derrota. Corações e mentes voltaram-se para glorificar os heróis combatentes do Exército Vermelho
e honrar os que tombaram no campo de batalha pela liberdade. A admiração pela extraordinária
façanha impunha a pergunta: o que levou aquele contingente de centenas de milhares de jovens a
lutar com tal fúria e obstinação? Certamente, além do apelo da Grande Guerra Patriótica, por livrar o
solo pátrio do invasor, havia outro ingrediente. A leitura das lancinantes cartas aos familiares
escritas no front deixava evidente a determinação de defender as conquistas da Revolução de
Outubro, por cuja consolidação seus pais, 25 anos antes, haviam derramado sangue enfrentando e
derrotando o exército branco e tropas invasoras de catorze 14 países mobilizados para sufocar no
nascedouro a revolução bolchevique. Logo após a vitória em Stalingrado, o Exército Vermelho
arrancou impetuoso rumo à capital do Reich nazista, abrindo em sua passagem os portões
macabros de Auschwitz-Birkenau. As tropas anglo-americanas desembarcam na Normandia em 6
de junho de 1944. No dia 2 de maio de 1945, soldados do destacamento avançado do general Ivan
Koniev hasteiam a bandeira soviética no mastro principal do Reichstag. Cinco dias depois, numa
pequena escola de tijolos vermelhos em Reims, França, na madrugada de 8 de maio de 1945, o
almirante Friedeburg e o general Jodl assinam, em nome do que restou da máquina de guerra
nazista, diante do general Ivan Susloparov pela União Soviética, e do general Walter Bedell Smith
pelos aliados, a rendição incondicional. Os canhões cessaram de troar e as bombas deixaram de
cair. Um estranho silêncio pairou sobre o continente europeu pela primeira vez desde 1º de
setembro de 1939. O mundo estava livre da sanha nazi-fascista. Esta notícia foi publicada em
31/01/2013 no site operamundi.uol.com.br. As informações contidas nela são de responsabilidade
do autor.
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