contribuições da dilvugação científica para o uso adequado

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CONTRIBUIÇÕES DA DILVUGAÇÃO CIENTÍFICA PARA O USO
ADEQUADO DE PLANTAS MEDICINAIS ATRAVÉS DE UM JOGO
DIDÁTICO
Ana Carla da Silva, Ana Paula Lucena Barbosa, Amilton Souza e Ana Paula Souza
Centro Acadêmico do Agreste (CAA), UFPE, Caruaru, PE/Brasil.
RESUMO: Diante dos riscos de que o uso inadequado e a ingestão excessiva de plantas
medicinais podem oferecer à saúde, torna-se necessário promover no âmbito educacional
esclarecimentos sobre os efeitos colaterais propiciados por essas ervas. Este trabalho teve
como objetivo utilizar a divulgação científica para expor as consequências causadas pelo uso
indevido de plantas medicinais. Para tal, utilizou-se da produção de um jogo didático como
ferramenta de conscientização, abordando os principais usos, características e efeitos
colaterais dessas plantas. Com isto, espera-se esclarecer aos alunos alguns equívocos com
relação ao uso dos chás, também foi utilizado a alfabetização científica que tem por finalidade
tornar a ciência acessível ao público em geral, contribuindo para a formação de cidadãos
críticos e reflexivos.
Palavras-chave: Divulgação Científica; Jogo Didático; Plantas Medicinais.
1. INTRODUÇÃO
As plantas medicinais são vistas como um medicamento alternativo na sociedade, em
virtude da acessibilidade das ervas, bem como da tradição cultural dos povos antigos em usálas como tratamento para algumas doenças. Esse fato, atrelado ao costume familiar de utilizar
ervas no combate as enfermidades, evidencia a necessidade de promover no âmbito escolar
esclarecimentos voltados para o uso inadequado e consequências que a ingestão excessiva das
plantas pode oferecer à saúde. Para isso, foi proposto, no ambiente educacional um jogo
didático que possibilitasse levar informação para a sala de aula através da divulgação
científica.
De acordo com (MACIEL et al., 2002) o conhecimento sobre plantas medicinais
representa, na maioria das vezes, o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos
étnicos. As observações populares sobre o uso e a eficácia dessas plantas, mantém em voga a
prática do consumo de fitoterápicos, tornando válidas as informações terapêuticas que foram
sendo acumuladas durante séculos.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população utiliza
remédios naturais ou faz uso da chamada medicina popular para tratar doenças (SILVEIRA,
2008). O que pouco se discute, no entanto, são os riscos da ingestão excessiva das infusões
preparadas com ervas, que podem ir de uma dor de cabeça a danos em órgãos vitais
(SILVEIRA, 2008).
Com isso, tem aumentado a preocupação relacionada com o fato de que essas ervas
apesar de apresentarem muitas semelhanças com os medicamentos, não possuem os mesmos
controles de prescrição e de venda, o que pode intensificar a frequência e os riscos da
automedicação. Segundo Macedo (2007), a atitude mais conveniente a ser tomada em relação
a isso, é considerá-las com o mesmo rigor com que se lida com os medicamentos, e
reconhecer quando for o caso, sua eficácia, mas também seus efeitos adversos.
Em consonância com Macedo, Keller (apud ARGENTA et al., 2011), aponta que
assim como acontece em todos os aspectos de automedicação, o uso de ervas representa um
perigo em potencial para a saúde humana. A segurança dos fitoterápicos é um fator essencial,
pois na maioria das vezes os produtos não são descritos por um profissional de saúde. Levar
essa temática para ser discutida em sala de aula permitira desenvolver discussões necessárias
à formação do cidadão e esclarecer concepções errôneas arraigadas na sociedade.
A divulgação científica tem sido uma das ferramentas educacionais capaz de
incorporar em sala de aula, discussões científicas, com a finalidade de esclarecer crenças e
tradição existente na sociedade sem um embasamento na literatura. Busca-se com esse
instrumento pedagógico, que os estudantes perpassem o que aprendem no campo escolar para
a comunidade, contribuindo dessa forma para alfabetizar cientificamente àqueles que não
estão inseridos nas instituições de ensino.
Assim como a divulgação científica, o jogo possibilita trabalhar o conhecimento de
uma forma didática e prazerosa, à medida que os alunos participam e exercem ações durante a
aula. Feito, que culmina em uma maior motivação para o aprendizado e consequentemente
favorece o desenvolvimento cognitivo do estudante.
A sequência didática (SD) por ser um conjunto de ações encadeadas visando facilitar a
aprendizagem, oportuniza ao professor abordar os conceitos utilizando diferentes
instrumentos como o lúdico, a alfabetização científica, o debate, entre outros. O termo
sequência didática é utilizado para definir procedimentos que são vivenciados passo a passo
de maneira progressiva com o intuito de tornar o ensino mais eficiente. Elas são planejadas e
desenvolvidas a partir de objetivos educacionais bem definidos com início e fim
Levando em consideração esses fatores, o objetivo desse trabalho foi aliar a
divulgação científica a um jogo didático, o qual descreve as características, bem como os
principais usos e efeitos colaterais das principais plantas medicinais. E dessa forma,
conscientizar e alertar os estudantes das consequências que tal uso pode ocasionar.
2. METODOLOGIA
O delineamento metodológico utilizado neste trabalho pode ser uma sequência
didática (SD), baseada em Méheut (2005) envolvendo duas etapas: inicialmente realiza-se
uma exposição dialogada utilizando a divulgação científica. Com o intuito de subsidiar a
discussão e objetivando identificar as concepções prévias dos alunos sobre os efeitos
colaterais que podem ser causados pelo o uso indevido de plantas medicinais. Na segunda
etapa aplica-se a atividade lúdica, que consiste em um jogo.
Nesse contexto, concorda-se com o entendimento de Vigotsky (1991), que o jogo é
uma ótima ferramenta para o professor alfabetizador no processo de aprendizagem, por
estimular o interesse no aluno, possibilitando a construção de conhecimentos a partir das suas
descobertas e da interação com outros, pois os processos de desenvolvimento dos indivíduos
estão relacionados com os processos de aprendizagem adquiridos através da sua interação
sociocultural.
A SD pode ser aplicada a alunos do 3º ano do ensino médio. O planejamento do jogo
partiu do pressuposto de que a maioria da população já utilizou ou utiliza chás no dia a dia.
Para confeccionar as cartas foram selecionadas as plantas medicinais mais utilizadas, com
base em um levantamento prévio feito com os estudantes. A seguir será ilustrada a produção e
regras propostas para o desenvolvimento deste trabalho.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir do uso da SD espera-se esclarecer os possíveis riscos das infusões preparadas
por ervas medicinais e também os efeitos adversos com relação ao uso dessas plantas. A
introdução do jogo didático para tratar essa problemática mostra-se uma ferramenta eficaz
para ser inserida no ambiente escolar.
3.1
PROCEDIMENTO E REGRAS
Elaborou-se 36 cartas para desenvolver o jogo. As quais se subdividiram em três
categorias com 12 cartas cada. Na primeira categoria encontram-se imagens e informações
das plantas medicinais como nome científico, nome popular, parte da planta utilizada e
curiosidades; a segunda categoria contém informações sobre os principais usos das ervas; e na
última os efeitos colaterais (ver tabela).
Tabela 1: Relação das plantas utilizadas no jogo
ERVAS UTILIZADAS
PRINCIPAIS USOS
Enxaqueca, Sinusite,
Alecrim
Fortalecimento da memória
e Tosse.
Arruda
Ação analgésica,
Antiasmática, Calmante e
Antiepilética.
Aroeira
Camomila
Cicatrizante, Antisséptico e
Queimaduras, Hidratar a
Digestivo, Anti-inflamatório,
Antioxidante e laxante.
Envenenamento e Efeito tóxico.
Irritação ocular, Inflamação nos
rins e Intoxicação.
Compromete o sistema
nervoso, Diarreia, convulsões e
Dermatite alérgica.
Diminui a pressão arterial,
e Doenças no fígado.
Desmaios e Sedação.
Calmante, Antibacteriana,
antiespasmódica.
Erva cidreira
Irritação gástrica,
Stress, Depressão, Digestão
Sudorífica e
Hortelã
Gastroenterites e Convulsões.
alérgicas e Tóxicas.
pele e Artrite.
Capim-santo
Dor abdominal, Tremores,
Infecções e Gastrite.
Hidratação capilar,
Boldo do Chile
Gastroenterites e Náuseas.
Irritação na pele, Reações
Ação adstringente.
Babosa
Reações alérgicas,
Dor-de-dente, Íngua,
Antibacteriano,
Barbatimão
EFEITOS COLATERAIS
Reações alérgicas, Náusea e
Excitação nervosa.
Descongestionante das vias
Diminuição da sensibilidade,
respiratórias, Expectorante,
Insônias e Asfixia em crianças e
Anestésica.
lactantes.
Calmante, Combate
Hipotensão, Irritação gástrica e
ansiedade, Dores nos olhos
Diminuição da frequência
Erva doce
e Cólicas.
cardíaca.
Cólicas, Diurética, calmante
Alucinações, Convulsões e
e Ação expectorante.
Reação alérgica.
Vermífugo, Expectorante,
Náuseas, Danos no fígado,
Antifúngica e Propriedades
Transtornos visuais e Dor de
digestivas.
cabeça.
Mastruz
Em grupo ou individualmente o aluno, com base nos seus conhecimentos prévios,
deverá escolher uma das 12 ervas para iniciar o jogo. Deverá associar corretamente a planta
escolhida ao uso principal e efeito colateral, formando assim um jogo. No verso da carta
constará uma numeração que indicará se o jogo formado está correto ou não, por exemplo, se
a ordem das cartas escolhidas estiver (1-1-1) o jogo estará correto. Caso a trinca formada
esteja incorreta, o jogador da rodada deverá passar a vez para o próximo. Ganha aquele que
somar o maior número de trincas.
Figura.1: Ilustração da trinca a ser formada
4. CONCLUSÃO
Propomos uma sequência didática visando trazer para sala de aula o tema de plantas
medicinais vivenciado pelos alunos no seu cotidiano, para isso utilizamos a contribuição da
divulgação científica, juntamente com um jogo didático, com intuito de promover uma
discussão sobre os riscos que o uso inadequado de plantas medicinais pode oferecer a saúde.
Com isso, a expectativa é que esta temática possa estimular o uso da divulgação
científica em sala de aula, para tratar sobre assuntos cotidianos, que, embora populares, a
sociedade ainda desconhece, como por exemplo, o falso senso comum de que por serem
naturais, as plantas não fazem mal a saúde. Portanto,
considerando
que
alfabetização
científica tem por finalidade tornar a ciência acessível aos cidadãos em geral, a atividade
proposta propõe colaborar para a formação de cidadãos críticos e reflexivos.
REFERÊNCIAS:
ARGENTA, S. C.; ARGENTA, L. C.; CAZAROTTO, V. S.; GIACOMELLI, S. R. Plantas
medicinais: cultura popular versus ciência. Vivências, v. 7, n. 12, p. 51-60, maio, 2011.
MACEDO, A. F.; OSHIIWA, M.; GUARIDO, C.F. Ocorrência do uso de plantas medicinais
por moradores de um bairro do município de Mauá-SP. Rev. Ciênc. Farm. Básica Ap, v. 28,
n. 1, p. 123-128, 2007.
MACIEL, M. A. M.; PINTO, A.C.; VEIGA, V.F. Plantas medicinais: a necessidade de
estudos multidisciplinares. Quím. Nova, São Paulo, v. 25, n. 7, maio, 2012.
MÉHEUT, M. Teaching-learning sequences tools for learning and/or research. In: Research
and Quality of Science Education. (Eds. Kerst Boersma, Martin Goedhart, Onno de Jong e
Harrie Eijelhof). Holanda: Springer.2005.
SILVEIRA, J. O perigo do chazinho. Folha de S. Paulo. São Paulo, 30 out. 2008. Disponível
em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq3010200805.htm>. Acesso em: 20 out.
2014.
VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
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