102 1. INTRODUÇÃO A palavra iatrogenia deriva do grego iatros

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A IATROGENIA NA ENFERMAGEM
Allana Amaral Leal1
Daniela Silva Reis2
André Luiz Fernandes da Silva3
Alan Cardec Barbosa3
RESUMO: Iatrogênica são afecções decorrentes da intervenção da equipe de saúde, da qual resultam consequências
prejudiciais ao paciente. O objetivo é verificar prováveis causas que levaram profissionais de enfermagem a cometerem
iatrogenias no período de 2000 a 2010 e que foram registradas no COREN-MT. Trata-se de uma pesquisa epidemiológica
de prevalência, quali-quantitativa, sobre incidência e consequência da iatrogenia cometida por profissionais de
enfermagem. Iatrogenias encontradas foram 70% falha de administração de medicamentos e 30% outros casos. Os casos
apresentados apontam para uma realidade, mesmo que diminuta no estado de MT, nacional, a iatrogenia aparece
frequentemente dentro do exercício do profissional de enfermagem.
PALAVRAS-CHAVE: Ética, enfermagem, iatrogenia
ABSTRACT: Iatrogenic disorders are due to the intervention of the health team, which results in harmful consequences
to the patient. The goal is to verify probable causes that led nurses to commit iatrogenic during 2000 to 2010 and were
recorded in COREN-MT. This is an epidemiological survey of prevalence, qualitative and quantitative, on the incidence
and consequence of iatrogenic committed by nurses. 70% were found iatrogenic fault drug administration and 30% other
cases. The cases presented show a reality, even in the tiny state of MT National iatrogeny appears often in the exercise of
professional
nursing.
KEYWORDS: Ethics, Nursing, iatrogenic
1
Enfermeira pelas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia. E-mail: [email protected]
Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande e coordenadora do curso de Enfermagem das
Faculdades Unidas do Vale do Araguaia.
3
Professor de enfermagem das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia
2
1. INTRODUÇÃO
A palavra iatrogenia deriva do grego iatros,
que significa médico e gênese que quer dizer origem.
Iatrogenia é definida como afecções decorrentes da
intervenção da equipe de saúde, seja ela certa ou
errada, justificada ou não, mas da qual resultam
consequências prejudiciais a saúde do paciente, ou seja,
é a doença produzida pela equipe de saúde.
(COIMBRA, FELIPES; NOGUEIRA, 2005).
A essência do exercício do profissional de
enfermagem é o cuidado de modo integral e holístico,
esse cuidado aplicado na realidade brasileira, onde
alguns elementos apontam para a falta de recursos
humanos e demanda reprimida de atendimento, de
certa forma pode induzir os profissionais a cometerem
falhas, as quais podem deixar sequelas no usuário que
podem ser físicas e psicológicas comprometendo a
ética na profissão (LEOPARDI, 1999).
Ética é um meio de regulação das relações
sociais do homem que tem o objetivo de garantir a
coesão social e harmonizar interesses individuais e
coletivos. Sob outro ponto de vista se equivale a moral.
A ética é uma opção individual, requer escolha íntima
da pessoa a valores, princípios e normas morais; é
ligada à noção da autonomia individual. É o
questionamento de indagações e normatização do que é
certo e do que é errado (FORTES, 1998)
Na área da saúde o erro foi culturalmente
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atribuído ao mau profissional, um problema do
indivíduo e não do sistema de atendimento ou da
complexidade na tomada de decisão. Quando aparecem
erros, a resposta humana é encontrar culpados e
solicitar compensações e retratações, procurando
assegurar-se de que a falha não ocorrerá novamente
(HARADA, 2010).
A Resolução nº 01/96 de acordo com a Lei
Complementar nº22, de 09 de novembro de 1992 diz
que o Conselho Estadual de Saúde, através da
Ouvidoria Geral, receberá denúncias e reclamações que
lhes forem dirigidas; se julgada improcedente,
encaminhará à Secretaria Geral do Conselho Estadual
de Saúde – MT, para arquivamento; se julgada
procedente, encaminhará o processo, com o parecer e
relatório ao Conselho Estadual de Saúde – MT, para
conhecimento e deliberação do Pleno Conselho
Estadual de Saúde – MT, que fará a análise e deliberará
sobre o assunto, podendo apresentar junto aos órgãos
competentes (PROCON, Ministério Público e outros)
para efeitos legais; o Conselho Estadual de Saúde –
MT, através da Secretaria Geral, encaminhará à
Ouvidoria Geral as deliberações referendadas pelo
Pleno, após reunião ordinária e extraordinária. A
Ouvidoria Geral divulgará o resultado conclusivo da
denúncia ao reclamante; o processo denúncia concluído
será arquivado na Secretaria do Conselho Estadual de
Saúde – MT (MATO GROSSO, 2000).
As penalidades impostas pelo conselho são:
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advertência verbal - o profissional será punido
verbalmente pelos seus erros. Multa – o mesmo terá
que pagar uma taxa como advertência. Censura - o
profissional será proibido de exercer sua função.
Suspensão do exercício profissional - o profissional
terá seu direito de trabalho suspendido. Cassação do
direito ao exercício profissional - o profissional terá
seu diploma cassado, não podendo exercer a profissão
(BRASIL, 2011).
Desta forma, para promover ao paciente uma
recuperação adequada, o profissional de enfermagem
deve possuir conhecimento técnico-científico para
garantir assistência de maneira humanizada,
globalizada e orientada aos pacientes.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi levantar
dados sobre o número de iatrogenias ocorridas de 2000
a 2010 e investigados pelo COREN - MT, identificar
fatores que contribuíram para isso e relatar as
conclusões obtidas, divulgando e propondo sugestões
para esse problema. Faz-se necessário também verificar
a relação desse problema com o contexto social já que
muitas dessas ocorrências não chegam a ser registradas
no COREN, sendo resolvidas dentro da própria
instituição.
Com a busca em literaturas e artigos acreditase poder explicar a forma como o enfermeiro age
diante da iatrogenia e com o levantamento de dados
procura-se analisar o tipo, o ano e qual a classe
profissional dos casos registrados definindo assim uma
estatística comparativa. Entendendo as causas, os
motivos e as condições em que essas iatrogenias foram
cometidas é possível desenvolver métodos que possam
minimizar essas ocorrências e esclarecer tanto ao
profissional quanto ao paciente qual a conduta a seguir
diante dos fatos.
Pesquisar sobre a iatrogenia é, antes de tudo,
possibilitar àqueles que lerem o estudo, o
esclarecimento sobre o erro entre os profissionais de
enfermagem e, desta forma, trazer sugestões para sua
solução e como consequência a qualidade da
assistência de enfermagem. Esperando contribuir para
que as pessoas de nossa comunidade tenham uma visão
mais ampla sobre o assunto.
2. METODOLOGIA
Esta é uma pesquisa epidemiológica de
prevalência, quali-quantitativa, com a abordagem de
levantamento estatístico de caráter exploratóriodescritivo baseado fundamentalmente na análise de
casos que diz respeito à incidência e conseqüência da
iatrogenia cometida por profissionais da enfermagem
registrados no COREN – MT e que objetiva
compreender o significado do (des)cuidado desses
profissionais em relação a assistência ao paciente.
Os sujeitos selecionados são auxiliares e
técnicos de enfermagem e enfermeiros registrados no
COREN – MT. Serão utilizados como fontes livros,
artigos, monografias e seminários, outros dados serão
coletados por meio de pesquisa documental. O registro
dos dados será digitado, conferido e submetido à
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análise. Assim, o trabalho será dividido em categorias e
subcategorias que se configurarão em capítulos.
Num primeiro momento serão levantadas
informações sobre o número de casos de iatrogenias.
Num momento posterior, serão identificados fatores
que contribuem para casos de iatrogenias. E, por fim,
serão verificadas as prováveis causas que levaram o
profissional de enfermagem a cometer iatrogenias no
período de 2000 a 2010 e investigados no COREN –
MT.
A grande dificuldade encontra-se na carência
enorme de livros nacionais especializados sobre o tema
e o difícil acesso as informações de casos iatrogênicos
já que o número de casos registrados no COREN-MT
não condiz com a realidade.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
TABELA 1: Número de casos de iatrogenia na
enfermagem registrados no COREN-MT, tipo de falha,
complicações e desfecho, do ano 2000 a 2010.
COREN-MT, 2011.
Nº
Caso
Tipo de
Falha
01
Nada
registrado
Nada
registrado
Nada
registrado
Broncoaspiração
Nada
registrado
Nada
registrado
Nada
registrado
Complicações
Desfecho
Ano de
Ocorrênci
a
-
-
2000
-
-
2001
-
-
2002
Óbito
Processo
Ético
2003
-
-
2004
-
-
2005
-
-
2006
Óbito
Processo
Ético e
cassação
do
diploma
Reações
adversas
Processo
Ético
02
Aborto
03
Troca de
vias de
administraçã
o
04
Falha na
técnica de
punção
Adormecimen
to e doralgia
ao exercício
Troca de
fármaco
Reação
alérgica local
e sistêmica
05
06
Nada
registrado
Nada
registrado
Prescrição
de
psicotrópico
contínuo
Processo
Ético
com
penalidad
e
Processo
Ético
com
visita
técnica
2007
2007
2007
2007
-
-
2008
-
-
2009
Dependência
química
Processo
Ético
2010
A TABELA 1 aponta os casos de iatrogenia
registrados no COREN-MT, num período de 10 anos,
mostra também que não houve registros de casos em
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todos os anos. Dentre os casos citados neste estudo as
iatrogenias encontradas foram 70% de falha de
administração de medicamentos, os outros 30%
divididos de forma igualitária entre aborto, broncoaspiração e exercício ilegal da medicina.
Neste estudo as iatrogenias encontradas foram
70% de falha de administração de medicamentos, os
outros 30% divididos de forma igualitária entre aborto,
bronco-aspiração e exercício ilegal da medicina. A
totalidade de casos ocorridos no período definido neste
estudo, perfaz um universo de 06 casos divididos entre
os anos de 2003, 2007 e 2010, com o percentual de
10% em 2003, 80% em 2007, e 10% em 2010,
identificando maior prevalência no ano de 2007. A
distribuição dos erros cometidos, entre os profissionais
de enfermagem, identifica maior prevalência no
profissional técnico (a) de enfermagem e uma
equivalência entre o (a) profissional enfermeiro (a) e
equipe de enfermagem, neste último verificado falha
coletiva. O (a) auxiliar de enfermagem se apresenta em
menor número na amostra pesquisada (COREN-MT,
2011).
No primeiro (01) caso, foi feita a denúncia
através de Ofício encaminhado ao Secretário de Estado
da Saúde de paciente apresentando “cólica renal” e que
três dias após foi a óbito, tendo como causa
“broncoaspiração, insuficiência respiratória aguda,
cólica renal e obstrução intestinal”. A família relatou
que o paciente faleceu após “afogamento no próprio
vômito”. O Relatório da Auditoria do SUS conclui que
“a enfermagem prestou toda assistência possível”.
Porém a análise dos depoimentos constantes no
processo evidencia severa deficiência estrutural da
instituição, principalmente no tocante aos recursos
humanos na área da enfermagem, que enfrentava
sobrecarga de trabalho inviabilizando uma boa
assistência (COREN – MT, 2011)
A broncoaspiração por êmese surge como uma
consequência de falha de procedimento, sendo
broncoaspiração do conteúdo gástrico para os pulmões
uma grave complicação que pode ocorrer quando os
reflexos de proteção da via aérea estão diminuídos ou
ausentes devido a vários fatores. Os fatores primários
responsáveis pela morte e complicações depois da
broncoaspiração são o volume e a característica do
conteúdo gástrico aspirado, por exemplo, uma
aspiração pequena e localizada da regurgitação pode
causar pneumonia e angustia respiratória aguda; uma
aspiração maciça geralmente é fatal (SMELTIZER et
al, 2009).
A prevenção é a meta primária quando se
cuida de pacientes em risco de broncoaspiração.
Colocar o paciente de risco em uma posição semireclinada (elevação da cabeceira do leito até um ângulo
de 30º a 45º) é uma forma de prevenção (SMELTIZER
et al, 2009).
Como consequência da broncoaspiração surge
a Insuficiência Respiratória que “é uma deterioração
súbita e com risco de vida da função de troca gasosa do
pulmão”. Ela existe quando a troca de oxigênio por
dióxido de carbono nos pulmões não pode se
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compatibilizar com a velocidade de consumo de
oxigênio e de produção de dióxido de carbono pelas
células do organismo (SMELTIZER et al, 2009).
Os objetivos do tratamento consistem em
corrigir a causa subjacente e restaurar a troca gasosa
adequada no pulmão. A intubação e a ventilação
mecânica podem ser necessárias para manter a
ventilação e a oxigenação adequadas enquanto a causa
subjacente é corrigida. O cuidado de enfermagem aos
pacientes com insuficiência respiratória inclui assistir
na intubação e manter a ventilação mecânica. A
enfermeira avalia o estado respiratório do paciente
monitorando o nível de responsividade, a gasometria
arterial, a oximetria de pulso e os sinais vitais. Além
disso, avalia todo o sistema respiratório e implementa
estratégias para evitar as complicações. Ela também
avalia a compreensão das estratégias de tratamento do
paciente que são usadas e inicia alguma forma de
comunicação para possibilitar que o paciente expresse
as preocupações e necessidades para a equipe de saúde
(SMELTIZER et al, 2009).
Na análise do Prontuário do paciente foi
detectada inexistência de registro do atendimento da
situação de emergência, da constatação do óbito, da
checagem das drogas administradas, do aprazamento
das medicações, da evolução clínica, do relatório de
enfermagem por turno, etc. Enfim são muitos os fatores
que contribuíram para o desfecho final deste caso que
levou o paciente a óbito e gerou um processo ético
(COREN – MT, 2011).
O que complica ainda mais esse caso é a falta
de registro de enfermagem que é toda informação
relevante ao gerenciamento do cuidado de saúde do
cliente. É através do registro que iremos buscar
orientação para as ações de enfermagem, bem como a
organização do cuidado mais adequado ao cliente. A
ausência de registro de enfermagem sobre determinado
fato pode implicar em responsabilização civil e
criminal do profissional (o registro atua como respaldo
profissional) (LIMA, 2011).
O registro de dados de um paciente é um
aspecto vital da prática de enfermagem e deve ser
preciso, flexível e abrangente o bastante para acessar
dados importantes, manter a continuidade do cuidado,
acompanhar os resultados dos pacientes e refletir sobre
os padrões atuais na prática de enfermagem. A
informação no prontuário do paciente fornece um
relato detalhado do nível de qualidade dos cuidados
prestados aos pacientes. O registro eficaz assegura a
continuidade do cuidado, economiza tempo e minimiza
os riscos de erro (PERRY; POTTER, 2005).
Os registros realizados no prontuário do
paciente tornam-se um documento legal de defesa dos
profissionais, devendo ser atribuídos de autenticidade e
de significado legal. Os mesmos refletem todo o
empenho e força de trabalho da equipe de enfermagem,
valorizando suas ações. Os registros de enfermagem,
além de garantir a comunicação efetiva entre a equipe
de
saúde,
fornecem
respaldo
legal
e,
consequentemente, segurança, pois constituem o único
documento que relata todas as ações da enfermagem
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junto ao paciente. Uma ação incorreta do profissional
poderá ter implicações éticas e/ou cabíveis e/ou
criminais. Pela legislação vigente, todo profissional de
enfermagem que causar dano ao paciente responderá
por suas ações, inclusive tendo o dever de indenizá-lo.
Para se defender de possíveis acusações poderá utilizar
seus registros como meio de prova (COREN-SP,
2011).
No segundo (02) caso, o auxiliar de
enfermagem é denunciado por práticas de aborto,
chegando a provocar quadros de infecção grave e até
óbito, sendo processado judicialmente por isso. Foi
aberto Processo Ético, mas por estar foragido foi
julgado à revelia, quando o réu é julgado mesmo
estando ausente, e teve seu diploma cassado pelo
Conselho Federal de Enfermagem, ou seja, perdeu o
direito de exercer sua profissão (COREN-MT, 2011).
Se houver a denúncia do erro do profissional,
o primeiro passo é a abertura de sindicância pelo
Conselho Regional de Enfermagem do Estado onde ele
ocorreu. Se comprovado o dano, o profissional é
afastado até correr o processo de sindicância, julgado
pelos conselheiros. Se comprovada a infração, o
profissional pode sofrer desde advertência privada ou
pública (quando a decisão é divulgada em público) até
a cassação do registro profissional (COREN-SP, 2011).
A iatrogenia identificada no caso dois (02) foi
o aborto que é a interrupção da gravidez ou expulsão
do produto da concepção antes que o feto esteja viável.
Em geral, o feto é considerado como sendo viável em
qualquer momento depois do quinto ou sexto mês de
gestação. O aborto pode ser espontâneo, quando há
alguma anormalidade no feto, doenças sistêmicas,
distúrbio hormonal ou anormalidades anatômicas, que
tornam a sobrevida impossível. O aborto espontâneo é
mais comum no segundo ou terceiro mês de gestação.
Há também o aborto eletivo, que é um término de
gravidez induzido e voluntário e, em geral, é realizado
por profissionais de saúde habilitados. Mulheres que
recorrem a tentativas ilegais para terminar uma
gravidez correm o risco de infecção, hemorragia ou
ruptura uterina. Infecção é a presença de
microorganismos que geram uma resposta inflamatória
(SMELTIZER et al, 2009).
A morte ou óbito significa a cessação da vida,
com interrupção irreversível das funções vitais do
organismo e, legalmente, deve ser constatada pelo
médico. A equipe de enfermagem deve anotar no
prontuário a hora da parada respiratória, as manobras
de reanimação (se realizadas) e os medicamentos
utilizados (se houveram), a hora e causa da morte e
nome do médico que constatou a morte (MOZACHI,
2007).
No caso três (03), a denúncia foi em desfavor
de uma enfermeira sob acusação de aplicação de
medicamento via endovenosa, quando a prescrição era
por via intramuscular, vindo a provocar complicações
por reações adversas (COREN-MT, 2011).
Administração de medicamentos é o processo
de preparo e introdução de medicamentos no
organismo humano, visando obter efeitos terapêuticos.
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Segue normas e rotinas que uniformizam o trabalho em
todas as unidades de internação, facilitando sua
organização e controle. Durante a fase de preparo, o
profissional de enfermagem deve estar atento para
evitar erros, assegurando ao máximo que o paciente
receba corretamente a medicação. O medicamento deve
ser administrado por quem o preparou (MOZACHI,
2007).
Considera-se como vias de administração
parenteral: via endovenosa (EV/IV), via intramuscular
(IM), via intra-raquídea (VIR), via subcutânea (SC) e
via intradérmica (ID). A via parenteral é utilizada
quando se deseja uma ação mais imediata da droga ou
quando outras vias não estão indicadas. A
administração endovenosa ou intravenosa é efetuada
introduzindo-se o medicamento diretamente por uma
veia, na corrente sanguínea. Em geral, recorre-se á veia
basílica por ser superficial, facilmente localizável e
estar em ligação com outras grandes veias do braço
(MOZACHI, 2007).
As quantidades variam de 1 a 1000 ml ou
mais. Por essa via apenas se administram preparações
aquosas sob forma de soluções, enquanto as suspensões
aquosas ou emulsões são raramente utilizadas. As
soluções devem ter pH neutro, serem isotônicas, isentas
de pirogênios. No caso de suspensões e emulsões elas
devem ter partículas inferiores a 7 micras e pequenos
volumes, caso contrário, podem provocar fenômenos
de trombose e/ou embolia (MOZACHI, 2007).
Ao administrar medicamentos deve-se atentarse para os 5 certos: o paciente certo, a droga certa, a
dose certa a hora certa e a via certa (ATKINSON;
MURRAY, 1989).
A administração intramuscular é efetuada
introduzindo-se o medicamento diretamente na massa
muscular. Habitualmente, são escolhidos os músculos
da nádega, coxas e músculo deltóide. O músculo
estriado é dotado de alta vascularização e pouco
inervado sensitivamente. Essas duas características
permitem facilidade de absorção medicamentosa e a
possibilidade de uma administração menos dolorosa.
Geralmente, o volume de líquidos administrados não
ultrapassam 10 ml, sendo na maioria das vezes entre 1
e 5 ml. As preparações IM podem ser soluções
aquosas, oleosas e suspensões (MOZACHI, 2007)
Se a prescrição não especificar via de
administração, o enfermeiro deve consultar quem a fez.
Da mesma forma, se a via especificada não é a via
recomendada, o enfermeiro deve alertar a quem a fez
imediatamente. Quando o enfermeiro administra
injeções, são necessárias precauções para se garantir
que
os
medicamentos
sejam
administrados
corretamente. Também é importante preparar as
injeções somente a partir de preparações designadas
para uso parenteral (PERRY; POTTER, 2005).
No quarto (04) caso, a denúncia envolve uma
Técnica de Enfermagem que, em atendimento a uma
paciente, ao aplicar uma dipirona via endovenosa, fez
duas tentativas de punção sem sucesso e na terceira vez
ao ser puncionada uma veia da mão, a paciente referiu
que “estava adormecendo a mão e mesmo assim ela
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tentava aplicar o medicamento, mas não conseguiu e
desde então sente dores no dedo e quando aperta
alguma coisa dói mais ainda”. Em consulta com clínico
a denunciante foi encaminhada ao neurologista.
Procurada pela Fiscal do COREN/MT, a denunciante
informou que não conseguiu agendar a consulta com o
neurologista, mas que, o quadro apresentava melhora.
A Conselheira Relatora recomendou abertura de
Processo Ético em desfavor da Técnica de Enfermagem
(COREN-MT, 2011)
Punção é a utilização de cateteres
intravasculares para administração de fluidos,
eletrólitos, sangue, hemoderivados, medicamentos e
suporte nutricional, e para viabilizar alguns tipos de
monitoração hemodinâmica. Por ser um procedimento
invasivo, sua inserção, manutenção e manipulação
deve ser feita com todo rigor da técnica asséptica
(MOZACHI, 2007).
As complicações da terapia intravenosa locais
ocorrem com maior freqüência, mas são menos graves.
Complicações sistêmicas, embora raras, são graves,
requerem reconhecimento imediato e intervenção. A
detecção precoce preveniria muitos danos como
extravasamento extenso e necrose. Entre as
complicações locais citamos: hematoma, flebite
(inflamação da camada íntima da veia), infiltração e
extravasamento. Entre as complicações sistêmicas
citamos: septicemia, embolia pulmonar e gasosa,
edema pulmonar e choque de velocidade. Uma flebite,
por exemplo, se encaixa neste caso, pois os sintomas
são os mesmos descritos pela denunciante, que são: dor
no local do acesso venoso, eritema, edema, aumento do
calor local e ligeiro endurecimento do cordão venoso
(PERRY; POTTER, 2005).
Dor é uma experiência sensorial e emocional
desagradável que resulta do dano tecidual real ou
potencial. A dor aguda indica que ocorreu dano ou
lesão. A dor é significativa pelo fato de que ela chama
atenção para sua existência e ensina as pessoas a evitar
situações similares potencialmente dolorosas. Se
nenhuma lesão duradoura acontece e não existe
nenhuma doença sistêmica, a dor aguda geralmente
diminui à medida que ocorre a cura. O papel dos
profissionais de cuidados de saúde primários consiste
em avaliar e aliviar a dor (SMELTIZER et al, 2009).
No caso cinco (05), a denúncia é em desfavor
da Técnica de Enfermagem por procedimento précirúrgico incorreto em paciente a ser submetida a
histerectomia. A profissional utilizou Formol, que é um
produto ácido, em vez de Vaselina, que é oleoso, no
preparo de solução para lavagem intestinal e só
percebeu a falha quando a paciente referiu
“desconforto intestinal, mal estar geral e rubor nos
olhos”, problemas estes solucionados com intervenção
do médico. Foi recomendada visita fiscalizatória para
averiguação da procedência da denúncia, sendo
confirmada pela própria infratora (COREN-MT, 2011).
Histerectomia é a remoção cirúrgica do útero
para tratar o câncer, sangramento uterino disfuncional,
endometriose, crescimentos não-malignos, dor
persistente, relaxamento e prolapso pélvico, e lesão
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prévia do útero. Para evitar a contaminação e a lesão do
trato intestinal, este deve ser esvaziado antes que o
paciente seja levado à sala cirúrgica. Um enema e uma
ducha anti-séptica podem ser prescritos na noite
anterior à cirurgia (SMELTIZER et al, 2009).
A lavagem intestinal consiste no processo de
introdução no intestino de solução, medicamentosa ou
não, por meio de sonda retal. Esse procedimento é
utilizado para facilitar a eliminação fecal, aliviar
distensão abdominal ocasionada pela flatulência,
preparar pacientes para cirurgias ou exames e remover
o sangue em caso de melena. O processo de lavagem
intestinal também é denominado enteroclisma; quando
a quantidade de solução infundida é menor (de 50 a
500 ml) denomina-se clister ou enema. Para executar a
técnica de lavagem intestinal é preciso verificar a
indicação do tratamento e a solução prescrita e
verificar a composição do conteúdo (FIGUEIREDO et
al, 2008).
Acidentes podem ser provocados por
substâncias químicas que corroem ou irritam a pele. É
preciso estar atento para a dose, a concentração e os
intervalos de uso do material químico aplicado na pele
ou introduzido no corpo do paciente (FIGUEIREDO et
al, 2008).
Reação alérgica é uma manifestação da lesão
tecidual resultante da interação entre um antígeno e um
anticorpo. A alergia é uma resposta inadequada e, com
freqüência, perigosa do sistema imune a substâncias
normalmente inofensivas (SMELTIZER et al, 2009).
Em todos os casos é instaurado procedimento
administrativo dando início a um Processo Ético. O
profissional e a instituição são investigados e têm
direito à defesa. Se comprovada falha na instituição, a
denúncia é levada ao Ministério Público. Se o erro é do
profissional, ele é punido (COREN-SP, 2011).
No caso seis (06), a denúncia é em desfavor de
Técnica de Enfermagem por administração de
medicamento sem prescrição médica, provocando
“dependência as substâncias contidas em tais
medicamentos”. Averiguados os fatos foi constatada a
procedência da denúncia sendo instaurado Processo
Ético (COREN-MT, 2011)
No Brasil, a legislação aprova o regulamento
técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a
controle especial; é a Portaria Nº344/98, a qual define
as seguintes listas de substâncias: A1 e A2
(entorpecentes), A3, B1 E B2 (psicotrópicas), C1
(outras substâncias sujeitas a controle especial, C2
retinóicas
para
uso
sistêmico)
e
C3
(imunossupressoras). Essa portaria determina também
quanto a notificação de receita dos medicamentos A1,
A2, A3, B1 e B2, este é o documento que
acompanhado da receita autoriza a dispensação de
medicamentos componentes das listas e que a mesma
deverá ser preenchida de forma legível e a farmácia
somente poderá dispensar quando todos os itens da
receita e da respectiva Notificação de Receita
estiverem devidamente preenchidos (PRADO et al,
2011).
Apesar de todas as Resoluções, os
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profissionais de enfermagem ainda têm livre acesso a
tais medicamentos em seu cotidiano de trabalho. A
administração de medicamento sem prescrição médica
por profissionais de enfermagem consiste em exercício
ilegal da profissão, sendo tal função restrita ao médico
(PRADO et al, 2011).
Abuso de drogas é o uso incorreto de
substâncias específicas para alterar o estado de ânimo
ou comportamento e pode levar a dependência.
(SMELTIZER et al, 2009).
Os medicamentos psicotrópicos são utilizados
tanto na área de saúde mental como em áreas afins
(FIGUEIREDO et al, 2008)
Segundo o COREN-SP “a cada 2 dias um
enfermeiro é acusado de erro em São Paulo. Entre 2005
e 2010, foram 980 queixas contra os profissionais de
enfermagem, 250 deles ocorreram no ano passado”. Há
hoje no Brasil 1,5 milhão de profissionais na área – são
300 mil enfermeiros e 1,1 milhão de técnicos e
auxiliares, em números do COFEN. Em cinco anos,
houve aumento de 30% de erros desses profissionais no
Brasil e os conselhos têm julgado e punido com a perda
do direto de atuar na área. (COREN-SP, 2011).
A falta de formação adequada e de
consciência sobre a função exercida são as principais
causas dos erros de enfermagem. Esse despreparo dos
profissionais poderia ser sanado se houvesse mais
capacitação. Nos últimos dez anos a oferta de cursos de
enfermagem aumentou muito, mas nem todos têm a
qualidade necessária. Isso se reflete no número de
profissionais disponíveis no mercado, na sua maioria
técnicos e auxiliares capazes de fazer apenas cuidados
básicos de enfermagem. Faltam políticas públicas que
disponibilizem cursos de capacitação para esses
profissionais. Mas o problema é que a formação está
muito ligada ao conhecimento, à tecnologia, mas não
se faz a formação moral (COFEN, 2011).
Mais do que a falha de atualização, o grande
problema é a falta de cuidados essenciais com o
paciente, a falta de consciência de que o trabalho está
ligado à vida e que um ato, por mais banal que seja,
pode ser a diferença entre a vida e a morte, isso explica
boa parte dos erros cometidos (COFEN, 2011).
A equipe de enfermagem, em relação às outras
equipes, é a que permanece mais tempo com o paciente
durante o tratamento. A escassez de profissionais na
área de enfermagem atrelada ao número abundante de
pacientes tem evidenciado cada vez mais o número de
“acidentes” no processo de cuidar. A sobrecarga de
trabalho pode, de fato, comprometer o atendimento,
pois causa estresse, fadiga profissional, e isso se soma
ao baixo nível de remuneração, compensado com três,
quatro empregos. Mas isso não isenta a culpa. Essa
dura realidade profissional pode mudar se for aprovado
projeto de lei que regulamenta a jornada de trabalho
dos profissionais de enfermagem em 30 horas
semanais, ante as 40 atuais em instituições públicas e
44 em organizações privadas. O COFEN e a
Associação Nacional de Enfermeiros brigam para
colocar a PL 2.295/2000 na ordem do dia. O último
pedido foi realizado em dezembro último na Câmara
On-line http://revista.univar.edu.br
Vol – 1
p. 102 -108 ISSN 1984-431X
dos Deputados. (COFEN, 2011).
Os casos apresentados nesta pesquisa apontam
para uma realidade, mesmo que diminuta no estado de
MT, nacional, a iatrogenia aparece de forma freqüente
dentro do exercício do profissional de enfermagem. A
falta de registro no COREN-MT pode demonstrar dois
(02) pressupostos o primeiro seria a falta de
fiscalização por parte do conselho. Outro seria o
protecionismo existente em determinadas instituições
como elemento da sua cultura organizacional
(COREN-MT, 2011).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O descaso e a falta de seriedade em relação
tanto do profissional quanto do sistema de saúde
pública e sistema educacional na área da saúde tem
gerado um aumento significativo nos casos
iatrogênicos e, consequentemente, altos índices de
danos a saúde e vida do usuário dos serviços de saúde.
É preciso estar atento às medidas de segurança e
proteção do paciente. Para isso, a educação continuada
e muito treinamento para que o trabalho seja oferecido
com segurança e conforto, surge como estratégias
preventivas.
A formação profissional qualificada na área
seria possível com maior fiscalização das instituições
de ensino tanto de nível técnico como superior, avaliar
o perfil dos ingressantes que procura a profissão como
uma forma rápida de entrar no mercado de trabalho
sem ter a devida identificação com o curso.
Maior participação do Conselho de
Enfermagem na realidade da enfermagem, o
profissional se interar com o código de ética dos
profissionais de enfermagem e até a aplicação de um
exame para obter o registro no COREN.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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