TUMORES CEREBRAIS NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE DUARTE SALGADO Unidade de Neuro-Oncologia Pediátrica IPOFG-LISBOA XXIII JORNADAS ROR-SUL, LISBOA, 15 DE FEVEREIRO 2016 ESTAMOS A MEIO DE UM GRANDE SALTO ! RADIOTERAPIA QUIMIOTERAPIA GARANTIR A CURA COM A MELHOR QUALIDADE DE VIDA . Incidência de 3,3 a 4,5 casos por 100.000 pessoas/ano (1/10 da incidência dos adultos) . São a segunda etiologia mais frequente de cancro pediátrico, após as Leucémias . Englobam muitos tipos de tumores com prognósticos e tratamentos muito díspares . Localizados sobretudo na fossa posterior (50%) e linha média supratentorial São a maior causa de mortalidade e morbilidade em Oncologia Pediátrica IPOFG- LX – ENTRE 35 A 40 NOVOS CASOS ANO – EM 2015 48 NOVOS CASOS CRIANÇA – 0 AOS 14 ADOLESCENTE – 15 AOS 19 O conhecimento da natureza biológica destes tumores vai, num futuro próximo, alterar dramáticamente a classificação e resultar numa nomenclatura molecular, menos confusa e mais informativa Wells EM, Packer RJ. Continuum (Minneap Minn). 2015 Apr;21(2 Neuro-oncology):373-96 GLIOMAS DE BAIXO GRAU ASTROCITOMA PILOCITICO ASTROCITOMA PILOMIXOIDE ASTROCITOMA FIBRILHAR ASTROCITOMA DE CÉLULAS GIGANTES SUBEPENDIMÁRIO GANGLIOGLIOMA GANGLIOGLIOMA DESMOPLÁSICO INFANTIL OLIGODENDROGLIOMA XANTOASTROCITOMA PLEOMÓRFICO TUMOR GLIONEURONAL PAPILAR TUMOR DISEMBRIOPLÁSICO NEUROEPITELIAL GANGLIOCITOMA DISPLÁSICO CEREBELOSO GLIOMAS DE BAIXO GRAU . É o grupo maior (34,4%) mas engloba muitos diagnósticos histológicos com uma possibilidade de erro elevada sobretudo na atribuição de maior grau de malignidade e quando o material é escasso, nas biópsias por ex. . Prognóstico muito bom com 90% sobrevida aos 5 anos e continuando, porque NÃO malignizam . A ressecção cirúrgica completa é curativa . Localizações frequentes não permitem a ressecção pelo risco de morbilidade pós op: quiasma óptico, lâmina quadrigémea e tronco cerebral . Não é sempre necessária uma terapêutica complementar após ressecção parcial, muitos tumores ficam estáveis e alguns regridem espontaneamente . A terapêutica complementar passou da Radioterapia focal para a Quimioterapia nos anos 80 o que é um bom passo no caminho de uma terapêutica menos tóxica ASTROCITOMAS PILOCITICOS A population-based study of the incidence and survival rates in patients with pilocytic astrocytoma. IPOFG Lx Registo de 1990 – Novembro/2015 Burkhard C, Di Patre PL, Schüler D, Schüler G, Yaşargil MG, Yonekawa Y, Lütolf UM, Kleihues P, Ohgaki H. - N=115 Astrocitomas Pilociticos J Neurosurg. 2003 Jun;98(6):1170-4 NEUROFIBROMATOSE TIPO 1 ou DOENÇA DE VON RECKLINGHAUSEN Autossómica dominante mas com 50% como mutação espontânea 1 em 1500 a 3000 Critérios de diagnóstico definidos em 1987 15 a 20% desenvolvem um glioma das vias ópticas na primeira infância Histologia – Astrocitoma Pilocitico mas raramente biopsados Radioterapia com toxicidade elevada – vascular e mutagénica NEUROFIBROMATOSE TIPO 1 ou DOENÇA DE VON RECKLINGHAUSEN 1. Mais de 6 manchas café com leite de diametro maior de 5mm em crianças com menos de 6 anos e maior de 15mm em adultos 2. Dois ou mais neurofibromas ou um neurofibroma plexiforme 3. Efélides axilares ou inguinais 4. Glioma do nervo óptico 5. Dois ou mais Nódulos de Lisch (hamartomas da íris) 6. Displasia do esfenóide ou de osso longo com ou sem pseudoartrose 7. Familiar de primeiro grau com NF1 Presença de 2 critérios para diagnóstico Glioma das Vias Ópticas com NF1, sem biópsia 16 meses de idade/12 anos 5 protocolos terapêuticos Astrocitoma Pilomixoide, sem NF1 7 meses de idade/ 3 anos 2 protocolos terapêuticos Mutação BRAF V600E – sob Vemurafenib TUMORES CEREBRAIS EMBRIONÁRIOS •MEDULOBLASTOMA •TUMOR NEUROECTODÉRMICO PRIMITIVO - PNET •TUMOR TERATÓIDE/RABDÓIDE ATÍPICO – AT/RT MEDULOBLASTOMAS . Paradigma do tumor mais complexo em Neuro-Oncologia Pediátrica . Sobrevida actual de 75 a 80% aos 5 anos . Necessidade de uma abordagem terapêutica multidisciplinar: -Neurocirurgião – remoção completa -Radioterapeuta – RT do cranio e neuroeixo com reforço de dose no leito tumoral -Oncologista – Quimioterapia durante e após a Radioterapia . Protocolo utilizado a partir dos 3 anos de idade . Toxicidades tardias importantes: - Cognitivas - Endocrinológicas - Vasculares - Segundas Neoplasias (radioinduzidas) MEDULOBLASTOMA GRUPO 1 – hipótese de diminuir a dose de radioterapia ou mesmo tratamento só de quimioterapia GRUPO 2 – “drugable target” – Vismodegib – logo no início do tratamento? GRUPOS 3 e 4 - ? N Engl J Med 2009; 361:1173-1178 September 17, 2009 PNET Pineoblastoma, Ependimoblastoma, Meduloepitelioma, Tumor embrionário com neuropilo abundante e rosetas verdadeiras Tumores cerebrais supratentoriais de alta malignidade Tratados com protocolos de Meduloblastoma Sobrevidas insatisfatórias Uma das patologias com mais necessidade da biologia molecular TUMOR TERATÓIDE/RABDÓIDE ATIPICO Tumor descrito no início dos anos 90, até então “inquinava” séries de Meduloblastoma Frequente em crianças com menos de 3 anos e sobretudo bébés Tumor infra ou supratentorial mas sobretudo do ângulo pontocerebeloso, 50% dos casos Elevada malignidade com disseminação em cerca de 30% ao diagnóstico Mutação específica – delecção cromossoma 22q – gene hSNF5/INI1 Terapêutica com abordagem de Sarcoma/Meduloblastoma Sobrevidas muito insatisfatórias Atenção – 10% com mutação germline com risco de outros tumores - rim Sindrome de Gorlin ou Nevoid Basal Cell Carcinoma Syndrome Autossómica dominante 1/31.000 Macrocefalia, basaliomas na adolescência Quistos ósseos mandibulares Meduloblastoma nos primeiros 3 anos de idade Não toleram Radioterapia Glioma Difuso da Protuberância ou DIPG Desde 1991 com diagnóstico clinico-radiológico Mais de 25 anos de investigação e… Mantem-se uma sobrevida média inferior a 1 ano Único tratamento eficaz – Radioterapia focal Voltar a biopsar, apesar do risco Pela Biologia Molecular: H3.3-K27M-mutated DIPG have a proneural/oligodendroglial phenotype H3.1-K27M-mutated DIPG have a mesenchymal/astrocytic phenotype Também com alvo terapêutico - Panobinostat No futuro - A linha de montagem O neurocirurgião O tecido fresco congelado DOIS ENSAIOS A INICIAR EM MEDULOBLASTOMAS E GLIOMAS DE BAIXO GRAU