Apostila Tomate Estufa

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Tomate
Produção de Tomate-caqui em Estufa
http://www.geocities.com/gildoma/pdf/boletim.pdf.
Série extensão Universidade Federal de LavrasProdução de Tomatecaqui em Estufa. Claudio Pereira; Giuliano Marchi; Ernani Clarete da Silva.
Ilustrações: Claudio Pereira Lavras, MG 2000
Índice
1. Introdução
2. Descrição do "tomateiro-caqui"
3. Estufa
4. Ambiente e manejo
5. Produção de mudas
6. Adubação
7. Instalação da
cultura
8. Irrigação
9. Tratos culturais
10.Tratos fitossanitários
11. Polinização
12. Distúrbios fisiológicos básicos e suas causas
13. Distúrbios associados a desequilíbrio nutricional
14. Colheita e comercialização
15. Bibliografia
Produção de tomate caqui em estufa.
1. Introdução
O tomateiro é conhecido e cultivado praticamente no mundo todo
sendo consumido tanto "in natura" quanto industrializado. Entre os
maiores países produtores estão: Estados Unidos, Rússia, China, Itália,
Turquia, Egito, Espanha, Grécia, Brasil e México. Com o processo de
domesticação e seleção até chegar às cultivares atuais, perdeu-se muito
em resistência a doenças que são características intrínsecas do material
selvagem original. Pesquisas têm sido conduzidas no sentido de se obter
plantas com resistência a doenças e a condições ambientais adversas
como: temperatura e salinidade do solo. Dessa forma espera-se que o
tomateiro possa ser cultivado nos mais variados tipos de climas e solos,
abrindo perspectivas para cultivos em condições antes impossibilitadas.
Com advento da plasticultura, muitas técnicas de cultivo se estabeleceram
e trouxeram uma nova perspectiva de trabalho em ambiente protegido. O
fato de proteger as plantas das intempéries trouxe um ganho em
produtividade e qualidade, facilitando a vida do produtor. Esse processo
produtivo ainda está se estabelecendo em muitas regiões e seu
conhecimento e aprendizado tendem a ser longo. Conjuntamente a esses
fatos, o mercado está sempre exigindo produtos mais competitivos, com
qualidade e ofertas comprovadas. O uso da plasticultura viabiliza todas as
expectativas sendo atualmente uma ferramenta totalmente disponível ao
agricultor.
2. Descrição do "tomateiro-caqui"
O tomateiro é membro da família Solanácea cuja espécie,
Lycopersicon esculentum, apresenta importância comercial. É originário do
centro de origem Sul-americano (Peruano, Equatoriano, Boliviano)
precisamente na região andina.> Possui um sistema radicular principal
curto e pouco ramificado e o secundário extremamente ramificado e
eficiente. A planta se desenvolve no início ereta e, posteriormente, dada a
característica da haste principal muito tenra e com pouca sustentação,
tende a se desenvolver rasteira, necessitando de
tutoramento.
A emissão de brotações secundárias ocorre na região axilar das
folhas e, permitido o seu desenvolvimento, haverá emissão de ramos
terciários e assim sucessivamente. Possui flores hermafroditas (os dois
sexos na mesma flor) que apresentam coloração amarela e tamanho
pequeno. Essas flores são dispostas em cachos que podem conter entre 6
e 15 flores cada, dependendo das características genéticas da planta. O
tomateiro é classificado em três grupos distintos: Grupo santa cruz possui de 2 a 3 lóculos; Grupo industrial - possui de 2 a 3 lóculos e hábito
de crescimento rasteiro; Grupo salada - possui mais de 3 lóculos plurilocular. Nesse grupo está incluído o tomateiro caqui. O hábito de
crescimento pode ser determinado e indeterminado.
3. Estufa
Atualmente o termo estufa vem sendo substituído pela expressão
"estrutura de proteção". Objetiva-se com isso dar uma maior abrangência
a essa prática, evitando a associação com artifícios geradores de calor.
Estruturas de proteção são todos os recursos utilizados com o objetivo de
proteger a planta de condições ambientais adversas.
Um simples anteparo que protege a planta contra os ventos é uma
estrutura de proteção. São cobertas com película de polietileno aditivada
de 75 a 200 micras de espessura, podendo ou não ser abertas nas
laterais. Várias são as modalidades de estruturas e podem ser citadas:
túnel baixo, túnel alto e modelo capela. O modelo capela é uma estrutura
padronizada que possui 10 metros de largura por 32,4 m de comprimento
e pé direito de 2 a 2,5 m, dependendo das condições climáticas.
4. Ambiente e manejo
4.1. Luminosidade:
O tomateiro é exigente em luz para que se desenvolva e produza
convenientemente, mas, por outro lado, é considerado indiferente ao
fotoperíodo.
Os filmes de polietileno de 100 micras interrompem cerca de 10%
da luminosidade natural. Com o tempo, o filme plástico é impregnado de
partículas em suspensão na atmosfera também sofrendo amarelecimento
natural, resultando em maior opacidade. Desse modo, deve-se considerar
esse fator no momento de se instalar a estufa, já que há diminuição da
luminosidade, podendo ser prejudicial à planta.
As seguintes medidas visam minimizar esse problema: Utilização de
filmes difusores de luz; Utilização de cobertura morta de cor clara como
areia, casca de arroz ou mulching de dupla face (branco-preto ou
prateado-preto); Tutoramento com fitilho vertical; Disposição das linhas
de plantio na direção norte-sul.
4.2. Umidade:
De forma geral, o período de saturação de água é maior no interior
da estufa quando comparado ao cultivo a céu aberto, com formação de
orvalho ocorrendo quase que diariamente e por um período prolongado. O
excesso de umidade aliado a temperatura alta favorece a ocorrência de
grande parte das doenças do tomateiro. A maioria da umidade dentro da
estufa provém da transpiração da planta e evaporação da água de
irrigação do solo. Pode-se minimizar o excesso de umidade através de
algumas medidas tais como:
- Construção da estufa de proteção com pé direito alto;
- Realização de podas sistemáticas das folhas e pontas das hastes
da planta diminuindo a superfície foliar e, conseqüentemente, a
transpiração;
- Adoção do "mulching", que diminui a evaporação de água do solo e
o volume de água de irrigação;
- Evitar implantação da estufa em áreas de formação de nevoeiro e
sujeitas a encharcamentos; utilização de tela nas laterais da estufa e de
exaustores na parte mais alta da estrutura.
A melhor maneira de acompanhar o teor de umidade relativa é por
meio de um higrômetro.
Tanto o excesso quanto a falta de umidade são prejudiciais em
determinadas fases do ciclo, o ideal é tentar manter o nível ao redor de
60% com um mínimo de 50% e máxima de 70%.
4.3. Temperatura:
Dentro da estufa ocorre um interessante processo alimentado pela
irradiação solar chamado efeito estufa que causa um aquecimento maior
em seu interior que no exterior, mesmo durante a noite. Esse efeito é
provocado pela refração da luz solar sobre o filme de cobertura,
transformando suas ondas curtas (fora da estufa) para ondas longas
(dentro da estufa), retendo-as em seu interior. A luminosidade e o calor
são absorvidos pelo solo e plantas durante o dia e liberados durante a
noite na forma de radiação infravermelha que fica retida grande parte
entre o solo e o filme de cobertura. Esse fato explica a importância da
coloração do solo na manutenção da temperatura interna da estufa, uma
vez que coberturas mortas de coloração clara refletem mais luz e
absorvem menos calor enquanto que, com as de coloração escura, ocorre
o inverso. Parte dessa luz solar não penetra na estufa sendo refletida pelo
próprio plástico em graus variados, ditados pela direção da estufa,
opacidade e espessura do filme, declinação do sol e grau de inclinação da
cobertura. O ar, a medida que se aquece, vai se tornando menos denso e
acumulando na parte mais alta na forma de bolsas de ar quente. Essas
bolsas podem prejudicar o perfeito desenvolvimento da cultura,
dependendo da distância que estiverem da parte superior do tomateiro
tutorado, por isso, deve-se adotar um pé direito mais alto, como forma de
minimizar o problema. A temperatura ótima para germinação das
sementes está entre 25 a 30°C demorando de 7 a 9 dias para germinação
total, após a qual devem ser mantidas em local com temperatura ao redor
de 15 a 20°C, até o momento do transplante. A temperatura é um fator
limitante para o cultivo do tomateiro em estufa sendo que, a máxima que
devemos admitir, é 30°C e mínima 12°C. A planta exige também uma
termoperiodicidade (diferença entre temperaturas diurnas e noturnas) ao
redor de 6°C para que ocorra um desenvolvimento vegetativo moderado e
desejado. A figura abaixo demonstra as faixas de temperatura ideais
durante o ciclo de seu desenvolvimento.
A dificuldade de manutenção da temperatura ideal com o uso de
estufas rústicas e com poucos recursos é um fato, porém, pode-se obter
bons resultados mantendo a temperatura das estufas após o transplante,
ao redor de 27°C de dia e de 16°C à noite. As temperaturas devem ser
monitoradas através de termômetros de máxima e de mínima instaladas a
1,5 m de altura na área central da estufa em local sem insolação direta.
4.4. Efeitos adversos da temperatura dentro da estufa:
* Temperatura >35°C diminui a porcentagem de germinação do
pólem e crescimento do tubo polínico;
* Temperatura >40°C por algumas horas provoca queda de todas as
flores;
* Temperatura interna do fruto >30°C durante a frutificação e
maturação deixa o fruto amarelado;
* Temperatura interna do fruto >40°C durante a frutificação e
maturação deixa o fruto verde indefinidamente;
* Temperatura >30°C durante a formação das mudas provoca
estiolamento;
* Termoperiodicidade 30°C (dia) e 20°C (noite) provoca baixa
fixação de frutos.
4.5. Algumas medidas preventivas para manutenção da temperatura:
+ Em regiões muito quentes deve-se adotar um pé direito de pelo
menos 2,5 m;
+ Pode-se dimensionar um sistema de exaustão, mas deve-se ter
em mente que esse tipo de sistema não refrigera o interior da estufa. Na
melhor das hipóteses, iguala as temperaturas interior e exterior.
+ No caso da região ser constantemente quente, utiliza-se a estufa
como guarda chuva, mantendo as laterais teladas ou abertas;
+ No caso de regiões sujeitas a temperaturas baixas deve-se
equipar a estufas com cortinas plásticas nas laterais;
+ Utilização de mulching;
+ Colocação de telas de sombreamento sobre o filme de cobertura,
a pelo menos 25 cm de distância desse;
+ Aspergir água sobre a cobertura da estufa;
+ Em estufas mais sofisticadas, adoção de janelas zenitais.
5. Produção de mudas
As condições microclimáticas dentro da estufa, em especial a
diminuição da luminosidade, levam a planta a apresentar características
estruturais diferentes daquelas cultivadas ao ar livre.
O efeito é verificado pela redução da espessura da camada de
cutícula e cera das folhas. Afeta também a resistência a ataques de
patógenos e pragas, causando diferentes graus de estiolamento que,
quando combinado com uma adubação inadequada, torna os tecidos
vegetais mais tenros com maior quantidade de água. Conseqüentemente,
os tecidos ficam mais suscetíveis a antagonistas que têm, no interior da
estufa, condições ideais para sua proliferação.
Sempre que possível, deve-se optar pela utilização de variedades de
tomate tipo caqui desenvolvidas para o cultivo protegido, pois variedades
melhoradas para o cultivo convencional, podem ter sua resistência a
determinados patógenos alterada quando conduzidas em estufa.
Deve-se optar por uma cultivar híbrida com uma ampla gama de
resistência a doenças, boa produtividade, boa adaptação à região de
cultivo e boa aceitação pelo mercado consumidor.
Em algumas localidades, o tomaticultor pode optar pela compra das
mudas já formadas, encomendando-as de produtores especializados a um
custo acessível, ganhando tempo, pulando as etapas de semeadura,
germinação e formação.
Atualmente, as mudas de tomate são produzidas em bandejas de
isopor com 128 células. Esse sistema de produção tem como vantagem a
utilização de material homogêneo e esterilizado como substrato. Essa
técnica melhora a fitossanidade e o vigor da planta e, ao ser extraídas das
células, as mudas quase não sofrem danos no sistema radicular
diminuindo o estresse do transplante.
As bandejas podem ser reaproveitadas diversas vezes e o volume de
substrato necessário é pequeno, diminuindo o custo de produção. O
espaço requerido para a produção de um grande número de mudas é
reduzido, possibilitando a construção de uma estrutura especialmente
para essa atividade, com alto grau de automação a custo relativamente
baixo.
Em algumas regiões, como acontece com as mudas prontas,
encontra-se
também
mistura
pronta
de
substrato
específico,
comercializado por empresas especializadas.
Se o produtor resolver ele mesmo preparar o substrato para
produção das mudas, deve-se lembrar que o tomateiro cresce muito
rapidamente, exigindo, portanto, muito nutriente. As mudas ficarão cerca
de 30 dias na bandeja com irrigação constante, com possível lixiviação de
nutrientes, comprometendo o seu bom desenvolvimento.
Testou-se com bons resultados as seguintes formulações:
- manipula-se uma mistura de 30% de cama de frango e 70% de
terra de barranco;
- 45% de esterco de gado bem curtido mais 55% de terra de
barranco, a essa mistura, acrescenta-se 50% de casca de arroz
carbonizada, que exerce papel de promotor de aeração do substrato.
- Deve-se completar a formulação com fósforo usando-se 500 g de
superfosfato triplo para cada 100 L de substrato.
5.1. Critérios para produção de mudas:
# Homogeneizar o substrato e preencher as bandejas;
# Abrir um orifício com 0,5 a 0,7 cm de profundidade e introduzir a
semente;
# Fechar o orifício e cobrir as bandejas com camadas finas de areia
ou casca de arroz;
# Irrigar diariamente mantendo a umidade em um nível adequado ,
não devendo usar fertirrigação antes da germinação para que não ocorra
inibição;
# Atentar para a temperatura ideal dessa fase.
5.2. Características das mudas bem formadas:
- A haste da muda deverá apresentar cor verde suave;
- A haste deverá ter de 12 a 15 cm de altura não devendo estar
estiolada;
- O sistema radicular deverá ter coloração esbranquiçada;
- A muda deverá apresentar bom aspecto fitossanitário como um
todo e desprender o cheiro típico do tomateiro.
6. Adubação
6.1. Importância de um bom preparo do solo:
O trabalho de preparo do solo deve ser feito com antecedência.
A profundidade que deverá ser atingida no preparo do solo é de 25 a
30 cm abaixo do canteiro. Freqüentemente efetua-se a subsolagem entre
uma safra e outra com o objetivo de evitar a formação do pé-de-grade
(camada compactada abaixo da camada arada). Caso não se faça essa
operação, a drenagem no interior da estufa e o desenvolvimento normal
das raízes do tomateiro serão prejudicados, podendo também iniciar ou
agravar o processo de salinização do solo da estufa. Quando desejado,
pode se incorporar uma parte de casca de arroz carbonizado, vermiculita
ou serragem - que não seja de pinus - ao solo com o objetivo de melhorar
a aeração.
As operações seguintes de preparo do solo seguem a seqüência de
preparo do solo normalmente utilizada no cultivo convencional.
6.2. Salinização:
A salinização do solo é facilmente encontrada dentro das estufas,
surgindo já a partir do primeiro ano de cultivo. É o reflexo de uma
adubação inadequada a essas novas condições de cultivo. Gera-se um
acúmulo ao longo do tempo de determinados nutrientes que, devido ao
cultivo protegido, não são lixiviados (arrastados pela água para as
camadas mais profundas do solo).
Os sintomas principais são plantas definhadas, com o crescimento
desuniforme, baixa produtividade, morte e aparecimento de uma crosta
ou pontuações brancas sobre o solo, caracterizando uma deposição de
sais. Na opção pelo cultivo protegido, o horticultor deve adotar medidas
visando retardar, evitar ou minimizar a salinização do solo, tais como:
maior utilização de adubos orgânicos (esterco, húmus, turfa ou terra
vegetal), drenagem eficiente das estufas, utilização de água com baixa
concentração de sais naturais para irrigação, subsolagem freqüente,
preparo adequado do solo e utilização racional de adubos químicos.
6.3. Adubação básica:
A adubação orgânica feita com esterco bem curtido ou húmus, é
uma necessidade para o equilíbrio da microbiologia do solo e melhora
gradativamente as suas características físicas e químicas. As aplicações ao
longo do ano devem chegar a mais de 5 kg por m2. A adubação química
deve ser feita baseada nas necessidades nutricionais próprias do
tomateiro visando apenas suprir os nutrientes que estão em falta ou em
quantidades baixas no solo. Essa informação é fornecida através da
análise do solo e publicações com recomendações específicas de adubação
como a 4ª Aproximação ou boletim técnico nº100 do IAC. Uma adubação
básica que tem sido utilizada que pode servir como orientação,
ressalvando as variações de quantidades de nutrientes em função da
composição química de cada solo em especial, é a seguinte:
- 40 g de sulfato de potássio/m2;
- 20 g de sulfato de amônia/m2;
- 150 g de superfosfato simples/m2.
Incorpora-se ao solo todo o superfosfato simples e metade da dose
de sulfato de potássio, antes do transplantio. O restante do sulfato de
potássio e todo o sulfato de amônia, deve ser aplicado em pequenas doses
semanais via sistema de irrigação assim como os micronutrientes, caso
seja necessário. Pode-se fazer a dissolução de todos eles em água limpa
(dentro de um tanque de plástico, amianto ou fibra de vidro), manter em
local fresco, longe do sol, e ir adicionando com uma medida de volume
conhecido, através do injetor de fertilizantes acoplado ao sistema de
gotejamento durante as irrigações. Isso facilita enormemente a adubação
de cobertura, reduzindo a necessidade de mão de obra, uniformizando a
distribuição do adubo no solo e otimizando seu aproveitamento. A
calagem,quando necessária, deverá ter suas quantidades estimadas com
base na análise de solo, podendo ser utilizado o calcário calcítico ou
dolomítico (quando se quer alterar o teor de magnésio). Deve ser aplicado
e incorporado 3 meses antes do plantio. É bom ressaltar que as técnicas
de cultivo em plasticultura levam à mineralização de alguns nutrientes,
não sendo retirados de imediato do solo pelas plantas. Assim como outros
elementos químicos que vêm junto com o adubo na forma de impurezas,
com o passar do tempo, atingirão teores que intoxicarão as próprias
plantas. No cultivo protegido não é aconselhado a utilização de fórmulas
prontas (4-14-8, 10-10-10, etc.). O horticultor deve adquirir fertilizantes
simples (uréia, sulfato de amônio, MAP, etc.), com a melhor pureza
possível, especialmente, aqueles que serão utilizados na fertirrigação,
para não causar problemas de entupimentos nas tubulações e
gotejadores. Pelo mesmo motivo, não se deve misturar nitrocálcio ou
nitrato de cálcio com sulfatos de potássio, de amônio, de zinco, etc, no
tanque de dissolução, devendo ser dissolvidos e aplicados separados.
Entre a aplicação de um e outro, deve-se irrigar apenas com água para
retirar os resíduos de dentro da tubulação para que não ocorram reações
indesejadas. O bom horticultor deve criar o hábito de fazer análise do solo
a cada novo plantio, onde controlará a quantidade de cada nutriente que
havia antes e depois da adubação, exigindo do técnico que o acompanha
que esses valores estejam dentro das recomendações técnicas.
O ideal é que se tenha um engenheiro agrônomo especialista nessa
área para assessorar o produtor na amostragem, perfeita interpretação e
recomendação para sua análise de solo. Isso pode ser feito através de um
serviço de extensão rural (EMATER, EMBRAPA, EPAMIG, etc.) ou
consultoria particular.
7. Instalação da cultura
7.1. Canteiros:
Com o solo no interior da estufa já preparado e devidamente
adubado, procede-se à formação dos canteiros: deverão possuir um
comprimento de 30 m, 50 a 60 cm de largura, com um acabamento
regular. Sua altura é fundamental já que o tomateiro não tolera
encharcamento de solo, quanto mais alto, maior e mais eficiente é sua
drenagem.
7.2. Mulching:
A utilização da cobertura morta provoca o alastramento superficial
das raízes do tomateiro, já que não há necessidade de seu
aprofundamento, também reduz a compactação do solo mantendo-o
poroso e com temperatura constante, diminui perdas de nutrientes por
lixiviação e volatilização otimizando o uso do fertilizante, impede a
proliferação de ervas daninhas tornando desnecessário o uso de
herbicidas.
Quando associado a um sistema de irrigação por gotejamento,
diminui significativamente o volume de água, diminuindo o gasto com
irrigação. Pode-se utilizar diversos materiais inertes como cobertura
morta. Quando houver disponibilidade deles na propriedade, substituem
plenamente o plástico, como exemplos, cita-se: areia, acículas de pinus,
casca de arroz, palha, casca de arroz carbonizada, etc. Entretanto, a
praticidade dos filmes plásticos deve ser considerada pelo seu melhor
resultado. Já se encontra no mercado "mulching" de dupla face, brancopreto, prata-preto e também, o preto-opaco. Em regiões de temperaturas
mais elevadas deve-se utilizar os de dupla face dada as suas
características refletivas. Em regiões frias, deve-se utilizar os filmes preto
opaco, em razão de suas características de acumular e absorver calor.
Os filmes para cultivo do tomateiro devem possuir 30 micra de
espessura e 0,8 m de largura. Os furos devem possuir um diâmetro de
aproximadamente 5 cm e a distância entre os furos varia de acordo com o
número das hastes deixadas e espaçamento. A sua durabilidade é de em
geral, um ciclo, devendo ficar bem esticado após a instalação, sem bolsas
de ar sob ele e com uma borda de 10 cm, enterrada de cada lado do
canteiro. 8. Irrigação É fundamental no cultivo em estufas a utilização de
irrigação por gotejamento ou por sulcos sendo recomendado o primeiro. O
tomateiro é exigente quanto a regularidade da irrigação por isso, é bom
ter uma fonte constante e confiável de água de boa qualidade (química e
sanitária). Caso não seja possível, pode-se construir um reservatório com
lona, que tem um baixo custo e alta eficiência.
Atualmente existem tubos gotejadores extremamente baratos e
práticos de se utilizar e instalar. Se o horticultor não dispõe desse sistema
pode utilizar "tripa de irrigação" de baixo custo e fácil instalação também.
O sistema de gotejamento deve ser posicionado sobre os canteiros antes
da colocação do mulching. No caso de se utilizar o sistema para
fertirrigação, deve-se colocar o injetor de adubos antes do sistema de
filtragem devendo utilizar apenas nutrientes próprios para esse fim. Filtros
devem ser instalados após a captação de água de irrigação para evitar
danos e entupimentos nos gotejadores. Inicia-se a irrigação logo após o
transplante para favorecer o pegamento das mudas. O volume de água
fornecido às plantas deve aumentar de acordo com o aumento de sua
parte aérea sendo fundamental durante a formação dos frutos, impedindo
sua maturação precoce.
9. Tratos culturais
9.1. Transplantio:
O transplantio é feito quando as mudas apresentam condições
fisiológicas e tamanho satisfatório, com cerca de 12 - 15 cm de altura, ou
4 a 6 folhas definitivas, não devendo estar estioladas. Quando se utiliza
cobertura morta com plástico, o transplantio é feito após instalação dessa,
efetuando-se orifícios em "X" de 5 x 5 cm de diâmetro, com uma lâmina
cortante, no espaçamento escolhido. Com um chucho, faz-se cavidades de
6 a 7 cm de profundidade e plantam-se as mudas das bandejas. Quando
se utiliza cobertura morta de algum material inerte como areia, casca de
arroz, palha, serragem e outros, o plantio é feito antes da colocação da
cobertura morta e, essa, deve ter uma camada de 2 a 3 cm de espessura.
O horário correto para transplantar as mudas é de manhã bem cedo, para
não estressar a planta e aumentar o índice de pegamento. Entretanto,
mudas oriundas de bandejas de isopor, podem ser transplantadas em
qualquer horário. Deve-se efetuar uma irrigação logo após o transplantio,
sendo a fertirrigação iniciada após 5 dias do transplantio.
9.2. Amontoa:
Consiste em se chegar terra junto ao colo da planta. Explora-se
dessa forma a grande capacidade do tomateiro em emitir raízes na região
do colo e acima dele, aumentando significativamente seu sistema
radicular e favorecendo uma maior produtividade.
A amontoa pode ou não ser feita, sendo mais difícil de ser aplicada com o
uso de mulching plástico, mas plenamente aplicável quando se usa outro
tipo de cobertura morta. Deve-se prever sua utilização já no momento do
transplantio, onde se aplica na lateral do camalhão e, à medida que a
planta cresce, cobre-se a base da planta com terra, até o ponto em que se
posicione na parte mais alta do camalhão.
9.3. Desponte:
Também chamada de "capação", nada mais é do que o corte da
ponta da haste principal ou das hastes escolhidas, suprimindo o
crescimento vertical do tomateiro quando ele atinge o arame superior do
tutor.
Essa operação tem o efeito de favorecer o aumento do tamanho dos
frutos já formados e, em especial, os situados no terço superior da planta.
Vale frisar que isso induzirá a uma vigorosa brotação de gemas laterais
exigindo desbrotas mais freqüentes. No caso de variedades de
crescimento determinado é desnecessário. Deve ser feita de manhã bem
cedo ou de tardinha.
9.4. Desbrotas:
Corte sistemático e freqüente dos numerosos brotos laterais que vão
se desenvolvendo nas axilas das folhas. Normalmente essa operação é
feita uma ou duas vezes por semana, eliminando os brotos assim que
tiverem um tamanho que possibilite essa operação. Essa operação não
deve ser retardada uma vez que, com isso, evita-se um consumo
desnecessário de nutrientes, influindo na planta para uma maior
produtividade. Não se deve utilizar lâminas cortantes a não ser que sejam
realmente necessárias, desinfetando-a em solução de hipoclorito de sódio
a 5%. Essa operação deve ser feita de manhã bem cedo ou no final da
tarde, quando a temperatura no interior da estrutura estiver mais amena
e as plantas mais túrgidas. Os restos de plantas não devem ficar dentro
das estufas para não servir de fonte de doenças para a cultura.
9.5. Raleamento dos frutos:
Essa operação tem como objetivo diminuir a competição por
nutrientes entre os frutos
da penca, visando o aumento de tamanho e peso desses, aproximando-os
do tipo mais procurado pelo mercado consumidor. Deve ser feita quando
os frutos são ainda pequenos , aproximadamente do tamanho de uma
"pitanga". Nas três primeiras pencas deve-se deixar quatro frutos e nas
posteriores apenas três, devemos escolher os mais bem formados, com
bom tamanho e formato característico, sem danos causados por tratos
culturais ou insetos, sem sintomas de doenças e sem vestígio de lóculo
aberto, eliminando os frutos indesejados e flores que surgirem
posteriormente.
9.6. Poda de folhas:
Operação não efetuada no cultivo convencional, mas fundamental no
cultivo protegido, já que a transpiração associada a evaporação da água
da irrigação, presente no solo, é responsável por grande parte da umidade
relativa dentro da estufa. Reduzindo-se o n° de folhas, reduz-se também
a superfície de perda de água e o período de saturação de água dentro
dessa, aumentando dessa forma, a circulação de ar entre as plantas. Essa
operação deve ser feita de manhã bem cedo ou no final da tarde. Deve
ser feita com os dedos, quebrando o pecíolo das folhas. Retira-se as folhas
mortas a qualquer tempo.
Retira-se folhas vivas que estão abaixo da penca colhida mas,
somente após a sua colheita completa. Aconselha-se retirar de duas a três
folhas por semana para não estressar a planta. Também não se deve
deixar essas folhas retiradas no interior da estufa.
9.7. Tutoramento:
O tutoramento tem como principal objetivo oferecer suporte para o
desenvolvimento vertical de plantas que dada às suas características,
ocorreria de forma rasteira. Essa prática melhora a qualidade fitossanitária
dos frutos, facilita a colheita, aumenta a população de plantas por área e
também, propicia uma ventilação mais eficiente e insolação mais
uniforme. O sistema mais eficiente e barato para o tutoramento do tomate
em estufa é o feito com fio vertical. No caso de se adotar no momento da
formação das plantas mais de uma haste por planta, o sistema exige um
fio vertical para cada haste portanto, para duas hastes, dois fios verticais
e assim sucessivamente. O sistema de tutoramento deve ser
independente da estrutura da estufa. Esse mesmo sistema pode ser
utilizado para pepino, melão, vagem, tomate-cereja e abobrinha.
9.8. Poda de condução:
A poda de brotação ou condução é necessária quando se conduz o
tomateiro com tutoramento e em condições de cultivo protegido, sendo
um instrumento de determinação da arquitetura e nível de
desenvolvimento vegetativo da sua parte aérea.
Consiste em se condicionar a planta ao formato desejado através da
eliminação sistemática das brotações que saem das axilas das folhas,
possibilitando melhoria da qualidade dos frutos e, principalmente, o
tamanho, facilitando também os tratos culturais. O número de hastes na
planta deve ser decidido antes do semeio nas bandejas, não devendo ser
feito indiscriminadamente. Cada cultivar tem um número ideal de hastes,
devendo o horticultor recorrer a empresa produtora da semente para
obter as informações. Cada tipo de condução com um número de hastes
tem o seu espaçamento entre plantas que apresenta melhores resultados.
Alternativa para espaçamento entre plantas (m)Haste única 0,25 0,30
0,35 Duas hastes 0,30 0,35 0,40 Três hastes 0,40 0,50 0,60 Se a região
possui pouca insolação é aconselhável o uso dos espaçamentos entre
linhas de cultivo entre 1,00 e 1,10 m.
9.8.1. Haste única:
Consiste em se eliminar todas as brotações laterais à medida em
que surgem na planta, deixando apenas a gema terminal. À medida em
que se efetua a desbrota, conduz-se o tomateiro enrolando-o no fitilho
vertical.
9.8.2. Duas hastes:
Consiste em deixar desenvolver a primeira brotação emitida pela
planta. Ela deverá apresentar um aspecto de forquilha, por isso, é
importante eliminar todas as brotações que surgirem depois nas hastes.
9.8.3. Três hastes:
O tomateiro deverá se desenvolver em princípio como a condução
em duas hastes e posteriormente, deixar mais um broto se desenvolver
numa dessas hastes. A partir disso, então, eliminar todas as emissões
seguintes que surgirem nessas três hastes.
10. Tratos fitossanitários
10.1. Pulverizações:
O controle químico de doenças tem sido o método mais utilizado por
plasticultores principalmente, dado ao seu imediatismo e facilidade de
aplicação. Deve-se ter cuidado com a dosagem adotada na mistura dos
defensivos pois, às vezes, as dosagens indicadas para ambientes externos
(a da bula), pode queimar as plantas (fitotoxidez) . A ausência de chuvas,
ausência de luz solar direta, diferenças de temperatura e umidade
relativa, afetam as propriedades dos agrotóxicos tais como persistência,
período de carência e agressividade do produto. Recomenda-se quando
necessário, diminuir a concentração utilizada na mistura em comparação a
indicada na bula. Aconselha-se testar a concentração preparada em
algumas plantas do estande para observar se não haverá fitotoxidez para
só então, pulverizar o restante das plantas. As pulverizações deverão ser
feitas apenas de manhã bem cedo. Use os agrotóxicos com consciência e
sempre sob orientação de um engenheiro agrônomo. Nunca pulverize se
não estiver utilizando E.P.I. (Equipamentos de proteção individual) e não
deixe que menores de idade manipulem os equipamentos de pulverização.
10.2. Eliminação de hospedeiros intermediários:
Não permita o cultivo de espécies que sejam hospedeiras
intermediárias de doenças potenciais da sua espécie cultivada ao redor
das estufas. O nível de presença dos insetos vetores deve ser zero.
Combatê-los sempre que detectar sua presença. Utilize sempre que
possível telado nas laterais das estufas para minimizar a presença de
insetos no interior da estrutura.
Evitar a presença de plantas daninhas, elas podem ser fontes de
patógenos para o tomateiro e concorrer com a cultura. Pode-se utilizar
para esse fim, o mulching.
Em sua falta, pode ser utilizado herbicidas ou então, efetuar capina
manual.
11. Polinização
A polinização tem efeito direto na produtividade e qualidade dos
frutos. O excesso de umidade e temperaturas altas são extremamente
prejudiciais ao processo de polinização devendo ser primordial um
controle eficiente e atenção nessa fase do ciclo. Existem diversos métodos
de polinização dentro das estufas tais como: aplicação de hormônios,
abelha mecânica, jato de ar e vibração dos tutores. Se as condições
ambientais forem atendidas, devemos, sem dúvida, utilizar o método de
vibração dos tutores, que é o mais simples, barato e extremamente
eficiente. Quando cultivados ao ar livre, a polinização do tomateiro ocorre
pelo vento porém, quando cultivado em estufas fechadas ou teladas, o
movimento de ar dentro delas é insuficiente para que haja polinização. O
método de polinização através da vibração dos tutores é bem simples
desde que se tenha adotado o tutoramento por fitilho vertical.
Consiste apenas em bater levemente com uma vara no arame acima
do sistema de tutoramento no período de 11:00 a 15:00 horas - quando
se tem as melhores condições ambientais -. Com isso haverá uma
vibração dos rácimos florais e liberação do pólem que se evidencia por
uma poeira fina de cor amarela, que promove a autopolinização das
flores. Por volta de uma semana após a polinização, se tiver sido
processada corretamente, observar o aparecimento de pequenos frutos. A
boa polinização dos primeiros rácimos florais do tomateiro, induzirá a
planta a um estado reprodutivo que favorecerá grandemente a floração e
produtividade, conforme o desenvolvimento da planta.
12. Distúrbios fisiológicos básicos e suas causas
12.1. Frutos ocos:
Também chamados "pimentões", ocorre quando não houve
fertilização dos óvulos ou partenocarpia típica. As causas podem ser: alta
ou baixa temperatura dentro da estufa, deficiência de luz, excesso de N,
alta umidade relativa , baixa produção de pólem e polinização deficiente.
12.2. Frutos brancos:
Efeito da queimadura pelo sol. A parte exposta fica sem
pigmentação, ocorre principalmente em plantas com pouco enfolhamento,
com poda severa de folha e/ou conduzidas em haste única.
12.3. Rachaduras nos frutos:
Causada pela inconstância e desequilíbrio do turno de rega,
associada a alta temperatura e também, uma característica genética
da cultivar. Aplicação de Cálcio em pulverização dirigida ao fruto
tem caráter de proteção.
12.4. Fruto manchado na região do pedúnculo e mancha
parda interna:
Ausência de cor vermelha em áreas irregulares quando maduros,
ficando verde ou amarelos. Esse distúrbio é causado por luz distribuída de
forma irregular sobre os frutos, desequilíbrio na adubação (deficiência de
Boro ou Manganês) e ataque de TMV.
12.5. Fruto rendilhado:
Causado por desequilíbrios bruscos do turno de rega durante a
formação e maturação dos frutos.
12.6. Crescimento alto:
É o estiolamento da planta. Ocorre quando o "seedling" (a muda em
formação) é exposta de forma constante a temperaturas maiores que
30°C, baixa luminosidade ou adensamento populaciona".
12.7. Folhas distorcidas ou tortas:
Folha com cor verde escura mais intensa, redução na área foliar com
crescimento parcial de setores do limbo e nervura, as causas favoráveis
são: baixas temperaturas, características genéticas, deriva de herbicidas.
13. Distúrbios associados a desequilíbrio nutricional (adaptado
de TAKAZAKI & DELLA VECCHIA, 95)
13.1. Morte de meristema apical:
Ocorre quando há queda brusca de temperatura, vento frio,
agravado com excesso de Nitrogênio e deficiência ou excesso de Cálcio,
Boro e Potássio.
13.2. Bifurcação do rácimo:
Causado pelo desequilíbrio entre Nitrogênio, Cálcio e Potássio
associado à queda ou flutuação da temperatura.
13.3. Abortamento de flores e frutos ocados:
Ocorre em condições de temperatura elevada (³ 38°C) e baixa
(>13), baixa luminosidade e excesso de Nitrogênio.
13.4. Frutos defeituosos:
Causado por temperaturas abaixo de 8°C e temperatura diurna
abaixo de 20°C, UR alta, desequilíbrio de Cálcio, Potássio e Nitrogênio.
13.5. Podridão apical:
Causado por altas temperaturas, ar muito seco, desequilíbrio do
turno de rega, doenças do sistema radicular e deficiência de Cálcio
(pulverizações com Cloreto de Cálcio diretamente sobre os frutos que
ainda não apresentaram o problema é uma medida preventiva).
13.6. Branqueamento ou escurecimento dos vasos dos frutos:
Ocorre quando o tomateiro é submetido a altas temperaturas e
baixa luminosidade, associado ao excesso de Nitrogênio e deficiência de
Potássio.
13.7. Maturação irregular dos frutos:
Ocorre quando o solo da estufa está salinizado, associado a altas
temperaturas.
13.8. Lóculo aberto e rachadura do caule:
Ocorre principalmente quando há excesso de Nitrogênio, alta
umidade e temperatura, tendo como conseqüência o crescimento
excessivo do caule e dos frutos, provocando a formação de tecidos da
parede dos frutos e no caule, apresentando diminuição de internódios e
rachaduras de um lado a outro.
13.9. Frutos rosados quando maduros:
Quando essa não for uma característica varietal e estiverem
demasiadamente cerosos, é causada pela deficiência de ferro.
14. Colheita e comercialização
O momento da colheita dos frutos do tomateiro é o coroamento de
todo um ciclo de trabalhos que tiveram por objetivo a produção de frutos
grandes, saborosos, com excelente aspecto visual e valor comercial. É
importante ressaltar que esses tomates serão consumidos "in natura" e
que não se deve efetuar pulverizações ou aplicação de defensivos que não
poderão ter seus períodos de carência criteriosamente respeitados. No ato
da colheita não se deve causar nenhum tipo de dano aos frutos pois isso,
acarretará prejuízo direto ao produtor, depreciando o produto. O tomate,
em especial os que pertencem ao grupo salada (tipo caqui) são
extremamente frágeis, devendo ser manipulados com suavidade. Não
devem jamais ser comprimidos, sofrer queda e solavancos, tanto na
colheita quanto na seleção e transporte. O produtor deve estar atento em
todas essas fases. Uma má manipulação dos frutos aumentará o número
de frutos descartados, com defeitos, diminuindo consideravelmente a vida
pós-colheita do produto causando sérios prejuízos ao produtor e
consumidor. O horticultor profissional tem que ter em mente que a sua
responsabilidade só termina quando o consumidor final adquire o tomate e
se satisfaz com isso, podendo comprovar isso com a procura posterior por
seus produtos. Inicia-se assim, um ciclo que só termina quando surgirem
produtos superiores no mercado ou com a perda de qualidade do produto.
Em ambos os casos, ocorrerá o mesmo efeito da falta de demanda e
perda de mercado por isso, o produtor moderno, tem que estar sempre
atento às minúcias do consumidor (que não é estático), procurando
satisfazer suas menores exigências e sempre buscando aprimorar a
qualidade do seu produto. São disponíveis atualmente no mercado dois
tipos de tomate: o tomate tipo caqui, que se caracteriza pelo tamanho
extremamente grande dos frutos. Possui baixa conservação pós-colheita
devendo ser colhido de uma vez, quando as condições de colheita/seleção
e principalmente transporte, são favoráveis. Deve-se ter cuidado em seu
manuseio e usar-se embalagens adequadas. Existem também os tomates
tipo caqui longa vida que apresentam tamanho menor mas possuem
excelente vida pós-colheita e resistência ao transporte, devendo portanto
ser colhidos totalmente maduros. Os tomates do grupo salada, dadas as
suas características de cultivo (quase artesanal) e de conservação, têm
seu preço mais valorizado em relação ao de outros grupos, principalmente
no período chuvoso, onde seu cultivo a céu aberto se torna bem mais
difícil. É visando esses períodos quando haverá menos oferta e os preços
estão mais altos é que o produtor deve concentrar sua produção. É
inadmissível que o tomaticultor consiga produzir um tomate caqui de
excelente aspectos visual e o embale em caixas tipo K, ou venda toda sua
produção à CEASA.
Atualmente existem no mercado caixas de papelão de
aproximadamente 3 kg onde os tomates são protegidos em folhas de
papel e embalados cuidadosamente. Isso faz com que os tomates não
sejam comprimidos no transporte e, quando aliados a uma classificação
rigorosa quanto ao aspecto visual e fitossanitário, aumentará muito a
conservação pós-colheita dos frutos, conseqüentemente, adquirindo bons
preços. É patente que os atravessadores sufocam os produtores
desestimulando a produção com qualidade já que os preços pagos são
sempre nivelados ao mínimo.
Produzindo com qualidade, pode-se comercializar diretamente por
outros meios (bares, restaurantes, supermercados, lanchonetes e
verdurões). Quando se pretende ter uma pequena produção, o melhor
caminho é associar-se a outros pequenos produtores para viabilizar uma
comercialização de escala. A plasticultura possibilita produção na
entressafra com qualidade e essa é a principal vantagem, basta saber
usá-la. Uma dica importante para entrada no mercado: "propaganda é a
alma do negócio", colocar uma marca para que o produto possa ser
diferenciado e procurado é uma boa estratégia promocional. Um dos
principais aspectos que tornam os produtos olerícolas pouco competitivos
são principalmente, o mau aspecto, resíduos orgânicos, de minerais e
também de agrotóxicos, tamanhos e variedades inadequados aos tipos
procurados pelos mercados e falta de uniformidade dentro das
embalagens. Portanto, a classificação e seleção deve ser rigorosa e, em
pouco tempo, bons resultados serão alcançados, com o aumento da
procura pelo produto. Os tomates ao ser colhidos, não devem entrar em
contato com o solo, ser molhados ou lavados. Se necessário, limpar
apenas com um pano úmido. O tomate, ao contrário de outros produtos
hortícolas, que são classificados pelo peso, são classificados pelo seu
diâmetro. O horticultor pode fazer em sua propriedade um simples
engradado de madeira que facilitará a classificação. Na tabela abaixo,
tem-se os diâmetros próprios para sua construção. ClassificaçãoDiâmetro
(mm)Graúdo mínimo de 120 Médio de 80 a 120 Miúdo 50 a 80 Frutos
considerados extra, até 7% de frutos defeituosos
15. Bibliografia
FILGUEIRA, F. A. R. Manual de olericultura: Cultura e
comercialização de hortaliças. São Paulo: CERES, 1982. 357 p. FILHO, J.
U. B.;
CONTIERO, R. L.; ANDRADE, J. M. de B. Cultivo protegido.Maringá: UEM,
1995. 55 p. LOURES, J. L. Produção de tomate pela técnica em saco
plástico contendo esterco de suínos no substrato.Viçosa: UFV, 1997. 58 p.
(Dissertação - Mestrado em Fitotecnia).
MINAMI, K.; HAAG, H. P. O tomateiro. Fundação Cargill, 1989. 397 p.
MORAES, C. A. G.de.; Hidroponia: Como cultivar tomates em sistema NFT
(Técnica do fluxo laminar de nutrientes). Jundiaí, 1997. 141 p.
RESH, H. M. Cultivos hidropônicos:Nuevas tècnicas de producción. Mundiprensa: Espanha,
1997. 509 p.
RODRIGUES, D. S. Aplicação de fertilizantes via solo, foliar e fertirrigação
afetando extração e concentração de nutrientes em tomateiro
(Lycopersicon esculentum Mill) em estufa. Piracicaba: ESALq, 1996. 78 p.
(Dissertação - Mestrado em Fitotecnia).
SAMPAIO, R. A. Produção, qualidade dos frutos e teores de nutrientes no
solo e no pecíolo do tomateiro, em função da fertirrigação potássica e da
cobertura plástica do solo.Viçosa: UFV, 1996. 58 p. (Tese - Doutorado em
Fitotecnia).
SILVA, E. C. da. Efeito de doses do nitrogênio (nitrocálcio) e potássio
(cloreto de potássio) na produção e em algumas características
qualitativas dos frutos do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill)
cultivar Santa Clara, podado e adensado.Lavras: ESAL, 1994. 92 p.
(Dissertação - Mestrado em Fitotecnia).
YOSHIMURA, A.; YOSHIDA, A.; JAMPANI M. G. Plasticultura: </d
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