Resumo

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FILOSOFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Autor: Larissa Angélica Bontempi
Acadêmica do 2º período de Letras
Resumo
Através de pesquisa bibliográfica, fazendo um breve levantamento do
histórico da educação brasileira, investigou-se algumas das razões pelas quais a
disciplina de Filosofia não está inserida no currículo educacional brasileiro do Ensino
Fundamental. A partir de tais razões, verificou-se também os motivos pelos quais a
disciplina deve ser inserida, tomando como base as contribuições do ensino
filosófico para a sociedade, do ponto de vista pessoal, social e político.
Palavras-chave: Educação Brasileira, Ensino Fundamental, Filosofia
Introdução
A estrutura de nossa sociedade, capitalista, pragmática e positivista, criou
um sistema educacional que desconsidera a filosofia nos currículos escolares, e que
apenas repassa informações e reproduz conhecimentos estáticos e acabados. O
objetivo: criar uma massa de crianças e jovens sem consciência do papel que
poderiam desempenhar na sociedade.
A importância da filosofia nas etapas de formação, particularmente de
crianças e adolescentes é vista, em muitos ambientes, sob forte ceticismo. Existe,
porém, um grave equívoco, pois, na verdade, a filosofia, de alguma forma, é
fundamentalmente presente e tem muito a ver com o passado, o presente e o futuro
de nossa sociedade e de nossa cultura.
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Falar do ensino da Filosofia, da sua importância, da luta pela autonomia, é
pensar em mudança cultural, em mudança de visão de mundo, de paradigmas. O
ensino da Filosofia requer que estejamos abertos ao novo, à experiência vivida pelas
pessoas, sempre tendo presente uma tradição de pensamentos filosóficos. Afinal,
"os filósofos convivem conosco". Assim, havendo uma mudança de mentalidade, de
forma de pensar, via educação, teremos uma mudança política.
Partindo do pressuposto de que a reflexão é uma habilidade essencialmente
humana, não sendo possível confundi-la com informações técnicas e ações
previamente determinadas, a pesquisa tem como principal objetivo falar do ensino
da filosofia, relatando sua importância e as razões pelas quais deve ser praticado,
visando compreender a contribuição do ensino filosófico para a vida pessoal, social
e política de crianças e adolescentes.
Por que ensinar filosofia?
O ensino da Filosofia historicamente nunca teve garantido efetivamente sua
presença na estrutura educacional brasileira. Pela História da Educação vê-se que
esteve à mercê de interesses. Sempre se declarou a sua importância, mas sua
efetivação como campo de saber e espaço de produção na escola nunca foi
valorizada.
Buscar um ensino filosófico, condizente com a idade, dentro das
experiências, aberto à dúvida, à angústia, ao novo, isto é, um ensino que questione
as certezas, o instituído, que capacite para a reflexão e para as mais diversas
leituras e posicionamentos tomados diante dos fatos (tudo que desperta para uma
instrumentalização da crítica e da ampliação do universo experiencial e visão do
mundo), é querer uma Filosofia viva.
Vivemos tempos de globalização, de homogeneização, isto é, procura-se
unidade de pensamento, o consenso no livre mercado e na democracia
representativa. Com efeito, os critérios de normalidade vigentes na esfera da ética,
da política, nunca foram tão diferentes como hoje as diferenças de classe, de
cultura, de raça, de gênero.
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A uma educação para a resistência, se opõe uma educação para a
docilidade, para a obediência. Ambas as qualidades são pouco interessantes para a
pratica da filosofia com crianças e professores em, pelo menos, dois sentidos. Por
um lado porque a própria filosofia não poderia crescer se fosse praticada por sujeitos
dóceis e obedientes. Por outro lado porque a docilidade e a obediência obstaculizam
o exercício da liberdade na autodeterminação do ser e do fazer do sujeito.
Portanto, filosofar dentro da estrutura escolar com as crianças, é capacitálas para debater, confrontar idéias, prepará-las para a dúvida, para o não
conformismo diante dos fatos, para a negação; é buscar uma participação no
processo de criação do indivíduo, de uma nova relação entre as pessoas, das
instituições e os seus porquês.
Por esse panorama e essa forma de entender o espaço do ensino filosófico
no currículo escolar, pode-se justificar por que a inclusão da Filosofia sempre foi alvo
de muitas discussões, incertezas, medos, indeterminações e desculpas.
Conclusão
Impossível falar em educação sem falar em filosofia. Ainda que de forma
inconsciente, a filosofia é vivenciada dia a dia, e orienta o indivíduo tanto na
aquisição da concreta visão da vida, seus valores e significados; quanto sob a
conduta humana em geral.
Chega-se assim na idéia kantiana de aufklãrung, do esclarecimento, da
maioridade: A criança e o jovem devem aprender a pensar, isso significa sair da
menoridade. Estarão sempre na menoridade quando não quiserem pensar por conta
própria, não quiserem viver autonomamente. Menoridade é depender do outro para
pensar.
Diante de todo o exposto, conclui-se que não existe educação sem
associação filosófica; educar, ensinar, torna-se sinônimo de filosofar, pois educação
significa condução, orientação.
O educador deve estar preparado para os desafios de cada realidade, e
cabe a ele levar o educando a adquirir conhecimentos através de indagações, dos
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como e porquês, e não apenas reproduzir conhecimentos pré-fabricados e
inquestionáveis.
Referências bibliográficas
ARANHA, Maria Lucia de Arruda. História da Educação. 2ª ed, São Paulo:
Moderna, 1998.
LIPMAN, Matthew. A Filosofia vai à escola. São Paulo: Summus, 1990.
JASPERS, K. Iniciação Filosófica. Lisboa: Guimarães, 1977.
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