Revista de F sica Aplicada e Instrumenta c~ ao, vol.14, no. 3, Setembro, 1999 105 Fonte de Alta Corrente para Eletromagnetos com Controle de Campo Magnetico E. Lima Verde, N. M. Borges e W. Wolney Filho Instituto de F sica, Universidade Federal de Goi as, UFG Caixa Postal 131, 74001-970, Campus II, Goi^ ania, GO, Brasil Recebido em 12 de setembro de 2000. Aceito em 14 de setembro de 2000. Projetamos e construmos uma fonte de corrente para ser aplicada no controle de campos magneticos de eletromagnetos, usados em equipamentos de resson^ancia magnetica nuclear (RMN) e resson^ancia paramagnetica eletr^onica (RPE). Esta fonte e estavel para correntes no intervalo entre 0 a 150 Adc (corrente contnua), com estabilidade da ordem de 10 ppm/ÆC. A estabilidade da corrente envolve uma nova arquitetura eletr^onica na manutenc~ao de campos magneticos atraves de sensor semicondutor, exibindo uma boa linearidade no ajuste de corrente. We projected and we built a current source to be applied in the control of magnetic elds of electromagnets, used in equipment of nuclear magnetic resonance (NMR) and electronic paramagnetic resonance (EPR). This source is stable for currents in the interval 0 to 150 Adc (continuous current), with stability of the order of 10 ppm/ÆC. The stability of the current involves a new electronic architecture in the maintenance of magnetic elds with the use of semiconductor sensor, which exhibits good linearity in the current adjustment. I Introdu c~ ao A obtenc~ao de campos magneticos de alta intensidade em equipamentos de Resson^ancia Magnetica Nuclear, especicamente nos eletrom~as, depende ate certo ponto da geometria de construc~ao e do material de que o seu nucleo e constitudo. Entretanto o controle din^amico do campo se da efetivamente atraves do controle de corrente do eletromagneto. Campos magneticos estaveis e regulados, a partir do controle eletr^onico de correntes elevadas geram muito calor, tanto na fonte geradora como no eletromagneto. A variac~ao termica e um dos problemas a serem contornados, dado que os componentes semicondutores s~ao afetados substancialmente pela variac~ao da temperatura na junc~ao, podendo leva-los a uma avalanche termica, ocasionando a destruic~ao dos mesmos. Outro inconveniente e a variac~ao do campo magnetico prexado, o que ocasiona uma fuga do ponto de resson^ancia do sinal da amostra, no instante da aquisic~ao dos dados. O sistema de resfriamento, nestes equipamentos, devem ser ecientes para evitar danos causados por efeitos termicos. Projetamos e construmos uma fonte compacta, com uma topologia nova na manutenc~ao da tens~ao de entrada, respeitando o limite das tens~ao nos transistores envolvidos no controle da corrente. A corrente prexada e frequentemente monitorada por pontas de provas a semicondutores, construdas a partir de enlaces de realimentac~ao, compensando desvios termicos ocasionados pela variac~ao da tens~ao da rede, mantendo o controle de corrente no eletrom~a o mais linear possvel. II Pro jeto da fonte de corrente O diagrama de blocos da gura 1, mostra, de um modo simplicado, a operac~ao da fonte de energia para o eletrom~a. A interligac~ao entre os blocos segue uma ordem de interac~ao eletrica necessaria ao controle da corrente no eletrom~a. O bloco 1 mostra um transformador trifasico refrigerado a oleo, construdo para fornecer uma pot^encia nominal de 24 kW para rede de 380 Vac, e segmentado de 30, 60, 90, 120 e 150 Vac, que possibilita uma pre-regulagem da tens~ao de entrada. O bloco 3 mostra a parte de reticac~ao e ltragem. Devido a necessidade de uma tens~ao contnua, e necessario usar diodos reticadores para a convers~ao da tens~ao alternada (Vac) para a tens~ao contnua (Vdc). Entretanto outros par^ametros como menor tens~ao de ondulac~ao, levam a reticac~ao no modo trifasico. Dentre os tipos de reticac~ao trifasica, foi escolhida a reticac~ao de meia onda, pelo baixo custo e compatibilidade com o transformador trifasico segmentado. O bloco 6 se refere a fonte estabilizada de baixa pot^encia. E um regulador monoltico incrementado em sua corrente maxima de sada com o uso de um transistor de passagem de 106 E. Lima Verde et al. pot^encia, utilizando apenas um transformador de baixa pot^encia, reticado em onda completa (monofasico) e capacitores de ltragem. Esse bloco fornece as tens~oes necessarias aos diversos pontos da fonte. O bloco 7 refere-se ao gerador de corrente constante, onde uma tens~ao de refer^encia controla a estabilidade da fonte. Neste caso um loop de realimentac~ao mantem constante a corrente no eletrom~a. O bloco 9, refere-se a logica de controle que operacionaliza o perfeito funci- onamento da fonte, ajustando escalas de tens~ao e situac~oes de protec~ao da fonte, de modo automatico. O bloco 10 mostra o display de campo magnetico. Este monitora o valor do campo magnetico nos polos do eletrom~a, sendo constitudo de uma serie de contadores, decodicadores e display. Nas sec~oes seguintes, daremos ^enfase aos blocos da gura 1, onde ocorreram modicac~oes em relac~ao a segmentos correspondentes de fontes convencionais. Figura 1. Diagrama de blocos da fonte de corrente. II.1. Banco de Contactoras As contactoras, utilizadadas no banco de contactoras representado pelo bloco 2 da gura 1, levam em considerac~ao uma sequ^encia de operac~oes logicas e sincronizadas, que envolvem o instante de ligar a fonte e a comutac~ao da tens~ao adequada no processo de regulagem do campo magnetico. Este procedimento e necessario, pois as correntes de surto, envolvidas no processo de inicializac~ao da fonte e comutac~ao dos segmentos de tens~ao do transformador s~ao elevadas. Os cuidados com esses surtos de corrente, previnem a des- truic~ao dos contatos internos no ato de fechamento das contactoras. Apos o fechamento da contactora, a passagem das correntes pelos contatos, deve ser compatvel com a corrente exigida pelo eletrom~a na produca~o de um determinado campo magnetico. A operaca~o de cada contactora, no instante oportuno, envolve uma segunda comutac~ao em baixa corrente efetuada atraves de rel^es de 12Vdc, comandados por comparadores de tens~ao. As contactoras utilizadas foram fabricadas pela Siemens, modelo 3TBF47[1]. A gura 2, mostra o circuito eletrico de comutac~ao das contactoras. Revista de F sica Aplicada e Instrumenta c~ ao, vol.14, no. 3, Setembro, 1999 107 Figura 2. Diagrama eletrico do banco de contactoras. Em qualquer instante, apenas uma contactora e acionada. As ligac~oes entre as contactoras realizam o sincronismo de tempo, n~ao permitindo que uma feche seus contatos antes que a outra esteja com seus contatos abertos, garantindo assim, a compatibilizac~ao dos tempos de comutac~ao. O acionamento de uma das contactoras inibe, como protec~ao adicional nas ligac~oes entre elas, a ac~ao de qualquer outra contactora. O diodo SKE3408 em serie com o resistor de 100 , no circuito da gura 2, comp~oe parte do circuito RC que desempenha um papel importante na comutac~ao, proporcionando na mudanca dos passos de voltagem a eliminac~ao dos transientes das correntes de surto, o que e evidenciado quando o banco de capacitores se encontra com carga nula. As entradas A, B, C e D comutam as contactoras para 30 Vac, 60 Vac, 90 Vac e 120 Vac, respectivamente. A entrada E e uma habilitac~ao para operac~ao das contactoras, e a entrada F liga e desliga a fonte de forma geral. II.2. Protec~ao e comutac~ao da fonte O ato de ligar a fonte requer algumas condico~es preliminares, para a protec~ao e durabilidade de seus componentes internos. O circuito que realiza a funca~o de ligar e desligar a fonte, e observado na Figura 3 e representado esquematicamente pelo bloco 5 da gura 1. Na gura 3, a chave liga e desliga (ON/OFF), opera um ip-op constitudo por 2/3 de um circuito integrado CMOS ( 2/3 CD4059). Para que n~ao ocorram oscilac~oes na chave mec^anica, o ip-op torna-se uma alternativa adequada e econ^omica. Com esta chave de contato moment^aneo, a operac~ao de ligar e desligar e realizada em dois toques na mesma chave, produzindo um pulso isento de oscilac~oes. O pulso gerado, segue para um segundo ip-op (NE 555) que aplica um outro pulso para a contactora de ligac~ao no ponto E, conforme as condico~es descritas abaixo: 1) Se o controle de corrente da fonte n~ao estiver em zero, o pulso n~ao e aplicado. 2) Se a tens~ao no banco de capacitores n~ao estiver no mnimo igual a 30 Vdc a fonte n~ao e ligada. 108 E. Lima Verde et al. Figura 3. Circuito de protec~ao e comutac~ao ds contactoras. A primeira condic~ao e monitorada pela variavel F, atraves do comparador constitudo por 1/4 do circuito integrado LM 324 (um quadruplo amplicador operacional linear)[2], produz um nvel 1 em sua sada se F 0,1 Vdc e 0 V dc se a condic~ao n~ao for obedecida. Esta tens~ao monitorada, e proveniente do potenci^ometro de controle de corrente. A segunda condic~ao e monitorada pela variavel G, atraves de mais 1/4 do comparador do circuito integrado LM324, com a condic~ao de que se a tens~ao do banco de capacitores for 30V dc a sada deste comparador tera nvel 1, caso contrario 0 Vdc. O envio destes nveis de tens~ao ao restante do circuito da gura 3, que somados com uma condic~ao de temporizac~ao, gera um nvel logico 1 para o acionamento da contactora principal da fonte (Ponto E). A variavel A (gura 2) controla a operac~ao da contactora de 30 Vac, sempre que a tens~ao do banco de capacitores atingir 30 Vdc. A entrada X permite desabilitar a contactora de 30 Vac, sempre que esta variavel estiver em nvel 1. Para desligar a fonte, o pulso de transic~ao de nvel 1 para 0, produzido pelo ip-op ligado a chave liga/desliga (atraves do inversor constitudo p^or 1/4 do CD 4069), faz desabilitar o ip-op tornando a variavel de sada E com nvel 0. E conveniente ressaltar que ao conectar o cabo de forca a rede trifasica, um pulso de inicializac~ao e produzido pela rede RC, constituda pelo resistor de 1,5 K e pelo capacitor de 1,0 uF /16 Vdc ligado a porta OU (1/2CD 4001) na gura 3. Os diodos emissores de luz (LED's), Ld1 e Ld2, monitoram o estado da fonte indicando que se o led Ld1 estiver emitindo luz, a fonte se encontra em condico~es improprias para operar. Se o led Ld2 estiver emitindo luz, a fonte encontra-se em perfeito estado para incio de operac~ao. A ocorr^encia dos dois LED'S emitindo luz n~ao e possvel, dada a conguraca~o do circuito. Ambos os led's encontram-se em um mesmo encapsulamento, com a cor vermelha para Ld1 e cor verde para Ld2. Quando a fonte esta em operac~ao, outro circuito controla a operaca~o automatica dos segmentos de tens~ao do transformador, atraves das contactoras. Este circuito eletr^onico esta representado na gura 4. Revista de F sica Aplicada e Instrumenta c~ ao, vol.14, no. 3, Setembro, 1999 109 Figura 4. Diagrama eletrico de operac~ao das contactoras. No circuito da gura 4, os pontos D, C, B, e E s~ao sadas de controle das contactoras. Uma delas seleciona o segmento do transformador adequado, para a corrente solicitada pelo potenci^ometro de controle da corrente da fonte. A selec~ao se faz pelo circuito integrado LM 3914, que e um chip dedicado a indicadores do tipo barra ou ponto, para uso de led's indicadores. Internamente este circuito integrado e constitudo por uma serie de comparadores de tens~ao em cascata, com fundo de escala ajustavel. Neste caso o fundo de escala esta calculado para 1,2 Vdc, o que leva os pinos 18, 17 e 16 a comutarem quando atingida a tens~ao solicitada pelo controle, que e respectivamente 60 Vac, 90 Vac e 120 Vac. O coletor do transistor Tip 122 (o/trans.) da gura 4, inibe a corrente pelo banco dos transistores, ate que uma outra contactora adequada seja acionada. Durante este estado de inibic~ao o led Ld3 oscila, indicando a necessidade do operador aguardar um tempo de 30 segundos para prosseguir na regulagem de uma nova corrente, dentro de um novo passo de tens~ao. Toda a temporizac~ao e realizada pelo circuito integrado IC2, sendo que a oscilac~ao do led e realizada por IC1 e habilitada por IC2. O ponto X desativa a contactora de 30Vac A gura 5, mostra o circuito eletrico da tens~ao de refer^encia, que compara a tens~ao proveniente do sensor de campo magnetico. O gerador de corrente constante necessita de uma tens~ao de refer^encia estavel, ja que as utuaco~es na tens~ao de refer^encia em funca~o da temperatura, podem comprometer a estabilidade total da fonte de pot^encia. Para minimizar os efeitos termicos na tens~ao de referencia, construmos dentro do proprio circuito integrado (LM723)[3], uma c^amara termica responsavel por manter a temperatura interna, independente da temperatura externa (ao integrado LM723). Isto foi conseguido por intermedio dos componentes internos depositados ao substrato do chip, constitudo por A2, T1, T2 e T3. O elo de realimentac~ao e, ent~ao, fechado quando a sada do amplicador de erro (A2) e ligado a base dos transistores T2/T3 (congurados em uma ligaca~o do tipo Darlington), mantendo uma corrente prexada em P3, que ao passar pelo transistor T3 aquece a pastilha a uma temperatura acima da temperatura ambiente. O transistor T1 atua como limitador de corrente, controlado pela tens~ao proveniente do potenci^ometro 110 E. Lima Verde et al. P3, ligado ao operacional A3 que monitora a tens~ao de refer^encia. Qualquer mudanca neste valor de tens~ao, altera a temperatura interna do chip, mantendo constante o gradiente termico entre o interior e o exterior do chip. A modicac~ao no gerador de corrente constante de pot^encia, e a substituic~ao deste Shunt pelo sensor de campo ligado a um dos polos do gap do eletrom~a, pro- duzindo desta forma uma tens~ao de amostragem efetiva do campo no gap. Esta modicac~ao nos da uma medida lquida do campo, n~ao importando se ha aquecimento dos entreferros do eletrom~a, ou se o valor da resist^encia do enrolamento da bobina do eletrom~a mudar com a temperatura. Figura 5. Diagrama eletrico da tens~ao de refer^encia. II.3. Banco de Transistores O controle de corrente na fonte e realizado atraves de uma associac~ao em paralelo de 30 transistores, sendo que quatro destes transistores atuam como excitadores em uma congurac~ao do tipo darlington. Nesta congurac~ao e possvel obter valores elevados de corrente. Os transistores de pot^encia utilizados s~ao da marca Thoshiba, com as especicac~oes: Icmax = 15 A a 25 Æ C, Vce = 250V, ganho de corrente ( ) no intervalo de 55 a 160, e cujo modelo e o 2AS1303 PNP encapsulado em um involucro do tipo SOT32. O calor gerado no involucro dos transistores e eliminado atraves de um processo de refrigerac~ao. A rapidez deste processo garante uma operac~ao termica segura dos componentes, evitando assim uma possvel avalan- che termica nos semicondutores, o que destruiria rapidamente todo o banco de transistores. Nesse sentido, construmos um dissipador de calor com cavidade interna para circulaca~o de agua, e um sistema de refrigerac~ao a ar proveniente de ventiladores compactos e silenciosos. A resist^encia termica que apresenta o acoplamento do involucro dos transistores com o dissipador de alumnio, reduz a taxa de transfer^encia de calor para o meio ambiente. A melhoria na performance desta taxa de transfer^encia pode ser realizada com o uso de pasta termica e isolantes de mica, bem menos espessos que os convencionais. A escolha de transistores com ganho de corrente () proximos, evita ao mnimo a diferenca de corrente entre os transistores. Essa associac~ao pode ser visualizada na gura 6. Revista de F sica Aplicada e Instrumenta c~ ao, vol.14, no. 3, Setembro, 1999 111 Figura 6. Banco de transistores (0nde R1=1k , R2=100 , R3=47 , R4 a R30=0.22 /10W. II.4. Sensor de Campo Magnetico O sensor de campo magnetico, bloco 8 da gura 1, e o responsavel pelas medic~oes de campo magnetico no eletromagneto. Essas medic~oes, s~ao normalmente realizadas por pontas de prova baseadas no efeito Hall[4], entretanto essas medidas podem, tambem, ser realizadas por um dispositivo semicondutor[5]. Um transistor empregado para esta nalidade e o do tipo unijunc~ao, muito usado como gerador de pulsos. Neste dispositivo o campo magnetico interage com as resist^encias de interbase () provocando um ponto de disparo em uma rede RC, em func~ao da intensidade do campo magnetico estatico incidente. Esta propriedade e peculiar a frequ^encia do oscilador (F0 =400Hz), construdo a base de um unijunc~ao, e tem sua frequ^encia modicada pelo campo magnetico. Podemos, ent~ao, dizer que o circuito pode ser denominado de FCO, ou seja, oscilador controlado por campo. A gura 7, mostra o arranjo de um oscilador com transistor do tipo unijunc~ao, ja adequado as nossas medic~oes. O circuito integrado LM 723 esta projetado para atuar como um gerador de corrente constante, proporcionando uma carga linear no capacitor C1, cujo efeito e uma rampa ascendente ate o momento de disparo do transistor unijunc~ao. Quando o transistor, atinge o nvel de tens~ao de disparo Vc, atraves do emissor ligado ao capacitor C1, o capacitor se descarrega rapidamente pelo emissor ate que a tens~ao em C1 venha atingir, a tens~ao de desligamento do transistor Vd . Ocorrendo a remoca~o de curto sobre o capacitor C1, este volta carregar-se linearmente atraves do gerador de corrente constante, iniciando um novo ciclo. Como consequ^encia desta operac~ao, surgem pulsos de frequ^encia denida pela rede RC na sada Fo da gura 7. Este circuito e conhecido como oscilador de relaxac~ao, em que uma rede RC controla a frequ^encia de oscilac~ao. A mudanca da frequ^encia em func~ao do campo magnetico, esta relacionada com a mudanca da tens~ao de disparo do unijunc~ao, levando a uma comutac~ao em um tempo maior ou menor na rampa ascendente, e com isto mudando o valor da frequ^encia do oscilador. O sinal de frequ^encia Fo e enviado ao circuito da gura 8. O circuito desta gura, e constitudo de um monoestavel formado pelo NE 555, um conversor tens~ao frequ^encia (LM2907) e um seguidor de tens~ao CA3140[6]. O pulso proveniente do oscilador unijunc~ao, por ter o seu perodo em nvel alto muito estreito, deve ser aumentado de forma conveniente a se tornar uma sequ^encia de pulsos, semelhante a uma onda quadrada de ciclo de trabalho a 50%. Procedendo desta forma, o sinal quadrado e aplicado ao conversor tens~ao-frequ^encia, que e constitudo de um segundo monoestavel (que gera um pulso de largura proporcional a frequ^encia) e um integrador que converte esta largura de pulso em uma tens~ao media. Desta forma a tens~ao de sada, Vs, se relaciona com a frequ^encia pela express~ao[2]: VS = Vref :F0 :C4 :(P1 + R5 ); 112 E. Lima Verde et al. onde: Vref e a tens~ao de refer^encia, Fo a frequ^encia de entrada, C4 o capacitor de temporizac~ao do monoestavel, P1 o potenci^ometro de ajuste da largura do pulso (escala) e R1 o limitador do valor mnimo da largura do pulso. Substituindo os valores do circuito, a express~ao acima, se torna igual a: VS = K:F0 :P1 ; onde K e uma constante. Figura 7. Circuito eletrico do sensor de campo magnetico. Figura 8. Conversor de frequ^encia-tens~ao. Revista de F sica Aplicada e Instrumenta c~ ao, vol.14, no. 3, Setembro, 1999 III Sistema Interno de Refrigera c~ ao Os transistores de pot^encia trabalham na sua regi~ao linear de operac~ao desprendendo uma grande quantidade de calor para o meio ambiente. A necessidade de uma refrigerac~ao adequada se faz necessaria para manutenc~ao dos par^ametros dos transistores, como a tens~ao entre base e emissor (Vbe). Esta barreira de potencial natural da junc~ao do semicondutor do tipo P com o tipo N, tende a variar o valor com o aumento da temperatura. O efeito da avalanche termica, na qual o semicondutor torna-se um condutor, leva-o rapidamente a destruic~ao. O ponto de polarizac~ao depende de tr^es par^ametros que expressam o cuidado com a elevac~ao da temperatura do semicondutor[2], (ganho de corrente do transistor), Icbo (corrente entre base e coletor) e Ib (corrente de base). O fator de estabilidade depende da variac~ao da corrente no coletor Ic atraves dos par^ametros S , S 0 e S 00, onde S e a variac~ao diferencial da corrente no coletor, em relac~ao a corrente base-coletor, S 0 e Ic = S:Icbo + S 0:Vj + S 00 :; onde Icbo e a variac~ao da corrente entre base e coletor, Vj e a variac~ao da tens~ao na junc~ao e e a variac~ao do ganho no transistor. IV Eletro m~ a O eletrom~a utilizado possui uma resist^encia de 35 , a frio. O gap de ar tem dimens~ao longitudinal 42mm e um di^ametro no polo 180mm. As caractersticas externas s~ao: altura 980mm, profundidade 690mm, largura 980 mm e massa 1000Kg.. Eletricamente suporta uma tens~ao maxima de 200Vdc, produzindo um campo maximo de 9kG, sob refrigerac~ao a agua. V 113 uma carga de 35 sob uma tens~ao de 30Vdc e reticac~ao trifasica (180Hz), e um banco de capacitores de ltragem com 16 capacitores de 12000F/250Vdc, totalizando 192000F/250Vdc. Solucionamos o problema do aquecimento do banco de transistores, construindo um dissipador de calor que refrigera o banco de transistores por meio de circulac~ao de agua e ar. O sensor a transistor unijunc~ao mostrou-se sensvel a campos magneticos baixos e altos. Na regi~ao de campo baixo, a sensibilidade maxima do sensor satura em torno de 1400 Gauss, entretanto apresenta boa linearidade desde 0 a 800 Gauss. Neste caso a face mais sensvel do transistor unijunc~ao e perpendicular as linhas de campo magnetico. Nessa congurac~ao n~ao houve alterac~ao signicativa, ao utilizar ou n~ao um gerador de corrente constante para alimentar o sensor. A Figura 9 mostra as medidas realizadas pelo sensor, alimentado por um gerador de corrente constante, com o campo magnetico variando de 0 a 12000 Gauss. Verica-se, nessa gura, uma boa linearidade nas regi~oes de 0 a 800 Gauss e de 1000 a 12000 Gauss. Neste caso, o transistor unijuncÆ~ao foi colocado em um a^ngulo de aproximadamente 10 , com relac~ao as linhas de campo magnetico. O sensor nessa congurac~ao, apresentou uma resoluc~ao da ordem 10 2 V/kG. Essa congurac~ao parece ser a mais adequada para a realizac~ao das medidas em toda a regi~ao de campo magnetico. O graco da gura 09 foi obtido tomando como refer^encia o campo magnetico gerado num eletromagneto de um equipamento Bruker (Electron Spin Resonance) modelo ESP 300. As tens~oes no sensor foram medidas por um voltmetro Tektronix DMM254 com resoluc~ao de 10V na regi~ao de 400mV. Resultados As contactoras apresentaram as seguintes tens~oes de comutac~ao: 30 Vdc, 60 Vdc, 90 Vdc, e 120 Vdc, todas contnuas. Com a tens~ao inicial pre ajustada de 30 Vdc, a tens~ao no banco de capacitores variou mais de duas vezes na comutac~ao do passo de tens~ao superior (60Vdc), porem a tens~ao na carga (Eletroma) variou de 0,06 Vdc, resultando em uma estabilidade de 0,2%. A tens~ao de refer^ encia exibiu um coeciente termico de 0,023 mV/ Æ C, nas condic~oes de: temperatura inicial, 28C; temperatura nal 70ÆC (maxima permitida pelo CI LM723, veja gura 5) e variac~ao na tens~ao de refer^encia de 1 mV em todo range termico. A tens~ao de ondulac~ao, medida com um osciloscopio de tecnologia digital da marca Tektronix, cujo modelo e o TDS 340 foi de 0,25mV. As medidas foram efetuadas com Figura 9. Sinal do sensor a transistor unijunc~ao a um campo magnetico aplicado, colocado entre os polos de um eletromagneto, numa congurac~ao de aproximadamente 10Æ com relac~ao as linhas de campo magnetico. VI Conclus~ ao A fonte foi otimizada para controlar um eletromagneto de imped^ancia caracterstica de ate 1 , que pode ser 114 utilizado em equipamentos de Resson^ancia Magnetica Nuclear (RMN), podendo produzir correntes de 0 ate 150 A, estaveis, necessitando porem de instrumentos compatveis com a resoluc~ao desejada. A regulagem com o eletrom~a utilizado, apresentouse linear em toda faixa, proporcionando um controle de facil ajuste. O par^ametro da estabilidade em corrente foi de 23ppm, valor proximo de 10ppm (teorico). Esta estabilidade foi atingida com o eletrom~a ligado e refrigerado em um perodo de 12 horas. Monitoramos uma serie de medidas com correntes pre ajustadas na gama de comutac~ao (30dc, 60Vdc, 90Vdc e 120Vdc) sob uma carga do eletrom~a de 35 , utilizando-se um multmetro Tektronix modelo DMM254 de 4 dgitos. Para uma melhor sensibilidade e resoluc~ao recomendamos a utilizac~ao de um multmetro do tipo HP 3458 A de 8,5 dgitos na serie de medidas das correntes pre xadas. O sensor a transistor unijunc~ao mostrou-se sensvel a campos magneticos baixos e altos, apresentando boa linearidade nas regi~oes de 0 a 800 Gauss e de 1000 a 12000 Gauss, como pode ser visto na guras 9. Este ao ser colocado em um ^angulo de aproximadamente 10Æ em relac~ao as linhas de campo magnetico, apresentou E. Lima Verde et al. uma resoluc~ao da ordem 10 2 V/kG. A fonte abre novas condic~oes para a construca~o de outras partes do equipamento de RMN e introduz novas arquiteturas no controle da corrente e medic~ao do campo magnetico. References [1] Siemens S. 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