Tratamento fisioterápico de fonoforese com ibuprofeno

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Tratamento fisioterápico com ultrassom melhora o quadro inflamatório de pacientes portadores
de artrite reumatóide.
Juliana Pires Pereira1 ; Mariana Alves, Vivane Lemos Silva Fernandes1; Tânia Cristina3 ,
Luciana Caetano Fernandes3
1
Graduando do Curso de Fisioterapia, UnU Eseffego - UEG.
2
Graduanda do curso de Farmácai , Unievangélica
2
Docente do curso de Fisioterapia , Unievangélica
3
Orientador, docente do Curso de Fisioterapia, UnU Eseffego – UEG.
A Artrite reumatóide (AR) é uma doença auto-imune crônica onde há comprometimento
das articulações. É caracterizada por poliartrite simétrica, associada à rigidez matinal e fadiga. Cerca
de metade dos pacientes apresentam incapacidade para o trabalho após dez anos de doença. O
reconhecimento precoce do diagnóstico associado a recentes avanços no tratamento pode impedir a
incapacidade na maioria dos casos. Cerca de 80% dos pacientes com AR tem fator reumatóide (FR)
positivo. Esse FR é um auto-anticorpo que promove a inflamação na sinóvia ou em outros locais do
corpo.
A Fisioterapia é indicada para o tratamento da AR, pois é necessário que o paciente realize
exercícios para preservação de tônus muscular e manutenção da amplitude e função articular. Esses
exercícios são importantes para diminuir a inflamação prolongada. Também há utilização de recursos
físicos que minimizam o quadro álgico, e promovem a diminuição do processo inflamatório, como por
exemplo, o ultra-som, a crioterapia, o laser, dentre outros.
Neste estudo investigamos bioquimicamente se o tratamento fisioterápico com ultrassom
mais ibuprofeno (fonoforese) é eficiente para diminuir a inflamação nos portadores de AR, que é uma
doença incurável. Tratamos 8 pacientes com AR nas mãos utilizando a técnica de fonoforese por 10
sessões. Essas pessoas tiveram seu sangue coletado antes e após o tratamento para dosagem de
marcadores de inflamação (PCR, Mucoproteína). Observou-se uma diminuição significativa destes
marcadores de inflamação tanto no grupo com ibuprofeno quanto no grupo placebo que recebeu
apenas ultrassom sem medicamento. Porém o grupo com ibuprofeno teve uma diminuição maior da
PCR (proteína C reativa). Ambos participantes dos dois grupos observaram melhora no quadro álgico
e inflamatório. O ultrassom por si só tem atividade anti-inflamatória, e a aplicação de medicamentos
com o uso de ultrassom facilita a chegada do medicamento no local, acelerando o processo de
diminuição da inflamação, que no caso da AR é responsável por gerar deformidades e dores nas
articulações dos pacientes.
Palavras-chave: inflamação, artrite, fonoforese, fisioterapia, ultrassom
INTRODUÇÃO
No Brasil, a artrite reumatóide representa cerca de 7 a 10% de todos os reumatismos. Nos
Estados Unidos e em alguns países europeus, sua freqüência é mais elevada. Ocorre mais em
mulheres, na proporção de 2 a 3 para cada homem. Pode iniciar em qualquer idade, preferencialmente
entre 20 e 50 anos.( LYNN AH, 1995). Essa enfermidade é um distúrbio do sistema imune que atca
antígenos próprios presente nas articulações e também em outros tecidos do corpo. Cerca de 80% dos
pacientes com AR tem fator reumatóide (FR) positivo. Esse FR é um auto-anticorpo que promove a
inflamação na sinóvia ou em outros locais do corpo.
Cerca de metade dos pacientes apresentam incapacidade para o trabalho após dez anos de
doença. O reconhecimento precoce do diagnóstico associado a recentes avanços no tratamento pode
impedir a incapacidade na maioria dos casos. Nessa doença foram detectados altos índices de
citocinas pró-inflamatórias (fator de necrose tumoral, interleucina-2 ....) bem como aumento de
proteínas de fase aguda (Proteína C reativa – PCR).
A Fisioterapia é indicada para o tratamento da AR, pois é necessário que o paciente realize
exercícios para preservação de tônus muscular e manutenção da amplitude e função articular. Esses
exercícios são importantes para diminuir a inflamação prolongada. Também há utilização de recursos
físicos que minimizam o quadro álgico, e promovem a diminuição do processo inflamatório, como por
exemplo, o ultra-som, a crioterapia, o laser, dentre outros. Os objetivos principais do tratamento do
paciente com AR são: prevenir ou controlar a lesão articular, prevenir a perda de função e diminuir a
dor, tentando maximizar a qualidade de vida destes pacientes. (Laurindo et al., 2002 apud MINERVI,
2006, p.14,). Para a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2002) a fisioterapia contribui para que o
paciente possa continuar a exercer suas atividades de vida diária. Neste trabalho avaliamos o uso de
fonoforese com ibuprofeno no tratamento de um grupo de pacientes com AR.
Material e Métodos
1. Levantamento dos pacientes com artrite reumatóide e aplicação de ultrassom
Através de uma busca nos prontuários da clinica escola de Fisioterapia da Eseffego e também da
clínica UniFisio da Unievangélica, levantamos os casos de AR dos últimos 2 anos. Achamos ao todo
17 casos, entramos em contato por telefone, porém só localizamos 13 pacientes. Muitos o telefone não
era mais o mesmo. Apenas 8 pessoas interessaram em participar do projeto e estavam aptas a
participar, pois nenhum deles poderia apresentar outra enfermidade além da artrite reumatóide,
inclusive gripe. Esses pacientes, todas do sexo feminino, foram divididos em 2 grupos: um que
receberia apenas ultrassom sem ibuprofeno e outro grupo que receberia ultrassom mais ibuprofeno
(Fonoforese). Cada paciente recebeu 10 sessões de tratamento, sendo que houve interrupção de um
final de semana (sábado e domingo). Antes de iniciar o tratamento fisioterápico e após o seu término,
os participantes tiveram seu sangue coletado para realização de dosagens de marcadores de
inflamação (PCR e mucoproteína).
O Ultrassom foi aplicado nas articulações das mãos nas seguintes condições: UST de 1Mhz,
pulsátil, com intensidade de 0,5 W/cm2, e curta duração (5 minutos) com creme-gel contendo
ibuprofeno a 5%, no Grupo placebo, foi utilizado os mesmos parâmetros do UST com creme-gel a
base de água sem ibuprofeno. Os pacientes não souberam em qual grupo havia o antiinflamatório.
O projeto está de acordo com a Resolução 196/96 do CNS e foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da UniEVANGÉLICA.
2. Provas inflamatórias
O sangue coletado antes e depois do tratamento fisioterápico foi centrifugado e o soro obtido foi
utilizado para a dosagem de marcadores de inflamação: PCR, mucoproteína e ASO e também de fator
reumatóide (MILLER, O et al, 1995). Os exames foram feitos no Laboratório de Bioquímica Clínica
da Unievangélica.
a) PROTEÍNA C REATIVA (PCR):
Proteína imunologicamente anômala, caracterizada pela capacidade de precipitar-se frente ao
polissacarídeo C somático isolado de pneumococo. Costuma surgir no soro durante a evolução de
numerosos processos inflamatórios, especialmente nos de caráter agudo, donde a denominação de
“proteína de fase aguda”. Representa um indicador extremamente sensível de inflamação, sendo sua
presença um sinal muito significativo de processo patológico. Costumam subir rapidamente desde o
início da doença (12 - 36h), podendo chegar a 33 mg/dL e desaparecem com a regressão do processo,
estando presente apenas na fase ativa. Sua formação diminui com a terapêutica anti-inflamatória.
Além disso, não sofre alteração pelas variações de frações protéicas no soro (ex: gravidez,
anemia...).Foi detectada pela técnica da aglutinação com látex PCR de coelho, sendo qualitativo
(positivo/negativo) ou semi-quantitativo (diluição progressiva), com transformação em mg/dL. No
adulto, 0,5 mg/dL já é um valor considerado anormal.
b) MUCOPROTEÍNAS:
Mucoproteínas são glicoproteínas típicas das secreções mucosas, conhecidas por mucinas e
mucóides, que são soluções viscosas e aderentes. Seromucóides são mucinas encontradas no soro.
Atualmente, essas proteínas adquiriram importância para o diagnóstico diferencial das icterícias e
sobretudo, como sinal de atividade inflamatória. A despeito de sua inespecificidade, constituem um
bom índice de atividade reumática, mostrando-se elevadas em 95% dos pacientes com febre
reumática. Oscilam de acordo com as flutuações das doenças, não sofrendo influência dos
medicamentos (salicilatos, corticóides), de fatores circunstanciais (desproteínemias) e tendem a se
normalizar na fase inativa da doença.
c)ANTIESTREPTOLISINA O (ASO OU ASL-O):
A estreptolisina O é uma das várias toxinas extracelulares elaboradas por amostras patogênicas do
Streptococcus. Por ser imunogênica, produz anticorpos específicos em 85% dos pacientes, o que
começa a ocorrer 2 a 4 semanas após o início da infecção estreptocóccica. Títulos atingem o auge
entre a 3ª e a 5ª semana, voltando a valores normais entre a 8ª e a 10ª semana. Nos casos em que
acontecem complicações de natureza imune (febre reumática e glomerulonefrite), a queda a valores
normais pode levar 6 a 8 meses. A determinação dos títulos é de grande importância no diagnóstico da
febre reumática, com menos utilidade na glomerulonefrite. Os valores variam com a idade, número de
exposições prévias, gravidade da infecção, imunocompetência. Títulos elevados não deixam dúvidas
do diagnóstico; títulos próximos a normalidade devem ser repetidos com duas semanas, sendo
significativas elevações de 30% do valor inicial.
d) FATOR REUMATÓIDE (FR):
Autoanticorpos contra a porção Fc da IgG, são encontrados em mais de 66% dos adultos com AR.
A maioria dos testes detectam fator reumatóide IgM (mas eles também podem ser IgG e IgA). Sua
presença não é específica para AR, sendo encontrados em 5% das pessoas normais, freqüência
crescendo com a idade (detectada em 10 a 20% dos indivíduos com mais de 60 anos).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os exames realizados antes de iniciar o tratamento mostraram que todas as senhoras
apresentaram fator reumatóide, sendo que uma delas apresentou um título de 512UI/ml , cinco tinham
um título de 32UI/ml e duas de 8 UI/ml. A senhora de maior título apresentava deformidade física em
suas mãos e era quem mais reclamava de dor nas articulações. (Tabela 1).
Tabela 1- Resultados dos exames de pacientes com AR antes do tratamento fisioterápico
PACIENTE
GRUPO 1
Com Ibuprofeno
VL
TB
TF
IM
Grupo 2
Sem ibuprofeno
JA
LC
MJ
MS
FR
MUCOPROTEÍNA ASO
Em tirosina
PCR
512 UI/ml
32 UI/ml
32 UI/ml
32 UI/ml
8,3mg/dl
2,2 mg/dl
2,9 mg/dl
6,2 mg/dl
Negativo
Negativo
Negativo
Negativo
48mg/dl
12mg/dl
negativo
24mg/dl
32 UI/ml
32 UI/ml
8 UI/ml
8 UI/ml
5,5 mg/dl
6,2 mg/dl
3,7 mg/dl
3,2 mg/dl
Negativo
Negativo
Negativo
Negativo
12mg/dl
24mg/dl
Negativo
12mg/dl
Nenhuma das senhoras apresentou ASO positivo, o que significa que nenhuma delas estava
com algum processo infeccioso por Streptococcus, que poderia interferir nos marcadores de
inflamação PCR e mucoproteínas. Esses 2 marcadores de inflamação são inespecíficos podendo estar
aumentados em qualquer tipo de inflamação séptica ou asséptica.
No grupo 1 (que recebeu fonoforese com ibuprofeno) duas pacientes apresentavam tanto PCR
quanto mucoproteínas aumentadas. No grupo 2 (placebo), uma única paciente (LC) apresentou PCR e
mucoproteína aumentada
Após as 10 sessões de fisioterapia, novamente o sangue desta pacientes foram coletadas e
observamos as seguintes dosagens na tabela 2.
Tabela 2- Resultados dos exames de pacientes com AR após tratamento fisioterápico
PACIENTE
GRUPO 1
Com Ibuprofeno
VL
TB
TF
IM
Grupo 2
Sem ibuprofeno
JA
LC
MJ
MS
FR
MUCOPROTEÍNA
Em tirosina
ASO
PCR
512 UI/ml
16 UI/ml
32 UI/ml
32 UI/ml
6,4mg/dl
2,7 mg/dl
2,9 mg/dl
3,8 mg/dl
Negativo
Negativo
Negativo
Negativo
12 mg/dl
12 mg/dl
negativo
24 mg/dl
32 UI/ml
32 UI/ml
8 UI/ml
8 UI/ml
3,8 mg/dl
4,3 mg/dl
3,7 mg/dl
3,2 mg/dl
Negativo
Negativo
Negativo
Negativo
negativo
24mg/dl
Negativo
negativo
Pode-se observar que tanto no grupo que recebeu ibuprofeno quanto placebo houve uma
diminuição dos marcadores de inflamação PCR e mucoproteína. O paciente do grupo VL teve uma
redução significativa tanto de mucoproteína quanto de PCR . Essa paciente relata que melhorou muito
o quadro álgico, mesmo ela tendo perdido o movimento de 2 dedos da sua mão direita. A paciente IM
teve uma diminuição da mucooteína porém não teve alteração da proteína C reativa. Todas as
pacientes do grupo 1 relatam que melhorou o movimento das articulações.
Em relação ao grupo 2 também houve diminuição dos marcadores de inflamação (PCR e
mucoproteína), apesar de não receberem medicamento. Isso é possível devido a ação anti-inflamatória
que o calor gerado por ultrassom promoveu no local de aplicação. Portanto ambos os grupos tiveram a
inflamação diminuída, e todos os pacientes, sem exceção, relatam ter visto uma melhora em suas
articulações que estavam bastante doloridas no início do tratamento.
Conclusão
Tanto o grupo placebo quanto o grupo que recebeu o ibuprofeno relataram sentir melhora no
quadro álgico e consequentemente na diminuição da inflamação. Todos os pacientes sentiram melhora
com a fisioterapia.
È necessário que se faça novas intervenções com um maior número de pacientes visto que 8
pacientes divididos em 2 grupos é um n muito pequeno, o que dificulta afirmarmos que não houve
diferença significativa entre os 2 grupos de tratamento. Essa dificuldade foi devido a AR ser uma
doença rara e devido a dificuldade de tempo dos pacientes para participarem do projeto pois teriam
que ir a clinica escola 5 vezes por semana.
Apesar do número pequeno de pacientes podemos afirmar que a intervenção fisioterápica
diminuiu a inflamação em todos os pacientes, diminuindo desta forma a dor e o desconforto que esses
pacientes sentem. Pretendemos continuar nossas investigações para podermos ampliar o número da
amostra e ter resultados mais fidedignos da realidade de pacientes com AR.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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