XIV Congresso Paulista de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais - CONPAVEPA - São Paulo-SP Precisa ou não precisa de anestesia geral para o tratamento periodontal? Vanessa G G Carvalho É comum ouvirmos de colegas veterinários a realização da “Limpeza de dentes” sem anestesia. Têm-se evidenciado atualmente grande polêmica entre colegas especializados em odontologia veterinária e clínicos gerais sobre a real necessidade de se submeter um paciente em anestesia geral para tratamento periodontal, especialmente se o animal for idoso. Em primeiro lugar, é importante salientar a diferença entre a “limpeza de dentes” e o tratamento periodontal. Ambos podem parecer a mesma coisa, porém, são tratamentos definitivamente distintos. Em anos de experiência, observou-se que as limpezas dentárias correspondem, em sua grande maioria, na remoção de placa e cálculo dentário (tártaro) aderidos à superfície da coroa (exclusivamente). São procedimentos rápidos, relativamente simples e que melhoram a estética dentária por restabelecer a limpeza da coroa dos dentes. Entretanto, o cálculo supragengival removido neste procedimento não é, de fato, o verdadeiro responsável pela causa da doença periodontal. Além disso, o cálculo presente na coroa dentária não está em contato com terminações nervosas responsáveis pela sensibilidade durante o tratamento. Por outro lado, o estresse da contenção do paciente pode gerar efeitos devastadores no equilíbrio hemodinâmico do paciente animal. Os tratamento periodontal consiste na remoção tanto do cálculo supragengival quanto subgengival, este sendo o principal causador da infecção periodontal, levando a quadros inflamatórios e infecciosos crônicos, destruição dos tecidos de suporte dentário (osso alveolar, cemento e ligamento periodontal) e dos tecidos de proteção (representado pela gengiva). Nesta região subgengival se encontram as bactérias mais patogênicas e, o procedimento de raspagem do cálculo dentário e aplainamento radicular, inevitavelmente fará com que os instrumentos manuais adentrem no espaço periodontal, que é inervado, gerando dor. Além disso, em casos de doença periodontal moderada a severa, é comum a necessidade de se realizar a exodontia ou cirurgia periodontal, 238 XIV Congresso Paulista de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais - CONPAVEPA - São Paulo-SP procedimentos de maior potencial doloroso e que requerem boa analgesia e contenção do paciente. Outro importante aspecto do tratamento periodontal é que, os equipamentos utilizados para remoção de cálculo dentário (ultrassom odontológico) e odontossecção, são resfriados com uso de spray d’água, que podem ser aspirados pelo paciente durante o procedimento. Assim, se faz necessária a entubação orotraqueal para a adequada ventilação do animal e prevenção de obstrução das vias aéreas. A sedação, adotada por alguns colegas veterinários também é contraindicada para este procedimento, pois geralmente obtêm-se uma inadequada perda de consciência e, não necessariamente, o bloqueio da dor. Taquicardia e taquipnéia podem ser o resultado de pacientes sedados submetidos a procedimentos dolorosos, levando a instabilidade sistêmica e maior risco anestésico. Assim, para a realização de um tratamento periodontal bem feito, é recomendado a anestesia geral inalatória, com o uso de isofluorano, o paciente devidamente entubado, uso de bloqueios regionais e anestesia local infiltrativa, monitorização completa, realizada por veterinária. 239 especialista em anestesiologia