A radioterapia - Fondation Cancer

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A radioterapia
Brochura para doentes
www.cancer.lu
Edição
Fondation Cancer
209, route d’Arlon
L-1150 Luxembourg
RCS Luxembourg G 25
T 45 30 331
E [email protected]
www.cancer.lu
Fonte
Radiothérapie : Guide pratique.
« Société canadienne du cancer »
Obrigado
Agradecemos à Société canadienne du cancer pelo
manuscrito da brochura « Radiothérapie ». Ela constitui a
base da presente brochura.
Agradecemos ao Dr. Michel Untereiner e ao Dr. Bérangère
Frederick do Centre François Baclesse bem como ao
Dr. Christian Picard e ao Dr. Patrick Paulus da Société
Luxembourgeoise de Médecine Nucléaire pela releitura.
Agradecemos ao Centre François Baclesse (Centre
National de Radiothérapie) pelas fotografias incluídas na
presente brochura. Nós agradecemos nossos voluntários
Senhora Maria Manuela Cruz para a tradução e Senhor
Américo Barros para a revisão desta brochura.
Fotografias: Photocase: flo-flash | Shutterstock :
Phovoir, Ariwasabi, @erics, pikselstock, Kaesler Media,
Masson, pixelheadphoto, Riccardo Piccinini, Aaron
Amat, dotshock, Centre François Baclesse
Edição 2017
Prefácio
Cara leitora, caro leitor,
A presente brochura foi escrita para pessoas a quem foi diagnosticado um cancro e que se
preparam para dar início a uma radioterapia. Sirva-se dela como um guia para a/o ajudar
a:
• preparar-se para o tratamento;
• enfrentar a radioterapia e os seus efeitos secundários;
• voltar à vida «normal» no fim do tratamento.
Para algumas pessoas a informação apresentada aqui é suficiente. Para outras, ela servirá
sobretudo como ponto de partida. De uma forma ou de outra, ela ser-lhe-á útil para a/o
ajudar a preparar as etapas seguintes. Pode ler a brochura do princípio ao fim, ou pode
consultar apenas as secções que lhe interessam.
Estas informações podem eventualmente completar o diálogo com o seu médico e com a
equipa clínica do Centro de Radioterapia em que será tratada/o. A comunicação com os
profissionais de saúde que a/o acompanham é obviamente essencial.
Não receie colocar todas as questões que lhe pareçam importantes. Quanto mais souber
sobre a sua doença, o tratamento e o desenrolar do mesmo, mais confiante se sentirá.
Não hesite em exprimir as suas inquietudes, os seus medos e as suas dúvidas. Na
Fondation Cancer encontrará não apenas um ouvido atento, mas também a ajuda e o
apoio prático de que necessita.
A equipa da Fondation Cancer
Índice
Colaborar com a equipa clínica
6
Aprender a conhecer os membros da equipa clínica
6
Comunicar com a equipa clínica
8
Tratamento do cancro através de radioterapia
10
Tipos de radioterapia
• Radiação externa
• Radiação interna
• Radiação sistémica
10
As grandes etapas do tratamento
16
Gerir os efeitos secundários
Alterações do apetite
21
22
Depressão22
Cansaço23
Queda de cabelos ou de pêlos
24
Náuseas e vómitos
25
Problemas de cariz sexual
25
Alterações cutâneas
26
Alterações do sono
27
Gerir os efeitos secundários de acordo com
o órgão objeto de radiação
Radioterapia do cérebro
• Alterações da forma de pensar ou de agir
• Dores de ouvidos e problemas de audição
• Edema do cérebro
29
29
Radioterapia da cabeça ou do pescoço
31
• Apetite e alterações da alimentação
• Alterações nos dentes ou nas gengivas
• Boca seca
• Dores de ouvidos e problemas de audição
• Úlceras da boca e da garganta
• Alterações na voz
Radioterapia do tórax
• Alterações nos seios
• Problemas cardíacos
• Problemas pulmonares
34
Radioterapia do abdómen
• Problemas digestivos
35
Radioterapia da bacia • Problemas de bexiga
• Problemas intestinais
• Disfuncionamento eréctil
• Fertilidade
• Sintomas de menopausa
• Atrofia da vagina
36
A vida quotidiana durante o tratamento
40
Saber organizar-se
40
Aprender a gerir o stress
41
Atividades profissionais e situação financeira
42
Depois do tratamento
43
Cuidados de acompanhamento
43
Efeitos secundários tardios e a longo prazo
44
Retomar a vida normal
44
Colaborar com
a equipa clínica
Quando uma pessoa tem cancro pode por vezes sentir-se muito só. Mas a verdade é que está longe de estar só. Tem consigo uma equipa determinada a lutar contra o cancro. Essa
equipa vai ajudá-lo, a si e aos que o rodeiam, a enfrentar os
efeitos físicos e emocionais do tratamento e a orientar-se no
sistema de cuidados de saúde. Ao colaborar com a sua equipa
clínica tem a garantia de receber os melhores cuidados possíveis.
Aprender a conhecer
os membros da equipa
clínica
Vários profissionais de diversas áreas da
saúde trabalham em conjunto para lhe dar
apoio durante e após o tratamento.
Mas o membro mais importante desta
equipa é você, e por isso deve ser informado e consultado em cada etapa do
tratamento.
No Luxemburgo, a radioterapia para os
doentes com cancro faz-se no Centre
National de Radiothérapie, também
conhecido como Centre François Baclesse
(CFB), em Esch/Alzette.
O tratamento do cancro é o resultado de
um trabalho de equipa, em que intervêm
várias pessoas. De facto, quando chega
ao Centre François Baclesse, já foi observado por outros médicos (Clínicos gerais,
Cirurgiões, Especialistas de diversos órgãos,
Oncologistas). Os seus médicos discutiram
e resolveram pedir a opinião de um outro
especialista: o oncologista radioterapeuta.
O médico oncologista radioterapeuta a
quem o enviaram é um médico especialista
em oncologia radioterapêutica, isto é, um
oncologista que utiliza radiação para tratar
a sua doença. Ele é o seu médico de referência durante o tratamento. É ele que lhe
vai indicar o tratamento a seguir, que lhe
vai explicar as suas modalidades, acompanhá-lo durante a radioterapia e participar
na vigilância posterior com os outros
médicos. O oncologista radioterapeuta
terá previamente discutido o seu caso com
os seus diferentes médicos. A terapia que
Colaborar com a equipa clínica
lhe propõe é por isso o resultado de uma
concertação e de uma colaboração entre
diferentes disciplinas médicas.
O médico está ao seu dispor para lhe
fornecer todas as informações sobre a sua
doença.
O oncologista radioterapeuta está rodeado
de colaboradores que terá oportunidade
de encontrar ao longo do seu tratamento.
A secretária médica acolhe-o todos os
dias na receção, situada à entrada do
Centre François Baclesse, e regista informaticamente a sua chegada. Ela pode
responder às questões administrativas e
transmitir-lhe todas as informações úteis
que lhe digam respeito.
O assistente técnico de saúde em radioterapia (ATM-RX) encarrega-se de si para
a preparação do tratamento (simulação),
para o scanner e para a realização das sessões diárias de radiação. Ele conhece o seu
caso e as modalidades práticas e técnicas
do seu tratamento. Está atento aos seus
problemas específicos, e pode assinalar
ao seu médico quaisquer dificuldades
encontradas.
O físico especialista em radiações é um
físico especialista em radiações utilizadas
em medicina. Ele calcula a dose adequada
aos tecidos segundo os planos de tratamento. A escolha das condições ótimas de
radiação será determinada pelo físico e
pelo oncologista radioterapeuta.
O enfermeiro assegura a prestação de
cuidados: pensos, perfusões, colheita de
sangue, injeções, cuidados localizados. O
enfermeiro administra os medicamentos
citostáticos antes da radiação (quimioterapia concomitante). Ele está atento e
responde às suas perguntas.
O psicólogo assegura uma consulta regular no serviço e pode encontrar-se consigo
se assim o desejar.
6
7
A nutricionista dá-lhe as explicações e os
conselhos de nutrição práticos adequados
à sua situação.
Comunicar com
a equipa clínica
Os membros da sua equipa clínica são especialistas no tratamento do cancro. Mas o
perito no que a si diz respeito, é você. Ajude os membros da sua equipa a conhecê-lo melhor a si, para lá do tipo de cancro de
que sofre. Fale-lhes das suas necessidades.
Acha que recebe demasiada informação,
ou não tem informação suficiente? Partilhe
com eles as suas emoções, e se alguma
coisa no tratamento ou nos seus efeitos
secundários o inquieta ou incomoda, não
hesite em dizer-lho.
Pode igualmente contar-lhes pormenores
sobre a sua vida pessoal, por exemplo, se
vive sozinho ou se tem filhos pequenos, ou
ainda se acha difíceis as deslocações entre
a casa e o hospital. Diga-lhes se tenciona
continuar a trabalhar ou a estudar durante
o tratamento, ou ainda se tem algo especial previsto, como um casamento, uma
entrega de diplomas ou uma viagem.
Se alguma prática cultural ou espiritual é
importante para si, fale à equipa clínica.
Se prefere comunicar noutra língua (ou
utilizar a linguagem gestual), diga-o. A sua
equipa fará o que for preciso para arranjar
um intérprete.
É graças a uma boa comunicação que a
equipa que o rodeia poderá ocupar-se
bem de si. Não hesite em falar de forma
franca, aberta e direta com as pessoas que
cuidam de si.
Conselhos para as
consultas médicas
Muitas coisas se passam na sua vida
neste momento. É normal que sinta por
vezes dificuldade em acompanhar as
mudanças e que se coloque mil e uma
questões.
• Tome nota das suas perguntas antes da
próxima consulta para não as esquecer.
Na altura devida, tome nota das
respostas ou leve consigo um amigo ou
um familiar que o faça por si.
• Se não compreende a resposta que lhe
dão, peça explicações até que tudo
seja perfeitamente claro. Repita as
explicações do médico usando as suas
próprias palavras para que ambos se
possam certificar que está tudo bem
percebido.
• Informe os membros da sua equipa
clínica de todas as alterações (novo
sintoma, efeitos secundários) ocorridas
desde a sua última consulta.
Colaborar com a equipa clínica
• Tome nota de todas as instruções que
lhe derem para não se esquecer de
nada. Antes de sair, certifique-se de que
percebeu bem como e quando deverá
tomar os medicamentos.
• Verifique o dia e a hora da sua próxima
consulta.
Conselhos para depois
das consultas
• Recapitule a consulta para melhor fixar
o que lhe foi dito. Reveja as suas notas
com a pessoa que o acompanhou e discuta com ela o que foi dito pela equipa.
• Conserve a informação e as instruções
recebidas no mesmo lugar para as
poder encontrar facilmente. Guarde-as
num dossier ou numa pasta, ou utilize
uma tablete eletrónica ou um computador portátil para as ter sempre à
mão.
• Se tiver alguma dúvida, se se esquecer
de fazer alguma pergunta ou se tiver
novas questões, anote-as para falar
delas da próxima vez.
8
Saiba a quem se dirigir
Deve sempre saber a quem se pode
dirigir se tiver questões urgentes que
não possam esperar pela próxima
consulta. Verifique que sabe o que
fazer em caso de urgência ou de
efeitos secundários imprevistos.
Certifique-se de que sabe a quem
pode telefonar de noite ou durante
o fim-de-semana, e conserve esses
números consigo a todo o momento.
O seu médico de referência do CFB
pode ser contactado através das
secretárias da receção.
É preciso tempo para criar laços com uma
equipa clínica. Mesmo depois de várias
consultas, pode acontecer que a comunicação seja menos fácil com certas pessoas.
Ora, a comunicação pode fazer toda a
diferença para o sucesso do tratamento.
Se tem dificuldade em falar com algum
membro da sua equipa clínica, diga-lho, ou
fale do problema a uma outra pessoa da
equipa. Se as relações não melhorarem e
se você acha que isso afeta o tratamento,
peça a substituição por outro profissional.
9
Tratamento do cancro
através de radioterapia
Em certos casos utiliza-se a radioterapia de fraca dosagem para
fazer exames radiológicos (raio X), o que permite obter imagens
do interior do corpo. No caso do tratamento do cancro, utilizam-se radiações mais fortes, de forma repetida, para destruir
as células cancerígenas. Como não têm tempo de se regenerar
entre as sessões diárias de tratamento, as células cancerígenas
desaparecem. Em contrapartida, as células normais têm a capacidade de se regenerar e renovar entre as sessões.
Apesar de as células cancerígenas e de as
células normais não reagirem da mesma
maneira à radiação, é muito difícil destruir
as células cancerígenas sem afetar ao
mesmo tempo algumas células saudáveis.
O objetivo da radioterapia é o de administrar uma dose de radiação suficiente
para destruir as células cancerígenas sem
que isso impeça as células normais de se
restabelecer.
O seu oncologista radioterapeuta irá estabelecer um plano de tratamento tendo em
conta vários elementos:
• o seu tipo de cancro;
• a localização e tamanho do tumor;
• o estádio e o grau do cancro;
• os possíveis efeitos secundários;
• o seu estado geral de saúde.
Nalguns casos a radioterapia é o único
tratamento possível para o seu cancro,
noutros a radioterapia pode ser associada
a outros tratamentos, como a cirurgia ou
a quimioterapia. Pode recorrer-se à radioterapia, designadamente, nos seguintes
casos:
• para reduzir o tamanho do tumor antes
de uma intervenção cirúrgica;
• para atenuar os sintomas;
• para melhorar a qualidade de vida no
caso de cancros incuráveis.
Tipos de radioterapia
Há três tipos diferentes de radioterapia: a
radiação externa, a radiação interna e a
radiação sistémica. O seu tratamento pode
incluir vários tipos de radioterapia. A sua
equipa de radioterapia escolherá a mais
adaptada ao seu caso.
A radioterapia
Radiação externa
A radiação externa é um tipo corrente de
radioterapia. Utilizam-se fortes doses de
radiação para destruir as células cancerígenas e reduzir o tamanho do tumor. Durante
o tratamento, um grande aparelho dirige
os raios para o tumor e para uma parte dos
tecidos que o envolvem.
Planeamento
Para estabelecer o melhor plano de
tratamento, a equipa de radiologia irá
recolher a informação necessária sobre
o seu tumor. Os exames de imagens (por
ressonância magnética ou TAC - tomografia computorizada, ou outros) irão
ajudar a localizar com precisão o tumor e a
determinar o seu tamanho. Em seguida, os
membros da equipa informam-se sobre o
seu estado geral de saúde, submetem-no a
um exame físico e analisam os resultados
dos testes efetuados. O seu oncologista
terá em conta todas estas informações e
procederá a uma simulação para determinar a dose de radiação de que precisa e
definir o calendário do seu tratamento.
A simulação é uma sessão de planeamento a realizar no hospital antes do seu
primeiro tratamento. Tem por finalidade
assegurar que a radiação será sempre
dirigida ao mesmo sítio do seu corpo. Esta
sessão é composta por várias etapas e poderá durar de quinze minutos a uma hora,
e às vezes mais:
10
• um scanner de simulação (simulador)
fotografa primeiro o seu tumor;
• a seguir a equipa clínica decide a melhor
posição a adotar para o tratamento. Esta
posição será adotada durante a simulação e os tratamentos. Deve, portanto,
avisar a equipa caso a posição não seja
confortável para que a posição possa ser
adaptada e tornar-se mais cómoda;
• é possível que sejam pintadas marcas
com tinta ou mesmo feitas pequenas
tatuagens do tamanho de uma sarda.
Estas marcas irão permitir que a equipa
se assegure que os raios atinjam sempre
o mesmo sítio. Se verificar que a tinta
começa a desbotar após as sessões, avise
a equipa clínica;
• a equipa decidirá também se é necessário
utilizar um dispositivo que o ajude a manter-se quieto. Pode ser uma máscara para
a cabeça, um apoio especial para manter
o seu braço no lugar ou um molde do seu
corpo. Pode também precisar de um ecrã
ou de um bloco para proteger algumas
partes do seu corpo. Este equipamento
de proteção é em princípio fabricado por
medida.
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Tratamento
A radiação externa é feita no hospital, mas
não necessita de internamento. A duração
de cada sessão varia normalmente entre
15 e 30 minutos. Apesar de o tratamento
durar só alguns minutos, a equipa clínica
precisa de algum tempo para o instalar na
boa posição e preparar o equipamento.
Habitualmente o tratamento é feito uma
vez por dia, cinco dias por semana (de
segunda a sexta-feira), durante várias
semanas.
Os tratamentos suspendem-se ao fim-de-semana para permitir que as células
saudáveis se reconstituam.
Durante o tratamento tem de vestir uma
camisa do hospital, e, tendo em conta a
parte do corpo a tratar, retirar todas as
suas joias.
De acordo com as indicações fornecidas
pela simulação, os radioterapeutas
instalam-no e regulam o aparelho. Se necessário, instalam também o equipamento
especial para o manter imóvel e proteger
partes do seu corpo.
Logo que tudo esteja pronto, o terapeuta
abandona a sala antes de pôr o aparelho a
funcionar. Enquanto estiver a ser tratado,
não ficará sozinho: um terapeuta observa-o
através de um ecrã e podem comunicar
através de um interfone.
O aparelho de radioterapia é bastante volumoso e dirigirá um feixe de raios à parte
do corpo a tratar. Pode acontecer que o
aparelho emita um ruído de fundo e se
desloque à volta do seu corpo para emitir
a radiação sob diferentes ângulos. O aparelho nunca o tocará. A radiação externa
é completamente indolor. Não poderá ver
nem sentir a radiação.
Medidas de prevenção
Pode estar em contacto com outras pessoas, mesmo crianças, imediatamente a
seguir à sessão de radioterapia. Este tipo
de tratamento não o torna radioativo.
Radiação interna
A radiação interna (também chamada
radiação por implante ou braquiterapia)
consiste em difundir a radiação diretamente no tumor, ou numa cavidade (vagina)
através de um dispositivo chamado
implante. Os implantes, que variam de
forma e tamanho, podem ser temporários
ou permanentes.
Planeamento
Após analisar os resultados dos exames
de imagem (por ressonância magnética,
ecografia, ou outros), a sua equipa clínica
decide a dose de radiação necessária
e a melhor forma de a administrar. A
radiação interna pode ser planeada vários
dias antes da colocação de um implante
permanente ou algumas horas antes da
colocação de um implante temporário.
A radioterapia
Tratamento
Implantes permanentes (radiação interna da próstata)
O implante permanente fica no seu
organismo mesmo depois de terminado o
tratamento. O implante (às vezes designado semente) liberta lentamente pequenas
doses de radiação durante algum tempo,
até deixar de ter efeitos radioativos. A
radiação limita-se a uma pequena zona à
volta do implante e não afeta as pessoas à
sua volta.
Implantes temporários
O implante temporário fica no seu organismo unicamente durante o tratamento. No
caso deste tipo de implantes, a equipa de
radioterapia coloca aplicadores especiais
(agulhas, tubos ou cateteres). Estes aplicadores ou implantes são retirados após
cada sessão de tratamento.
Os implantes temporários podem necessitar de um tratamento contínuo, dividido
por diferentes dias, ou ainda de sessão
única. Os tratamentos podem ser repetidos
durante vários dias, uma semana ou mesmo mais. Os implantes temporários são
utilizados na radiação interna de grande
débito.
Se lhe prescreveram uma radiação interna
de dosagem de grande débito, em princípio não terá de ser internado no hospital.
A equipa clínica coloca o aplicador no seu
corpo e insere o implante temporário. Este
estabelecerá a ligação com um aparelho
que emitirá fortes doses de radiação. Este
tratamento dura apenas alguns minutos
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e uma vez terminado, nenhuma fonte
radioativa persistirá no seu organismo.
A equipa remove também o aplicador.
A zona tratada poderá ficar dolorida ou
sensível durante algum tempo.
Radiação sistémica
Na radiação sistémica, as substâncias
radioativas circulam no organismo e são
absorvidas pelas células cancerígenas.
A radiação sistémica pode ser administrada de três maneiras:
• por via oral: engolir uma cápsula ou beber
um líquido;
• por injeção intravenosa: injetar a substância radioativa numa veia;
• por injeção intra-arterial hepática: o medicamento radiológico é injetado durante
uma angiografia seletiva hepática.
O paciente não sente os raios a atravessar
o seu corpo. O tratamento não é doloroso,
mas pode causar algum mal-estar no
momento da injeção. Embora pouco
frequente, pode aparecer uma reação inflamatória com inchaço e mesmo alguma
dor após uma injeção intravenosa. Neste
caso pode ser receitado um tratamento
anti-inflamatório.
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Consulta
No hospital
Será chamado para uma consulta com o
médico de medicina nuclear que lhe explicará o tratamento, os efeitos secundários
e as medidas de proteção daqueles que o
rodeiam, que deverão ser respeitadas em
sua casa.
No hospital ficará num quarto individual
separado dos outros doentes, na Unidade
23 do Centre Hospitalier de Luxembourg.
O seu quarto está protegido para evitar
que as substâncias radioativas se possam
propagar ao exterior e afetar outras
pessoas. Não pode sair do quarto durante
o tratamento. As roupas e outros objetos
pessoais que levar para o quarto têm de
ser deixados quando partir, exceto o seu
telemóvel, tablete ou computador pessoal
que serão protegidos por um filme plástico.
• As visitas serão proibidas para proteger as
outras pessoas.
• Pela mesma razão, serão limitadas as
visitas dos membros da equipa clínica.
As enfermeiras ocupam-se de todos os
cuidados de saúde necessários e trazemlhe as refeições, mas permanecem no seu
quarto o tempo estritamente necessário
para executar estas tarefas. Podem comunicar consigo à porta do quarto ou através
de um interfone.
• Deve tomar algumas medidas em relação
aos seus fluidos corporais, por exemplo:
–– sentar-se para urinar para evitar espalhar a urina;
–– limpar a urina espalhada com um lenço
de papel e deitá-lo fora na sanita;
Planeamento
A equipa de radiação sistémica analisa
os resultados dos exames de imagem e
análises laboratoriais para decidir sobre a
quantidade de radiação necessária no seu
caso. A dose a usar varia de pessoa para
pessoa e depende de vários elementos,
designadamente da localização do tumor,
do tipo de radiação, do seu tamanho e do
seu peso. Em alguns casos é necessário
proceder a exames complementares para
melhor determinar a dose a administrar.
Tratamento
Às vezes a radioterapia sistémica impõe a
hospitalização. Normalmente uma única
administração é suficiente, mas podem
ser necessárias duas. Será instalado num
quarto individual durante dois a quatro
dias, enquanto o tratamento é mais ativo.
Após este período poderá regressar a
casa. A matéria radioativa acabará por
desaparecer após vários dias ou algumas
semanas.
Medida de prevenção
As recomendações enumeradas a seguir
pretendem evitar que exponha outras
pessoas às radiações.
A radioterapia
–– lavar imediatamente as mãos depois de
utilizar a sanita;
–– utilizar loiça e outros utensílios nãoreutilizáveis;
–– a roupa de cama e os resíduos permanecem no seu quarto até ao fim do
tratamento.
• É aconselhável beber mais do que o
habitual para favorecer a eliminação da
radioatividade.
• Os funcionários do serviço de Medicina
Nuclear irão medir todos os dias a quantidade de radiação que emite para determinar o dia em que poderá regressar a casa.
Em casa
A equipa de radioterapia vai explicar-lhe as
precauções a ter em casa. Respeite estas
diretivas até que a quantidade de radiação
no seu organismo deixe de ser perigosa
para as pessoas que o rodeiam. Muitas
14
das recomendações a aplicar em casa
são idênticas às que já seguia durante o
internamento:
• lavar a sua roupa e a roupa de cama suja
com urina ou sangue o mais rapidamente
possível, não se esquecendo de lavar
separadamente a outra roupa e enxaguar
abundantemente a roupa suja com urina
ou sangue;
• limpar bem os vestígios de sangue se se
cortar;
• evitar contactos através da saliva;
• evitar contactos prolongados com crianças e mulheres grávidas;
• se possível, dormir num quarto separado
do seu parceiro ou afastar as camas de
pelo menos 2 metros;
• se possível, utilizar casas de banho separadas do resto da família.
15
As grandes etapas do
tratamento
A primeira consulta
Foi encaminhado para o Centre François
Baclesse pelo seu médico e para se inscrever dirigiu-se à receção no rés-do-chão do
Centre Hospitalier Emile Mayrisch em Esch/
Alzette, rue Emile Mayrisch. É atendido
por uma secretária médica que abre um
dossier para o seu caso e avisa o médico a
quem foi enviado.
No momento da sua inscrição, vários dados administrativos estão já pré-registados
no sistema informático do CFB. Mostre o
cartão da segurança social luxemburguesa.
Se não é beneficiário da segurança social
luxemburguesa, não se esqueça de solicitar
uma autorização prévia ao seu organismo
segurador e de enviar o original à secretaria do Centre François Baclesse. Sempre
que possível submeta também uma carta
do médico que o enviou ao Centre François
Baclesse, bem como as radiografias (ou
mamografias, scanners, IRM).
A primeira consulta é o momento para
contactar o seu médico oncologista
radioterapeuta, que definirá consigo o
projeto terapêutico e que lhe explicará os
objetivos, modalidades práticas e possíveis
efeitos secundários.
A simulação
O tratamento por radioterapia necessita de
uma preparação detalhada que se chama
simulação.
Assim, alguns dias depois da primeira consulta, tem uma consulta para a simulação.
É a primeira etapa do seu tratamento.
A realização desta etapa impõe alguma
preparação. Durante a primeira consulta
o seu oncologista radioterapeuta dá-lhe
todas as informações necessárias para se
preparar.
O objetivo da simulação é definir com precisão as zonas do seu corpo a tratar. Para
este efeito serão feitas radiografias e TAC.
Logo que os pontos de referência estejam
identificados, serão desenhados com
uma tinta especial sinais no seu corpo.
Em alguns, casos serão mesmo tatuados
pequenos pontos pretos. Estes pondos
de referência são indispensáveis para a
realização das sessões de radiação. Deve
ter cuidado para não os apagar (pode
tomar duches, mas sem esfregar os traços
pintados). Às vezes os dados recolhidos são
completados por uma ecografia.
Durante a simulação, é frequentemente
recomendada a injeção intravenosa de
produtos iodados, pelo que deve informar
o médico caso tenha alergias ou diabetes.
No final da simulação, será marcada a
primeira sessão de tratamento.
A radioterapia
16
A dosagem
O tratamento
A fase seguinte da sua preparação é
dosagem. Esta fase tem lugar sem a sua
presença. Partindo dos dados recolhidos
durante a simulação e o scanner, realiza-se
um estudo sobre a dosagem, para definir
rigorosamente as modalidades técnicas
da sua radiação. São necessários vários
dias para estudar o seu dossier técnico e
determinar o melhor plano de tratamento
bem como a duração de cada sessão.
Para poder fazer a melhor escolha para o
seu caso, é necessário algum tempo entre
a simulação e a sua primeira sessão de
radioterapia.
Uma vez terminadas todas as etapas de
preparação, o médico valida o plano de tratamento e começam as sessões diárias. Os
membros da equipa especializada (ATM-RX)
ocupam-se de si e irão tratá-lo e responder a
todas as suas perguntas.
As sessões de radioterapia são feitas por
aparelhos denominados aceleradores de
partículas. Cada sessão de radioterapia
tem a duração de 15 minutos. Repete-se
todos os dias, geralmente durante cinco
dias por semana de segunda a sexta-feira,
com exceção dos dias feriados. No final da
sua primeira sessão, os membros da equipa ATM-RX entregam-lhe um plano (dias e
horas) de todas as sessões programadas.
17
A radioterapia
Consoante os casos, a duração do seu
tratamento varia de uma a sete semanas
e meia. A duração do tratamento não
depende da gravidade do caso, mas de
parâmetros técnicos e médicos. A organização do serviço obriga-o a ser pontual e
assíduo. Não pode faltar a uma sessão sem
uma justificação, devendo sempre avisar
previamente o seu médico.
Como decorre uma sessão
de radioterapia?
Não é necessário que esteja em jejum,
mas o seu médico indicar-lhe-á algumas
medidas de prevenção específicas a tomar.
Estará deitado numa mesa de radioterapia
na posição definida na simulação. A parte
do seu corpo a tratar tem de estar descoberta, como para uma radiografia.
Para assegurar a qualidade da radiação,
serão efetuados controlos regulares durante o tratamento.
Deve permanecer quieto
durante a sessão de
radioterapia.
Não sentirá nada. Estará sozinho na sala
de tratamento, mas a equipa ATM-RX
vigia-o do exterior através de uma rede de
câmaras de filmar. Pode também comunicar com eles por interfone. A sala fica iluminada durante a sessão.
A radioterapia não o torna radioativo,
pelo que não constitui um perigo para as
pessoas que o rodeiam.
18
Técnica de radioterapia
externa:
A radioterapia conformacional é uma
técnica que permite otimizar a distribuição
da dose no tumor e melhor proteger os
tecidos saudáveis. A radioterapia conformacional utiliza um colimador de folhas
múltiplas e um controlador de qualidade. A
radioterapia conformacional é uma técnica
standard do CFB.
A radioterapia de intensidade modulada. Em relação à radioterapia externa
conformacional, a radioterapia de intensidade modulada acrescenta uma variável:
a intensidade do feixe, que é diferente do
feixe em si mesmo. O colimador de folhas
múltiplas é utilizado de maneira dinâmica.
As folhas deslocam-se durante a radiação.
Esta técnica permite que a dose no tumor
seja mais homogénea e reduzir a dose nos
tecidos saudáveis. Esta técnica é utilizada
no tratamento de determinados tumores e
é a técnica mais sofisticada de radioterapia
externa.
A quimioterapia
concomitante
Em alguns casos, são associados às sessões
de radioterapia medicamentos para
aumentar a reação às radiações (sensibilizadores) ou para proteger os tecidos
(protetores). Nestes casos, uma enfermeira
explica-lhe as modalidades práticas deste
tratamento.
O médico será sempre o seu interlocutor
privilegiado para responder a todas as suas
dúvidas.
19
A vigilância médica
durante o tratamento
A última sessão de
radioterapia
Uma vez por semana (os dias de consulta
são fixados nos ecrãs de informação na
sala de espera) terá uma consulta de
vigilância com o seu médico oncologista
(ou o seu substituto se ele não estiver
disponível).
Se precisar de contactar o seu oncologista
radioterapeuta entre duas consultas, fale
com a equipa ATM-RX ou com as enfermeiras, que se encarregarão de fazer o
necessário.
No final terá uma consulta com o seu
oncologista radioterapeuta para o balanço
do seu tratamento. Ele irá explicar-lhe as
modalidades de acompanhamento pós-terapêutico, em conjunto com todos os
médicos que se ocuparam de si ao longo
do seu tratamento.
Gerir os efeitos secundários
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Gerir os efeitos
secundários
A radioterapia tem por finalidade destruir as células cancerígenas
existentes no seu organismo. Ora, é difícil fazê-lo sem ao mesmo
tempo destruir algumas células saudáveis. São os danos causados às
células saudáveis que provocam os efeitos secundários.
Os efeitos secundários podem variar
segundo:
• o tipo de radiação;
• a parte do seu corpo que é tratada;
• a quantidade de radiação;
• o seu estado geral de saúde;
• os outros medicamentos que toma.
Os efeitos secundários podem manifestar-se a qualquer momento durante o
tratamento. Frequentemente, eles intensificam-se à medida que o tratamento
progride. Podem também persistir depois
do tratamento terminado. A maior parte
acaba por ser reabsorvida, mais ou menos
rapidamente, mas alguns podem, contudo,
ser permanentes.
A sua equipa clínica irá explicar-lhe o que
acontecerá durante e depois do tratamento. Assinale os efeitos secundários que
sentir para que a equipa possa ajudá-lo a
atenuá-los. Pode também ser útil falar com
pessoas que já tenham sido submetidas a
uma radioterapia. Elas poderão dizer-lhe
como os encararam e sugerir-lhe soluções
que funcionaram.
21
Tome nota dos efeitos
secundários
Se registar por escrito os efeitos
secundários, será mais fácil transmiti-los à equipa clínica. Nas consultas
semanais com o oncologista radioterapeuta, nunca hesite em dizer-lhe:
- o que sente;
- quando se manifestaram os efeitos;
- como vive a situação;
- o que gostaria que fizessem para o
ajudarem.
Alterações do apetite
Às vezes é difícil alimentar-se como deve
ser durante uma radioterapia. Além do
mais, alguns alimentos podem mesmo
agravar a situação. O cansaço pode
privá-lo da energia necessária para comer.
Se se sente triste, também não terá provavelmente muito apetite. O facto de comer
pouco e várias vezes ao dia ajuda a evitar
as náuseas.
As alterações do apetite surgem normalmente depois de algumas semanas de
tratamento e podem durar várias semanas
após o termo do tratamento.
Conselhos
• Adote hábitos alimentares saudáveis. O
organismo necessita de muitos elementos nutritivos.
• Faça de cada refeição um momento
de prazer. Uma iluminação reduzida
ou música podem ajudar a criar um
ambiente favorável.
• Coma em companhia da família ou
amigos, para que as refeições sejam
momentos de cumplicidade e distração.
• Faça várias pequenas refeições em vez
de três grandes refeições.
• Tome nota dos alimentos que lhe desagradam e diga-o à equipa clínica.
• Se precisar, no Centre François Baclesse
tem a possibilidade de marcar uma
consulta semanal com um nutricionista.
Depressão
Quando se tem um cancro, é normal em
alguns momentos ter vontade de chorar,
estar triste ou mesmo ter momentos de
desespero. Se estes sentimentos de tristeza
nunca o abandonam, podem ser sintomas
de uma depressão clínica. Fale então com
a equipa clínica. Podem ser-lhe receitados
medicamentos para o ajudar a atravessar
este período, ou podem encaminhá-lo para
um terapeuta com quem pode falar.
Gerir os efeitos secundários
Conselhos
• Fale com alguém que tenha tido o
mesmo tipo de cancro. O facto de verbalizar o que sente pode ajudá-lo a sair
da depressão e a controlar os medos.
• Tente não recalcar as suas emoções.
Partilhe os seus medos e inquietações
com a equipa clínica. Diga aos que o
rodeiam o que sente, pois também eles
o poderão ajudar.
• Coma bem e seja tão ativo quanto
possível.
• Mantenha horas de dormir regulares.
• Evite o álcool, que pode agravar os
estados depressivos.
• Procure reconforto espiritual durante
este momento difícil da sua vida.
• No Centre François Baclesse pode recorrer a uma consulta com um psicólogo.
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A que deve estar atento
Sinais possíveis de depressão:
- falta ou excesso de sono;
- apetite exagerado ou falta dele;
- tendência para chorar muito;
- sentimentos de desespero;
- ideias autodestrutivas.
Se tem um ou mais destes sinais
de depressão, fale com a equipa
clínica.
Cansaço
Quando uma parte do corpo é submetida
a radiação, o organismo procura nas suas
reservas energia para se restabelecer, o
que provoca uma sensação de cansaço
maior do que habitualmente. Isto é tanto
mais válido quanto maior for a parte do
organismo a tratar. A radioterapia pode
também provocar cansaço por outro tipo
de razões, como as deslocações diárias ao
hospital, os problemas alimentares ou as
perturbações do sono.
Pode acontecer que não sinta qualquer
cansaço antes da segunda semana de
radioterapia ou mesmo mais tarde. O
cansaço pode acentuar-se durante o
tratamento. Não desencoraje se o cansaço
persistir algum tempo após o tratamento.
Significa que o seu organismo está ainda
a recuperar. Mantenha-se à escuta do seu
corpo e não cometa excessos. Acabará por
reencontrar a sua energia.
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Conselhos
• Tente dormir pelo menos oito horas por
dia.
• Se puder faça exercício: andar, alongamentos, natação ou qualquer outra
atividade que lhe agrade. O exercício
pode ajudá-lo a dormir melhor.
• Reduza a sua atividade e faça primeiro
as coisas mais importantes enquanto
tem energia.
• Se precisar, não hesite em pedir ajuda.
• Preveja períodos de repouso. Uma
pequena sesta, um pouco de leitura ou
mesmo ouvir música pode aumentar a
sua energia.
• Beba bastante: a desidratação pode
provocar uma sensação de cansaço.
Queda de cabelos ou
de pêlos
A radioterapia pode causar a queda ou
enfraquecimento dos cabelos ou dos pêlos
nas partes tratadas. Se por exemplo estiver
a ser tratada por causa de cancro na
mama e a radiação incidir no seu sovaco,
os pêlos podem cair. Ou então, se a radiação incidir na bacia pode provocar a queda
dos pêlos púbicos.
Normalmente os cabelos e os pêlos podem
começar a cair por volta da segunda ou
terceira semana após o início do tratamento. Se a dose de radiação for fraca, os
cabelos e pêlos voltam a crescer alguns
meses depois do fim do tratamento. O
aspeto pode contudo alterar-se. A cor ou a
textura poderão ser diferentes. Eles podem
ser mais claros e crescer em tufos. Em contrapartida, no caso de doses de radiação
mais intensas, os cabelos e os pêlos podem
não voltar a crescer.
Conselhos
• Lave os cabelos com um champô
suave e esfregue ligeiramente o couro
cabeludo.
• Evite secar o cabelo com secador e utilizar elásticos; também não utilize outros
produtos (gel, laca, etc.).
• Não fortaleça nem pinte o cabelo, não
faça permanentes durante a radioterapia na cabeça ou no pescoço. Estas
técnicas utilizam produtos químicos
que podem fazer mal à pele. Informese junto da equipa clínica para saber
quando pode voltar a utilizar estes
produtos.
• Quando sair, proteja a cabeça com um
chapéu ou um lenço, especialmente se
estiver frio ou se o sol estiver forte.
Gerir os efeitos secundários
Náuseas e vómitos
A radiação provoca indisposições (náuseas) ou vómitos se o tratamento incidir
sobre certas partes do corpo como o
estômago ou a cabeça. Isto acontece
normalmente logo após o tratamento.
A equipa clínica pode recomendar-lhe
medicamentos que reduzem as náuseas ou
os vómitos. Recomenda-se que tome estes
medicamentos a título preventivo, antes
mesmo de estes efeitos secundários se
manifestarem.
As náuseas e os vómitos podem ocorrer
logo na primeira ou segunda sessão de tratamento e cessam quando o tratamento
acaba.
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Conselhos
• Faça cinco a seis pequenas refeições em
vez de três grandes.
• Coma alimentos secos ao longo do dia.
• Beba pequenos goles de água, de
sumos ou de outros líquidos, por exemplo, bebidas de gengibre não gasosas
ou outras bebidas energéticas.
• Experimente técnicas de relaxação,
como respirar profundamente ou
terapias complementares de imagem
mentais.
Problemas de cariz
sexual
O facto de estar a ser submetido a uma
radioterapia pode modificar a sua atitude
na intimidade e a sua maneira de ver a
sexualidade. A falta de segurança provocada pelo cancro e os efeitos secundários
que consomem a sua energia podem levar
a uma perda de interesse em relação à
sexualidade. É compreensível.
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Conselhos
• Explique ao seu parceiro o que sente.
Partilhando os sentimentos a dois, a
situação é mais fácil.
• Se a questão da sexualidade o preocupa, fale com a equipa clínica.
• Lembre-se que há várias maneiras para
expressar a sua sexualidade e de se
sentir próximo do seu parceiro. Podem
acariciar-se, abraçar-se...
Alterações cutâneas
Nos casos de radioterapia externa, a
radiação atravessa a pele para alcançar
as células cancerígenas. Pode portanto
acontecer que a epiderme da região tratada fique avermelhada, seca, arda ou fique
danificada. A pele pode mesmo escurecer,
como se estivesse bronzeada unicamente
naquele local.
As reações cutâneas à radioterapia são
normalmente ligeiras e não impõem
nenhuma intervenção especial. Contudo,
se tiver uma reação intensa, avise a equipa
de radioterapia. Pode ser necessário
interromper o tratamento para que a pele
recupere, e continuar o tratamento mais
tarde.
A maior parte das alterações aparecem
após as duas primeiras semanas de radioterapia e desaparecem algumas semanas
depois de terminado o tratamento. Algumas alterações, como por exemplo uma
pigmentação mais escura, podem contudo
ser permanentes.
Conselhos
• Tome banho seguindo as recomendações da equipa clínica.
• Evite a utilização de pós, desodorizantes, cremes para o corpo, unguentos
ou loções na parte tratada, exceto se a
equipa clínica os tiver recomendado.
• Mantenha a sua pele limpa, seca e
hidratada durante o tratamento.
• Na zona tratada, utilize uma máquina
de barbear elétrica em vez de uma
simples lâmina para evitar os cortes.
• Proteja as zonas tratadas contra a
fricção, pressão ou irritação usando
roupas largas. O algodão ou a seda são
mais agradáveis para a pele submetida
a radiação do que os tecidos rugosos
como a lã ou o brim.
• Se for submetida a tratamentos de
radioterapia na zona dos seios, não
use soutien. Se for absolutamente
necessário usar um, pergunte à equipa
de radioterapia. Poderão aconselhar-lhe
um soutien suave, sem aros.
• Evite espremer ou coçar as borbulhas.
• Peça a opinião à equipa clínica antes
Gerir os efeitos secundários
de ir a uma sauna, piscina ou jacúzi. Os
produtos químicos utilizados podem
irritar a sua pele.
• Tenha cuidado com o sol. A pele da
zona tratada pode estar mais sensível
ao sol do que habitualmente e queimar
mais facilmente. Proteja-a pondo um
chapéu ou roupa que cubra mais o seu
corpo, e veja com a equipa clínica se é
necessário utilizar um protetor solar.
• Proteja a zona tratada do calor e do frio
e evite usar botijas, almofadas quentes
ou sacos refrigerantes.
• Se a coloração da sua pele o incomoda,
pergunte à equipa clínica se pode usar
uma sombra ou base. Se for possível,
verifique também quando pode começar a usá-las e que produto escolher.
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Alterações no sono
As perturbações do sono (insónias) são
raras nas pessoas em tratamento por
radioterapia. Mas pode acontecer que:
• não consiga dormir;
• acorde durante a noite e não consiga
voltar a adormecer;
• acorde mais cedo do que é costume.
A dor, a ansiedade e a depressão, assim
como alguns medicamentos, podem perturbar o sono. A perda de sono pode tornar
os outros efeitos secundários mais difíceis
de suportar. Sem um sono reparador, o
seu humor e o seu nível de energia podem
ressentir-se e afetar a sua capacidade de
refletir e de se concentrar.
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Conselhos
• Faça com que o seu quarto seja um
local tranquilo, escuro e fresco.
• Se não adormecer após 20 minutos,
saia da cama e faça outra coisa até ter
sono.
• Crie um ritual para se deitar. Um banho
quente, uma refeição ligeira ou alguns
minutos de leitura.
• Tente deitar-se e levantar-se sempre
à mesma hora, incluindo aos fins
desemana e feriados.
• Reserve a sua cama somente para dormir. Leia, escreva, veja televisão ou fale
ou telefone noutros sítios.
• Evite consumir produtos com cafeína de
tarde ou à noite.
• Se mesmo assim não conseguir dormir,
saia e dê um pequeno passeio à volta
da sua casa ou faça um pouco de ioga:
o exercício ligeiro pode ajudá-lo a
descontrair.
Gerir os efeitos secundários de acordo com o órgão objeto de radiação
28
Gerir os efeitos secundários
de acordo com o órgão objeto
de radiação
Radioterapia do
cérebro
Os efeitos secundários da radioterapia no
cérebro podem ser preocupantes, mas é
necessário saber que eles nem sempre se
verificam. A equipa clínica estará atenta
a estes sintomas e em muitos casos é
possível tomar medicamentos ou seguir
tratamentos que os atenuam.
Alterações da forma de pensar
e agir
Após uma radioterapia do cérebro, pode
ser que note algumas alterações na maneira de pensar ou de se comportar. Estas
alterações podem incluir:
• a capacidade de concentração, de aprender coisas novas ou de perceção do que
o rodeia;
• alterações das suas emoções ou da sua
personalidade;
• perda de memória a curto ou longo prazo;
• perturbações da fala;
• problemas de equilíbrio ou de coordenação.
A equipa clínica pode encaminhá-lo para
um psicólogo que o ajudará a adaptar-se a
estas modificações, se necessário receitando-lhe alguns medicamentos.
Conselhos
• Explique à família e aos amigos que
pode haver alterações do seu comportamento. É mesmo possível que aqueles
que o rodeiam se apercebam mais
depressa destas alterações.
• Faça listas que possam ser usadas como
lembretes.
• Reduza o stress recorrendo a técnicas
de relaxação como a respiração profunda.
• Tente não fazer tudo ao mesmo tempo.
Não complique a sua vida. Faça uma
coisa de cada vez.
• Reduza a carga de trabalho.
• Tente dormir suficientemente.
• Evite conduzir ou manobrar certas
máquinas.
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Dores de ouvidos e
problemas de audição
Se a radiação incide numa orelha, pode ter
dores de ouvidos ou problemas de audição.
Estes problemas não são permanentes
e desaparecem normalmente algumas
semanas após o tratamento.
Conselhos
• Proteja as orelhas do sol e do frio.
• Se tem problemas de audição, diga à
equipa clínica. Se for o caso, receitamlhe gotas para o aliviar.
Edema do cérebro
A radioterapia do cérebro pode causar
um edema. O edema aprece subitamente
provocando dores de cabeça, alterações
da visão, náuseas e vómitos. Pode também
sentir uma fraqueza muscular ou ainda ser
incapaz de se concentrar ou de se lembrar
de certas coisas. Outros efeitos secundários
possíveis são as convulsões (movimentos
súbitos e incontroláveis do corpo).Deve
avisar a equipa de radioterapia de que
sente estes efeitos secundários. A equipa
decidirá se se deve interromper temporariamente o tratamento, modificar os medicamentos ou receitar-lhe analgésicos. Para
reduzir o inchaço no cérebro são muitas
vezes utilizados medicamentos chamados
corticoides.
Gerir os efeitos secundários de acordo com o órgão objeto de radiação
Reduza gradualmente os
corticoides
Quando se toma corticoides não se
pode parar o tratamento de um dia
para o outro. Quando já não precisar
de tomar corticoides, a equipa
clínica diz-lhe como reduzir gradualmente a dose.
Radioterapia da
cabeça e do pescoço
A radioterapia da cabeça e do pescoço
pode provocar efeitos secundários nos
ouvidos, boca e garganta.
Apetite e alterações na
alimentação
Alguns efeitos secundários da radioterapia
da cabeça e do pescoço podem ter consequências na alimentação:
• o paladar pode ser alterado, concretamente em relação ao salgado e amargo.
Os alimentos como a carne podem ter um
gosto amargo e metálico;
• pode ter dificuldade em engolir;
• pode ter menos apetite e eventualmente
emagrecer.
30
Estas alterações do paladar e do apetite
manifestam-se habitualmente no início do
tratamento e desaparecem quando este
termina.
Conselhos
• Se os alimentos têm um gosto metálico,
utilize um faqueiro em plástico e pratos
de ir ao forno em vidro.
• Deite açúcar para adoçar os alimentos
ou para neutralizar o gosto salgado,
amargo ou ácido. Faça o necessário
para lhe ser mais fácil comer:
–– esmague os alimentos em puré ou
corte-os em pedaços pequenos;
–– deite molho ou um caldo para humedecer os alimentos e os tornar mais
moles;
–– coma os alimentos quentes mas sem
se queimar;
–– opte por alimentos moles (cereais
cozinhados, batata em puré, ovos
cozidos, etc.);
–– ensope os alimentos secos e estaladiços (como os biscoitos) no leite,
café ou chá para os amolecer.
• Quando tiver menos apetite, beba entre
as refeições bebidas fortemente calóricas e com proteínas (tais como batidos
de leite ou suplementos nutricionais
vendidos nos supermercados).
• Peça à equipa clínica que lhe recomende um nutricionista para o ajudar a
alimentar-se equilibradamente durante
o seu tratamento.
31
Alterações nos dentes e
nas gengivas
A dentição pode também sofrer efeitos da
radioterapia.
A boca seca ou alterações no esmalte dos
dentes causadas pela radiação podem provocar cáries. No protocolo de tratamento
está prevista uma consulta no dentista
assim como a utilização de gotas com fluor
para proteger os dentes.
Conselhos
• Consulte o seu dentista antes de
começar os tratamentos para saber
como adaptar os cuidados dentários à
radioterapia.
• Examine o interior da boca para detetar
qualquer alteração.
• Escove os dentes, as gengivas e a língua
com uma escova dos dentes suave após
cada refeição e à noite.
• Não utilize o fio dental se as suas gengivas sangrarem.
• Para não aumentar o risco de cárie
dentária, durante o tratamento evite
alimentos doces entre as refeições.
• Se utiliza aparelhos dentários,
mantenha-os limpos deixando-os em
água ou escovando-os diariamente.
Assegure-se de que estão ajustados e
evite usá-los durante muito tempo ao
longo do dia.
• Evite utilizar líquidos à base de álcool
para bochechar, pois podem secar-lhe
a boca.
Boca seca
A sua boca pode começar a ficar seca algumas semanas após o início do tratamento.
Este efeito pode prolongar-se ainda para
além do fim do tratamento.
Conselhos
• Beba pequenos goles de água ou deixe
derreter cubos de gelo na boca.
• Evite o álcool e o tabaco.
• Peça à equipa clínica que lhe receite
medicamentos que ajudem a produzir
saliva.
Dores de ouvidos e
problemas de audição
No caso de radiação da orelha pode ter
dores de ouvidos ou problemas de audição.
Estes problemas não são permanentes
e desaparecem normalmente algumas
semanas após o tratamento.
Gerir os efeitos secundários de acordo com o órgão objeto de radiação
Conselhos
• Proteja as orelhas do sol e do frio.
• Se tem problemas de audição, diga à
equipa clínica. Podem receitar-lhe gotas
para o aliviar.
Úlceras da boca e da
garganta
A radioterapia pode causar ulcerações
dolorosas no interior da boca ou ainda
na língua, gengivas ou nos lábios, que
dificultam a ingestão de alimentos. As
úlceras aparecem em princípio duas a três
semanas depois do início do tratamento e
desaparecem no fim deste.
Podem também aparecer infeções na boca
ou na garganta.
Conselhos
• Para reduzir a possibilidade de úlceras
ou de infeções, limpe e lave frequentemente a boca com o líquido que lhe
será receitado para o efeito. A equipa
clínica pode dar-lhe uma receita de
líquido para a boca que poderá preparar em casa.
32
• No caso de úlceras na boca ou na garganta, tente beber néctares de frutas
(designadamente à base de pêra, pêssego ou alperce). Evite sumos ácidos,
álcool e alimentos ácidos, salgados ou
picantes.
• Aconselhe-se com a equipa clínica. O
seu médico pode receitar-lhe medicamentos para aliviar a dor ou soluções
especiais para tratar as úlceras e as
infeções.
Alterações na voz
Poderá notar que a sua voz muda ou
que fica rouca durante o tratamento. Em
geral, a voz volta ao normal no final do
tratamento.
Conselhos
• Não se force a falar se isso lhe causa
dor.
• Evite o álcool e o tabaco se a voz se
alterar.
Se for necessário poderá consultar um
terapeuta da fala que lhe aconselhará determinados exercícios para melhorar a voz.
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Radioterapia do tórax
Problemas pulmonares
A radiação desta zona do corpo pode causar efeitos secundários nos seios, coração
ou pulmões.
Poderá notar que tosse com mais frequência, que tem mais secreções na garganta
e no peito ou ainda que tem a respiração
mais curta. Se for este o caso, fale com a
equipa clínica que poderá recomendar-lhe
medicamentos para tratar a tosse, ensinar
-lhe técnicas respiratórias ou dar-lhe oxigénio para atenuar a sensação de falta de ar.
Alterações nos seios
Os seus seios podem sofrer algumas alterações durante a radioterapia. Se tiver sido
submetida a uma cirurgia mamária conservatória, estas alterações podem persistir
três a seis meses após o fim do tratamento.
Pode assim dar-se conta de:
• dores ou inchaços;
• modificação do tamanho dos seios;
• alterações da textura da pele e da sensibilidade.
Se verificar que estas alterações se mantêm após a radioterapia, fale com a equipa
clínica.
Problemas cardíacos
A equipa de radioterapia planeia o tratamento para que radiação a incidir no
coração seja a mais fraca possível. Não é
frequente que a radioterapia esteja associada a problemas cardíacos, mas pode
acontecer que algumas pessoas sofram de
problemas cardíacos após o tratamento.
Convém informar a equipa clínica se sentir
falta de ar, tiver as pernas ou os braços
inchados ou sentir dores no peito. A sua
função cardíaca será controlada e a equipa poderá receitar-lhe medicamentos ou
um tratamento.
Conselhos
• Planeie as suas atividades prevendo
períodos de repouso para recuperar o
fôlego.
• Utilize um vaporizador ou um humidificador para manter uma taxa de
humidade adequada no seu quarto.
• Beba bastantes líquidos.
• Quando quiser dormir ou fazer uma sesta, ponha a cabeça e o peito mais altos
utilizando almofadas para o efeito.
• Evite sair com tempo quente e húmido
ou quando estiver muito frio. As temperaturas extremas podem afetar a
respiração.
• Vista camisas ou camisolas largas,
evitando tudo o que aperte o pescoço,
como gravatas ou colarinhos muito
apertados.
Gerir os efeitos secundários de acordo com o órgão objeto de radiação
Radioterapia do
abdómen
Problemas digestivos
A radiação desta zona do corpo pode
causar indigestões, abdómen dilatado ou
gazes. Estes sintomas podem ser atenuados por medicamentos e desaparecem
uma vez terminado o tratamento.
Outro efeito secundário pode ser a diarreia
e as cãibras que normalmente lhe estão
associadas. Normalmente a diarreia começa algumas semanas após o início do tratamento. A equipa clínica pode receitar-lhe
medicamentos ou sugerir-lhe produtos de
venda livre para atenuar este problema.
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Conselhos
• Faça refeições ligeiras e lanches
durante o dia.
• Beba muitos líquidos claros, por
exemplo água, caldos, sumos e bebidas
energéticas para o ajudar a manter a
hidratação apesar da diarreia.
• Evite o leite e produtos lácteos, produtos contendo cafeína (café, chá, colas)
assim como produtos que provoquem
gazes, tais como brócolos, couves e
alface.
• Evite as gomas e bombons sem açúcar
à base de sorbitol (esta substância tem
propriedades laxativas).
• Para prevenir a infeção retal, utilize
toalhetes para bebé não perfumados
em vez de papel higiénico.
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Alimentos e bebidas de
digestão fácil
- sopas, por exemplo caldos claros;
- bebidas não gasosas, sumos de
fruta, bebidas energéticas, água;
- batatas em puré ou assadas (sem
casca);
- frango (grelhado ou assado, sem
pele);
- biscoitos;
- cereais cozinhados;
Os sintomas aparecem normalmente três a
cinco semanas após o início do tratamento
e, frequentemente, desaparecem quando
este termina.
Alguns sintomas poderão contudo persistir
após o tratamento.
Frequentemente a radiação provoca os
mesmos sintomas de uma infeção da
bexiga. Peça à equipa clínica que verifique
a causa dos sintomas. Quer se trate de
uma infeção ou de outro problema, o seu
médico pode receitar-lhe medicamentos.
- massas;
- arroz ou pão branco;
- assados.
Radioterapia da bacia
A radiação da bacia pode provocar problemas na bexiga, no intestino ou problemas
de fertilidade. Alguns destes efeitos secundários afetam unicamente as mulheres ou
unicamente os homens.
Problemas de bexiga
A radiação pode irritar a bexiga e causar
inchaços, o que pode provocar:
• espasmos da bexiga;
• sensação de queimadura ou de dor no
momento de urinar;
• vontade de urinar frequente;
• infeções urinárias;
• perda de controlo da bexiga.
Conselhos
• Beba muita água, para que a sua urina
seja clara ou amarela pálida. Talvez
seja mais fácil beber pequenos goles de
água várias vezes por dia do que beber
uma grande quantidade de uma só vez.
• Evite o café, chá preto, colas, álcool,
especiarias ou tabaco.
• Esvazie frequentemente a bexiga.
Problemas intestinais
Algumas pessoas têm problemas intestinais durante a radioterapia da bacia, por
exemplo:
• diarreia;
• dor e comichão quando evacua;
• perda parcial do controlo das fezes;
• ar no estômago e cãibras;
• presença de sangue nas fezes;
• necessidade de evacuar frequente;
• sangue no reto;
• novo crescimento de hemorroidas já
existentes antes do tratamento.
Gerir os efeitos secundários de acordo com o órgão objeto de radiação
O trânsito intestinal regulariza-se normalmente no final do tratamento.
Conselhos
• Beba muitos líquidos (água, infusões,
sumos, caldos e sopas).
• Evite bebidas com cafeína ou gasosas.
• Lave as zonas irritadas com água
morna duas a três vezes por dia para
ajudar a atenuar a irritação
• Para prevenir a infeção retal, utilize
toalhetes para bebé não perfumados
em vez de papel higiénico
• Seja qual for o tipo de problema intestinal, avise a sua equipa clínica para que
lhe possam receitar os medicamentos
necessários.
Disfuncionamento eréctil
A radiação da bacia pode ser uma das
causas de disfuncionamento eréctil (impossibilidade para o homem de conseguir
e de manter uma ereção). Isto deve-se
ao fato de a radiação baixar os níveis de
testosterona o que pode afetar as artérias
que asseguram a irrigação do pénis, indispensáveis para uma ereção firme.
Há vários tratamentos para a disfunção
eréctil. Pergunte à equipa clínica quais as
opções que tem.
Fertilidade
A radiação da bacia pode ter repercussão
na sua capacidade para ter filhos depois
do fim do tratamento. É muitas vezes
um assunto delicado e difícil de abordar
devido à sua forte emotividade. Há vários
36
tipos de reação face à infertilidade. Muitas
pessoas pensam que o tratamento do
cancro passa à frente de tudo. Outras, que
à partida haviam aceitado a ideia de não
poder procriar, arrependem-se uma vez
terminado o tratamento.
Não há uma boa e uma má maneira
de reagir à infertilidade. Esta situação
faz emergir emoções dolorosas no seu
parceiro. É importante que falem os dois e
partilhem o que sentem a este respeito.
Conselhos às mulheres
em matéria de
fertilidade
A radioterapia pode provocar a menopausa precoce. Para as mulheres a
menopausa significa a diminuição da
taxa de hormonas e o fim da menstruação. Uma menopausa precoce pode
ser temporária ou permanente. Se é
permanente, quer dizer que a mulher já
não poderá ter filhos (infertilidade).
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• Antes de iniciar o tratamento veja com
a equipa clínica as várias opções, por
exemplo a recolha de óvulos e a sua
congelação para utilização ulterior. Um
especialista em fertilidade, recomendado pela equipa clínica, pode explicar-lhe
as diferentes possibilidades.
• A equipa clínica pode também recomendar-lhe, a si e ao seu parceiro, um
terapeuta competente em matéria de
fertilidade, que poderá ajudá-los a aceitar esta nova situação na vossa vida.
• Utilize um meio contracetivo durante
a radioterapia. Mesmo que queira ter
filhos, deve evitar ficar grávida durante
o tratamento, pois as radiações podem
prejudicar o feto.
• A equipa clínica pode aconselhar-lhe
os melhores métodos contracetivos a
utilizar durante a radioterapia.
Conselhos aos homens a
propósito da fertilidade
A radioterapia pode causar infertilidade. Os testículos, que produzem o esperma, são muito sensíveis aos efeitos da
radioterapia. A radiação pode reduzir a
quantidade ou a qualidade do esperma,
causando uma infertilidade temporária
ou permanente.
• Fale com a equipa clínica sobre a
possibilidade de colher esperma e de
o congelar antes de começar o tratamento, para que o possa utilizar mais
tarde se decidir ter filhos.
• Utilize um preservativo durante vários
meses após o tratamento.
• Continuará a produzir esperma durante
algum tempo, mas este esperma pode
ter sido alterado pela radioterapia e
causar anomalias congénitas.
Gerir os efeitos secundários de acordo com o órgão objeto de radiação
38
Sintomas de menopausa
Atrofia da vagina
A radioterapia pode provocar menopausa
precoce, cujos sintomas são por vezes mais
acentuados do que os da a menopausa
natural. Estes sintomas podem incluir:
• afrontamentos e suores;
• desidratação da vagina;
• micções mais frequentes;
• perda de líbido;
• cansaço e perturbações do sono;
• pele seca;
• dores;
• variações de humor, problemas de
concentração, perda de confiança e alterações da memória.
A radiação da região pélvica pode provocar um encolhimento e um encurtamento
da vagina, o que pode tornar as relações
sexuais mais dolorosas e causar incómodo
quando fizer exames pélvicos.
Conselhos
• Vista várias camadas de roupas leves,
para poder despir em caso de calor
súbito e voltar a vestir mais tarde.
• Utilize lubrificantes à base de água
para facilitar as relações sexuais.
• Pergunte à equipa clínica se pode tomar hormonas ou medicamentos para
atenuar os sintomas da menopausa.
• Discuta com a equipa clínica os riscos e
a vantagens de tomar medicamentos
para evitar mais tarde a osteoporose
(perda da densidade óssea). A menopausa precoce pode fragilizar os ossos.
Para a ajudar a manter a abertura da
vagina, convém alongar as paredes várias
vezes por semana. Este alongamento pode
ser feito tendo regularmente relações
sexuais ou utilizando um dilatador vaginal
(trata-se de um dispositivo de plástico ou
de borracha, de forma tubular, que permite
alongar a vagina). Mesmo que não tenha
relações sexuais, é importante utilizar um
dilatador para preservar a saúde da vagina
durante o processo de restabelecimento.
Assim, os exames vaginais serão menos
dolorosos nas consultas de acompanhamento.
39
A vida quotidiana
durante o tratamento
Durante a radioterapia, o grande desejo é continuar a viver
como se nada se passasse. E isto pode acontecer, mesmo que
o mais provável seja que algumas coisas do seu quotidiano e
daqueles que o rodeiam sejam alteradas durante e até depois
do tratamento, pelo menos durante algum tempo.
A sua família e você devem concentrar-se
nas tarefas a realizar diariamente, por
exemplo, chegar a horas ao tratamento,
fazer os testes necessários e atenuar os
efeitos secundários se for o caso.
Os hábitos podem ter de mudar. Em determinadas alturas tem mesmo de descansar
e deixar os outros trabalhar - não se esqueça que a sua tarefa é a de estar em forma.
O exercício e uma alimentação saudável
podem contribuir para se sentir melhor
e suportar o tratamento. Discuta com a
equipa clínica o que convém fazer durante
este período.
Pode também ajudar manter algum controlo sobre o que o rodeia. A desorganização pode acentuar o stress e a ansiedade.
Se puder, planeie o seu trabalho e ponha
em ordem as suas finanças antes de começar o tratamento. Não hesite em pedir
ajuda quando precisar.
Saber organizar-se
O sistema de cuidados de saúde nem
sempre é simples e a gestão dos tratamentos também não. Terá de contactar
uma imensidão de profissionais cada um
com uma função diferente e com papéis
diferentes a executar. Vai receber todo o
tipo de documentos e vão recomendar-lhe
várias pessoas, recursos, endereços e sítios
Internet.
Paralelamente, terá de coordenar as suas
consultas, testes e outras iniciativas de
acompanhamento, ao mesmo tempo
que tem de executar as suas atividades
normais.
Conselhos
• Arquive todos os papéis importantes no
mesmo sítio: num dossier, numa pasta
ou num envelope. Guarde no mesmo
sítio todos os documentos relativos ao
tratamento, os efeitos secundários e
os medicamentos que está a tomar.
A vida quotidiana durante o tratamento
Se preferir, guarde a informação de
forma eletrónica no seu smartphone ou
no computador. Qualquer sistema de
arquivo serve, desde que consiga encontrar os documentos facilmente.
• Peça cópias dos dossiers clínicos e dos
resultados e leve-as para as consultas.
• Tome nota dos nomes e coordenadas
de todas as pessoas que participam no
seu tratamento, incluindo os números
de telefone a utilizar para os contactar
à noite, no fim-de-semana ou em caso
de urgência.
• Peça ao seu farmacêutico para lhe
imprimir a lista de todos os medicamentos e guarde-a com o dossier clínico
e os resultados dos exames.
• Faça fotocópias dos documentos relacionados com o seu seguro de saúde.
Pode parecer muito trabalho, mas será
muito útil o facto de ter toda a informação
à mão sempre que tiver dúvidas ou quando tiver um encontro com a equipa clínica.
Aprender a gerir o
stress
A doença e o tratamento podem causar
muito stress. Vai atravessar toda uma
gama de emoções e sentir-se-á cansado,
o que dificultará o controlo das suas emoções. É importante que se ocupe quer da
sua saúde mental quer da sua saúde física.
Se tiver stress, é essencial que obtenha a
ajuda de que precisa.
40
Conselhos
• Reflita sobre o que o torna ansioso. O
facto de dar nomes ao que o preocupa
ajuda a analisar calmamente a situação.
• Escreva um diário e descreva as suas
reflexões e emoções. Escreva também
os seus pensamentos positivos para os
reler quando estiver deprimido.
• Fale com um terapeuta. Várias pessoas
acham útil relatar as suas emoções a
uma pessoa especialmente formada
para escutar.
• Junte-se a um grupo de entreajuda. O
facto de falar com pessoas que já sofreram de cancro e que compreendem o
que está a passar ajuda-o a sentir-se
menos só.
• Faça coisas que lhe agradam.
• Tente fazer exercício, andar, andar de
bicicleta, praticar ioga ou qualquer
outra atividade que o ajude a sentir-se
melhor.
• Procure formas de se descontrair. A
meditação, a respiração profunda ou a
visualização são métodos para ajudar
a relaxar se se sente tenso ou em baixo,
mesmo durante o tratamento.
• Oiça música ou áudio-livros que o
ajudem a descontrair-se, sobretudo
durante as sessões de tratamento.
41
Se sentir sintomas graves de stress ou ansiedade, ou se está constantemente triste,
não ignore estas emoções que podem
ser um sinal de depressão. Diga à equipa
clínica como se sente, para que o possam
ajudar antes que seja completamente
ultrapassado pelos acontecimentos.
Atividades
profissionais e
situação financeira
Muitas pessoas ficam preocupadas e
querem saber se podem continuar a trabalhar ou estudar durante a radioterapia.
Algumas podem, mas cada caso é especial
e é difícil saber no início do tratamento
se poderá ou não continuar a atividade
profissional.
A sua capacidade dependerá de diferentes
fatores:
• do tipo de tratamento prescrito;
• dos seus efeitos secundários;
• do tipo de trabalho;
• da sua situação financeira.
Depois do tratamento
42
Depois do tratamento
Uma vez terminado o tratamento, vai querer retomar o
curso normal dos acontecimentos. Tenha em conta que será
necessário algum tempo para que o seu corpo se restabeleça
completamente.
Cuidados de
acompanhamento
Uma vez terminado o tratamento, tem
de submeter-se a exames periódicos,
chamados cuidados de acompanhamento.
Estes exames permitem-lhe, a si e à equipa
clínica, ver como o seu estado evolui e
como recupera do tratamento.
Nos primeiros anos, as consultas de acompanhamento com o seu oncologista ocorrerão com alguns meses de intervalo. Terá
uma consulta anual com o seu oncologista
radioterapeuta.
Quer saber como se passa uma consulta de
acompanhamento?
O médico examina-o e manda-o fazer
alguns testes (análises ao sangue, radiografias, cintilografias, etc.). Aproveite este
momento para lhe falar do que o preocupa
e dos sintomas que o incomodam. Informe
o seu médico:
• do seu estado físico e, se for o caso, dos
seus problemas emocionais;
• dos seus medos e inquietações;
• de novos medicamentos que começou
a tomar desde a última consulta (medicamentos receitados, mas também os
produtos de venda livre como analgésicos,
suplementos nutritivos, vitaminas e
minerais);
• dos tratamentos com ervas medicinais ou
outros tratamentos complementares que
pensa experimentar;
• das alterações dos seus hábitos, já
introduzidas ou que pretende introduzir,
como por exemplo deixar de fumar, fazer
exercício ou mudar de alimentação;
• do nome de médicos especialistas que
começou a consultar;
• o seu cancro e a radioterapia podem tê-lo
levado a tornar-se mais atento em relação
ao seu corpo e em relação ao que sente.
Preste atenção a todas as mudanças
físicas e não hesite em colocar questões ao
seu médico se algo o preocupa.
43
Efeitos secundários
tardios e a longo prazo
Muitas pessoas afirmam que gostariam
de conhecer melhor os efeitos secundários
que se manifestam no final do tratamento.
Os efeitos secundários que demoram
semanas, meses ou mesmo anos a
desaparecer (ou que são permanentes)
chamam-se efeitos secundários de longo
prazo. Outros efeitos secundários, chamados efeitos secundários tardios, podem
manifestar-se muito tempo depois do final
do tratamento.
Os efeitos secundários tardios variam em
função da zona do corpo submetida a
radiação. Os mais comuns são:
• problemas de fertilidade (no caso de
radioterapia da bacia);
• problemas cardíacos (no caso de radioterapia do tórax);
• problemas pulmonares (no caso de radioterapia do tórax);
• alterações de pigmentação;
• alterações no plano mental ou emocional
(no caso de radioterapia da cabeça ou do
pescoço);
• osteoporose (perda de massa óssea);
• cancros secundários.
O risco de ter efeitos secundários permanentes, tardios ou a longo prazo depende
do tipo e estádio do cancro, bem como
do tratamento. Cada caso é único, e o
seu organismo reagirá ao tratamento e
recuperará à sua maneira.
Os efeitos tardios ou a longo prazo dos
tratamentos são por vezes agravados
por problemas de saúde já existentes no
momento do diagnóstico de cancro, como
a diabetes, a artrite ou problemas de
coração.
A equipa clínica irá explicar-lhe quais os
efeitos tardios ou de longo termo que
se podem verificar no seu caso. Eles irão
também colaborar com outros profissionais
de saúde que tentarão atenuar os inconvenientes causados pelos seus problemas
de saúde.
Poderá também precisar de apoio afetivo.
Como outro qualquer aspeto do cancro,
os efeitos tardios e de longo prazo do
tratamento podem desencadear fortes
emoções. Consegue ultrapassá-las se
lhes dedicar o tempo e tiver a paciência
necessária. Um apoio externo só poderá
ajudá-lo.
Retomar a vida normal
Ouve-se com frequência as pessoas que
sofreram de um cancro dizer que a experiência as transformou de forma irreversível. Irá verificar que já não terá os mesmos
interesses e a forma de ver a vida mudou.
Por outro lado, as pessoas que o rodeiam
esperam, às vezes, que tudo seja como
dantes de um dia para o outro. Não se
apercebem por vezes das repercussões que
um cancro e a radioterapia tiveram em si
e não se dão conta que precisa de tempo
Depois do tratamento
para recuperar. Se estiver à vontade, diga-o
à sua família, amigos e colegas de trabalho
para que compreendam melhor aquilo por
que está a passar. Dê-se tempo para reto-
mar a sua vida normal, pouco importando
o que considera normal.
Contactos
Centre National de Radiothérapie
Centre François Baclesse
Rue Emile Mayrisch
BP 436 - L-4005 Esch/Alzette
T 26 55 661
www.baclesse.lu
Fondation Cancer
209, route d’Arlon
L-1150 Luxembourg
T 45 30 331
www.cancer.lu
44
45
A Fondation Cancer,
para si, consigo, graças a si.
Fundada em 1994 no Luxemburgo, a Fondation Cancer trabalha incansavelmente na luta contra o
cancro há mais de vinte anos. Para além da informação sobre a prevenção, a despistagem e como
viver com um cancro, uma das suas missões é ajudar os doentes e os seus próximos. Financiar
projetos de investigação sobre o cancro é o terceiro pilar das missões da Fondation Cancer, que organiza todos os anos o grande evento de solidariedade ‘Relais pour la Vie’. Todas estas atividades
são possíveis graças à generosidade dos nossos mecenas.
Para acompanhar as nossas atividades, descarregue uma das nossas brochuras e continue em
contacto connosco:
www.cancer.lu
T 45 30 331
E [email protected]
209, route d’Arlon
L-1150 Luxembourg
Esta brochura é gratuita, graças à generosidade dos mecenas da Fondation Cancer. Pode, se quiser, apoiar
as iniciativas da Fondation Cancer através de donativos fiscalmente dedutíveis, bastando para o efeito fazer
um depósito na conta:
CCPL LU92 1111 0002 8288 0000
A Fondation Cancer é membro fundador da associação ‘Don en Confiance Luxembourg’.
A Fondation Cancer,
para si, consigo, graças a si.
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