Paulo Figueiredo ID: 61834848 13-11-2015 Tiragem: 13063 Pág: 28 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,00 x 29,95 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Sébastien Ogier e a Volkswagen voltaram a exercer domínio quer em Portugal, quer no Mundial. TRÊS PERGUNTAS A... CARLOS BARBOSA Presidente do ACP e organizador do Rali de Portugal “Aposta na região Norte foi ganha” Segundo Carlos Barbosa, os números do Rali de Portugal “mostram que o ministro da Economia, Pires de Lima, estava errado”. Os números do estudo revelam o quê sobre o Rali? Turismo ganha mais de 30 milhões com Rali de Portugal Recorde Os 127,4 milhões de euros de impacto económico total constituem novo máximo no ano em que a prova regressou ao Norte do País. Despesa directa de 65,2 milhões subiu 18,8%. Paulo Jorge Pereira [email protected] O Rali de Portugal deste ano, realizado na região Norte do País, teve um impacto económico de 127,4 milhões de euros, isto é, 17,9 milhões acima da edição anterior (mais 16,4%), segundo um estudo realizado em conjunto pelas Universidades do Algarve e do Minho e apresentado no Porto. Quanto às exportações de serviços relacionadas com o Rali enquanto produto turístico, a estimativa é de que 46,5% da despesa directa teve origem não nacional, situando-se nos 30,3 milhões de euros de modo imediato. O mesmo documento revela que cerca de 28,5% das pessoas que acompanharam o evento prolongaram a estada além das três noites. Em simultâneo, a esmagadora maioria (entre 61,6% e 89,2%), assumiram a intenção de regressar de férias à região do Norte do País nos próximos três anos. Ainda segundo o mesmo estudo, fundamentado em três dados agregados fulcrais – despesa directa dos adeptos, volume de exportações em turismo e receita fiscal -, a despesa directa correspondeu a 65,2 milhões, 18,8% acima do valor de 2014 (10,3 milhões), o maior acréscimo desde 2009, o valor indirecto foi de 62,2 milhões, enquanto o Estado assegurou receita fiscal bruta (IVA e ISP) de 24,3 milhões de euros. A análise refere que o Rali é um veículo “de projecção nacional e internacional de uma imagem PASSAR A PALAVRA ● Nos quatro dias da prova, os adeptos permaneceram em média 2,9 noites e 28,5% prolongaram a estada além das três noites. ● Entre 61,6% a 89,2% revelaram a intenção de regressar à região para férias nos próximos três anos. ● Entre 79,9% a 92,7% indicaram que vão recomendar a visita a amigos e familiares. positiva do Norte de Portugal, quer global, quer por atributos; gera impactos económicos inigualáveis em termos de eventos organizados” no País, “fundamentando desta forma uma relação ‘win-win’ a sustentar no tempo e no espaço, isto é, um evento de projecção internacional” avaliado “com elevada qualidade e realizado num destino de qualidade, gerador de efeitos económicos de larga escala e interiorizados pelos agentes locais”. Seguro e espectacular O principal foco dos impactos foi exercido nos 13 municípios ligados ao evento: um valor agregado de 39,8 milhões, ou seja, 61,1% do total de impacto económico directo do Rali. “Cada um dos municípios terá assegurado um retorno directo entre os 358 mil e os 5,54 milhões de euros”, sublinha o estudo. Contudo, os outros municípios nortenhos também registaram uma fatia do impacto directo: 25,4 milhões de euros, isto é, 38,9% do total. Quanto a audiências, se as sete etapas iniciais do Mundial de Ralis tiveram um total de 444,6 milhões de telespectadores, a prova portuguesa contribuiu com 73,5 milhões (15% do total). Polónia, França, Espanha, Finlândia e Itália foram os principais mercados atingidos. Nível de espectacularidade, cumprimento das regras de segurança pelo público e a organização do evento em geral são os “atributos mais relevantes destacados na imagem do Rali” pelos entrevistados, entre os quais 42,6% dos não residentes são oriundos de Espanha. Do total, 78% classificam a prova portuguesa como boa ou muito boa. O estudo sobre a edição deste ano envolveu “11 elementos durante nove meses, numa equipa mista entre” as Universidades do Algarve e do Minho, os quais estiveram em sete locais de entrevistas”, garantindo “a realização de 1.163 inquéritos presenciais a adeptos nacionais e estrangeiros que assistiram a um ou mais dias de prova”. ■ Que a aposta na região Norte foi ganha graças à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e às câmaras que registaram um retorno directo de 65,2 milhões. O País está de parabéns com o seu maior evento desportivo, sem subsídio do Turismo de Portugal, mas com um esforço excepcional das câmaras que, no fundo, também são compensadas. Além disso, tendo em conta a receita fiscal bruta de 24,3 milhões de euros para o Estado, parece fácil perceber que, se houvesse algo deste género todos os dias, não era preciso termos uma carga fiscal tão elevada. E, por último, isto mostra que o ministro da Economia, Pires de Lima, estava errado. Vai haver um momento em que deixa de se registar subida no impacto. Como será quando isso suceder? Haverá um limite, mas, se mantiver o registo deste ano, é óptimo. Um dos segredos para crescer é a mudança e ter sempre algo de diferente. Estamos em diálogo com as câmaras para voltar a fazê-lo em 2016. Para o Rali de Portugal e o próprio Mundial, é vantajoso o domínio de uma marca e de um piloto? As regras vindas do ano passado já não tiveram como resultado um domínio tão claro de Sébastien Ogier e da Volkswagen. Houve lideranças de Hyundai, Ford e Citroën. O novo carro da Hyundai para 2016 vai ajudar a equilibrar e estou convencido de que o título mundial terá uma discussão mais interessante.