ID: 39788367 23-01-2012 | Emprego & Universidades Tiragem: 18739 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 26,79 x 36,79 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 CIÊNCIA -0,5 Uma quebra de 0,5 pontos percentuais na percentagem do PIB destinada à Ciência. Despesa com investigação cai no Estado e nas empresas Lance Murphey/Bloomberg O inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional mostra que a despesa com I&D diminuiu de 1,64% para 1,59% do PIB, em 2010. CIÊNCIA EM PORTUGAL I N V E S T I G A Ç Ã O E D E S E N V O LV I M E N T O A percentagem do PIB nacional investida em ciência em Portugal, em 2010, é de 1,59%. Em 2009, chegou aos 1,64%, o número mais alto desde 1995. U ma quebra de 0,6 % no financiamento com Investigação e Desenvolvimento (I&D) e 462 pessoas despedidas que trabalhavam em I&D no Estado e nas empresas. Esta são as conclusões do Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico (IPCTN) de 2010, publicado pelo Ministério da Educação e da Ciência. A crise fez cair o financiamento da I&D de 2.764 milhões de euros para 2.747 milhões de euros. O orçamento da I&D já não baixava desde 2003. Apesar dos números pouco animadores, o número total de pessoas ligadas à área a tempo inteiro ainda cresceu em 2010, de 51.347 para 52.378. Nada comparável, no entanto, ao período de 2005 a 2007, quando o número de investigadores no País aumentou em cerca de dez mil (de 25 mil para 35 mil). A despesa com I&D caiu de 1,64% do PIB em 2009 para 1,59% do PIB em 2010. Quem desinvestiu mais foram as empresas, seguidas pelas instituições privadas sem fins lucrativos. Uma novidade que “não surpreende” José Manuel Pinto Paixão, director da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Pinto Paixão atribui a descida a “uma certa retracção económica”, mas também aos próprios indicadores utilizados, que reflectem “políticas fiscais de governos passados que incentivaram um investimento em I&D” pouco claro, onde podia ser também contabilizada a compra de equipamentos, como computadores. Apesar de considerar que “o inquérito mostra uma evolução bastante positiva nos últimos anos”, João Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra nota que “já se notam algumas consequências da recente redução do financiamento”. O reitor de Coimbra alerta para as opções que têm sido tomadas em relação à ciência e questiona: “qual é o valor, para o Governo, do sector do conhecimento avançado?” João Gabriel Silva lembra ainda que a indefinição do orçamento de 2013 para a investigação e as universidades deixa as instituições sem capacidade de planear. Uma das consequências já visíveis da diminuição do financiamento da I&D reflecte-se nos doutorados contratados a cinco anos, cujos contratos estão a chegar ao fim e que “começam a abandonar o País”, continua o reitor de Coimbra. “As políticas públicas em I&D no nosso país têm, nos últimos anos, sido conduzidas numa base pouco sustentável e sem resultados significativos na economia”, considera Pinto Paixão. “Os resultados do IPCTN 2010 confirmam que o esforço feito pelo país, há mais de uma década, em investimento em I&D não tem sido transferido de forma consistente para o sector empresarial e onde, aos primeiros sinais de crise económica, se regista uma retracção”, conclui. ■ Andrea Duarte 1,59% 52.378 O número total de pessoas a trabalhar em investigação e desenvolvimento, a tempo inteiro, atingiu em 2010 as 52.378. Em 2009, eram 51.347. 9,4 Os recursos humanos a trabalhar em investigação e desenvolvimento, em 2010, por permilagem da população activa, chegaram aos 9,4 por mil. Em 2009, eram 9,2 por mil. 1,248 A despesa das empresas com investigação e desenvolvimento baixou de 1,311 milhões de euros em 2009 para 1,248 milhões de euros em 2010. 197 A despesa do Estado com a investigação e desenvolvimento caiu de 202 milhões de euros em 2009 para 197 milhões de euros em 2010. 1.015 O sector do Ensino Superior gastou 1.006 milhões de euros com a investigação de euros em 2009 e 1.015 milhões de euros em 2010. 286 As instituições privadas sem fins lucrativos investiram 244 milhões de euros em investigação e desenvolvimento em 2009 e 286 milhões de euros em 2010. A investigação e o desenvolvimento são feitos, sobretudo, nas universidades.