Família Ignaciana de América Latina e Caribe en el Fórum

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A Família Inaciana participa do Fórum Social Mundial de Nairobi
Martinho Lenz, S.J. (fev.2007)
“Lutas africanas, lutas globais”: foi esse um dos lemas que movimentou 7° Fórum
Social Mundial (FSM), realizado em Nairobi, no Quênia, de 20 a 25 de janeiro de 2007. O
Fórum Social, realizado pela primeira vez na África em sua versão mundial, contou com a
presença de aproximadamente 50.000 ativistas e militantes das causas globais. O Brasil
participou com uma delegação de aproximadamente 400 pessoas (50 delas ligadas a setores
do governo). Iniciado em Porto Alegre em 2001, o FSM é um espaço aberto da sociedade
civil para a promoção de um outro modelo de desenvolvimento, alternativo ao atual modelo,
neoliberal, excludente e predatório.
Nos três dias que precederam o Fórum, nos reunimos como “Família Inaciana”
(éramos 97 Jesuítas e leigos/as), num Pré-Forum, convocado pelo Secretariado Social da
Companhia (Pe. Fernando Franco), em uma Casa de Exercícios num bairro de Nairobi.
Nossas reuniões realizaram-se no Hekima College. O Teologado da Companhia para a região
da África do Leste, que também abriga um Instituto para a Paz “Hekima” (= sabedoria). Os
escolásticos jesuítas (uns 80) também participaram, em grande número. Foi o primeiro
encontro do Apostolado Social de África sub-sahariana, com jesuítas do resto do mundo, com
o objetivo de nos conhecermos melhor, de construir redes de solidariedade e comunicação, de
troca de experiências e de ajuda mútua. Tivemos celebrações diárias, embaladas por ritmos
africanos, missas rezadas em inglês e suahili. Estudamos cinco temas mais urgentes,
sugeridos pelos jesuítas de África: refugiados e migrantes; a pandemia da HIV-AIDS;
conflito, guerra e paz; dívida, comércio e governança (uma agenda de desenvolvimento
internacional) e utilização sustentável dos recursos naturais. Contamos com a presença de
Provinciais de várias Províncias da África e de Madagascar. O Pe. Geral nos enviou uma
mensagem de apoio.
Havia jesuítas e leigos de todos os continentes, ligados a centros sociais e ao
apostolado social. Em reunião anterior do setor, haviam sido indicados os representantes da
América Latina e do Caribe: Alfredo Cepeda (México - apostolado indígena); Bruno Revesz
(Peru, ação social e paroquial), Klaus Vaethroeder (Venezuela - Centro Gumilla), Bernardo
Lestienne (Brasil, rede IJND), Martinho Lenz (coordenador do Apostolado social de Brasil),
Paulo Sergio Vaillant (em tempo de estudos), Carlos Fritzen (Brasil – direitos das crianças e
adolescentes, e Fé e Alegria). Entre os leigos estavam: Oscar Bazoberry (Bolívia – CIPCA),
Walter Limache (Bolívia), e Lucia Hernandez (Honduras, setor cultura e comunicação). Do
Caribe (Jamaica) esteve conosco o Pe. Jim Webb. Chamou atenção a firme liderança de
jovens jesuítas africanos, muito conscientes de sua missão e orgulhosos de sua cultura. Nas
noites, durante o FSM, a família inaciana se reunia para avaliar o dia e programar a
participação.
Tivemos ocasião de visitar ao maior favela da África, Kibera, com 800.000 habitantes,
num bairro de Nairobi, onde a CVX do Quênia, apoiada por jesuítas, mantém uma escola
média para órfãos de aidéticos e uma Pré-escola, para crianças afetadas pelo vírus. A miséria
que vimos é de cortar o coração. As obras sociais existentes na favela são mantidas por Igrejas
(sobretudo a Católica) e por ONGs, já que não há políticas públicas para eles. Metade dos
moradores da favela é portadora do vírus da HIV e não há um posto público naquele imenso
aglomerado (des)humano.
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As conclusões do Pré-Forum foram apresentados em um seminário aberto a todos,
durante o FSM, realizado num grande Centro Esportivo (Karasani). Esse foi um Fórum com
rosto africano, com maioria de participantes africanos. Mostrou que as lutas africanas são
também lutas globais. No último dia do Fórum foram definidas agendas comuns de luta,
articuladas em torno de 21 grandes temas. As mobilizações e fóruns locais, regionais ou
temáticos irão acontecendo nos próximos dois anos, até o 8° FSM (em inícios de 2009), cujo
lugar será definido até junho do corrente ano (Brasília, 4-2-07, Pe. Martinho Lenz).
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