Informativo Epidemiológico Dengue, Chikungunya e Zika Vírus Janeiro de 2016 Semana Epidemiológica 05 (31/01 a 06/02)* A Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS), por meio do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS/RS), registrou até a Semana Epidemiológica (SE) 05, 572 casos suspeitos de Dengue, dos quais 36 foram confirmados, dentre os confirmados 33 são casos importados (contraídos fora do Estado) e 03 são autóctones (contraídos no RS). Os municípios que apresentam autoctonia são Guaíba e Viamão que pertencem a 2ª CRS (Macro Região Metropolitana) e São Paulo das Missões da 14ª CRS (Macro Região Norte) No ano de 2015 foram notificados um total de 4.067 casos suspeitos de Dengue, dos quais 1.279 foram confirmados. Dentre os confirmados, 233 (18,2%) são importados (contraídos fora do Estado) e 1.046 (81,8%) são autóctones (contraídos no RS). O sorotipo circulante no ano de 2015 foi o DENV1. Em 2016 não há registro de óbitos no Estado. Em 2015 ocorreram dois óbitos por Dengue. O primeiro em março no município de Santo Ângelo, cujo paciente teve início dos sintomas na SE11 (15 a 21/03). O segundo óbito ocorreu em abril, com início de sintomas na SE16 (19 a 25/04), no município de Panambi. *Dados cumulativos da Semana Epidemiológica 1 até 05 de 2016 (03/01 a 06/02/16) Tabela 1: Casos notificados e confirmados de dengue por CRS, RS, 2016 (SE05) Regional de Residencia 1ª CRS - Porto Alegre 2ª CRS - Porto Alegre 3ª CRS - Pelotas 4ª CRS - Santa Maria 5ª CRS - Caxias do Sul 6ª CRS - Passo Fundo 7ª CRS - Bagé 8ª CRS - Cachoeira do Sul 9ª CRS - Cruz Alta 10ª CRS - Alegrete 11ª CRS - Erechim 12ª CRS - Santo Ângelo 13ª CRS - Santa Cruz do Sul 14ª CRS - Santa Rosa 15ª CRS - Palmeira das Missões 16ª CRS - Lajeado 17ª CRS - Ijuí 18ª CRS - Osório 19ª CRS - Frederico Westphalen Total Notificados Confirmados 58 157 10 12 40 22 6 1 14 7 4 35 3 40 38 12 83 16 14 572 6 15 1 1 4 1 1 0 0 1 0 0 0 1 4 1 0 0 0 36 *Fonte: SINAN Online-RS (dados preliminares até 03/02/2016) Os 36 casos confirmados, na Tabela 2, três são casos autóctones contraídos no Estado. *Dados cumulativos da Semana Epidemiológica 1 até 05 de 2016 (03/01 a 06/02/16) Tabela 2: Número de casos confirmados por município de residência, CRS, RS, 2016* Município de Residência / RS CRS Bento Gonçalves Bom Jesus Cacequi Canoas Caxias do Sul Chapada Constantina Dom Pedrito Doutor Ricardo Engenho Velho Gravataí Guaíba* Passo Fundo Porto Alegre Rio Grande São Gabriel São Paulo das Missões* Viamão* Total Casos Confirmados SE02 SE03 1 0 1 0 1 0 2 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0 1 0 0 0 3 2 0 0 1 0 1 0 0 0 14 3 SE01 0 0 0 4 2 1 1 0 1 0 0 0 1 7 1 0 0 1 19 5ª 5ª 4ª 1ª 5ª 15ª 15ª 7ª 16ª 15ª 2ª 2ª 6ª 2ª 3ª 10ª 14ª 2ª Total 1 1 1 6 2 2 1 1 1 1 1 1 1 12 1 1 1 1 36 *Casos Autoctones Casos Confirmados SE 01 a 05 Fonte: SINAN Online-RS (dados preliminares até 03/02/2016) Analisando o histograma (Gráfico 1) dos casos notificados de Dengue em 2015 (até a 26ª Semana Epidemiológica) com os casos até a 5ª semana epidemiológica (SE) de 2016 observa-se que nas primeiras SE deste ano houve um aumento de notificações de 3,5 vezes a mais quando comparado ao ano anterior. Esse cenário nos mostra uma maior sensibilidade da vigilância quanto à notificação do agravo. Gráfico 1. Casos notificados de Dengue por Semana Epidemiológica de início de sintomas, RS, 2015 e 2016 (até SE05) 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 456 405 316 273 255 256 251 209 172 157 142 151 98 23 31 27 18 1 2 3 4 18 9 5 30 31 45 6 7 8 153 142 89 66 9 10 11 12 13 14 Notificado 2015 15 16 17 18 19 20 21 61 22 63 23 33 24 27 25 21 26 Notificado 2016 *Fonte: SINAN Online-RS (dados preliminares até 03/02/2016) No histograma abaixo (Gráfico 2) referente aos casos confirmados, observa-se que nas três primeiras SE do ano de 2016 foram confirmados 36 casos (1ª SE 19 *Dados cumulativos da Semana Epidemiológica 1 até 05 de 2016 (03/01 a 06/02/16) casos, 2ª SE 14 casos e 3ª SE 03 casos). Já em 2015 os casos confirmados ocorreram após a 3ª SE (1 caso na 3ª SE e 4 casos na 4ª SE) A curva de casos confirmados em 2015 teve início crescente a partir da 8ª SE registrando o pico máximo de casos na 15ª SE. Gráfico 2. Casos confirmados de Dengue por Semana Epidemiológica de início de sintomas, RS, 2015 e 2016 (até SE5) 250 203 200 150 114 100 126 145 134 113 90 88 81 50 19 14 0 0 13 40 0 28 24 25 8 2 8 9 15 9 8 6 2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Confirmado 2015 Confirmado 2016 * Fonte: SINAN Online–RS (dados preliminares até 03/02/2016) Segundo o Ministério da Saúde, em uma análise das incidências (número de casos/100 mil hab.) dos casos de Dengue por região demonstra incremento em 2015 em todas as regiões do país. Os números de casos de Dengue no RS parecem acompanhar essa tendência. Numa série histórica de 2011 a 2016 da SE1 até a SE5 de cada ano, observa-se maior número de casos notificados em 2016 seguidos dos anos de 2011 e 2014 (Gráfico 3). Em relação ao número de casos confirmados em 2016 só é menor que no ano de 2013. Gráfico 3. Comparativo dos casos de Dengue segundo classificação, RS, 2011 a 2016 (até SE05) 700 572 600 500 300 Confirmados Autóctones 244 200 100 Notificados Tendência crescente de casos notificados 400 19 7 11 0 Linear (Notificados) 154 139 119 43 7 117 12 6 5 0 36 0 2011 2012 2013 2014 2015 *Fonte: SINAN Online-RS (dados preliminares até 03/02/2016) *Dados cumulativos da Semana Epidemiológica 1 até 05 de 2016 (03/01 a 06/02/16) 2016 3 Figura 1: Mapa dos municípios infestados e com casos confirmados/importados, RS, 2016 Febre Chikungunya A Febre Chikungunya (CHIKV) é uma doença viral transmitida a partir da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectado. Pode causar doença aguda, subaguda e crônica. A fase aguda é caracterizada por febre de início repentino (acima de 39°C) e dor articular intensa. Pode ainda incluir: cefaleia, dor difusa nas costas, mialgia, náusea, vômito, poliartrite, erupção cutânea e conjuntivite com duração de 3-10 dias. A fase subaguda é caracterizada pela recaída dos sinais e sintomas ocorridos na fase aguda (após os primeiros 10 dias), incluindo poliartrite distal, exacerbação da dor nas articulações e ossos e tenossinovite hipertrófica subaguda nos punhos e tornozelos. Em alguns casos desenvolvem distúrbios vasculares periféricos (síndrome de Raynaud), sintomas depressivos, cansaço geral e fraqueza. Em geral esse quadro tem duração entre dois e três meses após o início da doença. Já a fase crônica possui as mesmas características da fase subaguda, com persistência dos sinais e sintomas por mais de três meses e que pode se estender, *Dados cumulativos da Semana Epidemiológica 1 até 05 de 2016 (03/01 a 06/02/16) com menor frequência, por anos. Em geral, mantém-se a artralgia inflamatória nas mesmas articulações afetadas anteriormente. Em 2013 teve início a transmissão autóctone da Febre Chikungunya em vários países do Caribe. Em 2014 foram confirmados os primeiros casos autóctones no Brasil e atualmente já ocorre nas Américas, África, Europa, Ásia e Oceania. Em 2015, até a SE 52, foram notificados no Brasil 20.661 casos autóctones suspeitos da doença. Destes, 7.823 foram confirmados, sendo 560 por critério laboratorial e 7.263 por critério clínico-epidemiológico; 10.420 continuam em investigação. Foram registrados três óbitos por febre chikungunya no Brasil, sendo dois no estado da Bahia e um em Sergipe. Conforme investigações, esses óbitos ocorreram em indivíduos com idade avançada – 85, 83 e 75 anos – e com histórico de doenças crônicas preexistentes. Dados do Boletim Epidemiológico - Volume 47 - nº 03 - 2016 Monitoramento dos casos de dengue, febre de chikungunya e febre pelo vírus Zika até a Semana Epidemiológica 52, 2015. O Rio Grande do Sul ainda não apresenta autoctonia de Febre Chikungunya. Em 2015 foram notificados 79 casos suspeitos. Desses, cinco casos foram confirmados por critério clínico-laboratorial, sendo esses de Bento Gonçalves, Erechim, Novo Hamburgo e Rio Grande, todos casos importados, com histórico recente de viagem para Bahia, Pernambuco e Maranhão. Em 2016 já foram notificados 39 casos de suspeitos de Febre Chikungunya e nenhum confirmado. Totalizando 118 casos notificados entre 2015 e 2016 no Rio Grande do Sul. *Dados cumulativos da Semana Epidemiológica 1 até 05 de 2016 (03/01 a 06/02/16) Quadro 1. Distribuição dos casos de Febre de Chikungunya notificados por município de residência nos anos de 2015 e 2016* (até a 5ª Semana Epidemiológica) 2015 Municípios de Residência / RS Casos notificados Alvorada Bento Gonçalves Bom Retiro do Sul Cachoeira do Sul Cachoeirinha Canoas Capivari do Sul Chapada Capão da Canoa Charqueadas Erechim Espumoso Estrela Farroupilha Gravataí Ibiruba Jaguari Lagoa Vermelha Lajeado Marau Novo Hamburgo Passo Fundo Porto Alegre Porto Xavier Rio Grande Santa Cruz do Sul Santa Rosa São Borja São Gabriel São Leopoldo São Lourenço do Sul São Marcos Sapucaia do Sul Teutonia Três Palmeiras Viamão Vila Flores Total Municípios de Residência de outro Estado / Município Ignorado Ibimirim - PE Maceio - AL Município Ignorado Total 2016 Casos confirmados* 1 2 Casos notificados 3 1 1 1 1 2 1 2 4 1 1 1 1 1 1 1 8 1 1 1 1 6 4 8 9 1 1 1 1 2 4 9 1 2 1 1 3 1 17 1 1 4 1 78 5 2015 Casos notificados 1 1 1 1 36 2016 Casos confirmados* 0 Fonte: SINAN NET *Dados preliminares até 03/02/2016 **Casos Confirmados Importados *Dados cumulativos da Semana Epidemiológica 1 até 05 de 2016 (03/01 a 06/02/16) Casos notificados 1 2 3 Febre do Zika Vírus A Febre do Zika Vírus (ZIKAV) é uma doença viral aguda, transmitida por vetores, tais como Aedes aegypti, semelhante ao vírus da Dengue e da Febre Chikungunya. É caracterizada por exantema maculopapular pruriginoso, febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia e dor de cabeça. Apresenta evolução benigna, autolimitada e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3-7 dias. Não há registro de mortes e a taxa de hospitalização é potencialmente baixa. Recentemente, foi observada uma possível relação, entre a infecção do ZIKAV e síndrome de Guillain-Barré (SGB), e a ocorrência de casos de microcefalia, principalmente no nordeste do Brasil em locais com circulação simultânea do vírus da dengue. Em decorrência da situação epidemiológica o Ministério da Saúde declarou Situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional no país. O ZIKAV foi identificado desde 1968, mas em 2007 foi registrado um surto pela doença na Ilha Yap (Micronésia) e entre 2013-2014 na Polinésia Francesa. Somente a partir de 2007 que a Organização Mundial da Saúde reconhece o potencial epidêmico do Zika Vírus. No Brasil, desde outubro de 2014 estão sendo notificados casos de síndrome febril exantemática nos estados nordestinos, descartados para dengue, sarampo e rubéola. Foi confirmada transmissão autóctone de febre pelo vírus Zika no país a partir de abril de 2015. Até o momento, 22 Unidades da Federação confirmaram laboratorialmente autoctonia da doença. Na SE 03/2016, a Organização Pan Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde confirmou a circulação do vírus Zika em sete (7) novos países/territórios: Barbados, Bolívia, Equador, Guadalupe, Guiana, Haiti e Saint Martin. Ao todo, entre a SE 17/2015 e a SE 03/2016, foi confirmada a transmissão autóctone do vírus Zika em 21países/territórios nas Américas. O Rio Grande do Sul não apresenta autoctonia da doença. Em 2015, foram notificados 28 casos suspeitos de Febre do Zika Vírus e nenhum caso confirmado. Desses, dois casos ocorreram em gestantes e foram descartados laboratorialmente. *Dados cumulativos da Semana Epidemiológica 1 até 05 de 2016 (03/01 a 06/02/16) Até a 5ª SE de 2016 foram notificados 40 casos suspeitos de Febre pelo Zika Vírus e um caso confirmado importado, este residente em Porto Alegre e com viagem para Mato Grosso. Apenas uma gestante (com feto sem alteração no Sistema Nervoso Central) foi notificada em 2016 com a suspeita da doença, mas posteriormente descartada laboratorialmente para Zika Vírus. Quadro 2. Distribuição dos casos de Febre de Zika Vírus notificados por município de residência nos anos de 2015 e 2016 (até a SE05). 2015 Municípios de Residência / RS Alegrete Alvorada Bento Gonçalves Bom Retiro do Sul Campo Bom Canoas Chapada Dom Pedrito Engenho Velho Estãncia Velha Esteio Estrela Farroupilha Lajeado Novo Hamburgo Palmares do Sul Palmeira das Missões Pelotas Porto Alegre Saõ Borja Santa Rosa São Lourenço do Sul Taquara Três Chachoeiras Total 2016 Casos notificados Casos notificados 1 2 1 1 2 1 1 1 2 1 2 1 1 1 2 4 1 1 1 1 11 10 1 1 1 1 20 2 1 35 2015 2016 Municípios de Residência de outro Estado / Município Ignorado Casos notificados Casos notificados Barra das Garças - MT Fortaleza - CE Guaratinga - BA Niteroí - RJ Recife - PE Rio de Janeiro - RJ São Paulo - SP Município Ignorado Total Casos confirmados* 3 1 1 2 0 2 0 8 Fonte: SINAN NET *Dados preliminares até 03/02/2016 **Casos Confirmados Importados *Dados cumulativos da Semana Epidemiológica 1 até 05 de 2016 (03/01 a 06/02/16) 1 1 2 5 1 Casos confirmados* O baixo registro dos casos em 2015 no RS pode ter sido decorrente da orientação do Ministério da Saúde em notificar apenas os casos confirmados da doença. A partir de dezembro de 2015, a Secretaria Estadual de Saúde/Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul determina que todos os casos suspeitos de ZIKAV devam ser notificados. Tendo em vista a grande circulação de doenças com transmissão relacionada ao vetor Aedes aegypti e sua alta infestação no país, orienta-se para as pessoas que apresentaram alguns dos sinais e sintomas sugestivos de Dengue, Febre Chikungunya ou Febre do Zika Vírus e que viajaram recentemente para áreas endêmicas, procurarem atendimento médico em uma unidade de saúde mais próxima de sua residência. Como medidas preventivas recomendam-se o uso de repelentes e a Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul conta com a mobilização e participação de cada pessoa combate ao mosquito transmissor destas doenças. *Dados cumulativos da Semana Epidemiológica 1 até 05 de 2016 (03/01 a 06/02/16)