ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL

Propaganda
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA - UMA
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Elizangela Damazio Galvagni1; Elzira Diniz de Moraes2; Giovana Zampieri Rocha3; Jair Brás Cabeças
Junior4; Rubens Aparecido dos Santos5.
RESUMO
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) apresenta-se de forma crescente ao longo das últimas
décadas, especialmente no período recente referente às mudanças de hábito e comportamento da
população mundial. O mundo globalizado exige dedicação às atividades profissionais em
detrimento da qualidade de vida, resultando em diversas enfermidades dentre as quais a HAS é a
mais freqüente em diversos setores sociais. Entre os fatores desencadeantes da hipertensão
destacam-se o tabagismo, o alcoolismo, o diabetes, o sedentarismo e a elevação das lipoproteínas
de baixa densidade. O objetivo do estudo foi realizar uma revisão bibliográfica sobre o tema e suas
recentes atualizações.
Palavras-chave: Hipertensão, Fatores de risco, Obesidade.
ABSTRACT
Hypertension (HBP) was introduced incrementally over the last decades, especially in recent years
regarding changes in habits and behavior of people worldwide. The globalized world requires
dedication to professional activities at the expense of quality of life, resulting in various diseases
among which hypertension is the most frequent in various social sectors. Among the triggering
factors include hypertension is smoking, alcoholism, diabetes, sedentary lifestyle and elevated
low-density lipoproteins. The objective was to review literature on the subject and its recent
updates.
Key-words: Hypertension, Risk factors, Obesity.
¹Graduado em Farmácia, pós – graduado em Farmacologia e Farmacoterapia pelo Instituto de Ensino Superior de Londrina
INESUL;
2
Docente do Curso de Graduação em Enfermagem, Diretora da Coordenadoria de Pesquisa e Pós – graduação da INESUL;
3
Graduado em Farmácia, pós – graduado em Farmacologia e Farmacoterapia pelo Instituto de Ensino Superior de Londrina
INESUL;
4
Graduado em Farmácia, pós – graduado em Farmacologia e Farmacoterapia pelo Instituto de Ensino Superior de Londrina
INESUL;
5
Graduado em Farmácia, pós – graduado em Farmacologia e Farmacoterapia pelo Instituto de Ensino Superior de Londrina
INESUL;
–
–
–
–
INTRODUÇÃO
O corpo humano é um organismo complexo com inter-relação de sistemas, onde a
harmonia deste é essencial para o pleno funcionamento de cada tecido. O sistema cardiovascular,
composto pelo coração e vasos sanguíneos, apresenta uma função primordial de transportar
metabólitos e catabólitos oriundos da atividade celular de cada sistema, proporcionando assim
plena atividade fisiológica (GOLDMAN et al., 2001).
De acordo com o mesmo autor acima (2001), o coração é um órgão muscular
multicameral, segmentado em átrios e ventrículos. Sinergicamente, artérias, veias e ramos destes
resultam em sistema de condução complexo, regulando o fluxo sanguíneo de acordo com
estímulos intra e/ou extravasculares. Em cada sístole atrial e ventricular, o sangue adquire pressão
em virtude da atividade muscular cardíaca, possibilitando a distribuição plena dos elementos
necessários ao metabolismo corporal.
A pressão arterial (PA) é determinada fisiologicamente de acordo com diversos
fatores intrínsecos e extrínsecos. Fatores fisiológicos intrínsecos como etnia, idade, sexo e
genética familiar podem influenciar diretamente nos valores da PA de um indivíduo (GOLDMAN
et al., 2001; JESUS et al., 2008). Segundo Jesus et al., (2008), os problemas multifatoriais que
podem elevar os níveis da PA de um indivíduo, são: a obesidade, o diabetes, o tabagismo, o
etilismo, o sedentarismo, o estresse, o uso excessivo de sal na dieta, as dislipidemias e o uso de
anticoncepcionais orais. A prática de exercícios físicos e uma boa alimentação ajudam a manter os
níveis pressóricos normais.
Um desequilíbrio na homeostase circulatória pode ocasionar a hipertensão arterial
sistêmica, comum nas doenças cardiovasculares. A pressão arterial elevada provoca alterações
patológicas na vascularização e hipertrofia do ventrículo esquerdo, constituindo a principal causa
de acidente vascular encefálico, representando um importante fator de risco para as vasculopatias
e suas complicações como o infarto do miocárdio e a falência cardíaca ocasionando em morte
súbita. Outros fatores importantes que podem estar presentes são a formação de aneurisma
dissecante da aorta e a insuficiência renal (GOLDMAN et al., 2001).
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) apresenta-se de forma crescente ao longo
das últimas décadas, especialmente no período recente referente às mudanças de hábito e
comportamento da população mundial. O mundo globalizado exige dedicação às atividades
profissionais em detrimento da qualidade de vida, resultando em diversas enfermidades dentre as
quais a HAS é a mais freqüente em diversos setores sociais. Entre os fatores desencadeantes da
hipertensão destacam-se o tabagismo, o alcoolismo, o diabetes, o sedentarismo e a elevação das
lipoproteínas de baixa densidade. A coexistência desses fatores desencadeia o aumento da pressão
arterial e como conseqüência o alto risco da morbimortalidade (BRUNTON et al., 2007).
Dada a relevância da HAS e seus aspectos multifatoriais, levantamentos
epidemiológicos ao longo de anos têm sido realizados a fim de determinar a evolução dessa
enfermidade bem como de sua etiologia estabelecendo assim metas para o controle do crescimento
disseminado dos casos dessa afecção entre diversas etnias e classes sociais (AMODEO, 2010).
Os estudos epidemiológicos sobre a HAS no Brasil iniciaram-se no final da década
de 1970. A população de diversas regiões, sub-regiões e cidades continuam sendo avaliadas para
determinar métodos de controle a fim de sanar esta enfermidade de caráter importante na saúde
pública. Não existe uma padronização dos resultados apresentados ao longo dos anos, sendo que
muitos dados demonstram aspecto cíclico, de forma que um gênero é mais predisposto que outro e
após um período deixa-o de ser. Salienta-se ainda a dificuldade de estabelecer um padrão em
virtude da oscilação interestadual (LESSA, 2001; PASSOS et al., 2006; JUNIOR et al., 2009).
Na região norte do estado do Paraná, no município de Londrina em estudo realizado
por Girotto (2008) envolvendo 385 hipertensos de 20 a 79 anos cadastrados na Unidade de Saúde
da Família Vila Ricardo, houve predomínio do sexo feminino (62,6%) em relação ao sexo
masculino (37,4%) para hipertensão arterial. Do total de entrevistados, 84,2% relataram utilizar
medicamentos anti-hipertensivos, com apenas 59,0% de adesão ao tratamento, sendo o
esquecimento, a normalização da pressão arterial e os efeitos adversos ao medicamento os
principais motivos alegados para a não adesão ao mesmo. Para o tratamento não farmacológico da
Hipertensão Arterial (HA) houve predomínio da prática de atividade física para o sexo masculino,
enquanto em relação à modificação nos hábitos alimentares o sexo feminino predominou. A baixa
adesão ao tratamento anti-hipertensivo e as atividades físicas regulares sugerem a implantação de
estratégias que visem estimular a adesão às medidas de controle da hipertensão arterial (CASTRO
et al., 2005; GIROTTO, 2008; AMODEO, 2010).
Devido ao aspecto de saúde pública da HAS, os profissionais da saúde devem
atentar-se especialmente à prevenção e controle dessa enfermidade em diversas faixas etárias. Em
relação à população jovem, sabe-se que a prevalência de hipertensão arterial pode variar
dependendo da idade do indivíduo, tornado necessário a medida anual da pressão arterial a partir
dos três anos de idade (BRASIL, 2006).
Hipertensão Arterial Sistêmica
A HAS é uma doença crônica degenerativa de etiologia multifatorial que
compromete os vasos do organismo, determinando alteração no tônus vasomotor e favorecendo a
vasoconstrição, aumentando a pressão arterial (CASTRO et al., 2005).
A HAS pode ser primária ou secundária. Na hipertensão arterial primária não há
uma causa definida, mas geralmente está ligada a predisposição genética, a qual os pacientes
relatam histórico familiar de HA nos entes mais próximos (pais, irmãos, tios e avós). Nos casos de
hipertensão arterial secundária, é possível determinar a causa deste aumento pressórico podendo
esta ser ou não ser tratável. Dentre as causas secundárias de hipertensão arterial destacam-se as
nefropatias, o diabetes, a apnéia obstrutiva do sono, os tumores das glândulas supra-renais e a
estenose das artérias renais. O diagnóstico da hipertensão arterial é realizado por meio da medida
da pressão arterial com aparelhos de coluna de mercúrio, aparelhos automáticos ou aparelhos
semi-automáticos, denominados esfigmomanômetro (AMODEO, 2010).
Vários são os sistemas neuro-humorais envolvidos na HA, mas entre os principais
estão o sistema nervoso simpático e o sistema renina-angiotensina aldosterona. Os rins possuem
participação fundamental no desenvolvimento da doença, pois são responsáveis pelo balanço
hidrosalino. Alguns indivíduos apresentam um déficit genético em excretar o excesso de sal que
consomem, tornando-os hipersensíveis ao sal (SBH, 2006).
Fatores de risco para hipertensão arterial
Fatores Genéticos
Sendo a HAS uma doença de etiologia multifatorial, vários sistemas estão
correlacionados para elevação da mesma. O desenvolvimento da hipertensão arterial dependerá da
integração de fatores genéticos e ambientais. Para o indivíduo que nasce com uma predisposição
genética, desenvolver ou não hipertensão dependerá, basicamente, do estilo de vida que este irá
levar. Em indivíduos com predisposição genética sedentários, com dieta hipersódica, hipercalórica
e hiperlipêmica, podem apresentar a doença precocemente, geralmente próxima à terceira década
de vida e com características de maior resistência ao tratamento (AMODEO, 2010).
Idade
A PA aumenta linearmente com a idade. Em indivíduos jovens, a hipertensão
decorre freqüentemente apenas da elevação na pressão diastólica, enquanto a partir da sexta
década o principal componente é a elevação da pressão sistólica. O risco relativo de desenvolver
doença cardiovascular associado ao aumento da pressão arterial não diminui com o avanço da
idade, enquanto o risco absoluto aumenta marcadamente (SBH, 2006).
Atualmente, importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças
cardíacas, como a hipertensão arterial, têm sido identificados em idades precoces. Estudos têm
demonstrado que tais fatores de risco desenvolvidos durante a infância e a adolescência tendem a
se manter na vida adulta. Dessa forma, a busca por fatores associados à hipertensão arterial em
populações pediátricas é foco de muitos pesquisadores. O aumento significativo na ocorrência da
obesidade entre a população jovem no mundo tem sido motivo de muita preocupação para
diferentes profissionais da área da saúde, uma vez que esta condição associa-se ao surgimento de
disfunções de caráter crônico-degenerativo, como a hipertensão arterial (SALGADO &
CARVALHAES, 2003).
No Brasil, a prevalência de obesidade ocorre nos estratos econômicos mais
elevados, tornando esta população um grupo aparentemente de maior risco ao desenvolvimento de
doenças associadas à obesidade. Além disso, o consumo alimentar é outro fator que pode estar
independentemente associado à PA. Em adultos, o consumo excessivo de sal e a elevada ingestão
de cafeína parecem colaborar para a elevação da pressão arterial. Contudo, em adolescentes, a
relação entre hábitos alimentares e níveis pressóricos ainda não está esclarecida (CHRISTOFARO
et al., 2010).
Sexo e etnia
A prevalência global de hipertensão entre homens (26,6%; IC 95% 26,0-27,2%) e
mulheres (26,1%; IC 95% 25,5-26,6%) indica que sexo não é um fator de risco para hipertensão.
Estimativas globais sugerem taxas de hipertensão mais elevadas para homens até os 50 anos e para
mulheres a partir da sexta década. A hipertensão é mais prevalente em mulheres afro-descendentes
com elevado risco de hipertensão de até 130% em relação às mulheres brancas (SBH, 2006).
Sal
O consumo excessivo de sódio contribui para a ocorrência de hipertensão arterial.
A relação entre seu aumento e a idade avançada é maior em populações com alta ingestão de sal.
Povos que consomem dieta hipossódica têm menor prevalência de HA e os níveis pressóricos não
se elevam com a idade. Entre os índios Yanomami, que apresentam baixo consumo de sal, não
foram observados casos de hipertensão arterial. Em relação à população urbana brasileira, foi
identificada maior ingestão de sal nos níveis socioeconômicos mais baixos (SBH, 2006).
Obesidade
O excesso de massa corporal é um fator predisponente para HA, podendo ser
responsável por 20% a 30% dos casos de níveis pressóricos elevados; 75% dos homens e 65% das
mulheres apresentam hipertensão diretamente atribuível ao sobrepeso e obesidade. Apesar do
ganho de peso estar fortemente associado ao aumento da pressão arterial, nem todos os indivíduos
obesos tornam-se hipertensos. Estudos observacionais mostraram que ganho de peso e aumento da
circunferência da cintura são índices prognósticos importantes de hipertensão, sendo a obesidade
central um importante indicador de risco cardiovascular aumentado. Outras pesquisas sugerem que
obesidade central está mais fortemente associada com os níveis de pressão arterial do que a
adiposidade total. Indivíduos com níveis pressóricos ótimos, que ao decorrer do tempo apresentam
obesidade central, têm maior incidência de hipertensão. A perda de peso acarreta redução da
pressão arterial (SBH, 2006).
Sedentarismo
De acordo com a V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006) indivíduos
sedentários apresentam maior risco, aproximadamente de 30%, em desenvolver hipertensão que os
ativos. A realização de exercício aeróbio apresenta efeito hipotensor maior em indivíduos
hipertensos que normotensos, já os exercícios resistidos possuem efeito hipotensor semelhante,
entretanto menos consistente.
Tabagismo
Segundo Filho (2006), o tabagismo representa um dos mais graves problemas de
saúde pública, configurando uma epidemia que compromete não só a saúde como também a
economia do país e ao meio ambiente.
De acordo com Smeltzer e Bare (2002), a nicotina causa a diminuição do volume
interno das artérias, provocando enrijecimento das paredes arteriais ou arteriosclerose além da
aceleração da freqüência cardíaca e conseqüentemente a hipertensão. Associada ao monóxido de
carbono, provoca diversas doenças cardiovasculares, problemas pulmonares como câncer, mas é
igualmente nocivo para outros órgãos como estômago e garganta, desencadeando a liberação de
toxinas no pulmão, podendo provocar enfisema no mesmo.
O cigarro passa a ser um vício atrelado a qualquer mudança de comportamento do
indivíduo, seja ela de alegria, tristeza, ansiedade, medo. Ele através da mídia é fortalecido sendo
que o principal objetivo é conquistar o consumidor através de um ciclo onde o aumento de
consumo traz lucro para a indústria de tabaco e para os canais de publicidade, e assim,
sucessivamente atraem mais clientes (KÖHLER et al., 2008).
Etilismo
Sabe-se que o consumo elevado de bebidas alcoólicas como cerveja, vinho e
destilados causam o aumento da pressão arterial, cujo efeito pode variar de acordo com o gênero, e
a sua magnitude de acordo com a quantidade de etanol e a freqüência de sua ingestão. O efeito do
consumo leve a moderado de etanol não está definitivamente estabelecido, mas verificou-se
redução média de 3,3 mmHg (2,5 a 4,1 mmHg) na pressão sistólica e 2,0 mmHg (1,5 a 2,6 mmHg)
na pressão diastólica com a redução no consumo de etanol. Estudo observacional indica que o
consumo de bebida alcoólica fora de refeições aumenta o risco de hipertensão, independentemente
da quantidade de álcool ingerida (SBH, 2006).
Além disso, a ingestão excessiva de álcool parece causar resistência à terapia antihipertensiva (GOLDMAN e BENNETT, 2001).
Tratamentos para HAS
Farmacológico
O tratamento farmacológico de pacientes com hipertensão associada a pressões
diastólicas elevadas diminui a morbimortalidade decorrentes de doença cardiovascular. A terapia
anti-hipertensiva efetiva reduz acentuadamente o risco de acidente vascular encefálico, de
insuficiência cardíaca e renal devido à hipertensão. Entretanto, a redução do risco de infarto no
miocárdio pode ser menos notável (BRUNTON et al., 2007).
Os fármacos anti-hipertensivos diminuem a pressão arterial por meio de suas ações
sobre a resistência periférica, o débito cardíaco ou ambos. Podem diminuir o débito cardíaco
inibindo a contração miocárdica ou reduzindo a pressão de enchimento ventricular, podendo ser
obtida por meio de ações sobre o tônus venoso ou sobre o volume sanguíneo através de efeitos
renais. Os fármacos reduzem a resistência periférica ao atuar sobre o músculo liso, produzindo
relaxamento dos vasos, ou interferir na atividade de sistemas que produzem constrição dos
mesmos, tendo como exemplo o sistema nervoso simpático (BRUNTON et al., 2007).
Em geral, não é possível prever a resposta do indivíduo com hipertensão a qualquer
fármaco especifico. Por exemplo, no caso de alguns anti-hipertensivos, cerca de 66% dos
pacientes em média, terão uma resposta clínica significativa, enquanto 33% não irão responder ao
mesmo fármaco. Há considerável interesse na identificação da variação genética, com o objetivo
de melhorar a seleção dos anti-hipertensivos para cada paciente em particular (GARBERS &
DUBOIS, 1999).
A classificação dos agentes anti-hipertensivos pode ser realizada com base no seu
principal local ou mecanismo de ação conforme o Quadro 1.
Quadro 1 – Classificação dos agentes anti-hipertensivos com base no seu principal local de ação
ou mecanismo de ação
Diuréticos
Tiazídicos e agentes relacionados (hidroclorotiazida, clortalidona etc.).
Diuréticos de alça (furosemida, bumetanida, torsemida, ácido etacrínico).
Diuréticos poupadores de K+ (amilorida, triantereno, espironolactona).
Agentes simpaticolíticos
Antagonistas β-adrenérgicos (metropolol, atenolol etc.).
Antagonistas
α-adrenérgicos
(prazosina,
terazocina,
doxazosina,
fenoxibenzamina, fentolamina).
Antagonistas adrenérgicos mistos (labetalol, carvedilol).
Agentes de ação central (metildopa, clonidina, guanabenzo, guanfacina).
Agentes bloqueadores dos neurônios adrenérgicos (guanadrel, reserpina).
Bloqueadores dos canais de Ca²+ (verapamil, diltiazem, nimodipina, felodipina, nicardipina,
isradipina, anlodipina).
Inibidores da enzima conversora de angiotensina (captopril, enalapril, lisinopril, quinapril,
ramipril, benazepril, fosinopril, moexipril, perindopril, trandolapril).
Antagonistas do receptor de angiotensina II (losartana, candesartana, irbesartana, valsartana,
telmisartana, eprosartana).
Vasodilatadores
Arteriais (hidralazina, minoxidil, diazóxido, fenoldopam).
2. Arterial e venoso (nitroprusseto).
Fonte: BRUNTON et al., 2007; adaptado.
Não Farmacológico
Segundo Brunton et al. (2007), a terapia não farmacológica constitui um importante
componente no tratamento de todos os pacientes com hipertensão. Em hipertensos de estágio I
(PA de 140x90mmHg – 149x99mmHg) a pressão arterial pode ser adequadamente controlada por
uma combinação de perda peso, diminuição do consumo de sódio, aumento do exercício aeróbico
e moderação no consumo de álcool. Essas mudanças no estilo de vida, que muitas vezes são
difíceis de serem implantadas para muitas pessoas, fariam com que a PA das mesmas fosse
controlada sem a necessidade do uso de medicamentos.
Dietas ricas em potássio e eliminação do consumo de tabaco e cafeína também
estão relacionadas como medidas eficazes no controle da pressão arterial (SBH, 2006).
Estudo realizado por Jesus et al. (2008), identificou que após um programa de
caminhada para indivíduos com HAS, percebeu-se que estes apresentaram melhora na aptidão
física, nas variações das pressões arteriais sistólica e diastólica, mas que se fazia necessário novo
trabalho com maior controle das variáveis intervenientes (fatores emocionais, alimentação,
tabagismo, etilismo), para determinar com maiores detalhes os mecanismos pelo qual o exercício
físico reduz de fato, os níveis tensoriais de indivíduos hipertensos, um dado também encontrado
em estudo realizado por Paizante (2006).
Adesão ao tratamento
A adesão ao tratamento é um item de suma importância para a prevenção de
complicações de doenças crônicas, co-morbidades e mortalidade precoce. Estudos relatam que a
adesão é motivo de preocupação não só no controle da hipertensão, mas também de outras
doenças, como a diabetes e a infecção pelo HIV/AIDS.
No caso da hipertensão, seu controle é realizado não apenas pelo tratamento
farmacológico, mas também por mudanças nos hábitos de vida, como na alimentação e realização
regular de atividade física. No entanto, uma grande parcela dos hipertensos não utiliza os
medicamentos de forma correta e usual, além de não modificarem suas rotinas alimentares e de
atividade física para controlar uma doença que, na maioria das vezes é assintomática (GIROTTO,
2008).
Em relação ao tratamento farmacológico, embora tenham ocorrido avanços na
indústria farmacêutica, com formulações eficazes e baixos índices de efeitos indesejáveis, o
controle da hipertensão nem sempre é o adequado. A falta de adesão é freqüente e está associada a
inúmeros fatores como os relacionados ao paciente, à doença, a aspectos psicossociais, a crenças,
ao tratamento, as dificuldades financeiras, efeitos adversos dos medicamentos, dificuldade de
acesso ao sistema de saúde, inadequação da relação médico-paciente, bem como a própria
característica da doença, que normalmente se apresenta assintomática nos primeiros 15 a 20 anos.
O maior número de medicamentos prescritos e o esquema terapêutico também são fatores que
interferem na adesão, mesmo quando o medicamento é fornecido gratuitamente. Apesar do
tratamento farmacológico ainda ser o principal artifício utilizado pelos serviços e profissionais de
saúde para o controle da hipertensão arterial, a prática de atividade física e mudanças da
alimentação são fatores que devem ser considerados no seu manejo. A realização de atividade
física regular e uma dieta reduzida de alimentos ricos em sódio e gorduras contribuem
decisivamente no controle desta doença (GIROTTO, 2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar de todas as informações sobre HA, bem como diagnóstico firmado e
medicamentos disponíveis, as pessoas adquirem HAS por adotarem uma conduta de vida não
saudável, entregando-se a vícios como álcool e tabaco, preferindo assumir riscos desnecessários
justificados erroneamente pela falta de tempo, que poderia estar sendo mais bem administrado,
diminuindo o tempo passado em barzinhos ingerindo álcool, aumentando o tempo para a prática
de atividades físicas.
É claro que muitos hábitos são adquiridos também dentro do ambiente familiar,
como a ingestão de dieta hipercalórica, hipersódica e hiperlipêmica, bem como a iniciação dos
vícios de tabagismo e ingestão de álcool em festas familiares. Desta forma, não se pode considerar
uma tarefa fácil eliminar os fatores predisponentes ao desenvolvimento de níveis pressóricos
elevados.
Tristemente vemos jovens destruindo sua saúde levados pela mídia, interação social
deturpada onde é implícito o uso de tabaco, álcool, dietas inadequadas como sendo modelos a
serem adotados por indivíduos modernos e esclarecidos. O nível de informação e escolaridade
parece não alterar muito o desenvolvimento de atividades e condutas de preservação da saúde,
dificultando muito programas de reeducação alimentar e física.
REFERÊNCIAS
AMODEO, C. Hipertensão Arterial Sistêmica: Estratificando as Metas Terapêuticas.
Disponível em: <http://www.racine.com.br/portal-racine/setor-publico/saude-coletiva/hipertensaoarterial-sistemica-estratificando-as-metas-terapeuticas>. Acessado em 28 de setembro de 2010.
BARROS, A. L. B. L; VIEIRA, F. S; ASSIS, C. C; ZEITOUN, S. S. Alterações do nível
pressórico e fatores de risco em graduandos de enfermagem. Acta Paul. Enferm. 2009;
22(6):773-8.
BRUNTON, L. L.; LAZO, J.S.; PARKER, K. L. Goodman & Gilman: As Bases
Farmacológicas da Terapêutica. 11 ed. São Paulo: McGraw Hill, 2007.
CASTRO, M. E.; ROLIM, M. O.; MAURICIO, T. F. Prevenção da hipertensão e sua relação
com o estilo de vida de trabalhadores. Acta Paul Enferm. 2005; 18(2): 184-9.
CHRISTOFARO, D. G. D.; CASONATTO, J.; FERNANDES, R. A ; REICHERT, F. F.; LOCK,
M. R.; GUARIGLIA, D. A.; SACOMANNI, M. G.; OLIVEIRA, A. R. Pressão arterial elevada
em adolescentes de alto nível econômico. Ver. Paul Pediatr. 2010; 28(1): 23-8.
FILHO, A. S. Manual para Implantação de Programa de Promoção à Saúde e Prevenção de
Doenças. UNIMED – Confederação das Unidades do Estado de São Paulo, 2006.
GARBERS, D. L.; DUBOIS, S.K. The Molecular basis of hypertension. Annu. Ver. Biochem.
1999.
GIROTTO, E. Adesão ao tratamento anti-hipertensivo e fatores associados na área de
abrangência de uma unidade de saúde da família, Londrina, PR. Disponível em:
<http:www.ccs.uel.br/pos/saudecoletiva/Mestrado/diss/96.pdf>. Acessado em 28 de Setembro de
2010.
GOLDMAN, L.; BENNETT, J. C. Cecil: Tratado de Medicina Interna. 21. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2001.
JUNIOR, C. V. S.; TIMERMAN, A.; STEFANINI, E. Sociedade de Cardiologia do Estado de
São Paulo. Tratado de Cardiologia SOCESP. 2ª ed. Barueri: Manole; 2009. Vol. 1: 625-635.
JESUS, V. J.; MACHADO, M.; SANTOS, R. S.; ANDERSON, L. A.; DARIVA, G.; SENE, R. F.
Efeitos do exercício físico na pressão arterial sistêmica de indivíduos praticantes de
caminhada. <http://www.efdeportes.com> Revista Digital - Buenos Aires - Año 13 - N° 124 Setiembre de 2008. Disponível em <http://www.efdeportes.com/efd124/efeitos-do-exerciciofisico-na-pressao-arterial-sistemica.htm>. Acessado em 29 de Setembro de 2010.
KÖHLER, A. P. C. Hipertensão e Tabagismo: um estudo com usuários de uma unidade
básica
de
saúde
no
município
de
Jí-paraná-ro.
Disponível
em:
<http://www.webartigos.com/articles/6798/1/Hipertensao-ETabagismo/pagina1.html#ixzz10qQ4ZlH8>. Acessado em 28 de Setembro de 2010.
LESSA, I. Epidemiologia da hipertensão arterial sistêmica e da insuficiência cardíaca no
Brasil. Rev. Brás. Hipertens, vol.8, nº.4, p. 383 – 392, outubro/dezembro de 2001.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Hipertensão Arterial Sistêmica. Cadernos de Atenção Básica nº15;
Brasília – DF, 2006.
PAIZANTE, G. O. Atividade Física E Hipertensão Arterial Sistêmica. Rev. Meio Amb. Saúde
2006; 1(1): 1-6.
PASSOS, V. M. A; ASSIS, T. D; BARRETO, S. M. Hipertensão arterial no Brasil: estimativa
de prevalência a partir de estudos de base populacional. Epidemiologia e Serviços de Saúde,
Volume 15 – nº.1, p. 35-45, jan/mar de 2006.
SALGADO, C. M.; CARVALHAES, J. T. A. Hipertensão arterial na infância. Jornal de
Pediatria - Vol.79, Supl.1, 2003.
SILVA, M. A M; RIVERA, I. R; FERRAZ, M. R. M. T; PINHEIRO, A. J. T; ALVES, S. W. S;
MOURA, A. A; CARVALHO, A. C. C. Prevalência de Fatores de Risco Cardiovascular em
Crianças e Adolescentes da Rede de Ensino da Cidade de Maceió. Arquivos Brasileiros de
Cardiologia - Volume 84, Nº 5, Maio 2005.
SMELTZER, S. BARE B. Histórico e tratamento de pacientes com hipertensão. Brunner &
Suddarth tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2002.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL – SBH. V Diretrizes Brasileira
de Hipertensão Arterial. Campos do Jordão: de 01 a 03 de fevereiro de 2006.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA / SOCIEDADE BRASILEIRA DE
HIPERTENSÃO/ SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. VI Diretrizes Brasileiras
de Hipertensão. Arq. Brás. Cardiol. 2010; 95(1 supl.1): 1-51.
SOUZA, A. R. A. COSTA, A.; NAKAMURA, D.; MOCHETI, L. N.; FILHO, P. R. S.;
OVANDO, L. A. Um Estudo sobre Hipertensão Arterial Sistêmica na Cidade de Campo
Grande, MS. Arq. Bras. Cardiol. 2007; 88(4): 441-446.
TEIXEIRA, E. R; LAMAS, A. L; MATOS, R. M MATOS; SILVA, J. C. O estilo de vida do
cliente com hipertensão arterial e o cuidado com a saúde. Esc Anna Nery R. Enferm. 2006 dez;
10(3): 378 - 84.
Download