Curso de Biomedicina Artigo de Revisão RESISTÊNCIA BACTERIANA: A ERA PÓS-ANTIBIÓTICOS THE POST-ANTIBIOTIC ERA Fábio do Carmo Silva Júnior de Souza¹, Jacqueline Coimbra Gonçalves2 1 Aluno do Curso de Biomedicina 2 Professora Mestre do Curso de Biomedicina Resumo Introdução: A Ciência médica é antiga, porém, o desenvolvimento de drogas com atividade antimicrobiana é recente, somente a partir do século XX, no ano 1930, que foram introduzidas com maior veemência, combatendo as infecções, maiores causadoras de mortalidade mundial na época. A primeira classe de drogas antibacterianas amplamente utilizada foram as sulfonamidas em 1938, seguida dos βlactâmicos em 1940, no qual a penicilina é o seu maior representante, tendo papel fundamental após a segunda guerra mundial. O desenvolvimento de novas classes de antibióticos aconteceu de forma contínua até o ano de 1963 quando a evolução tornou-se lenta, surgindo apenas drogas de classes já existentes, ocasionando na perda da disputa para as bactérias que com o passar do tempo desenvolveram novos mecanismos de resistência aos antimicrobianos. Materiais e Métodos: Foi realizada uma pesquisa não sistemática das bases de dados Scielo, Bireme e Pubmed, empregando os termos, Resistência Bacteriana, Uso de Antibióticos, Necessidade de novos antibióticos. Conclusão: A utilização correta de antimicrobianos é essencial para o controle de doenças infecciosas, sendo imprescindível para a sobrevivência humana. Palavras-Chave: Resistência Bacteriana, Uso de Antibióticos, Necessidade de novos antibióticos, Uso indiscriminado de antimicrobianos. Abstract Introduction: Medical Science is old, however, the development of drugs with antimicrobial activity is recent, only from the twentieth century, in 1930, which were introduced more strongly, fighting infections, the largest cause of mortality worldwide at the time. The first class of widely used antibacterial drugs were sulfonamides in 1938, followed by the β-lactam in 1940, in which penicillin is its greatest representative, a fundamental role after World War II. The development of new classes of antibiotics occurred continuously until the year 1963 when evolution became slow, just emerging existing classes of drugs, resulting in loss of dispu-ta for bacteria which over time have developed new mechanisms of resistance to antimicrobials. Materials and Methods: A non-systematic search was conducted of Scielo databases Bireme and Pubmed, using the terms, Bacterial Resistance, Antibiotic, need for new antibiotics. Conclusion: The correct use of antimicrobials is essential for the control of infectious diseases, being essential for human survival. Keywords: Bacterial Resistance, Antibiotic, need for new antibiotics, the indiscriminate use of antibiotics. Contato: [email protected] Introdução A medicina arcaica teve sua origem na Mesopotâmia e no Egito, baseada na magia e no empirismo8, enquanto a medicina como ciência surgiu somente com Hipócrates (460 – 375 a.C) no século V. Grandes epidemias como Cólera, Tifo e Peste bubônica poderiam ter sido controladas imediatamente se existissem naquela época, antimicrobianos. Estima-se que a peste bubônica tenha dizimado metade da população europeia entre 1347 e 1351, a Tifo ocasionara 3 milhões de mortes entre 1918 e 1922. Atualmente a OMS (Organização Mundial da Saúde) calcula que a Cólera causa cerca de 28 a 142 mil mortes por ano em todo o mundo.2,22 O surgimento e a disseminação de patógenos resistentes a antibióticos, entre humanos e populações animais em todo o mundo como, Staphylococcus aureus Resistente a Oxacilina (ORSA) e Enterobacterias Resistentes a Carbapenêmicos (CRE), tornaram-se um problema global. A perda da eficácia contra bactérias comuns não só levou a uma mudança para antibióticos mais caros em países de alta renda, mas também ao aumento da morbidade e mortalidade em países de média e baixa renda, onde a acessibilidade do preço aos medicamentos de primeira linha limita seu uso.35 Objetivo do trabalho Alvo de Ação dos Antimicrobianos As bactérias contém alvos para ação farmacológica que em geral podem ser descritos em: inibidores da síntese da parede celular, da síntese proteica, da replicação e reparo do DNA bacteriano e da transcrição e tradução. Os efeitos produzidos pelos fármacos antibacterianos são divididos em bactericidas ou bacteriostáticos, o primeiro causa a morte celular, o segundo impede o crescimento bacteriano e é dependente do sistema imunológico do hospedeiro para sua eficiência clínica.13 Classes de Antibióticos Fonte: LAURENCE, L, B., 2012, p. 1464 Figura 2. Sulfanilamida e Ácido p-aminobenzoico respectivamente. β-lactâmicos Os antibióticos podem ser produzidos de forma natural, semissintéticos e sintéticos, sendo as duas primeiras formas as mais encontradas em uso clínico atualmente. Podem ser classificados de acordo com sua estrutura química em sulfonamidas, β-lactâmicos, aminoglicosídeos, polipeptídios, tetraciclinas, cloranfenicóis, macrolídeos, nitroimidazólicos, glicopeptídeos, quinolonas, lincosaminas, estreptograminas, oxazolidinonas, lipopeptídeos. A figura 1 representa a cronologia do desenvolvimento dessas classes. Constitui a classe mais utilizada na clínica terapêutica atualmente.35 Os β-lactâmicos conectam-se aos receptores celulares (proteínas ligadoras de penicilina [PBP]) na bactéria, ocasionando o bloqueio da fase de transpeptidação do peptidoglicano, através da sua ligação a um ou mais receptores, interrompendo a síntese de peptidoglicano. A ligação dos β-lactâmicos às PBPs impossibilita a síntese do peptidoglicano fazendo com que a célula bacteriana em crescimento fique defeituosa, acarretando na lise osmótica, ou seja, a bactéria não sobreviverá por decorrência da hipertonicidade intracelular, salvo casos em que se encontre em meio hipertônico, como na urina, sobrevivendo na forma de esferoplasto ou protoplasto sem se reproduzir até que o efeito do antibiótico acabe. Em gram-negativos a pressão osmótica é menor do que em gram-positivos e a constituição da parede celular em sua maioria são de lipopolissacarídeos e lipoproteínas, sendo assim, mesmo que haja inibição da síntese do peptidoglicano, os outros componentes preservarão por maior tempo a integridade física da bactéria gram-negativa.33,36 Polipeptídios Figura 1. Cronologia do desenvolvimento dos antibióticos, desde 1930 a 2015. Sulfonamidas Foi a primeira classe utilizada no tratamento de infecções bacterianas, fato ocorrido em 1930. Microrganismos vulneráveis às sulfas não possuem a capacidade de obterem ácido fólico de origem externa, sendo assim, necessitam sintetizá-lo, e para que isso ocorra é fundamental o ácido p-araminobenzóico (PABA). Como a sulfanilamida possui estrutura similar ao PABA, as bactérias utilizam as sulfonamidas no lugar PABA, inibindo a síntese do ácido diidrofólico, e por consequência, impedindo a síntese do DNA bacteriano.6 As polimixinas, isoladas por meio da cultura da bactéria Bacillus polymyxa em 1947, tiveram o seu uso disponível no início da década de 60 e deixaram de ser utilizadas na década de 70 devido à sua toxicidade aos sistemas nervoso e renal quando administrada em doses elevadas. Polimixinas são caracterizadas como polipeptídios e denominados Polimixinas A, B, C, D e E, porém, apenas as B e E voltaram a ser utilizadas clinicamente. 24 As Polimixinas causam mudanças na permeabilidade da membrana da bactéria e por consequência sua morte, atuantes contra Gramnegativas, seu anel peptídico policatiônico adere a membrana da bactéria e substitui as pontes de magnésio e cálcio que solidificam as moléculas lipopolissacarídicas, ocorrendo o extravasamento de componentes da célula e por consequência, sua morte. Devido a baixa resistência às Polimixinas, são fármacos de escolha no tratamento de microrganismos gram-negativos multirresistentes.18,24 Tetraciclinas A tetraciclina é um derivado semi-sintético da clortetraciclina, são detergentes catiônicos e produto da fermentação natural da bactéria Streptomyces aureofiens, descrita primeiramente em 1948. Essa classe de antimicrobianos se liga a um sítio na subunidade 30S do ribossomo bacteriano, impedindo o acesso do aminoaciltRNA ao sítio A do ribossomo, inibindo a síntese proteica. 7 Cloranfenicois O cloranfenicol foi introduzido para uso terapêutico em 1948, produzido através da bactéria Streptomyces venezuelae, é utilizado atualmente somente em casos de infecções altamente patogênicas como meningites e outras causadas por riquétsias. A razão da restrição se dá devido a possibilidade do fármaco provocar anemia aplásica e em bebês a síndrome do bebê cinzento, por isso somente deve ser usado quando o benefício ao paciente superar seu ônus. 19 Seu mecanismo de ação consiste na inibição da síntese proteica tanto nas bactérias quanto em células eucariontes, porém este último em menor intensidade, liga-se à subunidade 50s do ribossomo no local da peptidiltransferase e impede a transpeptidação, inibindo a formação da ligação peptídica.7,19 Macrolídeos Os macrolídeos foram descobertos em 1952 a partir da bactéria Streptomyces eritreus, possuem esse nome devido seus grandes anéis de lactona no qual estão fixados um ou mais desoxiaçucares, a eritromicina é o antibiótico mais conhecido dessa classe, inibem a síntese de proteína devida a sua ligação na subunidade 50s ribossomal, impedindo etapas de translocação.9,19 Lincosaminas Produzida através da bactéria Streptomyces lincolmensis, foi descoberta em 1962.18 A clindamicina é o principal integrante desse grupo. Seu mecanismo de ação é o mesmo da eritromicina, inibe a síntese proteica ligando-se à subunidade 50s dos ribossomos bacterianos intervindo nas reações de translocações aminoacil e na formação de complexos de iniciação.7,19 Estreptograminas As estreptograminas fazem parte da mesma família dos macrolídeos e lincosaminas e apresentam propriedades semelhantes, a exemplo do mecanismo de ação. Em 1999 foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) o primeiro fármaco dessa classe, a quinupristina/dalfopristina, que é uma mistura de duas estreptograminas na proporção 30/70 respectivamente, oriundas de um estreptomiceto e modificadas sinteticamente.3,9,13 Oxazolidinonas Em 2000, a FDA aprovou a primeira droga pertencente a essa classe, a linezolida, que inibe a síntese de proteínas devido a sua ligação ao local P da subunidade 50S ribossomal, impossibilitando a formação do complexo fMettRNA-ribossômico responsável pelo início da síntese proteica.7, 13 Aminoglicosídios A estreptomicina foi o primeiro aminoglicosídio descoberto, fato ocorrido em 1944, fazem parte dessa classe também a neomicina, kanamicina, paromomicina, gentamicina, tobramicina, netilmicina e a amicacina. A destruição bacteriana é dependente da concentração. Os aminoglicosídios atuam na síntese proteica ligando-se ao rRNA 16S da subunidade 30S, em baixas concentrações conduzem os ribossomos a efetuarem erroneamente a leitura do mRNA durante o alongamento, ocasionando em uma síntese proteica que contêm aminoácidos incorretos.13 Essa classe possui vários efeitos adversos, alguns deles específicos como: nefrotoxicidade, otoxicidade e bloqueio neuromuscular.13 Nitroimidazólicos O metronizadol foi introduzido em 1959 para tratamento da tricomoníase vaginal, é um antiprotozoário nitroimidazólico que também possui potente atividade contra bactérias anaeróbias, necessita de ativação pelos microrganismos. Quando captado, interage com a ferredoxina reduzida ou com nitroredutases específicas, tal reação origina compostos citotóxicos reduzidos, ativando o metronizadol, compostos esses que se ligam às membranas, proteínas e DNA nas células alvo, gerando grave lesão.3,13,19 Glicopeptídeos A vancomicina foi o primeiro fármaco introduzido para uso terapêutico dessa classe, evento ocorrido em 1958, é um antibiótico glicopeptídico tríciclico produzido por Streptococcus orientalis e Amycolapsis orientalis, inibe a síntese da parede celular por ligar-se fortemente a extremidade D-Ala-D-Ala terminal do peptídeo glicano em crescimento, devido ao seu tamanho molecular ser grande, são incapazes de penetrar na membrana externa de gramnegativas.3,7,19 Quinolonas O ácido nalidíxico foi isolado como subproduto da síntese da cloranquinina, sendo a primeira quinolona, e disponibilizada para tratamento de ITU. As quinolonas inibem a topoisomerase II (DNA-girase) e/ou a topoisomerase IV, bloqueando a síntese do DNA bacteriano. O DNA superespiralado positivamente é impedido de relaxar-se devido a inibição da DNAgirase, o que é necessário para transcrição e replicação normais. A inibição da topoisomerase IV acarreta na interferência da separação do DNA cromossômico que permitem a replicação ou a transcrição do DNA.7,13,19 Lipopeptídeos Cíclicos Aprovada em 2003 pela FDA, o primeiro fármaco pertencente a essa classe é a daptomicina, produto da fermentação do lipopeptídeo cíclico do Streptmyces roseosporus, liga-se à membrana celular da bactéria pela inserção dependente de cálcio de sua cauda lipídica, ocasionando o efluxo de potássio, a despolarização da membrana e a morte celular.7,21 Mecanismos de Resistência aos Antibióticos Mutações A presença de mutações espontâneas nas bactérias, para qualquer gene, é baixa, e a chance é de que aproximadamente apenas uma célula em 10 milhões originará, na divisão, a uma bactéria contendo uma mutação no determinado gene. Todavia, é possível que existam muito mais células que isso na evolução de uma infecção, e a viabilidade de uma mutação ocasionar uma modificação desde sensibilidade à resistência ao fármaco, pode ser muito aumentada em determinadas espécies de bactérias e com alguns fármacos.26 As mutações gênicas não possuem grande importância clínica, deve-se isso ao fato de que a presença de que poucas mutações nem sempre são suficientes para produzirem resistência e que os mutantes frequentemente apresentam patogenicidade diminuída.26 Ampliação Gênica Há pouco tempo, descobriu-se que a duplicação e a replicação gênicas são importantes mecanismos de resistência em alguns microrganismos. De acordo com a tese, a antibacterioterapia induziria o aumento de cópias de genes de resistência preexistentes, como enzimas que destroem os antibióticos e bombas de efluxo.26,29 Plasmídeos Plasmídeos são pequenas moléculas de DNA dupla fita, contendo os elementos necessários para a sua replicação e pelo menos um gene que confere resistência a antibiótico. Estes elementos genéticos extracromossomais variam de 5 a 400 kilobases e comumente estão presentes em duas ou mais cópias por célula. Os plasmídeos presentes num grande número de cópias são usados como veículos de clonagem desde que capacitem à amplificação do segmento do DNA neles clonado.23 Os plasmídeos que transferem genes para resistência aos antibióticos (genes r) são denominados como plasmídeos R. Não se conhece como esses genes surgiram mas, muito da resistência aos antibióticos é determinada por plasmídeos. Sabe-se que a espécie bacteriana S. aureus tem uma capacidade significativa em desenvolver mecanismos de resistência a antibióticos através de mecanismos mediados por plasmídeos, dentro de apenas 2 anos, foi capaz de adaptar-se a meticilina sucessor da penicilina.11 Transferência através de Elementos Genéticos na Bactéria Transpósons Trata-se da transferência de segmentos de DNA entre plasmídeos e de plasmídeocromossomo, cromossomo-plasmídeo, a integração desses segmentos no DNA aceptor pode ocorrer independente do mecanismo normal de recombinação genética homóloga. Os transpósons não possuem a capacidade de autorreplicarem, no entanto pode ocorrer no processo de integração, ocasionando em uma cópia na molécula do DNA doador e na do aceptor.26 Os transpósons são capazes de transferir um ou mais genes de resistência e também se infundirem em um plasmídeo para adentrarem em uma nova espécie bacteriana. Integrons e cassetes gênicos Um íntegron é uma unidade genética que inclui os determinantes dos componentes de um sistema de recombinação específica de local, capazes de captar e mobilizar genes que estão contidos em elementos móveis chamados cassetes gênicos. Os cassetes são elementos celulares que incluem um gene (geralmente um gene de resistência a antibióticos) e um local de recombinação específica de integrase, que é um membro de uma família de locais conhecidos como elementos de base 59. Cassetes podem existir tanto em uma forma livre circular ou integrado a um sitio de recombinação, e somente quando integrado, é um cassete formalmente parte de um integron.17 Ocorre através da incorporação do DNA do plasmídeo a um vírus bacteriano (fago), sendo transferido para outra bactéria da mesma espécie. Constitui papel importante na disseminação de genes de resistência entre estreptococos e estafilococos. 25 Transformação Fonte: Range & Dale, 2011, p. 618. Figura 3. (A) Representa dois plasmídeos, a e b, a seta indica transpósons integrado ao Plasmídeo b. (B) O transpósons codifica uma enzima que corta o DNA do plasmídeo doador e do plasmídeoalvo para formar um cointegrado, ocorrendo a replicação do transpósons durante esse processo. (C) O cointegrado será uma enzima codificada pelo transpósons. (D) Os dois plasmídeos passam a conter o DNA do transpósons. A Transferência de Resistência entre as Bactérias A transferência de genes de resistência intra e interespécies é primordial para a disseminação de resistência aos antimicrobianos, dividem-se em três mecanismos, sendo a conjugação o mais importante entre eles. Conjugação Trata-se do contato entre células, no qual ocorre a transferência de material genético, é a via principal de dispersão de resistência. O contato ocorre através da organela fímbria sexual ou ainda por contato direto entre as células. Essa organela é desenvolvida pela bactéria doadora que possui o plasmídeo conjugativo (fator F) e transfere para a bactéria receptora. A transferência por meio de fimbrias ocorre geralmente em gram-negativas e o contato entre células é mais observado em grampositivos, sendo resultante da secreção de feromônio que ocasiona a adesão e agregação entre as células doadoras e receptoras. 25,34 Transdução Trata-se de um mecanismo de captação, onde a bactéria receptora obtém DNA de parte ou de todo plasmídeo ou cromossomo liberado no meio por uma célula doadora, após isso ocorre a introdução ao genoma por meio da recombinação homóloga. 25,34 Mecanismos Bioquímicos de Resistência aos Antibióticos São vários os mecanismos, dentre eles destacam-se a produção de enzimas, alteração do local sensível ao fármaco ou do sítio de ligação do fármaco, diminuição da concentração do fármaco na bactéria.25 A produção de enzimas é o mecanismo de resistência mais importante, inativam a droga através do bloqueio ou alteração da estrutura do fármaco, à exemplo dos fármacos β-lactâmicos, onde hidrolisam o anel β-lactâmico, ocasionado sua inativação. A alteração do local sensível ao fármaco ou do sítio de ligação do fármaco geralmente ocorre por mutação cromossômica, pode ocorrer em alguns locais como: redução da afinidade dos antibióticos pelas proteínas ligadoras, alteração no receptor do ribossomo bacteriano, modificação ou ausência de proteínas do ribossomo, diminuição ou ausência de componentes da membrana e a formação de DNA-girases modificadas. A diminuição da concentração do fármaco na bactéria pode ocorrer através da inibição da síntese de porinas, que são responsáveis pelos locais de entrada do fármaco. Ocorre também por meio de um sistema denominado de bomba de efluxo, mecanismo que utiliza energia ligada à movimentação de prótons e que acarreta no bombeamento da droga para fora da bactéria. Tabela 1. Classes, local e espectro de ação dos antibióticos. Inibidores da síntese da parede celular Classe Local de Ação Espectro de Ação β-Lactâmicos Transpeptidase/transglicosilages Amplo espectro* Glicopeptídeos D-Ala D-Ala do peptideoglicano Gram-positivas Inibidores da síntese de proteínas Aminoglicosídeos Subunidade 30S ribossomal Amplo-espectro, principalmente Gram-negativas Tetraciclinas Subunidade 30S ribossomal Amplo-espectro Lincosamidas Subunidade 50S ribossomal Gram-positivas, Gram-negativas, bactérias anaeróbias e atípicas Macrolídeos Subunidade 50S ribossomal Gram-positivas, Gram-negativas, bactérias anaeróbias e atípicas Anfenicóis Subunidade 50S ribossomal Gram-positivas, Gram-negativas, bactérias anaeróbias e atípicas Oxazolidinonas Subunidade 50S ribossomal Gram-positivas, micobactérias, anaeróbios Estreptograminas Subunidade 50S ribossomal Amplo espectro Inibidores da transcrição do RNA e da replicação do DNA Quinolonas DNA Girase / Topoisomerase IV Amplo-espectro Ação sobre a membrana citoplasmática Lipopeptídeos Cíclicos Membrana plasmática Gram-positivos Polimixinas Membrana plasmática Gram-negativas Ação na síntese de ácidos nucleicos Sulfonamidas Diidropteroato sintase Gram-positivas Fonte: Santos, 2014, p. 40-42. *Antibióticos β-lactâmicos possuem espectros de ação que variam, em sua maioria são de amplo espectro. Fonte: GOLAN, D. E., 2009, p. 533 Figura 8. Mecanismo de ação das classes e de algumas subclasses de antibióticos. Importância da descoberta de novos agentes antibacterianos e o estado atual da resistência aos Antibióticos O desenvolvimento de fármacos antibacterianos ocorreu progressivamente entre os anos de 1940 a 1963, porém, poucos avanços após essa época foram obtidos, enquanto a resistência bacteriana aumentava, a descoberta de novos agentes diminuía, desde 1963, somente duas novas classes com mecanismos de ação diferentes foram introduzidas, uma em 2000 e outra em 2003. Alimentando a necessidade de avanços na área da descoberta de novos antibióticos com diferentes estruturas moleculares e novos mecanismos de ação. 5,16 Em 2001, a OMS publicou o que foi denominado de: Estratégia Global para Conter a Resistência Antimicrobiana, trazendo ações necessárias para o controle do avanço da resistência bacteriana e convidou os países a aderirem essas políticas. O Brasil, em 2010 anunciou a RDC nº 20, que trata sobre o controle da dispensação, prescrição, controle, rolagem e embalagem de produtos classificados como antimicrobianos. A norma regulamentadora trouxe a obrigatoriedade da apresentação de receita médica para obtenção do medicamento, entre outros fatores.14,28 Em 2013, as farmácias e drogarias foram obrigadas a incluírem no Sistema Nacional de Gerenciamentos de produtos Controlados (SNGPC) da Anvisa, detalhes sobre a receita médica, sobre o tratamento, o nome do paciente e do médico, afim de diminuir problemas como a escassez do controle da dispensação e da automedicação, fatores estes que contribuem para a implantação de uma possível resistência bacteriana. 14,,28,31 A OMS (Organização Mundial de Saúde), em 2014, publicou um relatório sobre a resistência bacteriana, onde, de acordo com o diretor geral adjunto de segurança da saúde, o mundo está caminhando para uma era pós-antibióticos em que infecções outrora comuns podem voltar a serem letais. Os dados obtidos em 114 países evidenciou que a resistência está ocorrendo em todo o mundo, classes consideradas como antibióticos superpotentes já não funcionam em metade dos doentes de diversos países.4,37 Embora a OMS tenha coletado dados de países de diversos continentes, como por exemplo: África, América, Mediterrâneo Oriental, Europa, Sudeste da Ásia e Pacifico Ocidental, foram analisados apenas dados referentes ao Brasil, com o fim de alertar quais os isolados bacterianos que apresentaram resistência ou redução da sensibilidade à alguma droga. Os dados foram alcançados através de questionários enviados à fontes nacionais, bem como, relatórios e ou outras compilações em nível nacional nos ministérios de saúde, laboratórios nacionais de referência, institutos de saúde pública, redes nacionais e internacionais de vigilância de resistência bacteriana, contactados por meio de telefone e e-mail, e artigos científicos publicados a partir de 2008. 37 A tabela 2 apresenta a incidência de resistência publicada ou relatada, de espécies bacterianas comuns no Brasil, publicada pela OMS. Tabela 2. Incidência de resistência publicada ou relatada, de espécies bacterianas comuns no Brasil, publicada pela OMS. Escherichia coli: Resistência às cefalosporinas de 3ª geração Fonte de Nº de isolados Tipo de amostra, Resistência Período de Ano de publicação dados testados população ou % coleta de dados 0 2010 vigilância Dados 247 Infecção do trato nacionais 2013 urinário não complicadas Fonte: Antimicrobial resistance: Global report on surveillance. Word Heath Organization, 2014, p. 79. Escherichia coli: Resistência a fluorquinolonas Fonte de Nº de isolados Tipo de amostra, Resistência Período de Ano de publicação dados testados população ou % coleta de dados 8 2010 vigilância Dados 247 Infecção do trato nacionais 2013 urinário não complicadas Fonte: Antimicrobial resistance: Global report on surveillance. Word Heath Organization, 2014, p. 90. Klebsiella pneumoniae: Resistência às cefalosporinas de 3ª geração Fonte de Nº de Tipo de amostra, Resistência Período de dados isolados população ou % coleta de testados vigilância 81 Isolados de sangue Publicação Ano de publicação dados 55,6 2004-2006 2009 33 Fonte: Antimicrobial resistance: Global report on surveillance. Word Heath Organization, 2014, p. 98. Klebsiella pneumoniae: Resistência aos carbapenemos Fonte de dados Publicação1 Nº de Tipo de amostra, isolados população ou testados vigilância 63 Isolados clínicos Resistência Período de % coleta de Ano de publicação dados 0 (IMI)* 2009 2011 1,6(ETP)** Fonte: Antimicrobial resistance: Global report on surveillance. Word Heath Organization, 2014, p. 104. * Imipenem ** Ertapenem Staphylococcus aureus: Resistência à meticilina Fonte de dados Publicação10 Nº de Tipo de amostra, Resistência Período de % coleta de isolados população ou testados vigilância 388 Funcionários da Ano de publicação dados 16 2006-2008 2011 43,4 - 2010 saúde Publicação15 53 Isolados sanguíneos (pacientes em diálise) Publicação25 102 Estudantes 2,4 2007 2010 Publicação27 164 FC; 200 Pacientes com 44,5 FC; - 2010 não FC Fibrose Cística 35 não FC 5,8 2007 2008 31 2005-2008 2009 41,5 2002-2003 2009 (FC) e Pacientes sem FC. Publicação30 52 Funcionários da saúde Publicação12 2218 Isolados laboratoriais Publicação32 105 Hospital de maternidade Fonte: Antimicrobial resistance: Global report on surveillance. Word Heath Organization, 2014, p. 111. Streptococcus pneumoniae: Resistência, ou não suscetibilidade a Penicilina Fonte de Nº de Tipo de amostra, Não Período de dados isolados população ou especificadas coleta de testados vigilância se resistente, dados Ano de publicação ou não suscetível % Dados 807 Isolados invasivos 20,1 2010 2013 nacionais Fonte: Antimicrobial resistance: Global report on surveillance. Word Heath Organization, 2014, p. 119. Salmonella não tifóide: Resistência a fluorquinolonas Fonte de Nº de isolados Tipo de amostra, Resistência Período de dados testados população ou % coleta de vigilância Dados 7221 Isolados de nacionais Ano de publicação dados 2 2010 2013 comunidade Fonte: Antimicrobial resistance: Global report on surveillance. Word Heath Organization, 2014, p. 130. Shigella: Resistência a fluorquinolonas Fonte de Nº de isolados Tipo de amostra, Resistência Período de dados testados população ou % coleta de vigilância Dados 77 Isolados de Ano de publicação dados 1,3 2010 2013 comunidade (S. nacionais flexneri + S. sonnei) Fonte: Antimicrobial resistance: Global report on surveillance. Word Heath Organization, 2014, p. 138. A resistência microbiana é produto da utilização inadequada e/ou desnecessária de antibióticos, a busca de novos agentes é bastante complexa. No dia 18 de novembro de 2015 foi publicado no jornal online the lancet, um estudo científico demonstrando a descoberta de resistência à uma das drogas antibacterianas mais potentes, a polimixina, fato este que de acordo com cientistas, se a mutação genética se espalhar, poderá levar a humanidade ao início da era pósantibiótica.38 A Tabela 3 demonstra a resistência aos antimicrobianos, o ano de descoberta do fármaco, de introdução e de resistência relatada. Tabela 3. Resistência aos antimicrobianos Classe de Antibiótico Ano de descoberta Ano de introdução no Ano de observação mercado da resistência Sulfonamidas 1932 1936 1942 β-lactâmicos 1928 1938 1945 Aminoglicosídeos 1943 1946 1946 Cloranfenicóis 1946 1948 1950 Macrolídeos 1948 1951 1955 Tetraciclinas 1944 1952 1950 Rifamicina 1957 1958 1962 Glicopeptídeos 1953 1958 1960 Quinolonas 1961 1968 1968 Estreptograminas 1963 1998 1964 Oxazolidinonas 1955 2000 2001 Lipopeptídeos 1986 2003 1987 Fonte: LEWIS, 201320 Considerações Finais A resistência bacteriana pode estar levando a população à era pós-antibióticos, onde voltaríamos a tratar doenças facilmente combatidas com antibióticos, através de amputações ou até mesmo não termos mais opções para o tratamento. 37 Medidas inteligentes são necessárias para o controle da disseminação da resistência, como combater o uso indiscriminado de antibióticos. Para isso é necessária uma abordagem intensiva e apoio governamental, para que as medidas anunciadas por normas regulamentadoras sejam cumpridas. Agradecimentos Gratidão à minha família, ao meu grande amigo e companheiro pai, à minha esposa pelo apoio incondicional, à minha orientadora Jacqueline Coimbra pela confiança, à minha mestre Luciana Ramalho pelo apoio, e a Deus por me conceder sabedoria e entendimento para realização desse artigo. Referências 1 - ABREU, A.; MARQUES, S.; MONTEIRO, N. V.; CARVALHO, R. Nosocomial infection and characterization of extended-spectrum s-lactamases-producing Enterobacteriaceae in Northeast Brazil. Rev Soc Bras Med Trop. 44(4):441-446: 2011. 2 - ALI, M.; LOPEZ, A.L.; YOU, Y.A. The global burden of cholera. Bulletin World Health Organization. 90: 209–18ª: 2012. 3 ANVISA, Antimicrobianos Bases teóricas e uso clínico. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/lincosamina s.htm. 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