gratuito do arquivo em pdf

Propaganda
CIRCULAR N° 96
ISSN 0100-3356
eucena
Utilização na
Alimentação
Animal
José Pedro Garcia Sá1
¹Eng° Agr° M.Sc., pesquisador da Área de Zootecnia. IAPAR.
Caixa Postal 481, CEP 86001-970, Londrina-PR e membro da Comissão
Paranaense de Avaliação de Forrageiras-CPAF.
E-mail:[email protected].
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ
VINCULADO À SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO
Rodovia Celso Garcia Cid, km 375 - Fone: (043)376-2000 - Fax: (043)376-2101
Cx. Postal 481 - 86001-970 - LONDRINA-PARANÁ-BRASIL
DIRETORIA EXECUTIVA
Diretor-Presidente: Florindo Dalberto
PRODUÇÃO
Editoração e revisão de texto: Edmilson G. Liberal
Arte-final e capa: Tadeu K. Sakiyama
Coordenação Gráfica: Antonio Fernando Tini
Impresso na Área de Reproduções Gráficas
Tiragem: 1.000 exemplares
Todos os direitos reservados ao Instituto Agronômico do Paraná.
É permitida a reprodução parcial, desde que citada a fonte.
É proibida a reprodução total desta obra.
SUMÁRIO
Pág.
INTRODUÇÃO ......................................................................
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PLANTA.........................
EXIGÊNCIAS DE CLIMA E SOLO...... . ................................
CLIMA...................................................................................
1
1
4
4
SOLO ............................................................................................
4
IMPLANTAÇÃO ..........................................................................
5
PREPARO DO SOLO ...................................................................
5
ESPAÇAMENTO. ........................................................... ...............
6
ÉPOCA DE SEMEADURA .............................................................
6
QUANTIDADE DE SEMENTES .....................................................
6
MUDAS ..........................................................................................
6
ESCARIFICAÇÃO DAS SEMENTES.............................................
6
INOCULAÇÃO DAS SEMENTES ..................................................
7
PELETIZAÇÃO DAS SEMENTES .................................................
7
PRODUÇÃO DE FORRAGEM E VALOR NUTRITIVO..........
INTOXICAÇÃO .....................................................................
GANHO DE PESO POR ANIMAL E POR ÁREA ..................
PRODUÇÃO DE LEITE POR VACA......................................
UTILIZAÇÃO E MANEJO.. ........ ..........................................
8
8
9
10
10
BANCO DE PROTEÍNA OU LEGUMINEIRA ................................
17
PASTEJO ......................................................................................
17
MÉTODO AUSTRALIANO ............................................................
17
APROVEITAMENTO DE ÁREAS DECLIVOSAS..................
RESUMO DAS FORMAS DE UTILIZAÇÃO ........................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................
18
20
21
INTRODUÇÃO
A leucena é uma planta com múltiplas possibilidades de uso,
podendo ser empregada para alimentação animal, adubação verde,
sombreamento e obtenção de madeira ou lenha.
Embora reconhecida como uma forrageira produtiva e de alta
qualidade, ideal para corrigir as deficiências nutricionais dos pastos,
seu emprego no Paraná ainda é restrito, o que pode ser atribuído aos
seguintes fatores:
a) ser de estabelecimento lento;
b) preferir solos corrigidos, de melhor fertilidade e drenados;
c) perder folíolos em épocas secas mais prolongadas e em
consequência de geadas;
d) exigir manejo cuidadoso, por se tratar de planta arbustiva,
que pode atingir altura de crescimento além do alcance do animal;
e) provocar intoxicação quando consumida em excesso.
Esta publicação tem por objetivo sintetizar as informações e
esclarecer o produtor sobre o uso adequado da leucena (tipo Peru) na
alimentação animal. Uma outra publicação recente do IAPAR intitulada
Leucena: resultados de pesquisa no Norte do Paraná (Informe da
Pesquisa n° 122) traz outras informações que complementam esta
Circular.
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PLANTA
A leucena é uma leguminosa perene de porte arbustivo a
arbóreo; geralmente de autofecundação; originária da América Central;
possui sistema radicular profundo e pode atingir porte elevado quando
deixada crescer livremente (Figura 1).
Apresenta folhas de 15 a 25 cm de comprimento; flores brancas
agrupadas em uma cabeça globular, e vagens finas e achatadas com
15 a 25 sementes de coloração marrom brilhante (Figuras 2, 3 e 4).
De acordo com a velocidade de crescimento e hábito de
ramificação, as cerca de 100 variedades de leucena são classificadas,
segundo Gray (1969), em três grupos:
1
Fig. 1. Árvores de leucena (tipo Peru) em crescimento livre (sem cortes).
Fig. 2. Leucena em flor.
Fig. 3. Vagens de leucena.
Fig. 4. Sementes de leucena (1 kg contém de 15 a 16 mil sementes).
Tipo Havaiano - plantas baixas, com até 5 m de altura,
arbustivas, bem ramificadas, florescimento precoce e baixa produção
de forragem.
Tipo Salvadorenho - plantas muito altas, com até 20 m de
altura, eretas, pouco ramificadas, florescimento tardio, alta produção
de forragem, madeira e lenha, sendo comumente conhecida por Havaí
gigante, K 8, K 28 e K 67.
Tipo Peru - plantas altas, com até 15 m de altura, eretas, muito
bem ramificadas desde a base, florescimento tardio e com alta
produção de forragem.
A leucena tipo Peru (Leucaena leucocephala) é, dentre as dez
espécies conhecidas, a mais importante e difundida em nosso meio,
seguida pelas espécies L. diversifolia e L. pulverulenta.
EXIGÊNCIAS DE CLIMA E SOLO
CLIMA
A faixa ótima de temperatura para o crescimento da leucena
está entre 22°C e 30°C e raramente ela cresce em temperatura abaixo
de 15°C.
É tolerante à seca, mantendo-se verde durante o inverno,
perdendo, no entanto, os folíolos quando sombreada e em períodos de
seca mais prolongada e mesmo quando ocorre geadas leves. Geada
severa pode provocar a morte de toda a parte aérea da planta,
ocorrendo rebrota posteriormente somente na estação quente, o que
resulta em atraso no desenvolvimento da planta.
Algumas espécies de leucena crescem melhor em regiões altas e
de temperaturas mais baixas como a L. diversifolia, L. pulverulenta e L.
esculenta.
SOLO
Tem preferência por solos bem drenados e corrigidos quanto à
acidez e ao alumínio tóxico.
A Tabela 1 resume a adubação e a calagem necessárias para a
implantação e manutenção da leucena. Consultar um engenheiro
agrónomo para proceder os cálculos necessários, de acordo com as
condições locais reveladas pelas análises de solo.
4
IMPLANTAÇÃO
A leucena é uma planta de estabelecimento lento,
principalmente na primeira fase depois da germinação das sementes,
por apresentar uma baixa competição com plantas invasoras além de
atrair formigas cortadeiras e lebres. Entretanto, após se estabelecer,
rebrota e cresce vigorosamente.
PREPARO DO SOLO
Considerando-se um preparo convencional, com uma aração e
duas gradagens, realizar a segunda gradagem a pouca profundidade (2
a 3 cm), depois de alguns dias de uma chuva e imediatamente antes
do plantio.
As sementes de plantas invasoras que germinaram e as
plântulas que emergiram, no intervalo de tempo entre a chuva e a
segunda gradagem, serão destruídas por essa operação e, esta, sendo
rasa, evita que sementes de plantas invasoras que estavam a maior
profundidade sejam trazidas à superfície. Desse modo reduz-se a
probabilidade de plântulas de espécies invasoras emergirem antes ou
junto com as plântulas de leucena.
5
ESPAÇAMENTO
Plantios densos em espaçamento de 1 m entre fileiras com a
finalidade de cortes freqüentes, permite manter os ramos de leucena
mais finos devido a elevada população de plantas, o que garante
forragem de melhor qualidade. Quando o objetivo for o pastejo direto
empregam-se espaçamentos maiores, de 1,5 a 4 m entre linhas.
Independente do espaçamento entre fileiras, as sementes na
linha devem ficar distanciadas 5 cm e enterradas a uma profundidade
de 2 a 4 cm.
ÉPOCA DE SEMEADURA
A semeadura realizada em outubro-novembro garante
desenvolvimento mais rápido. Efetuada mais tarde (fevereiro-março)
tem a vantagem de enfrentar menos invasoras, porém retarda seu
desenvolvimento.
QUANTIDADE DE SEMENTES
Considerando que 1 kg de sementes de leucena de boa
qualidade contém pelo menos 15 mil sementes, a quantidade»
necessária, por, exemplo, para a semeadura em plantio denso (1 m
entre linhas e 20 sementes por metro na linha) é de 13 kg/ha de
sementes, 9 kg/ha em espaçamento de 1,5 m entre linhas e 6,5 kg/ha
em espaçamento de 2 m entre linhas.
Como esses cálculos se referem a sementes puras, com 100%
de germinação, é necessário, na prática, dobrar tais quantidades,
considerando uma germinação média de 50% após a escarificação.
MUDAS
Em locais de semeadura mais difícil é possível efetuar o plantio
de mudas previamente desenvolvidas em sacos plásticos com 1 a 2 kg
de terra de boa qualidade. Usar um espaçamento de 20 a 30 cm entre
as mudas dentro da linha.
ESCARIFICAÇÃO DAS SEMENTES
Para germinar, sementes
escarificadas, enquanto aquelas
6
mais novas
armazenadas
necessitam ser
vão natural e
gradativamente reduzindo a dormência ao longo dos anos. O ideal é
fazer o teste de germinação antes de decidir pela necessidade de
escarificação das sementes.
Os métodos mais práticos para superar a dormência das
sementes de leucena são:
a) arranhar a superfície das sementes com o emprego de uma
lixa comum, ns 120;
b) sacudir as sementes em uma lata contendo pequenas pedras
ou em uma lata com vários furos feitos com um prego de fora para
dentro para formar uma superfície interna áspera (tipo ralador);
c) ferver uma quantidade suficiente de água, apagar o fogo e
mergulhar as sementes na água quente durante 10 minutos;
d) cobrir as sementes com uma solução composta por três
partes de água para uma parte de soda cáustica comercial (em
escamas). Agitar cuidadosamente com um pedaço de madeira uma vez
que o produto pode causar queimadura em contato com a pele. Deixar
as sementes na solução durante uma hora. Em seguida, com a ajuda
de uma peneira, lavar bem as sementes em água corrente, deixar secar
à sombra sobre folhas de jornal, inocular com rizóbio ou peletizar
(métodos descritos a seguir) e semear imediatamente ou, no mais
tardar, dentro de uma semana.
INOCULAÇÃO DAS SEMENTES
A leucena pode fixar cerca de 200 kg/ha/ano de nitrogénio.
Para garantir essa importante vantagem económica, é necessário fazer
a inoculação com rizóbio específico (bactéria capaz de fixar o nitrogénio
do ar atmosférico e passar para a planta).
Aproximadamente 1 g do inoculante (na forma de pó preto ou
turfa) é suficiente para inocular 200 g de sementes de leucena. O
inoculante é um produto barato produzido no Paraná e pode ser
recebido pelo correio quando solicitado à empresa produtora. O
processo de inoculação é muito simples e na própria embalagem do
pacotinho do inoculante vêm impressas as instruções de como
proceder.
PELETIZAÇÃO DAS SEMENTES
Consiste em escarificar, inocular e cobrir as sementes com uma
camada superficial de hiperfosfato na forma de pó bem fino. Tem a
finalidade de proteger a bactéria do inoculante (pó preto) e fornecer
7
parte do fósforo necessário ao início de crescimento das plantas. O
procedimento é o seguinte:
a) misturar bem o conteúdo de um pacotinho de inoculante (pó
preto) em meio copo d'água até formar uma lama preta;
b) preparar uma goma utilizando farinha de trigo ou maizena
mais água morna. Evitar formar grumos (pelotas);
c) deixar esfriar a goma, misturá-la com o inoculante (lama
preta) e despejar tudo sobre as sementes. Misturar bem, o que pode
ser feito sobre um plástico ou piso de cimento;
d) assim que as sementes ficarem uniformes e superficialmente
tomadas pela goma mais inoculante, despejar o pó de hiperfosfato e
misturar
bem
até
que
todas
as
sementes
fiquem
completamente
revestidas;
e) espalhar
as sementes peletizadas sobre um jornal, na
sombra e com boa ventilação até secarem completamente;
f) o excesso de pó do adubo pode ser retirado com o auxílio de
uma peneira;
g) as sementes peletizadas devem ser semeadas num prazo de
uma semana.
PRODUÇÃO DE FORRAGEM E VALOR NUTRITIVO
A leucena cresce mais no período quente com boa distribuição
de chuvas e fertilidade adequada do solo.
No Norte do Paraná a leucena produziu em média 15 toneladas
de matéria seca consumível (folhas mais hastes finas), sendo 70%
desse total no verão e 30% no inverno (Sá, 1997).
O valor nutritivo da leucena é comparável ao da alfafa. É uma
fonte adequada de proteína bruta (25% na fração folha e 17% na fração
folha mais hastes de até meio centímetro de diâmetro), podendo
substituir totalmente os concentrados proteicos tradicionais (farelos de
soja e algodão).
INTOXICAÇÃO
Uma substância chamada mimosina existente em maior
quantidade nos brotos e folhas da leucena, pode prejudicar a saúde
dos animais.
8
O consumo de até 30% de leucena em relação ao total ingerido
diariamente (ou 3% de leucena em relação ao peso vivo), não acarreta
efeitos tóxicos. Um animal, por exemplo, de 400 kg de peso vivo pode
consumir 12 kg/dia de leucena, o que significa 30% do total do
volumoso consumido diariamente (aproximadamente 40 quilos).
O sintoma mais claro de intoxicação por excesso de ingestão de
leucena é a queda de pêlos da cabeça e na inserção da cauda.
A recuperação do animal é mais rápida quanto mais cedo for
interrompido o consumo de leucena. Também a menor exposição ao sol
evita queimaduras da pele nas áreas onde ocorreu a queda de pêlos.
Evitar fornecer leucena para equinos e asininos por serem mais
sensíveis que os ruminantes.
GANHO DE PESO POR ANIMAL E POR ÁREA
Novilhas ¾ holandês-zebu com peso médio inicial de 237,5 kg,
alimentadas com farinha de folhas de leucena e tendo como volumoso
cana-de-açúcar mais 1% de ureia/sulfato de amónio, ganharam, em
média, 870 g/dia de peso, em trabalho conduzido durante 84 dias na
Estação Experimental do IAPAR de Ibiporã (Lançanova & Codagnone,
1994).
Novilhos Nelore com peso médio de 256 kg, em pastejo de
capim-colonião exclusivo, ganharam, durante o inverno, 63
g/cabeça/dia e, com acesso livre a um banco de proteína de leucena, o
ganho de peso médio subiu para 189 g/cabeça/dia, em experirnento de
três anos de duração conduzido em Nova Odessa, São Paulo (Lourenço,
1991).
Em outro trabalho experimental também com novilhos da raça
Nelore, conduzido em Nova Odessa (SP) durante 608 dias (novembro de
92 a julho de 94), a braquiária brizanta Marandu (brizantão),
exclusivamente sob pastejo, permitiu ganho de peso de 334
g/cabeça/dia, ou 390 kg/ha; e com a inclusão de uma área de 25% de
leucena na forma de banco de proteína o ganho de peso foi, em média,
de 464 g/cabeça/dia, ou 541 kg/ha nesse período de pouco mais de
20 meses (Lourenço et ai., 1996).
9
PRODUÇÃO DE LEITE POR VACA
A leucena pode reduzir o emprego de concentrados proteicos,
constituindo-se num método de suplementação do gado leiteiro.
Em experimento de curta duração, conduzido em Cuba com
vacas holandesas em pastagem de grama estrela, foi observado que a
suplementação diária com 4 a 5 kg de leucena foi capaz de produzir os
mesmos 15 kg/vaca/dia de leite que a suplementação com 4 kg de
concentrado (Senra et ai., 1982, citados por Funes e Jordan, 1987).
Outro experimento também de curta duração (90 dias),
conduzido em Cuba em pastagem de grama coast-cross, vacas
holandesas que pastejavam leucena, durante uma hora depois da
ordenha, alcançaram a mesma produção de 12 kg/vaca/dia de leite
que a obtida quando a leucena foi substituída por 2 kg de concentrado
(Senra et al., 1982, citados por Funes e Jordan, 1987).
O pastejo de 4 horas diário de leucena, que ocupava 25% da
área do pasto de capim-colonião, permitiu que vacas holandesas
produzissem a média diária de 11,7 kg de leite em experimento
conduzido num período de 124 dias em Cuba (Garcia, 1982, citado por
Funes e Jordan, 1987).
Na Estação Experimental do IAPAR de Ibiporã, vacas
holandesas (PC), alimentadas durante 68 dias com silagem de milho
com ureia produziram os mesmos 10,3 kg de leite que quando
receberam 4 kg de ração ou 4 kg de folhas de leucena mais farelo de
soja (Codagnone & Lançanova, dados não publicados).
UTILIZAÇÃO E MANEJO
A leucena exige um manejo específico mais cuidadoso devido a
sua alta aceitabilidade pelos ruminantes (bovinos, bubalinos, ovinos e
caprinos), o que pode resultar em super pastejo, prejudicando os
rebrotes das plantas e ainda provocar intoxicação dos animais devido
ao consumo exagerado.
O excesso de forragem produzida no verão pode ser aproveitado
da seguinte maneira: incluir até 30% de leucena na silagem de milho
ou sorgo ou secar e produzir farinha de folhas (25% de proteína bruta).
As Figuras 5 a 16 ilustram as principais formas de utilização e
manejo da leucena.
10
Fig. 5. Corte manual dos ramos de leucena (emprego de facão ou foice),
realizado a 20-30 cm da superfície do solo, para fornecimento aos
animais no cocho após picado em triturador.
Fig. 6. Corte mais alto dos ramos de leucena (50 a 70 cm do solo) realizado
com tesoura de poda, facão ou foice. Esse corte evita o desconforto do
operador, que trabalha com a coluna mais ereta, e estimula rebrotas
mais rápidas devido à maior quantidade de reservas na base da
planta.
Fig. 11. Folhas secas de leucena (25% de proteína bruta).
Fig. 12. Folhas secas moídas (farinha) de leucena (25% de proteína bruta).
Fig. 13. Farinha de leucena peletizada (facilita o armazenamento,
distribuição e consumo, além de diminuir o volume e as perdas)
Fig. 14. Rebrota de leucena em altura ideal de corte (manual ou mecânico)
ou pastejo. Espaçamento de 1,5 m entre linhas.
Fig. 15. Vacas secas pastejando leucena.
Fig. 16. Animais de recria pastejando leucena (Estação Experimental do
IAPAR em Ibiporã-PR).
16
BANCO DE PROTEÍNA OU LEGUMINEIRA
São áreas utilizadas para corte ou pastejo onde há
predominância ou mesmo exclusividade de leucena.
Destinada a corte e fornecimento no cocho, a leucena é
plantada em espaçamentos menores entre fileiras (1 m) e com a
finalidade de pastejo direto é necessário espaçar mais as fileiras (1,5 m
ou mais). Também é preciso cercar a área para controlar a entrada dos
animais.
PASTEJO
Um critério é permitir a permanência dos animais durante dois
dias por semana quando a legumineira representar 10% da área da
pastagem.
Outro sistema é formar 20% com leucena e deixar os animais
entrarem na área 3 a 4 dias por semana ou 3 horas diariamente.
Outra sugestão é formar 30% com leucena e liberar a entrada
dos animais em dias alternados (dia sim, dia não) durante todo o
inverno.
No final do inverno torna-se necessário o rebaixamento da
leucena a cerca de 20 cm da superfície do solo, visando estimular a
produção de hastes finas com mais folhas, o que melhora a qualidade e
o consumo da forragem e mantém a altura da planta mais acessível ao
pastejo (2 m, no máximo).
MÉTODO AUSTRALIANO
Uma outra maneira de utilização do banco de proteína, descrito
por Wildin (1980), é o desenvolvido na Fazenda Mona Vale (Austrália)
de criação de gado mestiço zebu, cuja característica principal é que as
plantas são deixadas crescer livremente em espaçamentos de 3 a 4 m
entre fileiras, atingindo altura além do alcance dos animais (Figura
17).
Durante nove meses do ano (março a dezembro), o gado tem
acesso contínuo e livre à leucena, que ocupa 5% da área total da
pastagem nativa da propriedade. É mantida uma lotação de 2,5
cabeças/ha na área de leucena. Os bovinos consomem rebrotas dos
ramos laterais que conseguem alcançar e pequenas plantas nascidas
do excesso de sementes caídas entre as fileiras das árvores.
17
Fig. 17. Banco de proteínas de leucena (Fazenda Mona Vale, Austrália).
A quantidade de forragem aproveitável fora do alcance dos
animais é sempre maior do que aquela que podem aproveitar. Essa
parte alta representa reserva valiosa para o período de inverno,
podendo, se necessário, cortar a copa de algumas árvores cuja
forragem é deixada caída para consumo no próprio local.
Acrescenta-se, em defesa do método, a maior proteção das
plantas contra geadas, a receita da venda de sementes, a existência de
raízes mais profundas que conseguem explorar mais umidade do solo,
e não ter sido observado nenhum caso de intoxicação animal.
APROVEITAMENTO DE ÁREAS DECLIVOSAS
A grama mato-grosso (ou forquilha ou batatais ou gramão)
costuma cobrir áreas de morro, cujo solo em muitos locais apresenta
boa fertilidade, incompatível com a baixa oferta de forragem dessa
grama, cuja importância principal se restringe a proteger essas áreas
declivosas da ação erosiva das chuvas.
As áreas de difícil mecanização cobertas por grama mato-grosso
podem ser melhor aproveitadas na forma de banco de proteína de
leucena, semeando-se a leucena sobre faixas de grama mato-grosso
mortas cora herbicida glyphosate. Para isso, sugere-se a seguinte
sequência de operações:
18
a) marcar com estacas as linhas onde será semeada a leucena,
obedecendo o espaçamento de 2 m ou mais entre uma e outra (Figura
18);
b) pulverizar o herbicida acompanhando o alinhamento das
estacas (na linha), utilizando equipamento com um único bico na
ponta da lança. A largura da faixa de grama morta será a mesma na
faixa de pulverização proporcionada pelo bico e deverá ser, no mínimo,
de 50 cm;
c) esperar que toda a planta (parte aérea e raízes) fique seca e
morra. Também como medida de precaução, aguardar mais alguns
dias para o provável surgimento (ou reinfestação) de novas espécies de
plantas indesejáveis (folhas largas) provenientes de sementes, as quais
igualmente deverão ser eliminadas;
d) as sementes de leucena serão semeadas com plantadeira
manual (matraca) no meio da faixa onde terá boas condições de
germinar e crescer sem a competição agressiva das outras espécies. No
entanto, caso ainda necessário, capinar com enxada as invasoras
remanescentes.
Fig. 18. Esquema de uma área declivosa coberta por grama mato-grosso
com leucena em faixas para utilização como banco de proteína. É
conveniente cercar ao redor do morro para controlar a entrada dos
animais.
19
O estaqueamento em linha, além de orientar a pulverização,
facilitará o cálculo do volume de herbicida que será gasto na área
(comprimento multiplicado pela largura da faixa).
O herbicida glyphosate (formulação comercial de 480 g/l) é
recomendado na dose de 200 ml do produto comercial em 10 1 de água.
Considerando o uso de pulverizador costal manual, com vazão de 300400 l/ha, com bico tipo lçque 110.01 e mantendo-se a ponta da lança
a uma altura entre 30-40 cm do alvo, consegue-se com 10 1 de solução
(herbicida mais água) a cobertura de uma faixa de aproximadamente 1
m de largura por 250 a 333 m de comprimento (Passini, T., informação
pessoal).
RESUMO DAS FORMAS DE UTILIZAÇÃO
O esquema seguinte (Figura 19) resume as principais formas de
utilização da leucena na alimentação animal.
20
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FUNES, F.; JORDAN, H. Leche. In: RUIZ & FEBLES ed. Leucaena: una
opción para Ia alimentación bovina en el trópico y subtrópico.
Habana : Instituto de Ciência Animal, 1987. p. 129-43. GRAY, S.C.
Breeding Leucaena leucocephala for Queenslands. Tropical
Grasslands v.3, p.79, 1969. LANÇANOVA, J.A.C, e
CODAGNONE, H.C.V. Efeitos de diferentes
fontes proteicas no desempenho de novilhas mestiças em
confinamento. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA
DE ZOOTECNIA, 31., Maringá, 1994. Anais... Maringá : SBZ,
1994. p.691. LOURENÇO, A.J. Leguminosas tropicais como
banco de proteína
em pastagens: efeitos no solo, na dieta e no ganho de peso de
bovinos. Piracicaba : ESALQ, 1991. 17lp. (Tese de Doutorado).
LOURENÇO, A.J.; CARRIEL, J.M.; BEISMAN, D.A. Desempenho de
bovinos Nelore em pastagens de Brachiaria brizantha associada à
Leucaena leucocephala. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 33., Fortaleza, 1996. Anais...
Fortaleza : SBZ, 1996. p.10-2. MARUN, F. ; ALVES, S.J.
Nutrição, adubação e calagem de forrageiras
no Estado do Paraná. In: Forragicultura no Paraná. Londrina :
CPAF, 1996. p.53-73. MARUN, F. Nutrição, adubação e
calagem da Leucaena
leucocephala (Lam) de Wit utilizada como forrageira no Estado
do Paraná. IAPAR (no prelo). SÁ, J.P.G. Leucena: resultados de
pesquisa no norte do Paraná.
Londrina : IAPAR, 1997. 32p. (IAPAR. Informe da Pesquisa, 122).
SKERMAN, P.J. Tropical forage legumes. Rome : FAO, 1977. 610p.
WILDIN, J.H. A management system for leucaena. Queensland
Agricultural Journal, may-jun., p. 194-7, 1980.
21
ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO
Download