IDADE ANTIGA CLÁSSICA: GRÉCIA CONTEÚDOS Características Gerais Períodos Pré-homérico e Homérico Período Arcaico Período Clássico Período Helênico Mitologia e Religião Cultura, artes e ciências Jogos Olímpicos AMPLIANDO SEUS CONHECIMENTOS Características Gerais O território onde a civilização grega se concentrou é basicamente formado por um terreno montanhoso, de solo pouco fértil e litoral bastante recortado. Assim, pode-se dizer que os gregos se organizaram para se adaptar às condições de seu terreno acidentado. Dadas essas condições geográficas, seria inviável para eles, organizarem uma economia baseada na agricultura (como o que ocorreu no Egito ou na Mesopotâmia), daí terem se destacado por meio do comércio, sobretudo marítimo. As dificuldades de locomoção interna devido ao território montanhoso, também dificultaram a inter-relação entre as cidades, que se desenvolveram de forma individualizada e autônoma, praticamente isoladas politicamente como cidades-estados, também chamadas de pólis (singular) ou póleis (plural). Assim, a Grécia, durante a Idade Antiga, não pode se caracterizar como um grande império ou um Estado centralizado. O correto é dizer que ela é uma civilização composta por uma série de pólis com características próprias e totalmente independentes. Os gregos costumavam chamar essa região que eles ocupavam da Península Balcânica de Hélade e, dessa forma, eles seriam os Helenos (como eram conhecidos). Figura 2 – Relevo Grego Fonte: Wikimedia Commons Figura 1 – Relevo Grego Figura 3 – Relevo Grego Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons Nesse momento, pode estar surgindo uma dúvida: Se cada pólis tinha um governo autônomo, suas próprias leis locais, sua organização social em particular e sua economia variada de acordo com as características de sua região, por que podemos dizer que elas todas faziam parte de uma mesma civilização ou povo? A resposta é relativamente simples, em todas essas póleis, prevaleciam a língua e a cultura grega, ou seja, a unidade desse povo não era territorial, mas sim, linguísticocultural. Deste modo, qualquer cidade-estado que mantivesse a cultura e falasse a língua grega era considerada uma pólis grega, mesmo que ela estivesse fora da Península Balcânica. Por exemplo, a Magna Grécia era composta pelas póleis gregas que estavam distribuídas pelo mar mediterrâneo, sobretudo em áreas próximas ao sul da Península Itálica, ou seja, em áreas relativamente distantes do chamado território Grego e, mesmo assim, eram consideradas parte da Grécia. Figura 4 – Mapa dos domínios gregos na Europa Ocidental Fonte: Fundação Bradesco Períodos Pré-homérico e Homérico De modo geral, esses dois períodos correspondem à pré-história da Grécia, momento em que grupos nômades se sedentarizaram e começaram as primeiras lutas pelas terras que gerou a necessidade de se organizar um estado. O período Pré-homérico (do século 20 a.C. até 12 a.C.) corresponde à chegada dos primeiros grupos humanos Áqueos, Eólios e Jônios à Península Balcânica. A miscigenação desses grupos, que eram relativamente pacíficos, e o sincretismo de suas culturas formaram o primeiro protótipo do homem grego. Porém, para “apimentar essa mistura” entre os grupos que formariam esse povo, chegaram os Dórios, guerreiros e violentos, que invadiram a região promovendo a fuga e a dispersão dos demais povos. Esse fato recebeu o nome de Primeira Diáspora Grega. O período Homérico (do século 12 a.C. até 8 a.C.) corresponde ao momento em que esses grupos se sedentarizam e começam a se organizar socialmente em comunidades familiares denominadas de gentílicas. Esse tipo de estrutura baseava-se no coletivismo e todos tinham uma função social sem que houvesse hierarquias ou divisão de classes. Porém, com o aumento de população e a falta de terras férteis para se produzir alimentos para todos, iniciou-se as primeiras disputas pelas terras. Dessa forma, os mais fortes acabaram ficando com as melhores áreas e os mais fracos foram expulsos, gerando a Segunda Diáspora Grega. Curiosidade: Os nomes desses períodos fazem referência ao poeta grego Homero, a quem se atribui a autoria das obras épicas a Ilíada e a Odisseia. Estudos mais recentes descobriram que, muito provavelmente, Homero fosse cego e, por isso, ele compunha e recitava os poemas de seus livros de memória, ficando a cargo dos seus discípulos anotá-los. Acredita-se, também, que Homero viveu durante o período Arcaico e não no período Homérico e, assim, devemos entender que essa homenagem histórica, que faz referência ao seu nome, deu-se devido a suas obras contarem o início da história grega e sua formação enquanto civilização, sem ter por base a datação da vida do autor. Figura 5 - Rosto de Homero esculpido em mármore Fonte: Wikimedia Commons Período Arcaico O período entre os séculos 8 a.C. até 6 a.C. foi marcado pelo surgimento da ideia de propriedade e pela criação de um estado local, no caso as cidades-estados ou póleis. Nas regiões onde o povo grego tinha um maior número de dórios na sua miscigenação, acabaram dando origem às póleis militarizadas e autoritárias e nas regiões onde prevaleceram áqueos, eólios e jônios, nesse sincretismo, deram origem às póleis mais ligadas ao comércio e à democracia. Surgem, então, diversas pólis em toda a Península Balcânica, cada uma organizada de uma forma, com leis e governos próprios e totalmente autônomas entre si. Para facilitar, costuma-se aprofundar os estudos de apenas duas dessas muitas póleis. A escolha didática de se falar de Atenas e Esparta justifica-se pelo fato de Atenas ser a maior e mais importante cidade comercial, enquanto que Esparta era a maior e mais importante cidade militar da Grécia Antiga. Como a maioria das demais cidades parecia-se muito com o modelo ateniense ou espartano, conclui-se que, conhecendo essas duas, daria para deduzir as características das demais por analogia. Para facilitar esse estudo, observe a seguir, um quadro comparativo: Atenas Economia: Comercial Sociedade: Patriarcal com relativa mobilidade social Esparta Economia: Guerreira Sociedade: Patriarcal com pouca mobilidade social Figura 6 - Classes sociais em Atenas Fonte: Fundação Bradesco Figura 7 - Classes sociais em Esparta Fonte: Fundação Bradesco Evolução Política: Monarquia (governo de um rei) O monarca governava com leis orais favorecendo as elites. Daí surgiram diversos protestos contra esse regime político. Nesse contexto, Drácon criou um código de leis escritas que restringiu o poder do rei. República Censitária (governo das elites) Para acalmar esses conflitos, Sólon propôs uma república comandada pelas elites, além de proibir a escravidão por dívidas. Tirania (governo de um ditador) Em um golpe político, Psistrato toma o poder e impõe reformas para o desenvolvimento econômico da cidade. Após a sua morte, seus herdeiros não conseguiram se manter no poder. Democracia Proposta por Clisteres, garantiria a participação igualitária de todos os cidadãos (homens, maiores de 21 anos e filhos de atenienses) nas decisões políticas da cidade, independentemente de sua renda, posses ou classe social. Porém, mulheres e estrangeiros não podiam participar da política. O ostracismo era a condenação dos políticos corruptos ao exilio e a suspensão dos seus direitos políticos. Evolução Política: Diarquia (governo de dois reis) Normalmente, os reis se revezavam nas funções de chefe do estado e líder do exército. O cargo era vitalício e hereditário. Politicamente, eram auxiliados por 5 Éforos que eram eleitos entre os guerreiros e tinham um mandato de um ano. O conselho que orientava os reis era a Gerúsia, composta por 28 guerreiros com mais de 60 anos e mandato vitalício. As leis, praticamente, não se alteravam devido aos espartanos acreditarem que sua constituição foi escrita pelo deus Apollo e alterá-la poderia desagradá-lo. Observação: Os filhos dos guerreiros, nasciam e eram examinados pelos anciões e, caso houvesse algum problema físico ou mental, eram mortos ainda bebês. Os meninos aprovados nesse exame, ficavam com os pais até completarem 6 anos e, depois disso, eles eram entregues ao treinamento militar (rigoroso e violento), onde se tornariam guerreiros e lutariam até os 40 anos. Após essa idade, eles passariam a ensinar os mais jovens nas escolas militares. As meninas de 8 a 12 anos, também frequentavam escolas militares femininas, onde eram bem alimentadas e praticavam esportes para se tornarem boas geradoras de guerreiros. Período Clássico O período entre os séculos 6 a.C. até 4 a.C. representa o auge da civilização grega, ou seja, a fase de maior desenvolvimento econômico e cultural de sua história. Em Atenas, por exemplo, pode-se destacar o século de ouro (também conhecido como século de Péricles) quando a cidade se expandiu e conquistou muitas colônias. A vida próspera fez com que os atenienses investissem em grandes e luxuosos palácios e templos, além de desenvolverem todas as esferas da arte e da ciência. O grande fluxo de escravos que a cidade recebia proporcionava o ócio criativo de muitos intelectuais. Figura 8 – Ruínas da acrópole de Atenas da Grécia Antiga Fonte: Wikimedia Commons Curiosidade: Na Grécia, assim como em Roma e nos povos da Antiguidade Oriental, a escravidão se dava por dívidas ou pela conquista por meio de guerras. Assim, como em Atenas a escravidão por dívidas foi proibida a partir das reformas propostas por Sólon, todos os escravos da cidade eram estrangeiros capturados em batalha. Desse modo, é possível perceber duas consequências desse fato. A primeira é que os escravos ficaram automaticamente excluídos do processo democrático de Atenas, pois, para participar da política, o cidadão tinha de ser homem, maior de 21 anos e filho de pais atenienses. Assim, como os escravos eram estrangeiros, eles estavam excluídos. A segunda é que, dentre os escravos capturados, alguns tinham conhecimentos úteis e, por isso, não eram submetidos a trabalhos braçais. Dessa forma, era possível ver em Atenas escravos leitores, construtores, que cuidavam de finanças, etc. Durante esse período, os persas (ou medos) tentaram invadir e conquistar o território grego por algumas vezes, nas chamadas “Guerras Médicas”. Devido a eles terem um império forte e unificado, seu imperador podia contar com a força de um grande exército para dominar essas áreas que mantinham apenas cidades-estados autônomas. Dessa forma, as tropas persas avançaram conquistando algumas póleis gregas. A insatisfação das póléis conquistadas, unida ao temor das demais, rapidamente, fez com que os gregos percebessem que era preciso unir as forças para poder enfrentar o grande exército persa. Para isso, as póleis uniram-se militarmente formando a “Confederação de Delos”, liga militar que ficou sob o comando de Atenas. Enquanto esse grande exército grego se organizava, os Espartanos enviaram cerca de três mil homens para o desfiladeiro das Termópilas para impedir o avanço do exército persa. Figura 9 – Estátua do rei Leônidas líder do exército espartano nas Guerra Médicas Fonte: Wikimedia Commons A cada vitória grega, os persas se retraiam de volta ao seu território e, ao fim, acabaram tão enfraquecidos que foram dominados pelos macedônicos. Com a vitória sobre os persas, os gregos decidiram manter a “Confederação de Delos” unida mesmo após o término da guerra. Porém, a partir daí, os tempos de paz na Grécia foram poucos. O novo conflito que surgiria, agora seria interno, e foi uma consequência dos abusos de poder que Atenas cometia ao usar a junta militar para benefício próprio. Assim, as póleis descontentes uniram-se sob a liderança de Esparta para derrubar Atenas em uma grande batalha que recebeu o nome de “Guerra do Peloponeso”. Após a derrota de Atenas, a soberania militar da Grécia passou a ser exercida por Esparta. Com o tempo, os espartanos também começaram a abusar do poder e gerando insatisfação entre as demais póleis, que se uniram a Tebas para derrubar Esparta. Dessa forma, cidade a cidade iam se destruindo, nessas intermináveis guerras internas que simbolizaram o suicídio grego. Período Helênico As sucessivas guerras internas enfraqueceram a Grécia e a tornaram um alvo fácil para o domínio macedônico. Dessa forma, o imperador Alexandre, o Grande, rei da Macedônia dominou a Grécia com relativa facilidade. Iniciou-se, assim, a última fase da história grega, que se deu do século 4 a.C. até 2 a.C., marcada pelo domínio macedônico sobre os gregos. Os macedônicos eram verdadeiros devotos da cultura grega, sendo assim, eles não só a preservaram, como fizeram questão de difundi-la por todos os domínios de seu império. Grandes intelectuais e artistas foram levados como professores-escravos para ensinar os conhecimentos e as técnicas artísticas que os gregos dominavam. Por isso, pode-se dizer que o Período Helênico, foi um dos momentos em que a cultura grega mais se expandiu pelo mundo, apesar da Grécia já não ser mais autônoma. Figura 10 – Atletas retratados na cerâmica grega Fonte: Wikimedia Commons A mistura da cultura macedônica com a cultura grega acabou gerando um sincretismo que passou a ser denominado de cultura helenística. Assim, o legado grego sobrevive, mesmo depois do declínio da Grécia e continuaria a influenciar outras gerações por muitos séculos adiante. Curiosidade: Alexandre, antes de se tornar o rei da Macedônia, teve como mentor o filósofo grego Aristóteles, um dos homens mais sábios de sua época. Assim, a partir dos seus 13 anos ele pode aprender com esse mestre, as mais variadas disciplinas: retórica, política, ética, ciências físicas e naturais, medicina, geografia, literatura e filosofia. Dessa forma, além de ser um grande guerreiro, Alexandre também era um intelectual. Esse monarca edificou em 12 anos um vasto império que ia do rio Indo (na Índia) até o rio Nilo (no Egito). Ele fundou a cidade de Alexandria com uma grande biblioteca que reunia um rico acervo e que viria a converter-se num dos grandes focos culturais da Antiguidade. Foi graças à cópia e distribuição de diversas obras que Alexandre promoveu por todo seu império, que muito da cultura da antiguidade pôde chegar aos dias atuais. Mitologia e Religião A palavra “mito” vem do grego “mythos” que significa conto, ou seja, trata-se de um relato de feitos maravilhosos cujos protagonistas são personagens sobrenaturais (deuses, monstros, espíritos) ou extraordinários (heróis, sábios, guerreiros). Por definição, um “mito” é uma narrativa acerca dos tempos heroicos de uma civilização. Geralmente, o mito guarda um fundo de verdade ou traz uma instrução moral que deve ser valorizada pelo receptor da mensagem. Os mitos, da Idade Antiga, além de terem influenciado o pensamento filosófico europeu por séculos, foram preservados e imortalizados no decorrer dos tempos históricos e acabaram virando livros, obras de arte e, até mesmo, enredo de peças teatrais e de filmes. Na filosofia, por exemplo, é muito comum se falar do “Mito da Caverna” de Platão. Dica: Para entender melhor e se aprofundar nesse assunto, faça a oficina sobre Mitologia disponível no Portal EJ@, na seção Área do Educador do Ensino Médio, da Socialização de Práticas Pedagógicas de Ciências Humanas: Oficina - Mitologia No campo religioso, vale destacar que os povos gregos eram politeístas (acreditavam em vários deuses) e suas divindades, no geral, eram antropomórficas (representadas em formas humanas). Eles acreditavam em uma vida após a morte em um mundo similar ao seu, como se fosse um reflexo de um espelho, que eles denominavam de inferno. Desse modo, o inferno não era um lugar ruim e cheio de pecadores, mas sim uma morada dos mortos para onde todos iriam. Para se fazer a transição do mundo dos vivos para o mundo dos mortos, os gregos acreditavam que era preciso pagar o barqueiro (ou caronte) que os levaria por um rio e, por isso, colocava-se duas moedas sobre os olhos dos mortos para que ele pudesse pagar pela travessia. Caso os mortos não tivessem as moedas, acreditava-se que seus olhos seriam arrancados pelo barqueiro como pagamento. A história dos deuses gregos, suas ações de benevolência ou de vingança foram retratadas também pela mitologia e, por isso, é praticamente impossível estudar a religião grega sem recorrer aos mitos. Acreditava-se que os deuses viviam no Monte Olimpo e que o mundo havia sido dividido em partes equivalentes entre os três irmãos de igual poder: Posseidon (reino das águas), Hades (reino dos mortos) e Zeus (reino dos vivos). Desse modo, é um equívoco colocar Zeus como superior aos demais deuses, ou demonizar Hades. A deusa Hera (protetora da família) casa-se com seu irmão Zeus e gera novos deuses gregos. Observem a seguir um quadro com algumas das principais divindades gregas. - Deus da Beleza, da Música e das Artes. Apollo Filhos de uma relação extraconjugal de Zeus, nascem os gêmeos Apollo e Ártemis. O Sol representa a carruagem de ouro com que Apollo desfila pelo céu. Ele é considerado o deus mais belo do Olimpo. - Deusa da Lua, da Caça e dos Animais Selvagens. Ártemis A deusa, irmã gêmea de Apolo, está ligada ao universo da magia e, por se manter eternamente virgem, ela também é conhecida por proteger as meninas. - Deus da Matança, do Sangue e da Guerra Irracional. Áries Filho legítimo de Zeus e Hera, ficou famoso pelo seu espírito de guerreiro selvagem. Sua sede por sangue e matanças o faz vulnerável à corrupção. - Deusa da Inteligência, da Justiça e da Guerra. Atena Foi gerada exclusivamente por Zeus, nascendo de sua cabeça. Ela representa a divindade que nunca se corrompe e sempre está ao lado dos justos e merecedores da sua razão. Ela geralmente está acompanhada pela coruja do conhecimento. - Deus dos Rebanhos, dos Ladrões e o Mensageiro dos Deuses. Hermes Filho de uma relação extraconjugal de Zeus, essa divindade se destacou logo cedo, criando as sandálias aladas e a lira. Ainda conseguiu roubar 50 vacas do rebanho de Apollo, sem que ele percebesse. - Deus do Fogo, da Forja e dos Metais. Hefesto Foi gerado exclusivamente por Hera, porém nasceu feio e coxo, representando a solidão e amargura de sua mãe. Pela sua aparência monstruosa, ele vive em um vulcão, bem longe do Olimpo. - Deus do Vinho e das Festas. Dionísio É uma exceção entre os deuses, uma vez que tem pai divino, Zeus, e mãe mortal. Conseguiu sua divindade embriagando e enlouquecendo os outros deuses. Um dado curioso é que nas mitologias greco-romanas, ao contrário do que se diz, não existem semideuses. Nas lendas, quando uma divindade se relacionava com um mortal e, desse envolvimento nascia um filho, a criança era sempre um mortal. A vantagem estava no fato que o lado divino da relação poderia conceder um “poder divino” à criança nascida desse hibridismo, exceto o dom da imortalidade. Figura 11 – Representação renascentista do herói grego Herácles lutando com a Hydra Fonte: Shiler/Shutterstock.com Cultura No campo da cultura, os gregos da antiguidade clássica destacaram-se pelo domínio de um vasto e rico conhecimento. Eles desenvolveram a filosofia, a astronomia, a matemática, a alquimia, a literatura, a escultura, a música e o teatro. A filosofia era vista pelos gregos como a mãe de todas as ciências, pois, por meio dela, os homens refletiam sobre as verdades e entendiam racionalmente as coisas. Os principais filósofos da Grécia Antiga foram: Sócrates, Platão e Aristóteles. Na matemática, destacou-se Tales, Pitágoras, Hipócrates, Euclides, Arquimedes, dentre outros, criaram teoremas que até hoje estudamos e utilizamos em nossos cálculos. Eles também contribuíram, de forma significativa, com os estudos da astronomia e da geografia. Nas artes plásticas, os gregos valorizavam mais as esculturas do que a pintura (que era considerada uma arte menor), daí observarmos uma grande riqueza de acervo em estátuas que ornamentavam praças, palácios e templos. A arquitetura desses espaços favorecia esse tipo de decoração por se tratarem de construções simétricas, amplas e com estilo simples de aspecto leve. Figura 12 - Colunas esculpidas sustentando um pórtico na cidade de Atenas Fonte: ABB Photo/Shutterstock.com O teatro grego se baseava em dois gêneros apenas, a tragédia e a comédia e, por esse motivo, um dos símbolos do teatro são suas máscaras. Na Grécia, elas eram usadas pelos atores para garantir que os expectadores reconhecessem melhor os personagens, já que apenas homens podiam encenar. Assim, eles utilizavam máscaras masculinas e femininas, sempre representando afeições exageradas de alegria ou tristeza para marcar os personagens de cada peça. Jogos Olímpicos Os jogos olímpicos tinham o objetivo de festejar e reunir as póleis para homenagear os deuses do Olimpo, daí o nome olimpíadas. No momento dos jogos, as cidades estabeleciam tréguas em suas guerras e reuniam seus maiores atletas e intelectuais para participarem da cerimônia religiosa. Inicialmente, esses jogos eram sediados em Atenas, mas com a sua popularização eles passaram a acontecer em uma nova cidade que recebeu o nome de Olímpia e que tinha Apollo como seu patrono. Figura 13 – O Discóbolo Figura 14 – Apollo de Olímpia Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons Na Grécia Antiga, acreditava-se que corpo e mente se desenvolviam em conjunto (corpo são, mente sã). Daí, se constatar que, nas olimpíadas existiam provas que envolviam exercícios físicos como saltos, corridas, arremesso de peso, etc., mas também questões intelectuais como cálculos, retórica e declamação de poemas. Vale destacar que apenas os homens poderiam disputar as olimpíadas e os atletas sempre disputavam nus para que os expectadores pudessem admirar a beleza e a perfeição do corpo humano. Ao obter uma vitória em determinada competição, o atleta recebia uma coroa de louros e era aclamado um herói de sua cidade, para onde levava honras e glórias. Mas, ao bater um recorde, em tese, esse atleta superava o limite do humano e como prêmio era decapitado ao término das olimpíadas para que pudesse viver entre os deuses. ATIVIDADES 1. (FUVEST-2016) O aparecimento da pólis constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo. Certamente, no plano intelectual como no domínio das instituições, só no fim alcançará todas as suas consequências; a pólis conhecerá etapas múltiplas e formas variadas. Entretanto, desde seu advento, que se pode situar entre o séc. 8 e 7 aC, marca um começo, uma verdadeira invenção; por ela, a vida social e as relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade será plenamente sentida pelos gregos. VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Difel, 1981. (Adaptado). De acordo com o texto, na Antiguidade, uma das transformações provocadas pelo surgimento da pólis foi a) o declínio da oralidade, pois, em seu território, toda estratégia de comunicação era baseada na escrita e no uso de imagens. b) o isolamento progressivo de seus membros, que preferiam o convívio familiar às relações travadas nos espaços públicos. c) a manutenção de instituições políticas arcaicas, que reproduziam, nela, o poder absoluto de origem divina do monarca. d) a diversidade linguística e religiosa, pois sua difusa organização social dificultava a construção de identidades culturais. e) a constituição de espaços de expressão e discussão, que ampliavam a divulgação das ações e ideias de seus membros. 2. Observe as afirmações a seguir e assinale “V” para verdadeira e “F” para falsa: ( ) Em Atenas, Sólon proibiu a escravidão por dívidas e Clístenes criou a democracia. ( ) Devido aos perigos do comércio marítimo, a pólis de Atenas era bastante militarizada. ( ) Em Atenas, os escravos não participavam da democracia por serem estrangeiros. ( ) A escola militar espartana preocupava-se em formar os guerreiros de toda a Grécia. ( ) Famosos artistas da Grécia dedicavam-se à escultura, já que a pintura era arte menor. ( ) A classe social de maior prestígio e importância em Esparta era a dos guerreiros. ( ) O século de ouro marcou a descoberta dos metais pelos dórios no Período Homérico. ( ) A chegada violenta dos dórios e das lutas pela terra promoveram diásporas na Grécia. ( ) As pólis eram politicamente autônomas e cada uma tinha seu próprio conjunto de leis. ( ) A falta de unidade das póleis gregas causou a sua derrota nas Guerras Médicas. 3. Durante as Guerras Médicas (Gregos x Persas), a Confederação de Delos uniu os gregos e isso deu força para vencerem esse conflito. Por outro lado, a partir da Guerra do Peloponeso, essa união se desfez em um processo que pode ser pensado como o “suicídio grego”. Nesse contexto, explique o que foi a Guerra do Peloponeso e suas consequências para a Grécia Antiga. 4. (ENEM-2010) Alexandria começou a ser construída em 332 a.C., por Alexandre, o Grande, e, em poucos anos, tornou-se um polo de estudos sobre matemática, filosofia e ciência gregas. Meio século mais tarde, Ptolomeu II ergueu uma enorme biblioteca e um museu - que funcionou como centro de pesquisa. A biblioteca reuniu entre 200 mil e 500 mil papiros e, com o museu, transformou a cidade no maior núcleo intelectual da época, especialmente entre os anos 290 e 88 a.C. A partir de então, sofreu sucessivos ataques de romanos, cristãos e árabes, o que resultou na destruição ou perda de quase todo o seu acervo. RIBEIRO, F. Filósofa e mártir. in: Aventuras na história. São Paulo: Abril. ed. 81, abr. 2010 (adaptado). A biblioteca de Alexandria exerceu durante certo tempo um papel fundamental para a produção do conhecimento e memória das civilizações antigas, porque a) eternizou o nome de Alexandre, o Grande, e zelou pelas narrativas dos seus grandes feitos. b) funcionou como um centro de pesquisa acadêmica e deu origem às universidades modernas. c) preservou o legado da cultura grega em diferentes áreas do conhecimento e permitiu sua transmissão a outros povos. d) transformou a cidade de Alexandria no centro urbano mais importante da Antiguidade. e) reuniu os principais registros arqueológicos até então existentes e fez avançar a museologia antiga. LEITURA COMPLEMENTAR Período Helenístico A partir do ano 350 a.C., uma nova civilização começou a ascender politicamente e militarmente no Mundo Antigo. A Macedônia, sob o domínio do rei Felipe II, iniciou um processo de expansão territorial que rompeu com a hegemonia do mundo grego. Tal invasão só foi possível devido às constantes disputas internas que levaram a enfraquecer o poderio militar grego. Seguindo os passos do pai, o rei Alexandre, o Grande, continuou a expandir os domínios macedônicos até a Ásia Menor, chegando até a Índia. Esse vasto domínio de territórios controlados por Alexandre foi responsável por formar o chamado mundo helenístico. Essa região não só definia os limites do império macedônico, mas também indicava um conjunto de hábitos e práticas culturais institucionalizadas pelo governo alexandrino. Sendo educado pelo filósofo grego Aristóteles, Alexandre entrou em contato com o conjunto de valores da cultura grega. Além disso, suas incursões pelo Oriente também o colocou em contato com outras culturas. Simpático ao conhecimento dessas diferentes culturas, o imperador Alexandre agiu de forma a mesclar valores ocidentais e orientais. É desse intercâmbio que temos definida a cultura helenística. Uma das mais significativas ações tomadas nesse sentido foi a construção da cidade de Alexandria, no Egito. Dotada de complexas obras arquitetônicas, a cidade de Alexandria abrigava uma imensa biblioteca com um acervo superior a 500 mil obras. Outro hábito implementado pelo imperador era a promoção do casamento de seus oficiais e funcionários com mulheres de outras culturas. Com isso, Alexandre procurou singularizar o seu império transformando seu reinado em um campo de interpenetrações culturais. Com sua morte, em 323 a.C., a unidade territorial do império foi perdida. Não deixando um sucessor direto ao trono, as conquistas deixadas por Alexandre foram alvo do interesse dos seus generais. Dessa disputa houve um processo de esfacelamento dos domínios macedônicos em três novos reinos. A dinastia ptolomaica dominou o Egito; os antigônidas ficaram com a Macedônia; e os selêucidas controlaram a Ásia. A divisão político-territorial enfraqueceu a unidade mantida nos tempos de Alexandre. Durante o século II a.C., os romanos iniciaram seu processo de expansão territorial, resultando na dominação do antigo Império Macedônico. SOUSA, Rainer Gonçalves. Período Helenístico. Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/historiag/periodo-helenistico.htm>. Acesso em: 22 jan. 2016. 14h. INDICAÇÕES FUNDAÇÃO BRADESCO. Portal EJ@ - Planos de aula_Oficinas: Mitologia. Disponível em: <http://www.eja.educacao.org.br>. Acesso em: 22 jan. 2016. 11h. FUNDAÇÃO BRADESCO. Portal EJ@ - Oficinas Interdisciplinares: Esportes: da Mitologia de Apollo à alta performace. Disponível em: <http://www.eja.educacao.org.br>. Acesso em: 22 jan. 2016. 11h15min. REFERÊNCIAS ABB PHOTO In: SHUTTERSTOCK. Acropolis of Athens. Caryatids columns. Greece. Horizontal. Disponível em: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/acropolis- athens-caryatids-columns-greece-horizontal-214705642>. Acesso em: 22 jan. 2016. 17h. ACKER, Teresa Van. Grécia: a vida cotidiana na cidade-estado. 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V F – As escolas militares de Esparta formavam apenas os filhos de guerreiros espartanos. V V F – O “Século de Ouro” (ou Século de Péricles) foi o período de apogeu da pólis de Atenas. V V F – Os gregos se uniram militarmente, por meio da Confederação de Delos, e venceram essa guerra. 3. Comentário: A Guerra do Peloponeso foi a disputa entre Atenas e Esparta pela soberania militar da Grécia Antiga. A partir desse conflito, ocorreram outras sucessivas batalhas em que uma pólis, reunia outras descontentes para derrubar quem estava no poder. Dessa forma, uma cidade-Estado acabou destruindo a outra e os gregos ficaram enfraquecidos para resistir ao ataque dos macedônicos. 4. Alternativa C. Comentário: Ao copiar importantes livros da idade antiga e concentrar essas cópias em uma grande biblioteca, Alexandre, o grande, contribuiu para que o conhecimento da antiguidade fosse preservado. Principalmente, se pensarmos que durante a Idade Média Europeia, a Igreja Católica queimava muitos livros da antiguidade, portanto, ter essas cópias no oriente, onde ela não tinha tanta influência, foi de suma importância para salvar essa herança cultural.