conhecimento dos adolescentes de uma escola

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CONHECIMENTO DOS ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE BELO
HORIZONTE SOBRE DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVEIS, EM
ESPECIAL SOBRE O HPV
Marta Marques de Carvalho Lopes1
Fabiana Alves2
RESUMO
O conhecimento sobre as doenças sexualmente transmissíveis em especial o
papilomavírus humano (HPV) pelos adolescentes é de fundamental importância,
visto que as infecções por este vírus têm crescido de forma considerável nesta faixa
etária e podem estar associadas ao aparecimento de lesões percussoras do câncer
cervical. O ambiente escolar caracterizado por sua heterogeneidade, onde valores,
crenças e costumes se misturam, constitui-se um lugar ideal para trabalhar sobre
este assunto. O presente estudo teve por objetivo identificar o nível de conhecimento
de um grupo de adolescentes sobre as doenças sexualmente transmissíveis, em
especial sobre o HPV. O estudo foi realizado em uma escola situada na região
central do bairro Barreiro de Baixo, Belo Horizonte-MG. Foi realizada uma atividade
contendo questões objetivas sobre o assunto com 271 estudantes do 1°, 2° e 3°
anos do Ensino Médio, sendo 40,59% homens e 58,3% mulheres. Ao avaliar o
conhecimento sobre a principal via de transmissão das DST’s 89,3% dos alunos
apresentaram conhecimento significativo sobre o assunto (p=0.0002). 60,51%
responderam incorretamente sobre a DST que mais acomete a população mundial
sexualmente ativa (p<0.0001), 54,99% responderam erroneamente sobre os
métodos de prevenção da infecção pelo HPV (p<0.0001) e 52,4% também não
responderam corretamente sobre os métodos de prevenção primários do câncer
cervical (p<0.0001). A partir dos resultados obtidos neste estudo conclui-se que os
participantes demonstraram conhecimento sobre a principal forma de transmissão
das doenças sexualmente transmissíveis, porém os quesitos prevalência, prevenção
e tratamentos do HPV e do câncer cervical o conhecimento não foram satisfatórios.
Palavras Chaves: Papilomavirus Humano. Ambiente escolar. Câncer Cervical.
1
Graduanda do Curso de Ciências Biológicas do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. E-mail:
[email protected].
2
Doutoranda em Fisiologia pelo Departamento de Fisiologia e Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas
(ICB) da UFMG. Docente do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. E-mail:
[email protected]
2
KNOWLEDGE OF TEENS OF A PUBLIC SCHOOL OF BELO HORIZON ABOUT
SEXUALLY TRANSMITTED DISEASES, ESPECIALLY ON HPV
ABSTRACT
Knowledge about sexually transmitted diseases especially the human papillomavirus
(HPV) by adolescents is crucial, since infections with this virus have grown
considerably in this age group and may be associated with the appearance of lesions
percussoras cervical cancer. The school environment characterized by its
heterogeneity, where values, beliefs and customs mingle, constitutes an ideal place
to work on this. This study aimed to identify the level of knowledge of a group of
teenagers about sexually transmitted diseases, especially about HPV. The study was
conducted in a school located in the central district of Barreiro de Baixo, Belo
Horizonte-MG. We performed an activity containing objective questions on the
subject with 271 students in 1st, 2nd and 3rd year of high school, and 40.59% men
and 58.3% women. To assess the knowledge about the main route of transmission of
STD’s 89.3% of students had significant knowledge about the subject (p = 0.0002).
60.51% answered incorrectly on the STD that affects the world population more
sexually active (p <0.0001), 54.99% answered wrongly on methods of prevention of
HPV infection (p <0.0001) and 52.4% did not answered correctly on the methods of
primary prevention of cervical cancer (p <0.0001). From the results of this study
concluded that the participants demonstrated knowledge of the principal mode of
transmission of sexually transmitted diseases, but the questions prevalence,
prevention and treatment of HPV and cervical cancer knowledge were not
satisfactory.
Key Words: Human Papillomavirus. School environment. Cervical Cancer.
INTRODUÇÃO
Para a Organização Mundial de Saúde (1995) a adolescência pode ser
dividida em duas fases, a pré- adolescência que compreende dos 10 aos 14 anos, e
a adolescência propriamente dita, dos 15 aos 19 anos de idade. Este período é
marcado por grandes transformações, pois representa um elo entre a infância e a
maturidade, isto é, a idade adulta. Tais transformações como, mudança corporal,
maturidade sexual, alterações hormonais e mudanças psicoemocionais, os levam a
viver intensamente sua sexualidade (SALTO, 2001), contudo a maior parte destes
indivíduos não detém de conhecimentos necessários para uma vida sexual segura
(Silva et al., 2004). Estudos sobre a sexualidade humana têm recebido significativos
avanços a cada dia, entretanto este tema ainda é impregnado de preconceitos, mitos
3
e contradições, levando a sociedade a geralmente abordá-lo entre os adultos. Tal
atitude é extremamente prejudicial para o comportamento e desenvolvimento sexual
dos adolescentes (GIR, 2000).
A construção do ser humano tanto como ser social, como sexual é dada pela
família através dos valores e visão de mundo recebido por nossos pais, assim como
pela interação com a sociedade (BRUNS, 1995).
Neste contexto, a escola
representa um papel importante na formação do individuo, pois é o lugar onde o
adolescente permanece o maior tempo de seu dia e também por ser o lugar propicio
para se trabalhar competências, conhecimentos e mudanças de comportamentos
(CAMARGO; FERRARI, 2009), no entanto, há uma deficiência na educação sexual
nas principais instituições em que os adolescentes convivem, destacando a família e
a escola. Os diversos sentimentos que assolam esta faixa etária, como medo, culpa
e receio, os levam a procurar informações em fontes incapazes de ajudá-los ou até
mesmo inseguras (CAMARGO; FERRARI, 2009 apud LINS, 1988). Deste modo fazse necessário conhecer melhor os pensamentos, realidade e tabus no que diz a
respeito à sexualidade dos adolescentes, para que seja possível abordá-los de
maneira satisfatória, contribuindo assim de forma efetiva para seu desenvolvimento
e crescimento sexual saudável (CANO; FERRIANI, 2000).
O tema Educação Sexual em escolas públicas ainda é pouco abordado,
levando os alunos a pouco ou nenhum conhecimento sobre as formas de contagio,
prevenção e tratamentos sobre as doenças sexualmente transmissíveis, em especial
sobre o Papilomavírus Humano (HPV) (Cirino et al., 2010). O conhecimento sobre o
HPV na puberdade é de fundamental importância, visto que a infecção por este vírus
relacionado com o aparecimento de lesões percussoras do câncer cervical tem
aumentado de forma considerável nesta faixa etária (SILVEIRA; MALHEIRO, 2006).
O ambiente escolar caracterizado por sua heterogeneidade, onde valores,
crenças e costumes se misturam é o lugar ideal para se trabalhar sobre doenças
sexualmente transmissíveis junto aos adolescentes (CAMARGO; FERRARI, 2009).
Segundo Libâneo et al., (2005), para que educação promovida pela escola seja de
qualidade, a mesma deverá contemplar a todos, atendendo as necessidades
individuais de cada um. Desenvolvendo assim, capacidades cognitivas e afetivas
indispensáveis ao desenvolvimento social e individual de cada discente. A escola
não deverá cumprir apenas um papel informativo, mas também um efeito de
intervenção dentro do âmbito escolar (ALTMANN, 2001).
4
Desde 1998 os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) definiram o tema
Orientação Sexual como transversal, que deverá ser trabalhado junto aos alunos de
todos os ciclos de escolarização de forma interdisciplinar (BRASIL, 1998). A
inserção deste tema como transversal, foi motivada pela alta prevalência de gravidez
indesejada e doenças sexualmente transmissíveis entre os adolescentes. Além da
família a escola deverá assumir o papel de promover através de uma prática
educativa a saúde das crianças e adolescentes, com ações criticas e reflexivas
(BRASIL, 1998).
Mesmo sendo preconizado pelo PCN’s que a orientação sexual seja
trabalhada de forma interdisciplinar, em muitas instituições a realidade escolar é
muito diferente (SANTOS, 2011). A sexualidade humana constitui-se como um tema
mais inquietante e recusado dentro do universo prático do educador (Souza et
al.,1997). A orientação sexual abordada por grande parte das escolas restringe-se
apenas as aulas de ciências e biologia, onde as explicações concentram-se na
anatomia e fisiologia do corpo humano. Tal abordagem não desperta a curiosidade e
ansiedade das crianças e nem o interesse dos adolescentes, pois a ênfase é apenas
o corpo biológico, não abrangendo o contexto mais amplo do tema sexualidade
(BRASIL, 1997). A Educação sexual trabalhada nas escolas deverá abrir espaço
para discussões sobre sexo e sexualidade, onde as mudanças físicas e psíquicas
que ocorrem na adolescência deverão ser entendidas, garantindo assim maior
igualdade nas relações homens e mulheres. E consequentemente diminuir a
ocorrência de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada nesta
faixa etária (SCHERING, 2001).
Os Projetos Políticos Pedagógicos de três escolas do município de FormosaGO foram analisados por Santos (2011), onde foi notória a carência de ações
pedagógicas e planejamentos voltados para a educação sexual. Os alunos destas
instituições
quando
questionados
sobre
métodos
contraceptivos,
doenças
sexualmente transmissíveis e gravidez, demonstraram pouco conhecimento. Estes
resultados reafirmam a importância da escola como agente transformador de
conceitos, promovendo esclarecimentos que são de fundamental importância para
promoção da saúde dos adolescentes (SANTOS, 2011).
Segundo a Lei de Diretrizes e bases da Educação (BRASIL, 1996), as
instituições de ensino deverão elaborar e executar o projeto político pedagógico
juntamente com os docentes, e este deverá contemplar a realidade escolar, de
5
caráter especifico para cada escola, de acordo com a vivência cultural e social dos
discentes. Diante deste contexto é de suma importância que as escolas não apenas
incorporem em seus projetos pedagógicos, mas também na prática escolar os temas
transversais, em especial sobre sexualidade, pois tal tema não tem sido
contemplado de forma satisfatória na vida escolar. Levando os alunos a pouco
conhecimento para uma vida sexual segura, gerando sérios riscos a saúde dos
mesmos (Silva et al., 2004).
Em estudos realizados por Camargo; Ferrari (2009), em uma Escola Estadual
de Ensino Fundamental e Médio na região sul do município de Londrina (PR),
reafirmaram que os adolescentes no âmbito das políticas públicas de saúde
encontram-se como vulneráveis, devido ao fato de estarem em fase de grandes
transformações biológicas, sociais e psicologicas e também por considerarem que
os danos causados pelo sexo desprotegido “não irão acontecer com eles”. Outro
ponto notório neste estudo é que os adolescentes, quando questionados sobre as
doenças sexualmente transmissíveis, a DST mais citada foi o HIV, ficando evidente
a dificuldade de se mudar conceitos preestabelecidos, pela população e pela mídia
em geral, que ainda temem contrair o HIV. Continuando sem saber realmente as
verdadeiras formas de contrair outras DST existentes muito antes do surgimento da
AIDS, como por exemplo, o HPV.
Mais de cem cepas do HPV já foram descritas, porém apenas quarenta
infectam o trato genital, e os mesmos podem ser classificados de acordo com o seu
potencial oncogênico (INCA, 2007). Os chamados genótipos de baixo risco são os
que podem causar lesões benignas de baixo grau e verrugas genitais, sendo o HPV6 e HPV-11 os mais incidentes (DINIZ; FERREIRA, 2010). Os chamados de alto
risco são os que estão relacionados ao desenvolvimento de tumores cervicais, além
de outros tumores como o anogenitais e de cabeça e pescoço, são os HPV-16,
HPV- 18, HPV-31, HPV-33 e HPV-45 (DINIZ; FERREIRA, 2010). Segundo Bosch et
al., (1995), os vírus HPV-16 e HPV-18 são as cepas mais comumente associadas
aos tumores cervicais, somando 75% da incidência dos casos, sendo o HPV-16 o
mais frequente no Brasil e em outros países, como México e Estados Unidos. No
Brasil são cerca de 685 mil pessoas infectadas por este vírus.sendo a quarta doença
sexualmente transmissível mais comum tanto em homens como em mulheres
(CARVALHO, 2012). Embora existam outras formas de transmissão do HPV como
6
toalhas, roupas, sabonete, materno-fetal e instrumentos ginecológicos infectados, o
contato sexual desprotegido é o mais relevante (CARVALHO; OYAKAWA, 2000).
Os Papilomavírus são caracterizados pela sua morfologia isométrica e por
não possuírem envelope. São compostos por um capsídeo icosaedrico, e possui
DNA circular duplo, com aproximadamente 7900 pares de bases. O genoma desses
vírus é organizado em três regiões, a região precoce (E), a região tardia (L) e a
região reguladora (URR) (ICTV, 2004). As proteínas do capsídeo viral são
codificadas pelos genes L1 e L2 e as proteínas envolvidas na transformação e
replicação viral pelos genes E. As proteínas codificadas pelo gene E4 interagem
com
a
citoqueratina,
sendo
possivelmente
relacionadas
com
alterações
citoplasmáticas das células infectadas, levando ao aparecimento de coilócitos
(células epiteliais alteradas pelo vírus HPV). Já as proteínas responsáveis pela
transformação celular são codificadas pelos genes E5, E6 e E7, sendo as proteínas
E6 e E7 capazes de inativar proteínas p53 e proteínas do retinoblastoma (pRB),
respectivamente, que são supressoras tumorais (ICTV, 2004). Os vírus HPV são
classificados em três categorias de acordo com seu grau de malignidade, sendo de
baixo risco, potencialmente oncongênicos e de alto risco. A diferença entre os de
alto e baixo risco é relacionada com o papel transformante dos produtos
(oncoproteínas) dos genes E6 e E7. Nos genótipos de alto risco as proteínas
codificadas por estes genes (E6 e E7) ligam-se as proteínas reguladoras do ciclo
celular p53 e pRB, respectivamente, levando ao desbloqueio do ciclo celular e
consequentemente a instabilidade genética das célula infectadas. Tal instabilidade
induz o aparecimento do carcinoma por impedir a apoptose dessas células, levandoas a imortalização celular (Helt et al., 2002). Segundo Stoler (2003), os
Papilomavirus têm tropismo por mucosas e epitélios, estando frequentemente
presentes na mucosa cervico vaginal das mulheres. Neste local os mesmos podem
permanecer por períodos prolongados sem causar sintomas, ou desaparecerem em
decorrência da resposta imunitária individual.
O inicio precoce da vida sexual, o número de parceiros sexuais,
contraceptivos orais, outras doenças sexualmente transmissíveis, entre outros
fatores, contribuem significativamente para a história natural do câncer cervical (Ho
et al., 1995) . Uma grande parcela da população adolescente não é contemplada
pelos serviços de saúde, tornando-os mais susceptíveis a contrair DST’s. Tal fato
aliado à carência de conhecimentos pelos mesmos sobre estas doenças contribuem
7
ainda mais para a contaminação (BROOKMAN, 1990). Estudos realizados por
Mougin et al., (1998), apontam que mulheres que tiveram relações sexuais aos 16
anos de idade apresentaram risco dobrado de desenvolver câncer cervical, em
relação a mulheres que tiveram após os 20 anos de idade. A imaturidade fisiológica
devido à rápida mudança do epitélio cervical durante o período da puberdade reflete
em áreas de transformação onde o processo neoplásico inicia. As células
metaplásicas e colunares na ectocérvice têm maior preponderância nesta faixa
etária, tornando as adolescentes vulneráveis ao HPV e outras doenças sexualmente
transmissíveis. A proliferação do epitélio escamo colunar da ectocérvice bastante
evidenciado na puberdade é mais susceptível a infecções pelo Papilomavirus do que
o epitélio escamoso presente na cérvice uterina em pacientes mais maduras.
Ocasionando em maior risco para as adolescentes de adquirirem lesões HPV
induzidas (Martinez et al., 1988).
Estudos realizados durante o período de 1996 a 2001 pelo Instituto Adolfo
Lutz, com a revisão de 308.603 casos de câncer demonstraram que gradativamente
vem crescendo achados de atipias citológicas em esfregaços cervicovaginais, sendo
este aumento mais evidente entre as adolescentes, em comparação com mulheres
adultas (Longatto et al., 2003). Mesmo sendo tais achados em adolescentes mais
frequentes os de baixo grau, é possível que a lesão progrida para de alto grau e
carcinoma se não tratadas, principalmente se tais infecções são por cepas de HPV
de alto risco oncongênico (Walboomers et al., 1999).
Atualmente estão disponíveis no mercado duas vacinas profiláticas baseadas
em VLP (Virus Like Particles), a Gardasil (MSD) vacina quadrivalente recombinate
formada pelas proteínas L1 de cepas de HPV -6, -11, -16 e -18 e a Cervarix (GSB)
recombinante, formada também pelas proteínas L1 de cepas de HPV -16 e -18 E
devem ser tomadas entre 9 e 26 anos de idade. Tais vacinas têm sido bastante
eficientes na indução de anticorpos neutralizantes para os vírus, sendo a imunidade
adquirida especifica para os vírus que foram utilizados as VPL, contudo devido à
grande variabilidade natural, estas vacinas podem ter sua eficiência comprometida
(DINIZ; FERREIRA, 2010). Outra questão que vale salientar é que mulheres que
possuem lesões de alto grau ou tumores induzidos pelo papilomavírus não geram
partículas virais, não sendo deste modo beneficiadas pelas vacinas baseadas em
VLP. Os vírus ao penetrar nas células epiteliais integram ao genoma celular e deixa
de replicar (DINIZ; FERREIRA, 2010). As proteínas L têm suas sínteses totalmente
8
bloqueadas, mas a síntese de proteínas como a E6 e E7, que são oncoproteínas
continuam ativas, sendo necessário para estes casos a busca de vacinas
terapêuticas, que privilegiariam a indução de células T citotóxicas, levando ao
reconhecimento e morte de células infectadas. Vacinas terapêuticas ainda não estão
disponíveis no mercado, se encontram em fase de testes clínicos. Estas vacinas
apresentam um futuro promissor para o tratamento das lesões induzidas por HPV,
pois seu alvo são as oncoproteínas E6 e E7, expressas constitutivamente nas
células do carcinoma cervical (DINIZ; FERREIRA, 2010). A conscientização da
população feminina de que o controle, prevenção, diagnostico e também tratamento
das lesões pré-neoplásicas, além de ser de extrema importância, é a única
possibilidade para evitar a evolução para o câncer (ROCHA, 2008).
O diagnóstico da infecção por HPV pode ser realizado por algumas técnicas,
levando em consideração os dados da história, exames físicos e exames
complementares, onde é feita a pesquisa direta da presença do vírus ou
indiretamente através das alterações provocadas pelo mesmo nas células e no
tecido (NICOLAU, 2002). Dentre as técnicas utilizadas para o diagnostico, são
recomendadas o exame Papanicolaou, Inspeção com Ácido Acético a 5%,
Colposcopia e Peniscopia, Biópsia, Teste de Hibridização Molecular, Captura
Híbrida, Reação em Cadeia de Polimerase (PCR) e Hibridização in situ (NICOLAU,
2002).
O Ministério da Saúde Brasileiro desde 1998 preconiza a realização do exame
Papanicolaou na intenção de detectar precocemente o câncer cervical em mulheres
entre 25 e 59 anos que idade que já tiveram relação sexual (INCA, 2007). No
município de São Paulo das 404 mulheres que foram a óbito vitimas de neoplasia
maligna de câncer do colo do útero no ano de 2005, cerca de 2,7% apresentavam
idade entre 20 e 29 anos (MINISTÉRIO DA SAÚDE; DATASSUS, 2008). Sabendo
que o câncer cervical apresenta evolução lenta, pode-se inferir que muitas destas
jovens contraíram o vírus e desenvolveram o câncer ainda na adolescência (Cirino
et al.; 2010).
Entre o período de abril de 2003 a abril de 2004 foi realizado um
levantamento do número de casos de HPV no Laboratório de Patologia e
Citopatologia da Santa Casa de Misericórdia de Passos/ Minas Gerais. Foram
analisados 15.221 exames de Papanicolaou, onde 129 apresentavam casos
positivos, que foram classificados como lesão Classe II (HPV), HPV associado à
9
neoplasia intraepitelial cervical- NIC 1 (HPV + NIC 1) e NIC 1. Dentre os 129 casos,
todos que apresentavam lesão de Classe II (9 casos) apareceram na faixa etária de
14 a 19 anos, representando cerca de 44% (SILVEIRA; MALHEIRO, 2006). Os
resultados obtidos por este levantamento concordam com os estudos realizados por
de Beznos et al., (2000), que demonstraram que a infecção pelo papilomavírus
humano é mais comum a partir dos 15 anos de idade com prevalência máxima até
os 25 anos.
Diante destes dados apresentados é de suma importância que o exame de
Papanicolau para adolescentes que já iniciaram atividade sexual também faça parte
dos programas do Ministério da Saúde. Além de programas do Ministério da Saúde
para a realização de exames de Papanicolau para adolescentes, fazem-se
necessários investimentos no desenvolvimento de práticas de promoção a saúde, as
instituições de ensino, postos de saúde, a família, precisam oferecer suporte
adequado a estes adolescentes para que os mesmos possam conhecer as formas
de contagio, prevenção e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis, em
especial o HPV (CIRINO; CARMARGO, 2008).
Estudos realizados por Cirino et al., 2010 em uma Escola Pública do Distrito
Administrativo de Cidade Ademar, região Sul do município de São Paulo no período
de março a maio de 2008 com 134 adolescentes do sexo feminino com idade entre
14 e 19 anos revelaram que grande parte destas adolescentes não possui
conhecimento adequado sobre o câncer de colo uterino e meios de prevenção e
diagnostico. E mesmo aquelas que já tinham realizado o exame Papanicolaou
desconheciam o objetivo do mesmo quanto ao HPV. Demonstrando deste modo a
importância do professor no contexto escolar, da família e do profissional de saúde
como formadores de opiniões (Cirino et al., 2010).
Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi identificar o
conhecimento dos alunos do 1º, 2° e 3° anos do Ensino Médio de uma escola
pública de Belo Horizonte em relação às doenças sexualmente transmissíveis em
especial ao vírus do Papiloma Humano (HPV).
METODOLOGIA
O estudo foi realizado no ano de 2013 na escola Escola Estadual
Desembargador Rodrigues Campos, situada na Avenida Sinfrônio Brochado, 355
10
região central do bairro Barreiro de Baixo, Belo Horizonte – MG, em duas etapas. Na
primeira etapa foi realizado um estudo descritivo por meio de uma atividade
avaliativa contendo oito questões fechadas e de múltipla escolha, referentes à
transmissão e exemplos de doenças sexualmente transmissíveis, prevalência,
prevenção, diagnóstico e tratamentos para o HPV e o câncer cervical (apêndice 1).
A atividade avaliativa foi realizada com 271 alunos do 1°, 2° e 3° anos do Ensino
Médio. A segunda etapa constituiu na confecção de uma cartilha explicativa e
informativa elaborada com base nas questões propostas na atividade. Os resultados
foram tratados no programa Excel 2007 (Microsoft, USA) e analisados no programa
GraphPad Prism 5.0 (Graph Pad Software, Inc, USA). Algumas respostas foram
consideradas nulas por não terem sido respondidas ou por não corresponder ao
critério pré-estabelecido para a atividade, que consistia em escolher apenas uma
alternativa para cada questão proposta.
RESULTADOS
Do total de amostras analisadas, 110 (40,59%) eram do sexo masculino, 158
(58,3 %) eram do sexo feminino e 3 (1,11%) não preencherem a opção. A idade dos
discentes variou entre 14 e 20 anos de idade (Tabela 1).
Tabela 1. - Idade dos participantes da atividade avaliativa proposta no estudo.
Idade
14 anos
15 anos
16 anos
17 anos
18 anos
19 anos
20 anos
Nulas
Total
Número de
participantes
7
52
80
96
22
5
1
8
271
%
2,59
19,19
29,52
35,42
8,12
1,85
0,37
2,94
100,00
Ao avaliar o conhecimento dos alunos sobre a principal via de transmissão
das doenças sexualmente transmissíveis, 89,3 % dos participantes apresentaram
conhecimento significativo sobre o assunto (p=0.0002) (Fig. 1). Os alunos também
demonstraram conhecimento para distinguir DST’s de não DST’s, 84,5%
11
conseguiram
discernir
corretamente,
entretanto,
14,39%
responderam
incorretamente e 1,11% foram nulas (p<0.0001).
Porcentagem (%)
100
89,3%
Sexo vaginal/oral/anal
desprotegido
De mãe para filho durante a
gravidez
80
60
Roupas íntimas contaminadas
40
Contato com a ferida
20
4,06%
2,95%
2,21%
0
Nulas
1,48%
Figura 1. – Conhecimento sobre a principal via de transmissão das DST’s.
Quando avaliado o conhecimento sobre o aumento do contagio pelas DST’s
na puberdade, assim como a DST viral que mais acomete a população mundial
sexualmente ativa 60,51% dos participantes responderam HIV (p< 0, 0001) (Fig. 2).
80
Porcentagem (%)
60,51%
HIV
60
Hepatites
40
Papilomavírus Humano (HPV)
18,45%
20
Herpes Genital
15,5%
Nulas
4,06%
1,48%
0
Figura 2. - DST viral que mais acomete a população mundial sexualmente ativa.
No que diz a respeito à prevalência geral da infecção pelo HPV relacionado
diretamente com o surgimento do Câncer Cervical, 47, 60% alunos escolheram a
opção
correta,
5,16%
foram
nulas
e
os
demais
(47,24%)
responderam
incorretamente (p=0.0007). Ao avaliar o conhecimento dos alunos em relação a
métodos de prevenção da infecção pelo HPV (Fig. 3), assim como a prevenção
12
primária
do
câncer
cervical
(Fig.
4),
54,99%
participantes
responderam
incorretamente sobre os métodos de prevenção da infecção pelo HPV (p<0, 0001) e
52,4% também responderam incorretamente sobre os métodos de prevenção
primários do câncer cervical (p<0, 0001).
50
Porcentagem (%)
42,80%
Uso preservativos
40
Programas prevenção á saúde
30
20
20,30%
Vacinas profiláticas
19,56%
15,13%
Uso pílulas anticoncepcionais
10
2,21%
Nulas
0
Figura 3. – Métodos de prevenção da infecção pelo HPV.
Porcentagem (%)
50
46,86%
40
Controle infecção pelo HPV
30
Diagnóstico lesões
pré neoplásicas
26,94%
Tratamento lesões
pré neoplásicas
20
13,28%
12,18%
Controle tabagismo
10
0
Nulas
0,74%
Figura 4. – Forma de prevenção primária do câncer cervical.
Ao serem questionados sobre como é realizado o diagnóstico da infecção
pelo HPV e qual é a técnica mais utilizada nos dias atuais, 134 alunos (49,45%)
optaram pela opção correta, o Exame de Papanicolaou (p=0.0031). E sobre os
principais tratamentos para o Câncer Cervical apenas 37,27% adolescentes
13
responderam a questão certa que é Cirurgia/ Radioterapia/ Quimioterapia e Terapia
Biológica (p=0.0001).
A partir da análise dos resultados, foi construído um material didático
pedagógico, uma cartilha (apêndice 2).
Discussão
Neste estudo, foi possível verificar que os adolescentes conhecem as
principais formas de transmissão das DST’s (Fig. 1). No entanto, a incidência de
DST’s durante a puberdade tem aumentado concomitantemente, em função do
aumento da atividade sexual nesta faixa etária (Roye et al.,1992). Estima-se que em
adolescentes e mulheres jovens a prevalência para a maior parte das doenças
sexualmente transmissíveis apresente os mais altos índices, e como consequência
os achados citológicos com anormalidades nesta faixa etária tem sido bastante
encontrados (Roye et al.,1992; CARVALHO; OYAKAWA, 2000). Os participantes
deste estudo também souberam distinguir DST’s de não DST’s, pois 84,5%
responderam corretamente.
Em relação a DST que mais acomete a população mundial sexualmente ativa,
verificou-se que os adolescentes acreditam ser o HIV (Fig. 2), contudo segundo
Richardson et al., (2005) e Carvalho (2012) a infecção pelo Papilomavirus é a DST
viral que mais acomete a população mundial sexualmente ativa. Alguns estudos
demonstram que cerca de 15% das mulheres apresentam evidência molecular e
mais de 50% apresentam anticorpos Anti-HPV, que são indícios de contagio
passado (Richardson et al., 2005). Os resultados encontrados no presente estudo
corroboram com os obtidos por Camargo; Ferrari (2009), onde a DST mais citada
pelos adolescentes de uma Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio foi o
HIV. Acredita-se que tal resultado é devido à ênfase que o Ministério da Saúde e a
mídia dão ao HIV/AIDS, principalmente em campanhas pré carnavais, contudo é de
fundamental importância que seja também abordado nestas campanhas outras
DST’s, em especial o HPV, que atualmente é a DST mais incidente na população
mundial (CAMARGO; FERRARI, 2009).
Em relação à prevalência geral de infecção pelo HPV relacionado diretamente
com o surgimento do câncer cervical os participantes deste estudo demonstraram
conhecimento, entretanto, um alto índice de indivíduos (37,27%) associaram o
14
contagio do HIV com o aparecimento de verrugas genitais, que é um conceito
errôneo. Segundo Diniz; Ferreira (2010), o aparecimento de verrugas genitais está
associado ao contagio com vírus HPV de baixo risco, que causam lesões benignas
de baixo grau e verrugas genitais. No que diz respeito ao conhecimento em relação
a métodos de prevenção da infecção pelo HPV a maioria dos discentes não
souberam responder corretamente (Fig. 3), pois muitos consideraram que o uso de
preservativos, programas de prevenção à saúde e vacinas profiláticas não são
métodos de prevenção da infecção pelo HPV. E também em relação à prevenção
primária do câncer cervical eles responderam incorretamente, pois consideraram
que o controle da infecção viral pelo HPV, diagnóstico e tratamento das lesões
neoplásicas não se constituem como formas de prevenção (Fig. 4). Contudo,
Segundo Franco et al., (2001) A prevenção primária do câncer cervical pode ser
alcançada através do controle da infecção viral pelo papilomavirus, diagnóstico e
tratamento das lesões pré neoplásicas. No entanto, algumas estratégias podem ser
efetivas na prevenção desta infecção viral, como programas de promoção à saúde
na intenção de mudar o comportamento sexual dos adolescentes com ênfase em
doenças sexualmente transmissíveis, uso de preservativo e vacinas profiláticas, são
exemplos (Franco et al., 2001; DINIZ; FERREIRA, 2010).
Quando abordados em relação ao conhecimento do diagnóstico da infecção
pelo HPV e a técnica mais utilizadas nos dias atuais os alunos demonstraram
conhecer, 49,44% responderam corretamente, o Exame de Papanicolaou. O exame
citopatológico (Papanicolaou) constitui-se atualmente como uma ferramenta
fundamental no controle do câncer cervical. Enquanto no Brasil o percentual de
cobertura pelo exame da população feminina de 25 a 59 anos de idade, a cada cinco
anos é 5%, nos países desenvolvidos a cobertura é de 50% (Netto et al., 2002).
Neste exame é coletado material das regiões ectocervical e endocervical, sendo
feito posteriormente um esfregaço e coloração por Hematoxilina-eosina (HE) destes
materiais, onde é possível detectar alterações celulares ocasionadas pela presença
do vírus HPV (Schneider et al., 1987). Em relação aos principais tratamentos para o
câncer cervical, 61,25% não souberam responder corretamente. De acordo com
SILVA (2008), os tratamentos mais utilizados para o câncer cervical são a cirurgia e
radioterapia, em alguns casos são também utilizadas quimioterapia e terapia
biológica. O tipo especifico de tratamento que cada paciente recebe é de acordo
15
com o estágio da doença, idade, tamanho do tumor, desejo de ter filhos no futuro,
entre outros.
O êxito no tratamento do carcinoma do colo uterino está diretamente
relacionado com a qualidade do exame citológico, dos intervalos entre os
procedimentos, da cobertura da população feminina pelos programas de prevenção,
do encaminhamento de mulheres com alterações nos exames citopatológicos,
rastreamento e acompanhamento eficiente das pacientes diagnosticadas. Nos
países desenvolvidos onde os Exames de Papanicolaou aliado com os programas
educativos e um bom direcionamento dos casos diagnosticados tiveram um
decréscimo de 70% na mortalidade de mulheres acometidas por esta patologia
(CUZICK, 2001).
Conclusão
A partir dos resultados obtidos neste estudo conclui-se que os participantes
demonstraram conhecimento sobre a principal forma de transmissão das doenças
sexualmente transmissíveis, porém nos quesitos prevalência, prevenção e
tratamentos do HPV e do câncer cervical o conhecimento não foi satisfatório.
Contudo, faz-se necessário a realização de práticas educativas pela escola e
pelos órgãos de saúde a fim de ampliar o conhecimento dos indivíduos sobre as
DST’s em especial sobre o HPV, que é a infecção mais prevalente na população
mundial sexualmente ativa.
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20
APENDICES
Apendice 1- Atividade avaliativa
NOME:
SÉRIE:
1) Qual é a principal via de transmissão das DST’s?
a- Sexo vaginal/oral/anal desprotegido;
b- De mãe para filho durante a gravidez;
c- Roupas íntimas contaminadas;
d- Contato com a ferida;
2) Dentre as doenças citadas abaixo todas são DST’s, exceto:
a- Sífilis;
b- Gonorréia;
c- HPV;
d- Leishmaniose Visceral;
3) Atualmente o inicio da vida sexual na puberdade têm sido cada vez mais precoce,
aumentando assim o risco de contagio pelas DST’s. Alguns estudos demonstram que a
infecção pelo__________________________ é a DST viral que mais acomete a população
mundial sexualmente ativa.
a- HIV;
b- Hepatites;
c- Papilomavirus Humano (HPV);
d- Herpes Genital;
4) Em vários países a prevalência geral de infecção pelo _________________ estão
diretamente relacionados com o surgimento de ____________________________.
a- HPV, câncer cervical;
b- HIV, verrugas genitais;
c- H1N1, febre amarela;
d- Toxoplasma gondi, tuberculose;
5) A prevenção da infecção pelo HPV pode ser alcançada por alguns métodos, exceto:
a- Uso de preservativos;
b- Programas de prevenção à saúde;
c- Vacinas profiláticas;
d- Uso de pílulas anticoncepcionais;
6) A prevenção primária do câncer cervical pode ser alcançada através de, exceto:
a- Controle da infecção viral pelo papilomavirus humano (HPV);
b- Diagnóstico das lesões pré-neoplásicas;
c- Tratamento das lesões pré- neoplásicas;
d- Controle do tabagismo;
7) O diagnóstico da infecção pelo vírus HPV são realizados por algumas técnicas, dentre elas a
mais utilizada é:
a- Exame Papanicolaou;
b- Biópsia;
c- Inspeção com ácido acético a 5%;
d- PCR;
8) Os tratamentos mais utilizados para o câncer cervical são:
a- Cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapia biológica;
b- Quimioterapia, radioterapia e reposição hormonal;
c- Cirurgia, reposição hormonal e terapia biológica;
d- Terapia biológica, reposição hormonal e cirurgia;
21
Apendice 2- Cartilha explicativa
E AGORA JOSÉ?
Está na hora de ficar de Olho
aberto!
Conheça mais sobre as Doenças Sexualmente Transmissíveis,
principalmente o HPV e
PROTEJA-SE!!!
22
A incidência de doenças sexualmente transmissíveis na adolescência tem
aumentado significativamente, em função do aumento da atividade sexual
desprotegida nesta faixa etária. Algumas DST’s como, as hepatites, a gonorréia, a
sífilis e a AIDS, são frequentemente abordadas pelos profissionais de saúde e pela
mídia em geral, mas o HPV que é uma DST bem antiga que surgiu antes mesmo da
AIDS merece também uma atenção especial.
Você sabe o que é o HPV? E o que a infecção por esta DST
pode causar?
O HPV (papilomavírus humano) é um vírus que tem afinidade por epitélios e
quando estabelecidos dentro das células podem levar ao surgimento de um câncer.
Várias cepas deste vírus já foram descritas, e as mesmas podem ser classificadas
de acordo com seu potencial oncongênico, isto é, seu poder de causar um câncer.
Os de baixo risco como HPV-6 e o HPV-11 podem causar lesões benignas e
verrugas genitais, os de alto risco como o HPV- 16 e o HPV-18 são os responsáveis
pelo surgimento de tumores cervicais (câncer colo do útero), anogenitais (ânus e
genitálias) e de cabeça e pescoço.
Você sabia???...
No Brasil são cerca de 685 mil pessoas infectadas por este vírus, sendo a
quarta doença sexualmente transmissível mais comum tanto em homens como em
mulheres, superando a AIDS! Embora existam outras formas de transmissão do HPV
como toalhas, roupas, sabonetes, materno fetal e instrumentos ginecológicos
infectados, o contato sexual desprotegido é o mais relevante.
Prevenção, diagnóstico e tratamento para o câncer
cervical
A prevenção primária do câncer cervical (câncer colo de útero) pode ser
alcançada pelo controle da infecção viral pelo HPV, diagnóstico e tratamento das
lesões pré cancerígenas. Atualmente estão disponíveis no mercado duas vacinas
profiláticas contra os principais HPV’s causadores de câncer, e devem ser tomadas
entre 9 e 26 anos de idade. Contudo tais vacinas têm sua eficácia comprometida
23
devido à grande variabilidade natural destes vírus. Sendo assim, o uso de
preservativo durante as relações sexuais é o método mais eficaz e seguro para se
proteger.
O diagnóstico da infecção por HPV é realizado por algumas técnicas, para as
mulheres o exame de Papanicolaou é o mais utilizado, atualmente ele é uma
ferramenta fundamental no controle do câncer cervical, sendo possível detectar
alterações celulares ocasionadas pela presença do vírus. Para os homens é
utilizado o exame de Peniscopia.
Os tratamentos mais utilizados para o câncer cervical são a cirurgia e a
radioterapia. Em alguns casos também são utilizadas a quimioterapia e a terapia
biológica. O tipo específico de tratamento que cada paciente recebe é de acordo
com o estágio da doença, idade, tamanho do tumor, desejo de ter filhos no futuro,
entre outros.
Atentem-se....
Alguns estudos demonstram que a infecção pelo Papilomavirus humano é
mais comum a partir dos 15 anos de idade, com prevalência máxima até os 25 anos
de idade.
Prevenir é o melhor remédio!!!
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