NEOPLASIAS MALIGNAS DE GLÂNDULAS SALIVARES – ESTUDO

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NEOPLASIAS MALIGNAS DE GLÂNDULAS SALIVARES – ESTUDO
RETROSPECTIVO DE 10 ANOS EM UM HOSPITAL DE TERESINA-PI.
Thaís de Alencar Araripe (discente do Programa PIBIC - UFPI), Profª. Draª Simone Souza
Lobão Veras Barros (Orientadora, Depto. De Patologia e Clínica Odontológica – UFPI)
INTRODUÇÃO: As glândulas salivares são órgãos responsáveis pela produção de saliva, essenciais
para o paladar, mastigação, deglutição e digestão. Tumores das glândulas salivares consistem de um
grupo de lesões heterogêneas com complexas características clínico-patológicas e comportamento
biológico distinto, que correspondem a cerca de 3% a 10% das neoplasias da região de cabeça e
pescoço. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a incidência anual global, dos
tumores de glândulas salivares varia de 0,4 a 13,5 casos por 100000 habitantes. Estudos de várias
regiões do mundo mostraram diferenças na incidência e frequência de tipos de tumor, indicando uma
variação geográfica na distribuição destas neoplasias. (NEVILLE el al, 2009 As estatísticas, de
acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), mostram que 95% dos nódulos palpáveis da
glândula parótida são de origem tumoral, sendo esta glândula a mais frequentemente acometida. O
palato é o sítio mais comum dos tumores de glândulas salivares menores. Aproximadamente 25%
dos tumores da parótida, 50% dos tumores da submandibular, 81% dos tumores das glândulas
salivares menores são malignos. (INCA, 2002) Na literatura científica, não há estudos sobe a
incidência de neoplasias de glândulas salivares na nossa população. Assim esse estudo teve objetivo
de investigar os casos de neoplasias malignas de glândulas salivares registrados em um hospital de
referência para o tratamento de câncer em Teresina – PI, de janeiro de 2005 à junho de 2015.
MATERIAL E MÉTODO: No presente trabalho foi realizada uma investigação nos protuários dos
pacientes que buscaram o Hospital São Marcos (HSM) na cidade de Teresina, Piauí, Brasil, no
período de janeiro de 2005 a junho de 2015. O estudo foi conduzido de acordo com as normas da
resolução 466/2012 e Declaração de Helsinque e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Piauí UFPI (parecer 12225713.0.0000.5214). A amostra foi constituída de
todos os casos de neoplasias malignas de glândulas salivares, registrados nos arquivos do Serviço
de Anatomia Patológica do HSM, no período de interesse. Em uma ficha previamente elaborada,
foram coletados os seguintes dados: perfil do paciente: idade, gênero, cor, tabagismo e etilismo;
características da lesão: localização, tipo histológico, estágio, graduação, tamanho, recidiva e
metástase. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram identificados 125 casos de neoplasias malignas
de glândulas salivares no HSM no período de 10 anos. Desse total, 59 (47,2%) correspondiam a
homens, 65 (52%) eram mulheres e 1 (0,8%) não continha informação. Esse resultado está de acordo
com outros estudos, mostrando uma leve predileção pelo sexo feminino (DRIVAS et al, 2007;
MOREIRA et al, 2009; MORAIS et al, 2011). A literatura que mostra as neoplasias de glândulas
salivares abrangem uma grande faixa etária. Nesse estudo, a quinta e sexta década de vida foram as
mais afetadas, diferente do que foi apontado por MOREIRA et al (2009) no qual as idades mais
afetadas foram na terceira e quarta década. Quanto à cor da pele, cor branca foi a de menor
incidência (16 casos), parda e negra tiveram números parecidos: 52 e 54 casos respectivamente. Isso
está de acordo com NEVILLE et al (2009)que relatam não haver preferência de cor para essas
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neoplasias. Quanto aos hábitos,como o tabagismo e etilismo, não foram bem relatados. Apenas 43
dos 125 prontuários avaliados continham a informação sobre a presença ou ausência destes vícios,
dos quais 23 pacientes relataram não ter nenhum hábito, 13 afirmaram ser ex-fumantes, 4
informaram o hábito tabagista e 3 se declararam ex-etilistas. Geograficamente os pacientes atendidos
pelo hospital, eram em sua maioria do interior ou de outros estados, (Maranhão e Pará). Dos 125
pacientes, 55 (44%) eram do interior do estado, 41 (32,8%) eram de Teresina e 29 (23,3%) de outros
estados. Quanto à localização da lesão, a glândula parótida foi a mais afetada com 87 (69,8%) casos
de neoplasias, seguida pela glândula submandibular com 32 (25,6%) casos, 2 (1,6%) na glândula
sublingual e 4 (3,2%) não especificados. Isso corrobora com os estudos de MOREIRA et al (2009),
FONSECA et al (2012), INCA (2002) que mostra a glândula parótica como sítio mais acometido,
porem discorda do estudo feito na China por TIAN et al (2010) que revelou as glândulas salivares
menores como a região mais afetada. O tipo histológico mais prevalente foi o carcinoma
mucoepidermoide, com 31(24,8%) casos, em seguida o adenocarcinoma com 25 (20%) dos casos, o
carcinoma adenoide cístico com 17 (13,6%) e o tumor misto com 1 caso. No estudo feito por
FONCECA et al (2012) apontou uma prevalência do carcinoma mucoepidermoide com 30,7%,
seguido do adenocarcinoma 33,6%, corroborando com a presente pesquisa. Porém discorda
BARBOSA et al (2005) que encontrou uma maior quantidade carcinoma adenoide cístico 58,5%,
seguido
pelo
adenocarcinoma
24,1%
e
apenas
3,4%
dos
casos
eram
de
carcinoma
mucoepidermoide. Essa variabilidade entre estudos reforça a necessidade de mais pesquisas na
área, para a elucidação de fatores que possam contribuir para uma maior ou menor incidência de
cada subtipo histológico.O estágio nos diz o quão avançada está a neoplasia, quanto maior o estágio,
mais é a gravidade da patologia. No estágio IV, o de maior prevalência nessa pesquisa com 51
(40,8%) casos, a massa tumoral está com mais de quatro centímetros de diâmetro, com envolvimento
de músculos, base da língua ou pele, o prognóstico para 10 anos varia de 20 a 30%, (SANTOS et al,
2012). Esse alto índice de estágio quatro, mostra que a população do estudo procurou serviço de
saúde apenas quando a lesão já estava avançada, na maioria dos casos. A graduação está
relacionada com a diferenciação do tumor. O em baixo grau, ou grau 1, as células estão bem
diferenciadas, se assemelhando às células das glândulas salivares, crescem lentamente e
respondem bem ao tratamento. Nesse estudo foram relatados 24 (19.2%) casos de tumores em grau
1. No alto grau, ou grau 3, se diferem
bastante das células normais, crescem e disseminam
rapidamente, tendo um prognóstico menos favorável. Foram relatados 21 (16,8%)casos de tumores
com grau 3 nos prontuários avaliados. Nos prontuários avaliados o tratamento mais escolhido foi o
radioterápico, como terapia única (em 53 casos ou 42,4%) ou associado à quimioterapia (em 43
casos ou 34,4%). A escolha apenas pela quimioterapia foi eleita apenas em 4 (3,2%) dos casos e 25
prontuários não continham informações sobre o tratamento. A radioterapia é um tratamento no qual
se utilizam radiações para destruir um tumor ou impedir que suas células aumentem, pode ser usada
em combinação com a quimioterapia ou outros recursos usados no tratamento dos tumores (INCA,
2002).A taxa de mortalidade foi de 11,2% (14 casos), estando associada à alta graduação, (10 dos
pacientes tinham grau 3) ao estágio do tumor, (9 dos pacientes estavam com a lesão em estágio IV e
5 estavam no estagio III). CONCLUSÃO: Pelos dados analisados pode-se concluir que as neoplasias
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malignas de glândulas salivares ocorreram especialmente em mulheres negras ou pardas, com mais
de 50 anos de idade. A parótida foi a glândula salivar mais afetada e o carcinoma mucoepidermóide o
tipo histológico mais prevalente. Em grande parte dos casos, as neoplasias se encontravam em
estágio avançado, indicando um diagnóstico tardio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Drivas EI, Skoulakis CE, Symvoulakism EK, Bizaki AG, Lachanas VA, Bizakis JG. Pattern of
parotid gland tumors on Crete, Greece: a retrospective study of 131 cases.
Med Sci
Monit,13(3):CR136-40; 2007.
2. BARBOSA, R. P.S. et al. Neoplasias Malignas de Glândulas Salivares – Estudo
Retrospectivo. Revista Odonto Ciência – Fac Odonto/PUCRS, v. 20, n. 50, p 261 à 266,
out/dez 2005.
3. FONSECA, F.P. et al. Clinicalpathologic Analisis Of 493 Cases Of Salivary Gland Tumors in
Southen Braslian Population. Oral and Maxillofacial Patology, v. 114, nº12; ago, 2012.
4. INCA – Instituto Nacional do Câncer. Tumores das Glândulas Salivares – Condutas do INCA.
Rev. Cancirologia, 548 (1), 9-12, 2002.
5. MORAIS, M. L. S. A; et al. Clinicopathological Study of Salivary Gland Tumors: an
Assessment of 303 Patients. Cadernos de Saúde Pública, Vol 27, Iss 5, Pp 1035-1040; 2011
6. MOREIRA, A. R. O; et al. Levantamenyo Epidemiológico das Enfermidades de Glândulas
Salivares em São Luis – MA – Casuística de vinte anos. Revista da Faculdade de
Odontologia, v. 14, n. 2, p. 105-110, maio/agosto 2009
7. NEVILLE, B. W, et al. Patologia Oral e Maxilofacial. Cap. 11. Ed. 3ª Editora Elsevier. Rio de
Janeiro, 2009.
8. SANTOS, T. S.; et al. Carcinoma Mucoepidermoide, Relato de Caso. Rev Port Estomatol Med
Dent Cir Maxilofac. 2012;53:29-33.
9. TIAN, Z. et al. Salivary Gland Neoplasms in Oral and Maxilofacial Region: a 23 Year
Retrospective Study of 6982 Cases in a Lastern Chinise Population. International Association
of Oral and Maxillofacial Surgeons. Publicado por Elsevier Lts, 2010.
Palavras Chaves: Glândula Salivar, Neoplasia Maligna, Câncer;
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