Trabalho

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ESTUDO SOBRE OS EFEITOS DO DIABETES
MELLITUS SOBRE A MORFOLOGIA DO
MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO
Ardilles Juan Carlos Alves dos Santos1, Eva Luana Almeida da Silva2 e Vitor Caiaffo Brito3.
Introdução
O corpo, como um todo, é composto por um número de sistemas cujas partes estão relacionadas umas às outras. Cada
sistema é composto de partes ou tecidos semelhantes e participa na realização de funções particulares (Gray, 1977).
Segundo Dangelo & Fattini (2008), os sistemas que compõem o organismo podem ser classificados como: Sistema
tegumentar; sistema esquelético, compreendendo o estudo dos ossos, cartilagens e das conexões entre os ossos; sistema
muscular; sistema nervoso; sistema circulatório; sistema respiratório; sistema digestório; sistema urinário; sistema
genital masculino e feminino; sistema endócrino; sistema sensorial.
Os músculos são estruturas que movem os segmentos do corpo por encurtamento da distância que existe entre suas
extremidades fixas, ou seja, por contração das fibras musculares (Dangelo & Fattini 2008).
O estudo científico dos músculos é conhecido como Miologia. Em nosso corpo podemos encontrar três tipos de
tecido muscular: esquelético, cardíaco e liso. Embora os três compartilhem algumas propriedades em comum, diferem
entre si na anatomia microscópica, na localização e no controle exercido pelos sistemas endócrino e nervoso ( Tortora,
2007).
O tecido muscular esquelético é assim chamado porque a função da maioria dos músculos esqueléticos é movimentar
o esqueleto. O tecido muscular esquelético é denominado estriado, porque faisac escuras e claras alternadas são visíveis
quando ele é analisado no nível microscópico, esse é um tipo de tecido mescular que atua de forma voluntária, ou seja,
sua atividade é realizada de forma consciente (Tortora, 2007).
O músculo esquelético dos mamíferos pode ser geralmente classificados em dois grandes grupos, de contração lenta e
de contração rápida, com base nas suas propriedades intrínsecas contráteis, que são em parte determinada pela sua
expressão dos perfis de miosina de cadeia pesada (MCP) (Pette, 1990; Schiaffino, 1996).
O músculo estriado esquelético é um tecido dinâmico e possui características peculiares de adaptação morfológica,
metabólica e funcional frente aos mais variados estímulos (Pette, 2000). Esse tecido é constituído por células
especializadas, as fibras musculares, que são alongadas e multinucleadas e os núcleos estão localizados na região
periférica da fibra, abaixo da membrana plasmática. As fibras musculares estão imersas em uma matriz extracelular rica
em carboidratos e proteínas, que constituem o tecido conjuntivo do músculo. Esse tecido está organizado em três
bainhas distintas: o epimísio, que circunda todo o músculo; o perimísio, que divide o músculo em fascículos e o
endomísio, que circunda cada fibra muscular (Craig, 1994; Sanes, 1994).
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença sistêmica que surge quando a liberação de insulina a partir de células betapancreáticas deixa de manter os níveis de glicose no sangue nas condições normais (D’aleo et al. 2010). Esta doença
consiste num distúrbio do metabolismo de proteínas, carboidratos e gorduras devido à deficiência funcional da insulina,
que pode ser caracterizada por uma elevação da glicemia no jejum. Este metabolismo anormal acarreta em
hiperglicemia, resultando em um elevado risco de complicações visuais, renais e neurológicas (Nathan, 2009).
O DM inclui um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia, resultante de defeitos na secreção
de insulina e/ou em sua ação (The expert committee on the diagnosis and classification of diabetes melittus, 1997).
Ahiperglicemia crônica está associada a dano, disfunção e falência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos,
coração e vasos sanguíneos (Uk prospective diabetes study (ukpds) group, 1998).
Desse modo o presente trabalho teve por objetivo revisar na literatura as principais alterações sofridas pelo músculo
estriado esquelético pela ação do (DM).
Materiais e Métodos
Este estudo foi realizado através de um levantamento bibliográfico sobre a temática dos efeitos do diabetes melittus
sobre a morfologia do músculo estriado esquelético de portadores dessa síndrome através de uma pesquisa nas bases de
dados Scielo, Pubmed e Medline, utilizando os termos diabetes, morfologia e músculo estriado esquelético. Também
foram utilizados livros de histologia e anatomia humana e das áreas de saúde que fazem uma abordagem sobre esta
temática.
______________
1.Discente do curso de Bacharelado em Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois
Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. E-mail: [email protected]
2.Discente do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Monitora de Biofísica do Departemento de Morfologia e Fisiologia Animal,
Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900.
3. Professor Adjunto I do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, Área de Anatomia Humana, Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900.
Resultados e discussão
O DM é responsável por inúmeras complicações vasculares que comprometem a sobrevida dos pacientes (Alvin et al.,
2004). Complicações musculoesqueléticas também são encontradas e, embora menos valorizadas que as vasculares,
comprometem de maneira importante a qualidade de vida de seu portador (Savas et a.l, 2007).
Em pacientes diabéticos são descritas várias síndromes osteomusculares, entre elas, podemos citar: a sídrome das mãos
rígida, dedos de gatilho, capsulite do ombro, periartrite calcificada do ombro, síndrome do túnel do carpo e infarto
muscular (Lebiedz-Odrobina & Kay 2010) .
Em resposta a um aumento do nível de glicose no sangue, as células que constituem o músculo esquelético
apresentam diversas complicações, atrofia das fibras musculares, interrupção e modificação na estruturação das LinhasZ e anormalidades morfológicas nas mitocôndrias dessas células. Estudos sugerem que a redução da força e do número
de células é ocasionado pela atrofia das fibras musculares do tipo I, enquanto as fibras de contração rápida (tipo II)
sofrem uma atrofia mais severa que a do tipo I (Krause et al., 2011). Sendo as fibras tipo II responsáveis por produzir
mais força pela atividade da ATPase das Miosinas vai haver uma diminuição da velocidade da contração muscular
levando a uma perda de produção de força ao nível do músculo inteiro (Snow, 2006) . Por fim concluiu-se que as
alterações nas células do músculo esquelético decorrentes (DM) se dão ao nível funcional e molecular, apresentando
efeitos diversos desde diminuição do número de células até alterações moleculares de seus constituintes estruturais.
Agradecimentos
Agradecemos aos que fazem parte do Departamento de Fisiologia e Morfologia Animal (DMFA) e ao Profº. Vitor
Caiaffo Brito pela colaboração e esclarecimento sobre o assunto abordado, ajudando-nos a repassar o conteúdo de uma
maneira mais simples e objetiva.
Referências
Gray, H. Gray Anatomia. 29ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977.
Dangelo, J.G.; Fattini, C.A. Anatomia Humana Básica. São Paulo: Atheneu, 2008.
Tortora, G.J. Princípios de anatomia humana. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
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in
vivo.
Pathobiology.
v.73,
p.244-251,
2006.
Figura 1. Mudanças de hábitos alimentares como pré-disposição para desenvolver o diabetes.
Figura 2. Mecanismo de ligação entre a ação do pâncreas endócrino e o músculo estriado esquelético.
Figura 3. Ultra estrutura do músculo estriado esquelético.
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