Ética, Informática e Sociedade Roteiro de aula Prof. Dr. Cristiano de Jesus Conteúdo Programático ● Introdução – ● Ética no curso de Sistemas de Informação → motivações e desafios – Filosofia ● ● ● ● Ética – – ● Ética e moralidade Histórico ● Pré-história ● Antiguidade ● Idade média ● ● Era moderna Era pós-moderna ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● Sócrates Platão Aristóteles Estoicismo e Epicurismo Agostinho e Tomás de Aquino Maquiavel Lutero e Calvino Bodin e Hobbes John Loke Rousseau Mandeville, Hume e Adam Smith Kant Hegel Marx Gandhi Escola de Frankfurt Conteúdo Programático – Teorias Éticas ● ● ● ● ● ● ● Ontologia Deontologia Utilitarismo Axiologia Personalismo Hedonismo Relativismo – Conceitos fundamentais ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● Verdade Justiça Amor Liberdade Igualdade Segurança Solidariedade Determinismo Fatalismo Absolutismo Dogmatismo Positivismo Pragmatismo ● ● ● ● ● ● ● Dever Valor Norma Princípio Regra Autonomia Dignidade Conteúdo Programático ● Ética e computação ● Ética nos negócios – Conduta profissional – Cconcorrência (Trust) – Ética na pesquisa científica – Ética na propaganda – Privacidade – Boatos (Vapoware) – Propriedade intelectual – Fraudes – Segurança (hacking) – Espionagem – Spam – Responsabilidade social – Tópicos especiais – Stakeholders, consumidores e comunidade ● Tecnologia adaptativa ● Inclusão digital – Conflito de interesses ● Inteligência artificial – Meio ambiente ● Engenharia de software Conteúdo Programático ● Informática e sociedade – Racionalidade tecnológica – Neutralidade política da tecnologia e da ciência – Crise da razão – Julgamento crítico – Ideologia e cultura – Linguagem – Teoria crítica na computação 1. Introdução: Ética no curso de Sistemas de Informação ● Modelos de formação profissional – No homem e no desenvolvimento de sua qualidade de vida – Na aplicação produtiva da ciência e da tecnologia com vistas à acumulação de capital (mercado) Mercado é uma entidade “possível” e não “necessária” como muitas vezes se pensa. 1. Introdução: Ética no curso de Sistemas de Informação ● Barreiras a serem superadas – Fragmentação dos saberes; – Individualização das responsabilidades sociais; – Indiferença pelo outro; – Relativização dos conceitos; – Redução do valor simbólico da razão; – Liberação dos instintos e apetites; – Mercantilização dos prazeres – Utilitarismo. 2. Conceitos fundamentais: diferença entre ética e moral ● Ética → grego → Ethos → caráter ● Moral → latim → Mores → costumes ● ● O comportamento ético se dá por convicção a partir de um código construído racionalmente. O comportamento moral se dá por costume, tradição, obediência a normas religiosas, etc. 2. Conceitos fundamentais: diferença entre ética e moral ● Exemplos – Comportamento ético: para Sartre (1905-1980) cometer assassinato é errado pois como vivemos em sociedade, um comportamento hostil pode suscitar reações semelhantes contra nós mesmos. – Comportamento moral: assassinar é errado porque é contras as leis de deus. Deus é o único que pode tirar a vida de uma pessoa. – Obediência civil: eu não cometo assassinato porque é crime previsto em Lei. O infrator pode ficar detido de 10 a 30 anos. 2. Conceitos fundamentais: diferença entre ética e moral ● ● ● ● O sujeito ético se constrói diante do dilema. A ética não vale tanto pelo resultado, mas pelo questionamento. O conceito de ética está ligado a forma como uma decisão foi tomada e não ao resultado da decisão. Muitas vezes as leis são criadas para promover um progresso ético mas nem sempre apenas isso basta. 2. Conceitos fundamentais: diferença entre ética e moral Moral Ética Comportamento Teoria, ciência Sistema fechado de normas Questionamento ou teoria aberta Religioso, confessional Secular, pluralista Conservador Prospectivo, aberto 3. Campos da ética ● ● ● Ética normativa → fundamentação filosófica sobre os padrões do correto e do incorreto, do bom e do mau, com respeito ao carácter e à conduta; Ética aplicada → aplicação da ética em áreas como bioética, sexualidade, negócios, profissões, meio ambiente, contexto sociopolítico, comunicação, etc; Ética social ou religiosa → corpo de doutrina que diz respeito ao o que é correto e incorreto, bom e mau, relativamente ao carácter e à conduta. É semelhante à ética normativa filosófica mas difere dela porque não pretende ser estabelecida unicamente com base na investigação racional; 3. Campos da ética ● ● Ética descritiva: estudo a partir do exterior de um sistema de crenças e práticas de um grupo social; Metaética: – também conhecida como ética analítica – investigação filosófica dos conceitos, proposições e sistemas de crenças éticos: correto, incorreto, bom, mau, responsabilidade moral, virtude, direitos, etc – epistemologia moral: modo como a verdade ética pode ser conhecida (se é que o pode) – ontologia moral: a questão de saber se há uma realidade moral que corresponde às nossas crenças e outras atitudes morais. As questões de saber se a moral é subjetiva ou objetiva, relativa ou absoluta, e em que sentido o é. 4. Histórico ● Pré-história (coletivismo) → antes de 3200 a.C. – moral → assegurar a concordância sobre os interesses coletivos e fortalecer os laços que unem os membros da comunidades; – bom → tudo que contribui para reforçar a união ou a atividade comum. Ex: coragem, solidariedade, disciplina; – mau → tudo o que contribui para debilitar ou minar a união, o isolamento, a dispersão dos esforços. Ex: covardia, egoísmo, preguiça, etc. 4. Histórico ● Antiguidade (sociedade escravista) entre 3200 a.C. e 476 d.C – populações de áreas conquistadas eram escravizadas – Aristóteles opinava que uns homens são livres e outros escravos por natureza, e que esta distinção é justa e útil. – A moral ateniense está intimamente relacionada com a política como técnica de dirigir e organizar as relações entre os membros da comunidade sobre bases racionais. 4. Histórico ● Filosofia antiga: – Sofistas → relativismo ou subjetivismo. Protágoras: "O homem é a medida de todas as coisas". Relativismo → É a rejeição do conceito de verdades absolutas e invariáveis. Sócrates → defende uma moral universal. "Conhece-te a ti mesmo" – “Uma vida não examinada não vale a pena ser vivida” - o essencial a todos é a alma racional. É por meio da razão que se deve fundamentar as normas e os costumes morais (ética racionalista). Por isso quem age mal, o faz por ignorância do que é bem e do que é a essência humana. Ele fazia os atenienses se perguntarem o sentido dos costumes e sobre os atributos do caráter. Seu ponto de partida é a consciência do agente moral. Ele inaugura o conceito de sujeito ético ou moral. ● – 4. Histórico – Platão: o corpo por ter sede de desejos e paixões muitas vezes desvia o homem de seu caminho para o bem, defende a necessidade de purificação do mundo material sensível para enfim ser capaz de galgar a Idéia de Bem. "Toda virtude é conhecimento”. – Aristóteles: o fim último do homem é a felicidade e ela está na razão, na verdade. Agir corretamente seria praticar virtudes: a virtude moral é o meio-termo entre dois vícios (excesso e deficiência). – Tanto para Platão como para Aristóteles, a ética é um campo da política. “É necessário admitir, em princípio, que as ações honestas e virtuosas, e não apenas a vida comum, são a finalidade da sociedade política.” Aristóteles 4. Histórico – Estoicismo e epicurismo: buscam a realização moral do indivíduo fora dos contornos da vida política ● ● ética estóica (Zenão de Cítio) → autocontrole individual, atitude de aceitação de tudo que acontece, porque tudo faz parte de um plano superior guiado por uma razão universal que a tudo abrange. “O sentido da vida consiste estar de acordo com a natureza”; ética epicurista (Epicuro) → Defendia que o bem não era qualquer prazer, mas os prazeres devidamente selecionados. Há aqui uma hierarquia do prazer. Os epicuristas consideravam superiores, por exemplo, os prazeres naturais em vez dos artificiais. O supremo prazer era o prazer intelectual, que se obtinha mediante o domínio das paixões pela razão. "O prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz". 4. Histórico ● Idade média (feudalismo/aristocracia/camponeses servos) – entre 476 d.C e 1453 – Todos eram sujeitos à autoridade do senhor feudal: homens livres das cidades (artesãos, pequenos industriais, comerciantes, etc.) e servos (camponeses que pertencem ao senhor feudal) – A Igreja era o instrumento do senhor supremo 4. Histórico ● Filosofia medieval: – Os filósofos cristãos reconfigurou elementos da filosofia grega na concepção cristã. – A purificação da alma sugerida por Platão foi retomada por Agostinho na idéia de elevação ascética para compreender os desígnios de Deus. Também a imortalidade da alma é retomada sob a perspectiva cristã, pois no reino de Deus visa a eternidade. “Ama, e faça o que quiseres”. Os atos humanos serão bons ou maus conforme o for o objeto do seu amor. O mal é a ausência de Deus e o bem Sua presença. – A moral é relação do indivíduo com Deus e não tem relação com a condição social e cultural. 4. Histórico – Tomás de Aquino retomou a idéia de felicidade da ética aristotélica, pontificou que Deus era fonte dessa felicidade. – “Se a felicidade humana é o fim da nossa atividade, ela só pode ser alcançada por meio de nossos atos. Esses atos nos levam, direta ou indiretamente, ao fim almejado. E a razão é o meio de que dispõe o homem para alcançar esse fim.” – Liberdade (grego) <> livre-arbítrio (cristianismo) – É no mau uso do livre-arbítrio que estaria a origem de todo o mal. 4. Histórico ● Era moderna (Renascimento / Iluminismo) – entre 1453 e 1789 – – – – – – – – – Formada pela burguesia (possuidora do meios de produção - manufaturas e fábricas) e operários (que vendem a força de trabalho) As condições morais não podem alterar a necessidade objetiva do sistema econômico Renascimento → retomada de valores gregos (antropocentrismo) Iluminismo → valorização das ciências Reforma (Lutero e Calvino) Jean Bodin → elaboração do conceito de soberania Thomas Hobbes → nova organização política John Locke → liberdades individuais e propriedade privada como fundamentos da ordem política Rousseau → contrato social 4. Histórico ● Filosofia moderna – Renascimento ● ● Com o Renascimento houve uma retomada do humanismo que voltou a reflexão ética para a autonomia humana. Maquiavel rompe com toda e qualquer subordinação da política a sistemas morais que não consideram a especificidade da ação política. Não contesta a moral cristã, mas apenas a considera incompatível com a Política. “O homem que tenta ser bom o tempo todo está fadado à ruína entre os inúmeros outros que não são bons.” 4. Histórico ● ● ● A política, para Maquiavel, não está isenta de deveres, mas os critérios para estipula-los não podem ser diferentes da sua finalidade, que é a preservação do bem comum e da ordem pública traduzidos pela conquista e manutenção do poder. O agente político não dispõe de um anteparo moral absoluto. Ao se defrontar constantemente com a incerteza, a instabilidade e a mutação não pode recorrer a um conjunto de regras fixas. Ele precisa ajustar sua ação às circunstâncias, pautando-se pelos aspectos objetivos reais do mundo da experiência e não por critérios de valor que expressam o plano do ideal. A necessidade orienta e justifica sua ação 4. Histórico – Iluminismo ● ● No Iluminismo (Revolução Francesa) os filósofos passam a defender que a moral deve ser fundamentada não em valores religiosos e sim na compreensão sobre a natureza humana. Mandeville, Hume e Adam Smith → utilitarismo e razão de mercado (separação da ética e economia) – Utilitarismo → Agir sempre de forma a produzir a maior quantidade de bem-estar (Princípio do bem-estar máximo). Visa apenas as consequências, os fins. 4. Histórico ● Kant – não somos apenas seres morais mas também seres naturais. Nosso corpo e nossa psique são feitos de apetites, impulsos, desejos e paixões. A natureza nos impele a agir por interesse. Por isso precisamos instituir racionalmente fins e normas para orientar a conduta. Não se trata de imposição mas do exercício da liberdade conferida pela razão em criar voluntariamente o dever. 4. Histórico – – – Quando o querer e o dever coincidem, somos seres morais, pois a virtude é a força da vontade para cumprir o dever. O dever é um imperativo categórico, isto é, não é uma motivação psicológica, mas uma lei moral interior. Com base no imperativo categórico Kant cria suas máximas morais: ● Age como se a máxima de tua ação devesse ser erigida por tua vontade em lei universal da natureza → universalidade da conduta ética ● Age tal maneira que trate a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre como um fim e nunca como um meio → dignidade ● Age como se a máxima de tua ação devesse servir de lei universal para todos os seres racionais → reino humano de seres morais porque racionais 4. Histórico ● Era pós-moderna (contemporânea) – a partir de 1789 – métodos de trabalho científicos e racionalizados; – surgimento da classe média: individualismo, utilitarismo, consumo; – empresas oferecem incentivos materiais para aumentar a coesão; – fragmentação das esferas da vida e da cultura: direito, moral, religião, política, sistema judiciário, família, escola – fragmentação das ciências e das profissões – revolução tecnológica – revolução social: movimento dos direitos civis – secularização da reflexão sobre a vida e a morte 4. Histórico ● Filosofia contemporânea – Hegel → critica Kant, pois considera a moral como mera questão pessoal, íntima e subjetiva, na qual o sujeito tem que se decidir entre suas inclinações e sua razão. “A vida ética é o acordo e a harmonia entre a vontade subjetiva e a vontade objetiva cultural”. Assim a moralidade assume conteúdos diferenciados ao longo da história das sociedades humanas, e a vontade individual seria apenas um dos elementos da vida ética de uma sociedade em seu conjunto. – Marx → crítica radical a sociedade burguesa e o anúncio da libertação do homem – a moral é reflexo estrutura socioeconômica. – Gandhi ● ● ● ausência do medo (ahimsa) quando basta? → crítica radical ao capitalismo (consumo) autosuficiência 4. Histórico – Kierkegaard foi um crítico de Hegel, enfatizando a subjetividade como algo irredutível à sistematização racional. Além de inspirar a corrente existencialista, tal filósofo influenciou a psicanálise. A concepção ética passou a enxergar à ação moral ao reconhecer a existência de uma esfera inconsciente que determina, em grande parte, as ações humanas. A recusa ao absolutismo da razão e o reconhecimento do aspecto irracional presente no homem. 4. Histórico – Nietzsche ● ● ● ● ● criticou o racionalismo ético que era repressor bem como sua moral racionalista que entrava o pleno desenvolvimento da liberdade. é mordaz crítico da moralidade cristã-ocidental e a identifica com a moral dos rebanhos. As noções de pecado, de culpa e inferno são apenas formas de dominação de força vital individual. Culpa e ressentimento são sentimento inseparáveis da moral judaica-cristã pois esta é repressora de impulsos ativos próprios do ser humano. Como esses impulsos não somem é inevitável o conflito entre esses valores e nossa “vontade de potência”. Com isso o homem abre mão da sua capacidade de criar novos valores e assim de se recriar. Questionamento da própria moral como elemento regulador da vida social. Para ser feliz, o homem precisa afirmar sua potência de vida. Quando essa é reprimida, ele leva uma existência submissa, apenas reativa. Sentimentos como culpa e ressentimento decorrem de valores estabelecidos pelo homem reativo. 4. Histórico – Sartre → estamos condenados à liberdade. Quando julgamos ser coagido por forças externas maior do que nossa vontade, cabe a nós escolher se cederemos ou não. Trata-se de uma decisão livre. Assim, como ser livre, o homem não deve apegar-se a códigos morais instituídos mas sim criar suas próprias leis (Engajamento). – Sigmund Freud também reconheceu o aspecto repressivo da moral, mas não questionou a necessidade da moral como instância reguladora, pois sem esta, a própria civilização humana estaria em grave risco. 4. Histórico – Os filósofos da Escola de Frankfurt (Horckheimer, Adorno, Benjamin, Marcuse, Habermas) propõem-se a recuperar a razão não repressora, mas comprometida com a vida e a emancipação humanas. 4. Histórico ● Desafios éticos da era pós-moderna – preservar e promover o sentido da ética ● ● ● em um mundo dominado pelo consumismo, retomar a reflexão sobre a relação entre o ser e o ter em um contexto utilitarista, promover o sentido da pessoa em um mundo egocêntrico, contrabalancear a ênfase posta no indivíduo mediante um retorno à solidariedade 5. Teorias Éticas Corrente Ontológica Corrente Deontológica Corrente Utilitarista Epicuro, Maquiavel, Adam Smith, Jeremy Bentham, John Stuart Mil Corrente Axiológica Corrente Personalista Scheler, Marx, Nietzsche, Agostinho Referência Platão, Aristóteles Kant Ponto de partida o fim, o objetivo, isto é, felicidade a boa vontade, isto é, a autonomia a democracia os valores as pessoas concretas Dinamismo agir por virtude interna por dever por interesse, utilidade por atração o projeto nas consequências o ser humano as prevê ou inventaria determinada pelo sujeito em relação com as coisas determinada pelo sujeito a partir dos elementos estruturantes das pessoas consequência efetivas a apropriação pessoal dos valores o engajamento nesse processo moral segundo as circunstâncias e as consequências imoral imoral porque implica um desprezo pelo outro moral segundo as consequências jamais é moral jamais é moral porque viola a dignidade da pessoa existe nas coisas Moralidade (intrínseca) o ser humano a descobre Fatores de moralidade intenção natureza do ato circunstancias: tempo, lugar, pessoas, consequências previsíveis, etc. Exemplo: a mentira sempre imoral porque contrária à verdade do real Exemplo: a tortura jamais é moral porque se proíbe fazer o mal na universalização o ser humano a estabelece intenção natureza do ato circunstancias: tempo, lugar, pessoas, consequências previsíveis, etc. sempre imoral porque sua aceitação geral tomaria a sociedade impossível jamais é moral porque é uma regra não universalizável 6. Conceitos fundamentais ● ● ● ● ● ● Absolutismo → Teoria de que a verdade é absoluta e universal. Altruísmo → É o princípio de viver e de agir pelo interesse de outros ao invés de si próprio. Ascetismo → É a doutrina de que a negação do mundo físico em favor do espírito é o maior bem atingível. Amor → amor é aspiração ao belo e ao bom, isto é, ao absoluto. Liberta do sofrimento e do desejo e conduz a alma ao banquete divino (Platão). Autonomia → Um agente é autônomo quando as suas ações são autodeterminadas. Segundo Kant é a característica de uma vontade que cumpre o dever, não sendo condicionada por qualquer inclinação sensível (interesses, temores, desejos). Causalismo → doutrina que afirma que tudo o que acontece, quer no mundo físico quer no mundo humano, tem uma causa. 6. Conceitos fundamentais ● ● ● ● Ceticismo → É a doutrina de que nada pode ser conhecido com certeza. Criticismo → É a teoria de que o caminho para o conhecimento situa-se entre o dogmatismo e o ceticismo. Determinismo → doutrina segundo a qual nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem sempre os mesmos efeitos. Envolve a ideia de repetição, igualdade entre causas correspondendo a uma igualdade de efeitos. Esse conceito não exclui o livre-arbítrio – embora certos efeitos estejam determinados por certas causas, é necessário a escolha de provocar esses efeitos. Dever → obrigação de fazer ou deixar de fazer alguma coisa, imposta por lei, pela moral, pelos usos e costumes ou pela própria consciência. 6. Conceitos fundamentais ● ● ● ● Dignidade → segundo Kant, tudo aquilo que tem preço pode ser substituído por outra coisa, a título de equivalente, pelo contrário, o que é superior a todo preço, o que, por conseguinte, não admite equivalente é o que tem uma dignidade. Dogmatismo → Os dogmas expressam verdades certas, indubitáveis e não sujeitas a qualquer tipo de revisão ou crítica. Existencialismo → É a doutrina de que o ser humano e os valores humanos são facções inevitáveis, e que é má fé negar nossa liberdade, mesmo em um universo determinado. Fatalismo → considera serem o mundo e os acontecimentos produzidos de modo irrevogável pois presume-se que uma ordem cósmica preside a vida quotidiana. É uma doutrina que afirma que todos os acontecimentos ocorrem de acordo com um destino fixo e inexorável, não controlado ou influenciado pela vontade humana. 6. Conceitos fundamentais ● ● ● ● ● ● Hedonismo => É a doutrina de que o “prazer” é o “bem maior”. Humanismo => É qualquer sistema que considere os interesses e a mente humanos como o que é mais importante no universo. Idealismo => É qualquer sistema que considere o pensamento ou as idéias como base do conhecimento ou da existência. Justiça → a constante e perpétua vontade de conceder o direito a si próprio e aos outros, segundo a igualdade; o respeito que há em cada um de dar a cada um o que é seu. Liberdade → Capacidade de poder agir por si mesmo, com autodeterminação, independentemente de toda a coerção exterior. Máximas → não são normas absolutas, a priori, atemporais, são retiradas da experiência dos praticantes, indicam o que, em geral, é preferível. 6. Conceitos fundamentais ● ● ● ● Norma → razões ou motivos para agir, para acreditar ou para sentir. Elas prescrevem maneiras de ser ao mundo. Normas são conjuntos de regras definidas de acordo com o seu valor. Positivismo → É a doutrina de que não existe conhecimento além da ciência. Pragmatismo → descrença no fatalismo, e a certeza de que só a ação humana, movida pela inteligência e pela energia, pode alterar os limites da condição humana. Atribui ênfase às consequências, utilidade e sentido prático como componentes vitais da verdade. Deve-se considerar como verdadeiro aquilo que mais contribui para o bem estar da humanidade em geral, tomando como referência o mais longo prazo possível. Princípio → É aquilo, donde, de algum modo, uma coisa procede quanto ao ser, ao acontecer ou ao conhecer. 6. Conceitos fundamentais ● ● ● É a rejeição do conceito de verdades absolutas e invariáveis. Valor → valor é uma maneira de ser ou de agir que uma pessoa ou uma colectividade reconhecem como ideal e faz com que os seres ou as condutas aos quais é atribuído sejam desejáveis ou estimável. – Valor subjetivo → desejável – Valor objetivo → universal Verdade → igualdade ou conformidade entre a inteligência (conhecimento intelectual) e o ser. 7. Pensamento Crítico ● Agumentação → justificar a conclusão – Raciocínio → inferência que envolve premissas e uma conclusão. ● Dedutivo → As premissas sustentam a conclusão. – – – ● Premissa 1: Tom é um ser humano. Premissa 2: Todos os seres humanos têm cérebro. Premissa 3: Tom tem cérebro. Indutivo → As premissas servem apenas apoio racional. O objetivo é realizar generalizações. – – – – Pêssego 1 possui 1 caroço. Pêssego 2 possui 1 caroço. Pêssego 3 possui 1 caroço. Conclusão: Todos os pêssegos possuem 1 caroço. 7. Pensamento Crítico ● Falácia → raciocínio correto mas argumentação errada. – Falácia relativista → “Isso pode ser falso pra você mas pra mim é verdade”; – Falácia do jogador → “Como um raio caiu sobre a minha casa, há menos chance de isso voltar a acontecer”; – Apelo à autoridade → Uso da ciência, celebridades, etc, para vender uma suposta “verdade”; – Falácia post hoc (por causa) → identificação de falsas causas. Ex: pé de coelho, cor de camisa, números da sorte, etc; – Falso dilema → Ou A ou B. Não A. Logo B (ou uma coisa ou outra), no entanto muitas vezes há mais possibilidades de escolha. Ex: Ou invadimos o país ou ele domina o mundo. – Afirmação do consequente → Se A é verdade, B deve se seguir. B é verdade, logo A. Ex: Se a energia estiver desligada, a luz não se acenderá. A luz não se acende. Logo a energia está desligada. 2 a cada 3 pessoas cometem esse erro. 7. Pensamento Crítico ● Falácias – Falácia genética → “O pai de Fred era nazista, logo ele também deve ser” – Falácia do mascarado → “O Super-homem é alguém que Lois Lane julga poder voar. Clark Kent não é alguém que Lois Lane julga poder jovar. Logo o Superhomem não é Clark Kent”. – Falácia da rampa escorregadia → “Legalizar a maconha seria só o começo. Num piscar de olhos, o governo estará legalizando a heroína e a cocaína também”. – Pseudoprofundidade → tática usada por gurus, dizer o óbvio com afetação: “A vida é muitas vezes uma forma de morte ...”, “Todos queremos ser amados”, etc. – Contra-exemplos → “o que é uma cadeira?”, “um objeto feito para servir de assento” - a questão não é simples de responder como se julga. É fácil dar contra exemplos: “mas um banco de praça também serve de acento”. 7. Pensamento crítico ● Falácias – Semelhanças de família → “o que é arte?” é uma pergunta que pressupõe existir uma qualidade comum a todo tipo de arte. – Graus de razoabilidade ● Extremamente razoável → as laranjas estão na mesa porque as vi; ● Muito razoável → elétrons existem, embora não possamos vê-los; ● ● ● – Bastante razoável → dado o tamanho do universo é plausível crer na existência de extra-terrestres; Bastante insensato → Elvis não morreu. O homem nunca esteve na lua (teorias da conspiração) Extremamente insensato → Elfos e fadas são reais. Erros categoriais → Quem é você? Sou o Cristiano. (somos apenas um nome?) 7. Pensamento crítico ● Ética → pensar criticamente. – Quais são as premissas e as conclusões? – Qual é o nível de razoabilidade? – Qual o nível de ambiguidade? O processador de 1.3ghz vai executar mais rapidamente um programa do que um processador de 2 ghz. – Quais são os conflitos? – O que são evidências e o que são suposições? – Quais são as hipóteses rivais? – Qual a confiabilidade do raciocínio estatístico? – Qual a relevância das analogias? – Há informações omitidas? – Quais são meus valores e preferências? 8. Ética e computação ● Questões envolvidas nesse estudo – Códigos de ética para a tomada de decisões – Segurança da informação – Negócios – Responsabilidade profissional no desenvolvimento de software – Denúncia – Propriedade intelectual – Uso de recursos naturais pela indústria da computação – Carreira 8. Ética e computação ● Profissão – Declaração pública. – Solenidade na qual alguém se liga por votos a uma ordem religiosa. 8. Ética e computação ● Ética profissional – ● “Ética profissional é um conjunto de normas de conduta que deverão ser postas em prática no exercício de qualquer profissão.” Códigos de Ética – “Um Código de Ética é um acordo explicito entre os membros de um grupo social. E deve descrever um modelo de conduta para seus mebros.” 8. Ética e computação ● Ética profissional – Relação entre o profissional de TI e seus clientes – Relação entre o profissional de TI e a sociedade – Relação entre os profissionais de TI – Relação entre funcionários no local de trabalho – Uso do conhecimento técnico 8. Ética e computação ● Tratar todo micro como se fosse o seu próprio: com respeito e transparência; ● Tratar todos os dados como se fossem seus: todo sigilo é pouco; ● Tratar todos os clientes com educação e respeito; ● Respeitar a individualidade do cliente; ● Fazer o melhor de si para resolver o problema; ● Nunca julgar o cliente, mas indicar (sutilmente) as falhas; ● ● ● Preconceito (Conceito abrangente, que pode envolver vários itens subjetivos, inclusive referentes a futebol e religião); Espionagem Industrial (caso o técnico use as "Informações Privilegiadas" para auferir ganhos, ou permitir que outrem obtenha ganhos com a informação); Conivência (cúmplice) com "Pirataria". 8. Ética e computação ● ● Evitar danos a terceiros; Conhecer e respeitar as leis existentes, relativas ao trabalho profissional; ● Respeitar a privacidade de terceiros; ● Ser honesto e digno de confiança; ● Articular a responsabilidade social de membros de uma organização e encorajar a aceitação completa das suas responsabilidades. 8. Ética e computação ● Estudos de Caso – Continental Can (Connecticut): criou um campo no cadastro de funcionários que informava quando ela estava para se aposentar. Durante toda a década de 80 esse mecanismo permaneceu atividade. A empresa foi julgada e precisou pagar US$445 milhões; – Logisticon (Empresa de Software): implantação de um mecanismo em um sistema de informação que interrompe o seu funcionamento. Devido a uma divergência comercial, uma empresa de cosméticos (Revlon) ficou três dias sem poder vender seus produtos. Prejuízos de milhões de dólares e centenas de funcionários demitidos. 8. Ética e computação ● Desenvolvimento de software – Caixa-dois – Falhas premeditadas para geração de suporte ● Vírus ● Ataques ● Propriedade Intelectual ● Privacidade ● Tecnologia Adaptativa 8. Ética e computação ● Níveis da Necessidade de Privacidade – Nível Físico → segurança física – Nível Psicológico → comportamento, opressão – Nível Sociológico → domesticação, controle do comportamento – Nível Econômico → experimentos, inovações – Nível Político → liberdade de expressão, democracia – Nível Filosófico → dignidade, integridade, autonomia e auto-determinação 8. Ética e computação ● Ética na Internet – Disfunção no comportamento (condicionamento pela Interface) – Anonimato X Privacidade – Net Porn – Spam – Cookies – Censura 9. Ética Empresarial ● A atividade empresarial é eticamente fundada e orientada, quando se cria emprego, se proporciona habitação, alimentação, vestuário e educação, detendo os bens como quem os administra. Para muitos outros será a lei natural que diz que ninguém pode ser feliz/rico no meio de infelizes/pobres. ● Ética na propaganda ● Meio Ambiente ● Concorrência 10. Tecnologia e Sociedade ● Tecnoestrutura → contra-revolução: – Dominação dos recursos e técnicas; – Aumento de bens de consumo e de serviços – Formas mais eficazes e mais agradáveis de controle social e coesão social; – Liberdade confortável, suave, razoável e democrática ao mesmo passo que suprime a individualidade por meio da mecanização de desempenhos socialmente necessários (superimpostas). 10. Tecnologia e Sociedade ● Tecnoestrutura → contra-revolução: – Racionalidade lógico-matemática: é mais fácil para o indivíduo ser levado por um processo, lidar com o previsível, em vez de enfrentar a complexidade das reações naturais próprias que surgem a partir de um posicionamento crítico; – O peso das questões econômicas: unificação, simplificação, eliminação de desperdícios; – Dever do Estado: criar condições favoráveis a civilização industrial (Estado Beligerante e do Bem-Estar Social). 10. Tecnologia e Sociedade ● Kant: “É muito confortável ser um menor. Se eu tenho um livro que pensa por mim, um pastor que age como se fosse minha consciência, um físico que prescreve a minha dieta e assim sucessivamente, não tenho então necessidade de empenhar-me por conta própria. Se eu posso pagar, não tenho necessidade de pensar” (KANT, 1974). 10. Tecnologia e Sociedade ● Tecnoestrutura → contra-revolução – Universo de administração no qual as depressões são controladas e os conflitos estabilizados; – O sujeito se transforma em objeto de organização e coordenação em larga escala e o avanço individual passa significar “eficiência padronizada”; Hábitos emocionais fixos ● padrões de reação → previsibilidade ● Padrões de comportamento ● Normas de eficiência competitiva ● “eficiência submissa” - transformação da “força crítica” em “força de ajuste” ● 10. Tecnologia e Sociedade ● Tecnoestrutura → contra-revolução – Isso estimulou o materialismo, o hedonismo e a luta das ciências modernas contra a opressão espiritualista – Não há motivo para buscar o desenvolvimento de uma razão autônoma se a vida humana é moldada por exigências técnicas. O que importa nessa realidade é garantir sua segurança e a ordem. Poder herdado e treinamento profissionalizante; ● Nível de importância de cada especialização para a sociedade é medido de acordo com seus préstimos econômicos. ● 10. Tecnologia e Sociedade ● Tecnoestrutura → contra-revolução – Transformação da racionalidade individual para a racionalidade tecnológica → Lado irracional da racionalidade tecnológica; – Tecnologia assume o papel de agente moral: a consciência é absolvida por espoliação, pela necessidade geral de coisas; – Pensamento e comportamento “expressam uma falsa consciência, reagindo à preservação de uma falsa ordem dos fatos”; – Isso condiciona a atitude e a consciência do indivíduo proporcionando uma certa “integração social e cultural”; 10. Tecnologia e Sociedade ● Tecnoestrutura → contra-revolução – A padronização cultural vinda do processo tecnológico não oferece chance a criatividade e a originalidade 10. Tecnologia e Sociedade ● Neutralidade política da tecnologia e da ciência – Piaget: relação objeto e sujeito ● ● – As abstrações não proveem apenas do objeto (o sujeito não teria qualquer mérito do conhecimento). As abstrações não proveem apenas do sujeito (o sujeito não é cognição pura, é também um sujeito moral). Husserl ● A matematização da natureza possui resultado prático válido mas reporta-se a uma prática pré-científica: envolve uma experiência concreta específica que, embora tenha caráter desinteressado, possui um contexto prático que tem um propósito (escolha). 10. Tecnologia e Sociedade ● Crise da razão – Negação da constante transformação do mundo e das pessoas → busca obsessiva pela padronização e massificação; – Negação do caos (acaso) → busca obsessiva pela ordem e previsibilidade (segurança); – Eliminação do pensamento negativo (julgamento crítico) → tudo passa ter uma explicação lógica-matemática, inclusive a guerra 10. Tecnologia e Sociedade ● Crise da Razão – Conversão do “Princípio do Prazer” para o “Princípio da Realidade” (Freud) ● ● ● ● ● Satisfação imediata → Satisfação adiada; Prazer → Restrição do prazer; Atividade lúdica → Esforço do trabalho; Receptividade → Produtividade; Liberdade → Segurança. 10. Tecnologia e Sociedade ● Linguagem – Razão crítica: a palavra nunca consegue abarcar todo o conhecimento que envolve o objeto concreto (pois está sempre em transformação) → contextualização; – Razão tecnológica: conceituação excessiva. As palavras são autovalidadoras → por exemplo, termos como Nação, Partido, Constituição, Corporação, Igreja definem aquilo que elas identificam (espoliação) – Razão tecnológica → razão unidimensional → operacionalismo 10. Tecnologia e Sociedade ● Teoria Crítica da Computação – A realidade deve ser racional: a organização da vida individual e em sociedade deve partir de uma idéia construída racionalmente sobre o que a humanidade quer para si mesma; – O sujeito é um sujeito histórico-social (examina alternativas, projeta consequências e realiza escolhas) e não o sujeito do mundo do dinheiro e da mercadoria, um mero trabalhador “abstrato” (massificação) 10. Tecnologia e Sociedade ● Teoria Crítica da Computação – “o julgamento de que a vida humana vale a pena ser vivida, ou, melhor, pode ser ou deve ser tornada digna de se viver”; – “o julgamento de que, em determinada sociedade, existem possibilidades específicas de melhorar a vida humana e modos e meios específicos de realizar essas possibilidades. [...] Teoria social é teoria histórica, e história é a esfera da possibilidade na esfera da necessidade”.