1 Prof. Waldir Carreirão Filho ANATOMIA DA BOCA A boca é dividida em 2 segmentos: Vestíbulo oral Cavidade oral propriamente dita VESTÍBULO ORAL – corresponde ao espaço situado entre os lábios e externamente, e os dentes e gengiva internamente. a mucosa jugal Como elemento anatômico importante temos o ducto excretório da glândula salivar parótida Canal de Stenson que desemboca na mucosa jugal ao nível do segundo molar superior. CAVIDADE BUCAL PROPRIAMENTE DITA –comunica-se posteriormente com o ístimo das fauces (bordo livre do palato mole e o pilar anterior da loja amigdaliana) O teto da cavidade bucal é formado pelo palato mole e palato duro. O assoalho da cavidade bucal é preenchido pela língua que possui na sua porção inferior uma prega mediana chamada frênulo lingual com desembocadura em seu lado do canal de Wharton que é o ducto excretorio da glândula salivar submandibular. A cavidade bucal é preenchida por um órgão eminentemente muscular , a língua. A inervação motora da língua é dada pelo nervo hipoglosso. A inervaçao sensitiva da língua: 2/3 anteriores - nervo facial(corda do tímpano) 1/3 posterior - nervo glossofaringeo As papilas gustativas da língua são de três tipos: FILIFORMES – mais numerosas e disseminadas pelo dorso oral da língua FUNGIFORMES – localizadas na ponta e bordas da língua CALICIFORMES – em forma de V invertido localizadas na parte posterior da língua 2 3 ANATOMIA DA FARINGE A faringe é a porção do tubo digestivo situada posteriormente às cavidades nasais, boca e laringe, anteriormente à coluna cervical e inferiormente à base do crânio (apófise basilar, corpo do occipital e corpo do esfenóide). É um tubo musculomembranoso que se estende da face inferior do crânio até o nível da cartilagem cricóide ventralmente, e da sexta vértebra cervical dorsalmente. Ao nível da cartilagem cricóide e sexta vértebra cervical, a faringe e a laringe terminam, e se iniciam a traquéia e o esôfago. A cavidade da faringe tem cerca de 12,5cm de comprimento e é mais larga no sentido transversal que no sentido antero-posterior. Sua maior largura situa-se imediatamente abaixo da base do crânio onde se projeta lateralmente atrás do óstio faringeo da tuba auditiva, formando o recesso faringeo (=Fosseta de Rosenmuller). O ponto mais estreito da faringe está em sua terminação no esôfago. A. Limites da faringe: superiormente é limitada pelo corpo do esfenóide e porção basilar do osso occipital; inferiormente continua-se com o esôfago; posteriormente está separada da parte cervical da coluna vertebral e da fascia prévertebral que recobre os músculos longo do pescoço e longo da cabeça por uma fenda fascial; anteriormente é incompleta e insere-se sucessivamente na lâmina medial do processo pterigóide, na rafe pterigomandibular, na mandíbula, língua, osso hióide e cartilagems tiróide e cricóide; lateralmente está unida ao processo estilóide e seus músculos e em contato com as artérias carótidas comum e interna, veias jugulares internas, nervos glossofaringeo, vago e hipoglosso, troncos simpáticos e pequenas porções dos músculos pterigoideos mediais. Sete cavidades comunicam-se com a faringe: as duas cavidades nasais e a boca anteriormente, as duas cavidades timpânicas lateralmente e a laringe e o esôfago inferiormente. A cavidade da faringe pode ser subdividida em 3 partes: nasal, oral e laríngea. A parte nasal da faringe (=cavum = nasofaringe) situa-se posteriormente ao nariz e acima do nível do pálato mole; difere das partes oral e laríngea porque sua cavidade permanece sempre aberta. Anteriormente, comunica-se com as cavidades nasais através das coanas. Em sua parede lateral situa-se o óstio faringeo da tuba auditiva , limitada posteriormente pelo torus tubário, uma proeminência causada pela protrusão, sob a mucosa, da extremidade medial da cartilagem da tuba. Uma prega vertical da mucosa, a prega salpingofaringea, estende-se para baixo, a partir do torus, e contém o músculo salpingofaringeo. Uma segunda prega, menor, a prega salpingopalatina, estende-se da parte superior do torus ao pálato. Posteriormente ao óstio da tuba auditiva, a prega salpingofaringea delimita com a parede da faringe um recesso profundo, o recesso faringeo (=Fossa de Rosenmuller); é nesta região da prega e do recesso que nódulos linfáticos difusos presentes no interior da mucosa vão formar a amigdala tubária (=amigdala de Gerlach). Na parede postero-superior da nasofaringe identifica-se uma saliência também 4 constituída de tecido linfóide, conhecida como amigdala faringea (=adenóide = amigdala faríngea de Luschka). Particularmente no primeiro e segundo anos de vida, a adenóide pode se hipertrofiar em uma massa considerável (vegetação adenóide), chegando ao seu tamanho máximo aos 4 a 7 anos e iniciando sua regressão aos 12-13 anos de vida. Acima da amigdala faringea, na linha mediana, pode ocorrer uma depressão irregular da mucosa estendendo-se superiormente até o processo basilar do osso occipital; a essa depressão, damos o nome de bolsa faringea. A parte oral da faringe (orofaringe) estende-se do pálato mole, superiormente, até a epiglote ou o osso hióide inferiormente. Anteriormente, a orofaringe comunica-se com a boca, através do istmo da garganta, e em suas paredes laterais, localizada entre os arcos palatoglosso e palatofaringeo, pode-se identificar outra estrutura linfóide pertencente ao anel linfático de Waldeyer: as amigdalas palatinas. A parte laríngea da faringe (hipofaringe) estende-se do osso hióide à borda inferior da cartilagem cricóide, onde se continua com o esôfago. As diversas estruturas musculares e fácias formam espaços chamados espaços parafaríngeos, que tem importância na propagação de infecções e crescimento tumoral. São eles: A) Posterior: Espaço Retrofaríngeo, que se comunica com o mediastino posterior B) Lateral: Espaço Maxilofaríngeo, que é dividido em: - Loja Parotídea, que se comunica com a fossa pterigomaxilar. - Espaço Paraamigdaliano, em relação direta com a parede faríngea, ligando entre sí os diversos espaços. - Espaço Retroestilóideo, é mais posterior, sendo atravessado pela carótida interna, externa, jugular interna, n.glossofaríngeo, gânglio cervical superior do simpático. B. Estrutura da faringe A faringe é composta de 3 camadas: mucosa, fibrosa e muscular. A túnica mucosa é contínua com a que reveste as cavidades nasais, a boca, as tubas auditivas e a laringe. A parte nasal da faringe é revestida por epitélio cilíndrico ciliado e nas porções oral e laríngea, o epitélio é pavimentoso estratificado. Na lâmina própria são encontradas glândulas mucosas salivares acessórias e tecido linfóide, especialmente numerosos, como já anteriormente citado, na parte cranial da faringe, em torno dos óstios das tubas auditivas (=amigdala tubária). A aponeurose faringea, ou camada fibrosa, situa-se entre as camadas mucosa e muscular; é espessa superiomente onde as fibras musculares são escassas e à medida em que desce, diminui de espessura gradualmente. A camada fibrosa é formada pelas fascias faringobasilar e bucofaringea. A primeira se origina na base do occipital e se extende horizontalmente ao longo da porção petrosa do temporal até o canal carotídeo, aonde se deflete para alcançar a lâmina pterigoidea medial e a rafe pterigomandibular. A fascia bucofaringea é uma reflexão da camada média da fascia cervical profunda; se origina na base do crânio e se extende inferiormente para se fundir com as fascias visceral e prétraqueal. Uma forte faixa fibrosa insere-se no tubérculo faringeo, na face inferior da porção basilar do osso occipital, e forma a rafe mediana, que serve para a inserção dos 3 músculos constrictores da faringe. 5 Músculos da faringe: 1. m. constrictor inferior 2. m. constrictor médio 3. m. constrictor superior 4. m. cricofaringeo 5. m. estilofaringeo 6. m. salpingofaringeo 7. m. Palatofaringeo 1. O músculo constrictor inferior da faringe, o mais espesso dos 3 constrictores, origina-se da parte lateral da cartilagem cricóide no intervalo entre o m. cricotiroideo, anteriormente, e a faceta articular para o corno inferior da cartilagem tiróide posteriormente. Tem sua origem ainda, da linha oblíqua, na face lateral da lâmina da cartilagem tiróide e do corno inferior. Destas origens, as fibras estendem-se em direção dorsal e medial para inserirem-se com o músculo do lado oposto na rafe fibrosa da linha mediana posterior da faringe. As fibras inferiores são horizontais e contínuas com as fibras circulares do esôfago; as demais sobem, aumentando de obliquidade, e se sobrepõem ao m. constrictor médio. 2. O músculo constrictor médio da faringe é um músculo em forma de leque, menor que o precedente. Origina-se de toda a extensão da borda superior do corno maior do osso hióide, do corno menor e do ligamento estilo-hioideo. As fibras divergem a partir de sua origem: as inferiores descem, sob o constrictor inferior, as médias passam transversalmente, e as superiores sobem e se sobrepõem ao constrictor superior. Inseremse na rafe fibrosa mediana posterior e unem-se na linha mediana com o músculo do lado oposto. 3. O músculo constrictor superior da faringe é quadrilátero, mais fino e pálido que os outros dois. Origina-se do terço inferior da margem posterior da lâmina medial do processo pterigóide, da rafe pterigomandibular, do processo alveolar da mandíbula, acima da extremidade posterior da linha milo-hiodea e, por umas poucas fibras, da parte lateral da língua. As fibras curvam-se posteriormente (inferiomente e superiormente) para inseriremse na rafe mediana, prolongando-se por meio de uma aponeurose até o tubérculo faringeo, na porção basilar do osso occipital. As fibras superiores curvam-se por baixo do levantador do véu palatino e da tuba auditiva. O intervalo entre a borda superior do músculo e a base do crânio é fechado pela aponeurose faringea, conhecido como seio de Morgagni. 4. O músculo cricofaringeo está localizado ao nível da cartilagem cricóide e é formado por fibras do m. constrictor inferior da faringe e fibras musculares transversas do esôfago. 5. O músculo estilofaringeo, longo e delgado, origina-se do lado medial da base do processo estilóide, dirige-se para baixo, lateralmente à faringe, entre os constrictores superior e médio, e expande-se sob a mucosa. Algumas de suas fibras se perdem nos músculos constrictores, enquanto outras, juntando-se com o palatofaringeo, inserem-se na borda posterior da cartilagem tiróide. O nervo glossofaringeo corre lateralmente a este músculo e cruza-o para inervar o terço posterior da língua. 6. O músculo salpingofaringeo origina-se da parte inferior da tuba auditiva próximo ao seu óstio; dirige-se para baixo e mistura-se com o fascículo posterior do palatofaringeo. 7. O músculo palatofaringeo já foi anteriormente citado. 6 C. Inervação motora da faringe Os músculos constrictores superior e médio, o m. salpingofaringeo e o m. cricofaringeo são inervados por ramos do X e XI que compoem o plexo faringeo; o m. constrictor inferior por ramos do laringeo externo e do recorrente (ramos do n. vago), e o músculo estilofaringeo pelo nervo glossofaringeo. observação: o plexo faringeo é formado por ramos do IX, X, e XI pares cranianos, e contém fibras motoras, sensitivas e parasimpáticas que vão inervar o pálato e a faringe. O intervalo entre a base do crânio e o músculo constrictor superior da faringe é ocluído pela fascia faringobasilar. Ainda neste intervalo, podemos identificar as artérias faringea ascendente (ramo da a.carótida externa) e palatina ascendente (ramo da a. facial), e os músculos tensor e elevador do véu palatino, os quais se originam da fossa pterigóide -entre as lâminas pterigoideas lateral e medial- e se inserem no pálato mole. O espaço existente entre os músculos constrictor superior e médio da faringe é preenchido pelo músculo estilofaringeo, nervo glossofaringeo e a. lingual. Entre os músculos constrictores médio e inferior da faringe encontra-se a membrana tireohioidea, a qual é perfurada pela veia e artéria laringea superior (ramo da a. tireoidea superior) e nervo laringeo interno (ramo do nervo laringeo superior, que por sua vez é ramo do n. vago). O intervalo entre o músculo constrictor inferior e o esôfago é cruzado apenas pelo feixe vasculo nervoso formado pela veia e artéria laringea inferior (ramo do tronco tireocervical) e nervo laringeo recorrente (ramo do nervo vago). A porção do esôfago mais relacionada com a deglutição é o terço superior, que apresenta o músculo cricofaríngeo, na transição faringo esofágica, funcionando como esfíncter superior do esôfago. A inervação do esôfago é dada pelo n. laríngeo recorrente. D. Irrigação da faringe Arterial a) Porção Inferior, irrigada principalmente pela a. tireoidea superior, e alguns ramos da inferior. b) Porção Superior, irrigada pela a. faringéia ascendente, e ramo faringeo da tiroidea superior. Venosa Plexo faríngeo, drenando para jugular inferior, ou tributárias (facial e lingual). Linfática Linfonodos cervicais profundos. II. FISIOLOGIA DA FARINGE A faringe participa da função respiratória, dando passagem às correntes aéreas inspiratória e expiratória, da função fonatória, fazendo parte do pavilhão de ressonância faringobuconasal, e ainda desempenha função primordial na deglutição dos alimentos. 7 O processo de deglutição compreende uma fase inicial voluntária e uma fase posterior reflexa, e portanto, involuntária. A fase reflexa da deglutição, ou também denominada fase faringea, é mediada pelo tronco cerebral, ao nível da formação reticular, imediatamente adjacente ao centro respiratório e sofre também influência de comando cortical, cujo substrato neurológico ainda não é claramente compreendido. Para melhor compreensão da fisiologia da deglutição podemos dividi-la em 3 estágios que seguem: Estágio 01 Durante o primeiro estágio da deglutição, o bolo alimentar é impelido para trás, em direção à fauce, pela pressão da língua contra o pálato duro, ao mesmo tempo em que a base da língua se retrai e o osso hióide e a laringe elevam-se junto com a faringe. São os músculos supra-hioideos (digástrico, estilohioideo, geniohioideo e milohioideo), que ao se contrairem elevam diretamente o osso hióide, e indiretamente a laringe. Estágio 02 Diferentemente do primeiro estágio, o estágio 02 é reflexo, absolutamente involuntário. Na medida em que o bolo alimentar é empurrado contra o pálato mole, os músculos elevador e tensor do véu palatino se contraem elevando e deixando o pálato mole mais tenso, ocluindo a nasofaringe e portanto impedindo o refluxo do bolo alimentar. A contração do m. tensor do véu palatino promove ainda, abertura da tuba auditiva. Simultaneamente, o istmo da fauce é estreitado pela contração dos músculos palatoglosso e palatofaringeo. O músculo palatofaringeo, por sua contração, ainda traciona a faringe acima do bolo alimentar, aproximando-a do pálato, e a úvula fecha o pequeno espaço entre eles, contribuindo para que não haja refluxo para a rinofaringe. Os músculos estilofaringeos, muito mais afastados um do outro na origem do que na sua inserção, tracionam os lados da faringe para cima e lateralmente, aumentando assim seu diâmetro transverso. O m. palatofaringeo forma um plano inclinado, dirigido obliquamente para baixo e para trás, o que auxilia na condução do bolo alimentar para a parte inferior da faringe. A entrada da laringe é fechada pelo deslocamento das cartilagens aritenóides de encontro ao tubérculo da epiglote, movimento este produzido pela contração dos músculos tiroaritenoideos, aritenoideos, ariepiglóticos e tiroepiglóticos. É importante observar que o fechamento da via aérea somente se mantém durante o tempo em que o alimento está passando pela hipofaringe, e cessa assim que o alimento chega ao esôfago. Logo que o bolo alimentar chega à faringe, os músculos levantadores relaxam-se, a faringe desce, e os constritores contraem-se sincronicamente sobre o bolo alimentar conduzindo-o para baixo, ao esôfago. O peristaltismo faringeo é responsável pelo clareamento do alimento localizado em valéculas, e no seio piriforme. Estágio 03 Este estágio é essencialmente esofágico, e se inicia com a passagem do bolo alimentar pelo espaço cricofaringeo. Assim que a musculatura constrictora da faringe se relaxa, o músculo cricofaringeo se contrai, garantindo que não haja refluxo do alimento do esôfago para a faringe. O músculo cricofaringeo, tem a função, portanto, de esfincter funcional superior do esôfago. A propulsão do alimento através do esôfago em direção ao estômago depende do movimento peristáltico da musculatura esofágica, a qual é do tipo estriada superiormente e lisa inferiormente. 8 III. IMUNOLOGIA DA FARINGE O tecido linfóide localizado na faringe constitui o anel linfático de Waldeyer, entidade bastante complexa e que abrange migdalas palatinas, faríngeas, lingual, tubárias, assim como pequenos nódulos linfóides na paarede posterior da faringe. Tais estruturas linfóides são capazes de reconhecer antígenos. A imunologia das amígdalas e das adenóides é bastante complexa, apresentando implicaçes clínicas específicas. Estes órgãos são os únicos envolvidos tanto na imunidade local quanto na produção de anticorpos do sistema imune. A infecção crônica de amígdalas e de adenóides pode resultar em produção local de anticorpos, em alterações nos níveis de linfócitos T ou B ou mesmo de imunoglobulinas. Em contraste com os linfonodos, as amígdalas e adenóides não possuem linfáticos aferentes, mas um epitélio especializado que tem importante função na apresentação e no processamento de antígenos. Pequenas quantidades de antígenos são captados, fagocitados, e destruídos parcialmente por macrófagos. A substancia antígena é transpotada através das células reticulares(criptas) por células M e células processadoras de antígenos (APC). Estes antígenos são então transportados ao centro germinativo do folículo linfóide, onde ocorre resposta das células B e T. Os linfócitos T se ativam e sofrem uma transformação blástica, estimulando a formação de linfócitos B, que se transformam em plasmócitos e secretam anticorpos. Após contato com diferentes antígenos, tais células adquirem receptores de reconhecimento específicos, resultando em produção de imunoglobulinas, em expansão da memória de clones ou em migração de células B de capilares de sítios distantes. Os linfócitos mais maduros se encontram na periferia do folículo, adjacente ao epitélio da cripta, tendo provavelmente, ação na imunidade local, responsável pela regulação antimicrobiana da orofaringe. No compartimento extracelular, há praticamente dois tipos de linfócitos T: helper (Th) e o supressor (Ts). Eles estão envolvidos na regulação da resposta humoral (célula B). Aproximadamente 2/3 dos linfócitos T de adenóides e amigdalas são Th e sua ativação normalmente resulta em resposta humoral do tipo monoclonal. Esta modalidade de resposta imunológica é específica em relação a determinado antígeno e, portanto, costuma ser eficiente no controle de infecções. Contudo em algumas situações (como em infecção pelo Vírus Epstein-Barr), pode ocorrer uma proliferação de Ts, que se relaciona com ativação policlonal (não específica) dos linfócitos B, resultando persistência de patógenos potencialmente infectantes. A presença de tais patógenos pode causar estimulação antigênica constante, resultando em maior proliferação de células B e em amígdala hipertrofiada e cronicamente infectada. 9 SEMIOLOGIA DA BOCA E FARINGE Dois sintomas maiores são motivos de queixa dos pacientes com doenças na faringe: Disfagia e Odinofagia Disfagia que é a dificuldade na deglutição ou perda na progressão ordenada do alimento da boca para o estômago. Quando a disfagia é mais importante para os sólidos do que líquidos uma causa obstrutiva é provável. A anamnese é muito útil na localização da causa do problema. Em geral disfagia orofaríngea é referida na área cervical superior e a disfagia esofágica na área supra ou substernal. Quadro de refluxo nasal, inabilidade para iniciar a deglutição e a aspiração sugerem origem alta. Aqui o exame físico é muito importante: observação de defeitos congênitos, cirúrgicos ou traumáticos no soalho bucal, língua ou palato; achados de paralisia do IX, X, XI, XII ou outros déficits neurológicos ou a descoberta de um processo inflamatório completa a investigação. Se o diagnóstico não é esclarecido um exame contrastado com bário, ou esofagoscopia pode ser necessário. Dor e desconforto torácico (incluindo pirose) são mais sugestivos de disfagia de origem esofágica. Nesta área o exame físico é de menor benefício, mas pode ser importante na avaliação geral do paciente. Exames radiológicos tipo contrastado com bário, e endoscopia são muito úteis. Além disto o clínico astuto deve inquirir sobre desordens gastrointestinais, perda de peso, uso de medicações, álcool, história familiar, pneumonias de repetição (aspiração), refluxo nasal, hipernasalidade vocal. Odinofagia que é a dor a deglutição, constitui-se um sintoma bastante freqüente nos processos inflamatórios, infecciosos e tumorais da região da faringe. 10 A tosse pode estar presente nas doenças da faringe, podendo inclusive em alguns casos ser rebelde aos tratamentos clínicos usuais, tendo-se que ter em mente que pode ser devida a utilização dos inibidores da ECA, usados como anti-hipertensivos, que induzem a tosse prolongada e refrataria ao uso de anti-histamínicos. O exame da boca e da orofaringe denominamos orofaringoscopia ou simplesmente oroscopia. Para a realização da orofaringoscopia temos que recorrer a uma fonte de iluminação artificial(foco) e ao abaixador de língua para auxiliar no exame. O abaixador de língua nunca deve tocar o terço posterior da língua e a parede posterior do orofaringe, pois desencadeiam o reflexo nauseoso. Crianças maiores de 6 meses de idade devem ser examinadas preferentemente no colo da mãe. Ambientes de penumbra favorecem a realização do exame. Tipos anatômicos de amígdalas palatinas a. amígdalas hipertróficas –fazem acentuada saliência na loja amigdaleana b. amígdalas pediculadas – fazem discreta saliência na loja amigdaleana c. amígdalas atróficas – que podem ser de dois tipos: - amígdalas encastoadas - que estão bridadas pelo pilar anterior - amígdalas intravélicas - que parecem não existir e só são visíveis pelo reflexo nauseoso. Em relação as amígdalas devemos observar tipo anatômico, diversas reações inflamatórias, presença ou não de exsudatos, ulcerações, pseudomembranas, placas mucosas ou formações tumorais. A expressão da amígdala palatina está indicada na suspeita de infecção crônica da mesma e é realizada com auxilio de um segundo abaixador de língua, comprovando a saída de exsudato purulento. Na inspeção da parede posterior do orofaringe no estado patológico podemos encontrar pequenas granulações linfóides que quando aumentadas de volume e de numero e hiperemiadas constituem a faringite granulosa crônica na paralisia do véu palatino observamos não elevação do véu e voz anasalada. A paralisia unilateral dos músculos constrictores da faringe caracteriza o sinal da cortina O nasofaringe é observado pela rinoscopia posterior(visualização indireta através da boca, com auxilio de espelho plano), da nasofaringoscopia (visualização direta das fossas nasais e cavum através de sistema ótico que pode ser rígido ou flexível, constituindo-se um exame que proporciona grande riqueza de detalhes) , ou da radiografia simples de perfil do cavum (raio X de cavum) para individualização das vegetações adenóides. No raio X de cavum a criança deve estar de boca fechada e em inspiração. A nasofibroscopia em crianças, está indicada principalmente naquelas que apresentam dados cllinicos que apontam para obstrução nasal crônica e o raio x de cavum se torna insuficiente para confirmar o diagnostico de hipertrofia adenoideana, para uma segura indicação cirúrgica. Para o exame do hipofaringe usamos a laringoscopia indireta, e a videolaringoscopia, onde devemos observar a base da língua, os seios pirirformes e as fossetas glossoepigloticas. Toda exploração da faringe tem que ser seguida de uma palpação dos linfonodos cervicais. Os gânglios subangulomandibulares drenam as amígdalas palatinas. A cadeia cervical posterior drena o nasofaringe. Temos ainda os gânglios submandibulares, os submentonianos, e a cadeia cervical anterior. 11 OUTROS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA FARINGE 1. DEGLUTOGRAMA/FARINGOGRAFIA Indicações: - Alterações da motilidade - Aspiração - Disfagia - Doença Neuromuscular - Tumores - Traumas com Suspeita da Fístula - Corpos Estranhos 2. ESOFAGOSCOPIA Este método diagnóstico permite avaliar visualmente as estruturas envolvidas na deglutição, podendo demonstrar uma série de alterações envolvidas em sua função normal. O exame pode ser realizado sob anestesia local, ou geral, utilizando-se de esofagoscópios rígidos ou flexíveis. A esofagoscopia pode ser utilizada terapeuticamente para retirada de corpos estranhos, e para dilatação de constricções. Podemos utilizar dilatadores pneumáticos ou velas de dilatação sequenciadamente 3. RADIOISÓTOPOS Muito útil na avaliação do trânsito esofagiano ou cintigrafia dinamica do esôfago . Consiste no registro sequencial em intervalos de tempo curtos (0.8-1s) da progressão do conteúdo radioativo através do esofago, desde sua passagem faringoesofagiana até o estômago, sendo o registro observado em vídeo câmera ou fotografias. Tendo indicação na avaliação de compressões extrínsecas, intrínsicas com alteração da luz, fístulas traqueo esofágicas, e refluxo gastro esofágico. 4.TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA INDICAÇÕES TUMORES TRAUMAS ABSCESSOS. .