Resenha - Genética

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7 RESENHA
ZATZ, M. GENÉTICA: Escolhas que nossos avós não faziam. 1. Ed.
São Paulo: Globo, 2011.
BOOK REVIEW: GENETICS: CHOICES THAT OUR GRANDPARENTS DID
NOT.
ESCOLHA GENÉTICA: ESTA É DO NOSSO TEMPO
Mauro Vinícius Dutra Girão
Prof. Msc. - INTA
[email protected]
ZATZ, Mayana em seu livro “Genética: escolhas que nossos
avós não faziam”, tendo como editor responsável André Lima, 1°
Romão Renner Lopes Loiola
edição, Editora Globo publicado em 2011, foi prefaciado pelo
Carlos Henrique Mendes Barbosa
psicanalista e médico psiquiatra Jorge Forbes e Adriana Diaféria,
Amanda Teles Passos
Doutora em Direito das Relações Sociais pela PUC-SP, relata casos
Sâmia Kilville da Cruz Abreu
de aconselhamentos genéticos, tecnologia reprodutiva e avanços da
biotecnologia mundial que envolve dramas humanos, filosóficos,
éticos e morais.
A leitura torna-se intrigante desde o título que traz dois
temas embutidos em uma mesma palavra, Genética, que além de
apresentar a ciência, podemos ver escrito “ética” que é o tema
norteador abordado em cada capítulo.
Os capítulos discorrem sobre os dilemas éticos e morais que a autora teve que enfrentar no
decorrer de sua carreira, os bastidores das pesquisas na área da genética e estimulam reflexões sobre os
preceitos éticos no cotidiano da genética de uma forma simples e clara que faz refletir sobre os impactos
dos resultados, por exemplo, dos testes de paternidade e diagnóstico pré-natal de doença hereditária sobre
a existência dos indivíduos, famílias e comunidades.
Nos capítulos que se seguem, a geneticista faz referência a Tecnologias de Reprodução Assistida,
ao Projeto Genoma Humano, Exames de Investigação de Paternidade, Diagnósticos Pré-implantação (DPI),
Diagnósticos Pré-natais (DPN), Reprogramação Celular, trazendo conflitos página a página, envolvendo o
leitor em relações familiares intensas. Estas relações entre pesquisadores e familiares proporcionados pelo
avanço da Biologia e da Genética, estimulou a evolução o código de ética e moral para dar limites para as
pesquisas.
Durante o tratamento para a Reprodução Assistida necessita do uso der hormônios que estimulem
a superovulação produzindo número variável de óvulos (entre oito e nove).
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A fertilização é realizada em condições laboratoriais controladas, para que os óvulos iniciem
sucessivas mitoses e passem a ser chamados de pré-embriões. Na fase de oito células, são implantados no
útero almejando a gestação. Mesmo sendo uma técnica amplamente difundida a implantação de muitos
pré-embriões aumentam os riscos de crianças pré-maturas, com baixo peso, o que é um fator para
mortalidade infantil, e comprometimento intelectual. Para a mãe aumenta os casos de pré-eclâmpsia,
diabete gestacional, e rompimento do colo uterino.
Uma alternativa para a Reprodução Assistida seria a clonagem que permite a geração de irmãos
gêmeos com diferentes idades. A autora chama a atenção sobre a desinformação e a fantasia da exata
semelhança entre o clone e o ser clonado. Nenhuma criança mesmo geneticamente idêntica à outra, seria
igual a ela porque suas experiências ao longo da vida seriam vivenciadas em separado. A clonagem pode ser
realizada através de qualquer célula e o doador pode ter suas células adquiridas sem o seu consentimento
ou mesmo de alguém que já tenha morrido.
A Técnica de Diagnósticos Pré-implantação é utilizada conjuntamente com a fertilização in vitro,
onde se retira uma célula do embrião e mapeia o seu DNA antes da implantação no útero materno
objetivando descobrir se há alguma mutação específica responsável por uma doença genética, dando a
oportunidade aos pais de prevenir o nascimento de crianças com doenças genéticas graves.
O DPI só é indicado quando um dos cônjuges tem uma doença séria, ou para casais que já tiveram
um filho ou parente próximo afetado por doença genética grave. A técnica avalia a herança familiar de
mutações no embrião, evita a repetição e dramas familiares onde os envolvidos não suportariam passar
pelo drama novamente, agora vendo a doença se manifestar em seu filho. Isso poderá aumentar o número
de abortos ou problemas psicossociais de um filho gerado apenas com o objetivo de produzir e doar tecido
e órgão para o irmão doente.
Muitas pessoas defendem que se faz necessário a fiscalização das clínicas de fertilização in vitro e
DPI devem ter algum tipo de regulação e fiscalização do cumprimento do código de ética e moral.
As pesquisas em genética não estariam em um estado tão avançado se não se tivesse concluído o
mapeamento do Genoma Humano, que com a ajuda da Engenharia Genética, o sequenciamento do nosso
DNA e o mapeamento dos nossos genes se tornou mais prático e corriqueiro, pois a poucos estes processos
duravam anos, hoje levam apenas dias para mapeadas.
Existe o risco de divulgação da carga genética de indivíduos mapeados o que poderia gerar
discriminação genética por parte de empresas de planos de saúde por saber das possibilidades de assumir
uma pessoa com altos riscos genéticos e de empregadores não selecionarem candidatos com determinado
perfil genético.
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Tendo o domínio da técnica de sequenciamento de DNA é possível a implantação de Bancos de
DNA que são repositórios de amostras de DNA de pessoas saudáveis, afetadas por doenças, criminosos ou
etnias.
As opiniões são divididas sobre a implantação destes bancos no Brasil, devido armazenar todas as
informações genéticas de um indivíduo e através deles estão expostas todas as informações extremamente
pessoais. Acreditam que os bancos de DNA ferem a privacidade genética, temem sobre a exposição das
informações contidas nestes bancos sem o consentimento do doador. Sendo necessária a utilização dos
princípios bioéticos para garantir a confidencialidade desses dados. Quando a favor da implantação,
concordam para a utilização na resolução de crimes, descartando a hipótese do uso em pesquisas.
Exames de Investigação de Paternidade é a tecnologia mais popular entre as relacionadas ao
material genético. Com uma pequena amostra de DNA é possível identificar o grau de parentesco entre
indivíduos e muitas vezes redesenhar a história familiar. Muitas doenças genéticas seguem o padrão de
herança ligada aos cromossomos sexuais e quando testes de identificação destas doenças são realizados,
muitas vezes revelam segredos sobre a paternidade que deveriam ser mantidos sobre sigilo.
Os profissionais envolvidos nestes exames (EIP) devem considerar o impacto das informações
sobre as relações familiares de seus pacientes seguindo os princípios de privacidade e confidencialidade.
Diagnósticos Pré-natais (DPN) tem como objetivo identificar a presença de um alteração
cromossômica, durante o período gestacional. O diagnóstico é realizado, por amostras das vilosidades
coriônicas ou líquido amniótico entre a 10ª e a 16ª semana de gestacional. Doenças podem ser
identificadas, porém os números de abortos podem aumentar e causar desajustes familiares bio-psicosociais.
Reprogramação celular trata-se de uma técnica que reprograma células já diferenciadas para se
comportarem como células embrionárias tendo o potencial de originar várias linhagens celulares. As células
reprogramadas são chamadas de indeced pluripotent stem-cells, células IPS ou comumente chamadas de
células-tronco.
A reprogramação é feita pela ativação de alguns genes fundamentais no início da
embriogênese.
As vantagens são que uma célula de um determinado órgão pode ter seus genes silenciados e
posteriormente reprogramados para voltar a ser uma célula semelhante àquela encontrada no embrião,
podendo ser utilizadas para cultura de células ou reprodução assistida. As desvantagens são que as células
reprogramadas não são idênticas às embrionárias, pois guardam a memória de onde foram retiradas.
A reprogramação de uma célula adulta para que se comporte como embrionária pode ser utilizada
para gerar no útero humano outra espécie animal ou gerar a espécie humana no útero de qualquer outro
animal.
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O livro se apresenta em uma linguagem simples, clara e precisa, onde não só amplia o
conhecimento genético, mas norteia debates sobre os dilemas de pessoas reais que comovem e leva a
redimensionar o campo genético e ético das pesquisas atuais.
REFERÊNCIAS
DE ROBERTIS, E.P.; DE ROBERTIS, E.F. M.; Bases da Biologia Celular e Molecular. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006.
GRIFFITHS, A.J.F. et al. Introdução a Genética. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
JUNQUEIRA, L.C.L.; CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2005.
MOORE, K,L.; PERSAUD, T. Embriologia Básica. 7. Ed. São Paulo: ELSEVIER, 2008.
ZATZ, M. GENÉTICA: Escolhas que nossos avós não faziam. 1. Ed. São Paulo: Globo, 2011.
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