COLÉGIO TÉCNICO INDUSTRIAL Prof. MÁRIO ALQUATI FÍSICA III - MAGNETISMO Magnetismo é a parte da física que estuda os ímãs e os fenômenos produzidos pelos mesmos. Denomina-se ímã ou magneto a qualquer corpo capaz de atrair FERRO, COBALTO, CERTAS LIGAS METÁLICAS E ÓXIDO SALINO DE FERRO ( Fe3 O4 ) . O óxido salino de ferro é denominado MAGNETITA e é um ímã natural. Os ímãs utilizados no dia a dia são obtidos artificialmente. PÓLOS DE UM ÍMÃ Linha Neutra São as regiões onde as propriedades magnéticas têm o máximo de Pólo intensidade. Um ímã tem, pelo menos, dois pólos, eventualmente pode ter mais. Cada pólo corresponde a 1/12 do comprimento do ímã. Pólo L/12 LINHA NEUTRA L/12 L É a região entre os pólos onde não há propriedades magnéticas. LEI QUALITATIVA QUE REGE A AÇÃO ENTRE OS PÓLOS MAGNÉTICOS Da prática, observou-se que os pólos de um ímã são de dois tipos e que os mesmos seguem a seguinte lei Sul : “Pólos de mesma espécie se repelem e de espécies diferentes se atraem “. Norte Magnético Geográfico PÓLO NORTE E PÓLO SUL - O ÍMÃ TERRA (Nordeste do Canadá) A partir da atração ou repulsão de um ímã por outro, S pode--se entender por que as extremidades de uma agulha Equador Geográfico imantada (bússola) apontam para as proximidades dos pólos geográficos da Terra : N 1) A Terra se comporta como um grande ímã. Equador Magnético 2) O ponto da Terra que atrai o pólo norte da agulha imantada é um pólo sul magnético e está situado próximo ao Norte Sul norte geográfico ; consequentemente, o ponto da Terra que Magnético Geográfico (Costa da atrai o pólo sul da agulha é um pólo norte magnético, situado próximo ao sul geográfico. Antártica) TEORIA DOS ÍMÃS ELEMENTARES ( DE WEBER ) De acordo com esta teoria, as substâncias magnetizáveis seriam constituídas por um conjunto de ímãs elementares. Normalmente, estes ímãs se encontrariam arrumados ao acaso, de modo que as ações mútuas entre os pólos impediriam qualquer manifestação magnética externa. Imantar o corpo nada mais seria que ordenar os seus ímãs elementares num mesmo sentido. Fatos experimentais a favor desta teoria : 1) Não podemos separar os pólos de um ímã ; se dividirmos um ímã ao meio, cada parte se comporta como um novo ímã. N N S N S N S N S N S N S N S N S S = N N S N S N S N S S + N N S N S N S N S S 2) Não se consegue aumentar a imantação de um corpo além de um certo limite ( o máximo ocorre quando todos os ímãs elementares estão alinhados ). Quando isto acontece dizemos que o ímã atingiu o PONTO DE SATURAÇÃO. 3) Um ímã perde suas propriedades magnéticas quando submetido a ações capazes de provocar uma desarrumação nos ímãs elementares, tais como vibrações e aquecimentos. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA MAGNETIZAÇÃO Ao aquecermos um ímã, seus ímãs elementares, devido ao aumento da agitação molecular, começam a sofrerem uma desordem perdendo completamente a magnetização ao atingirem uma temperatura que é específica para cada substância, denominada PONTO CURIE. ( Ferro = 770 0C ; Níquel = 350 0C ; Magnetita = 585 0C ; Cobalto = 1.140 0C ) PROCESSOS DE IMANTAÇÃO Para imantar uma substância magnetizável, devemos ordenar os seus ímãs elementares, o que pode ser obtido de três maneiras : 1) ATRITO - friccionando um pedaço de metal magnetizável com um ímã que é deslocado num único sentido, consegue-se ordenar os ímãs elementares, criando um novo ímã. Pode-se utilizar os dois pólos, atritando um deles num sentido e o outro em sentido contrário. 2) INDUÇÃO - a simples presença de um ímã pode magnetizar, por influência, um corpo situado nas proximidades. 3) ATRAVÉS DE UMA C.C. - enrola-se em torno do corpo um fio condutor isolado e faz-se passar pelo fio uma corrente contínua. A imantação adquirida depende da natureza do corpo, da intensidade da corrente elétrica, do número de espiras do solenóide e do comprimento do solenóide. Obs. - Dá-se o nome de SOLENÓIDE a qualquer fio condutor isolado, enrolado em i i forma de uma hélice cilíndrica. Quando a solenóide possui diversas camadas superpostas, como se fosse um carretel, ela é chamada de BOBINA. ÍMÃS PERMANENTES E TEMPORÁRIOS Dependendo da constituição um corpo pode manter por mais menos tempo a imantação adquirida. Assim, podemos ter: 1) ÍMÃS PERMANENTES - são aqueles que, depois de imantados, continuam com os ímãs elementares orientados, mesmo que não estejam mais sujeitos a ação do campo magnético. Ex.: objetos de AÇO ( liga de ferro com 0,5 a 2% de carbono). 2) ÍMÃS TEMPORÁRIOS - são aqueles que deixam de funcionar como ímãs quando não estão sob a ação de um campo magnético, isto é, distantes de um ímã, eles perdem a orientação de seus ímãs elementares. Ex. : objetos de ferro (ferro doce com 0 a 0,5% de carbono). ELETROÍMÃ É o sistema constituído por um solenóide (ou bobina) com núcleo de ferro doce. Um eletroímã apresenta as seguintes vantagens sobre os ímãs permanentes: 1) Só exerce ação magnética enquanto circula corrente elétrica. 2) Sua imantação pode ser aumentada ou diminuída facilmente; basta aumentar ou diminuir a intensidade da corrente elétrica. 3) A sua polaridade pode ser invertida; basta inverter o sentido da corrente. Aplicações: motores, geradores, telefones, campainhas, guindastes, trens que andam sobre colchão de ar, .. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS QUANTO AS PROPRIEDADES MAGNÉTICAS 1) FERROMAGNÉTICAS - são substâncias que se imantam no mesmo sentido de um campo magnético, de forma bastante intensa, portanto são fortemente atraídas pelos ímãs. Ex.: ferro, níquel, cobalto e certas ligas como o aço. 2) PARAMAGNÉTICAS - são substâncias que se imantam de forma pouco intensa sob a ação de um campo magnético, portanto sofrem uma fraca atração pelo ímãs. Ex.: alumínio, cromo, estanho, manganês, platina, ar, oxigênio líquido. 3) DIAMAGNÉTICAS - são substâncias que enfraquecem um campo magnético no qual são colocadas, isto é, que se imantam em sentido contrário ao campo magnético, portanto sofrem uma fraca repulsão pelo ímãs. Ex.: bismuto, cobre, chumbo, ouro, prata, zinco, mercúrio e água. CAMPO MAGNÉTICO Da mesma forma que para as cargas elétricas, prefere-se considerar que a força exercida por um pólo magnético sobre o outro é exercida, não pelo pólo em si, mas pelo campo magnético que ele cria. Podemos dizer que existe um campo magnético em um ponto do espaço sempre que uma agulha imantada colocada neste ponto fique solicitada por uma força de origem magnética. O campo magnético é uma grandeza vetorial com as seguintes características : 1) MÓDULO - é a razão entre a força de origem magnética que age sobre uma massa magnética isolada norte (por convenção) e a massa magnética. H= F m 2) DIREÇÃO E SENTIDO - serão os mesmos da força de origem magnética que atua sobre o pólo de prova isolado. H H S N H Obs. - por convenção o pólo de prova é NORTE. H 3) UNIDADE u ( H )S.I. = A.e / m (Ampère espira por metro) ou simplesmente, A/m (Ampère por metro). LINHA DE FORÇA DO CAMPO MAGNÉTICO É a linha traçada de modo que em qualquer um de seus pontos seja tangente ao vetor intensidade de campo magnético no ponto considerado. Também podemos considerar a linha de força do campo magnético como sendo a trajetória que seguiria um pólo magnético NORTE, abandonado a ação do campo. Fazendo esta consideração estamos atribuindo um sentido às linhas de força : EXTERNAMENTE : sentido que vai do pólo norte para o sul. INTERNAMENTE : sentido que vai do pólo sul para o norte. Obs. - As linhas de campo magnético são linhas fechadas que externamente vão do pólo norte para o sul e internamente do sul para o norte enquanto as linhas de força do campo elétrico são linhas abertas que vão da carga positiva para a negativa. CAMPO MAGNÉTICO UNIFORME Um campo elétrico é uniforme se as suas linhas de força são paralelas e igualmente espaçadas, isto é, se tem o mesmo valor em todos os pontos. Um campo magnético é aproximadamente uniforme nos seguintes casos: 1) Entre os pólos de um ímã em ferradura (nos ímãs em ferradura, o pólo norte fica em frente ao pólo sul). 2) Entre dois pólos diferentes. 3) No interior de um solenóide. 4) Numa pequena região do campo magnético terrestre. INDUÇÃO MAGNÉTICA O conceito de campo magnético só pode ser usado, com rigor para o vácuo. No caso de meios materiais, ele se imantam e modificam a intensidade do campo. Por esta razão, preferiu-se definir uma nova grandeza que recebeu o nome de INDUÇÃO MAGNÉTICA , para caracterizar o campo magnético. Se colocarmos um material de permeabilidade magnética µ numa região do espaço, antes vazia, onde existia um campo magnético de intensidade H, a indução magnética B será definida pela equação : B= µ. H 4π µ ( permeabilidade magnética do meio ) µR ( permeabilidade relativa ) µ0 ( permeabilidade magnética do vácuo ) ⇒ ⇒ ⇒ µ = µ0 . µR µR vácuo = µR ar = 1,0 µ0 = 4 π.10 -7 T.m / A u ( B )S.I. = T (Tesla) LINHA DE INDUÇÃO O conceito de linha de força de um campo magnético só se aplica ao vácuo. Quando tivermos um meio material, o conceito de linha de força é substituído pelo conceito de linha de indução que é, em cada um dos seus pontos, tangente ao vetor B. Na prática se utiliza o termo linha de força tanto para as linhas de força do campo magnético como para as linhas de indução. FLUXO DE INDUÇÃO MAGNÉTICA B O fluxo de indução magnética é definido como sendo o produto da indução magnética pela área atravessada e o coseno do ângulo formado entre o vetor indução magnética e a normal a superfície considerada. φ = B . S . cos θ u (φ )S.I. = T. m2 = Wb (Weber) θ Normal S * FLUXO MÁXIMO - quando o vetor B é perpendicular à superfície : θ = 00 e cos 00 = 1, então : * FLUXO NULO - quando o vetor B é paralelo à superfície : θ = 900 e cos 900 = 0, então : φ=B.S φ=0 CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR UMA CORRENTE ELÉTRICA Em 1819 o físico dinamarquês Hans Oersted verificou, experimentalmente, que as correntes elétricas criam ao seu redor campos magnéticos, iniciando um novo ramo na Física, o ELETROMAGNETISMO. EXPERIÊNCIA DE OERSTED Oersted colocou um condutor horizontal paralelamente a uma bússola e fez passar uma corrente elétrica contínua pelo condutor. Sempre que passava corrente a agulha imantada se desviava de sua posição determinada pelo campo magnético terrestre e ficava perpendicular ao condutor. REGRA DE AMPÈRE PARA PREVER O SENTIDO DE DESLOCAMENTO DA AGULHA IMANTADA “Se um observador ficasse estendido ao longo do condutor, de modo a receber a corrente elétrica pelos pés, ele veria o pólo norte da agulha imantada se desviar para a esquerda”. página 160 Dalton Num corte transversal, a representação seria : S N S N Obs. : o símbolo representa um fio perpendicular ao plano da folha, conduzindo uma corrente “i” em direção ao observador ; o símbolo representa a corrente penetrando per pendicularmente na folha, ou seja, se afastando do observador. CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR UMA CORRENTE ELÉTRICA RETILÍNEA i Considerando um fio condutor longo e retilíneo percorrido por uma corrente elétrica de intensidade i verifica-se, empiricamente, que em torno do mesmo surge um campo magnético cujas linhas de campo são circunferências concêntricas de centro no eixo do condutor, situadas em planos perpendiculares ao fio. B i B Vista em perspectiva Vista superior Direção: é sempre tangente às linhas de campo magnético. Sentido : é obtido pela “Regra do polegar da mão direita” : “Segurando o condutor com a mão direita, de modo que o polegar aponte no sentido da corrente, os demais dedos indicam o sentido das linhas de campo magnético”. Intensidade : calculada pela Lei de Biot-Savart aplicada ao condutor retilíneo: B = µ. i 2πd onde d é a distância do fio ao ponto considerado. B CAMPO MAGNÉTICO NO CENTRO DE UMA ESPIRA CIRCULAR R Considerando uma espira de forma circular, de raio R, percorrida por uma corrente de intensidade i. O vetor campo magnético B, no centro da espira, terá: Direção : perpendicular ao plano da espira. i i Sentido : dado pela regra da mão direita. Intensidade : calculada pela Lei de Biot-Savart aplicada a espira : Observações : 1) No caso de uma bobina chata ( N espiras iguais justapostas ) : 2) O campo magnético gerado por uma espira circular é análogo ao de um ímã, podendo se atribuir um pólo norte e um pólo sul : B = µ. i 2R B = N . µ. i 2R Linhas de campo magnético Pólo Sul i i Pólo Norte CAMPO MAGNÉTICO NO INTERIOR DE UM SOLENÓIDE Quando o solenóide é percorrido por uma corrente elétrica, surge em seu interior um campo magnético praticamente uniforme, de direção coincidente com o eixo geométrico. Externamente, o campo magnético é intenso somente junto às extremidades do solenóide. A extremidade por onde saem as linhas de indução magnética é o pólo norte do solenóide; o pólo sul é a outra extremidade, por onde entram as linhas de indução. No interior do solenóide, o vetor indução magnética tem as características : Direção : coincide com o eixo geométrico do solenóide. Sentido : determinado através da regra da mão direita. Intensidade : calculada pela fórmula de Hopkinson : B = N . µ. i L onde: L = comprimento do solenóide n/L = densidade linear de espiras CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE * Nos últimos 150 anos a intensidade do campo caiu de 10% a 15%, se acelerando recentemente, levantando a possibilidade de inversão da força magnética que envolve o planeta. Durante uma inversão, o campo magnético principal se enfraquece, chegando quase a desaparecer, e então reaparece com polaridade oposta. A última inversão magnética ocorreu há 780 mil anos. Mesmo que uma inversão total esteja em curso, ela deverá demorar centenas ou milhares de anos para se completar. * Em escala planetária o campo magnético terrestre forma um escudo que protege a Terra dos ventos solares e suas partículas mortais. * A chamada magnetosfera se estende por cerca de 60 mil quilômetros acima da superfície terrestre na direção voltada para o Sol. A parte oposta é ainda mais longa, formando uma cauda semelhante a de um cometa. * O colapso do campo magnético poderia enfraquecer esse escudo e deixar penetrar a radiação solar na atmosfera terrestre. As tempestades solares golpeariam a atmosfera com radiação suficiente para destruir quantidades significativas de ozônio que protege a Terra dos nocivos raios ultravioletas. A radiação ultravioleta emitida pelo Sol pode destruir formas de vida, arrasar os campos de cultivo, aumentar as incidências de câncer, principalmente de pele, e produzir cataratas em humanos e animais (ovelhas da Patagônia). Altos níveis de radiação ultravioleta se espalhariam dos pólos até o equador. * Outra conseqüência da inversão polar seria nas rotas migratórias de alguns animais como por exemplo as tartarugas marinhas, salmões, baleias, abelhas, pombos e outras espécies migratórias que dependem da constância do campo magnético para orientar os seus sistemas de navegação. * O campo magnético se origina nas profundezas da Terra quando o núcleo líquido do planeta escoa lentamente com correntes quentes de ferro derretido. Essa energia mecânica é transformada em eletromagnetismo. O processo é conhecido como geodínamo e é o mesmo princípio que transforma energia mecânica em elétrica, nos automóveis. * Ninguém sabe exatamente por que o campo magnético se inverte periodicamente, mas há suspeitas que seja pela mudanças que ocorrem no turbulento fluxo de ferro derretido (magma) , no interior da Terra. * Estudando a lava encontrada no fundo dos oceanos, onde pequenas partículas de magnetita se orientaram de acordo com o campo magnética na época que estavam no estado líquido, os cientistas concluíram que a inversão do campo leva de 5 mil a 7 mil anos para se concretizar e ocorre a cerca de cada meio milhão de anos, mas muito ao acaso e com padrões caóticos, pois durante a época dos dinossauros, ficou aproximadamente 35 milhões de anos sem alterações. * Um estudo feito pelo Geological Survey of Canada, através de cartas náuticas, mostra, a partir de 1600, a mudança de posição do pólo Norte nos últimos 400 anos e projeta que para 2050, o pólo Norte poderá estar localizado nas proximidades da costa da Rússia, tendo atravessado o pólo Norte Geográfico.