Instituto Babcock para Pesquisa e Desenvolvimento da Pecuária Leiteira Internacional Essenciais em Gado de Leite University of Wisconsin-Madison 12) ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL Michel A. Wattiaux Babcock Institute CONDIÇÃO CORPORAL A quantidade de reservas corporais na ocasião do parto têm uma grande influência em problemas do pós-parto imediato, na produção de leite e na eficiência reprodutiva da lactação subsequente. Vacas muito magras têm: • Menor produção de leite devido a falta de quantidades adequadas de reservas corporais para serem usadas no início da lactação; • Maiores incidências de certos problemas metabólicos (cetose, deslocamento de abomaso, etc.); • Atraso no aparecimento do cio depois do parto. Porém, vacas muito obesas têm: • Mais complicações no parto (dificuldades no parto); • Diminiução de ingestão de matéria seca no início da lactação, o que pode desencadear: — Maior incidência de algumas doenças metabólicas (síndrome da vaca gorda, cetose, etc.); — Diminuição da produção de leite. magra e nem tão gorda. A condição corporal é uma medida subjetiva da quantidade de gordura, ou da quantidade de energia reservada, que uma vaca possui. A condição corporal muda ao longo da lactação. Vacas no início da lactação estão em balanço energético negativo e perdem condição corporal (mobilizam reservas copóreas de gordura). A vaca consegue produzir sete quilos de leite com a perda de um quilo de peso corporal. Vacas em início de lactação não devem perder mais de um quilo de peso corporal por dia. Porém, vacas no final da lactação estão em balanço energético positivo e ganham condição corporal para repor as reservas corporais perdidas no início da lactação. Portanto, em condições ideais, a condição corporal muda ao longo da lactação (Figura 1). ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL (CC) AO LONGO DA LACTAÇÃO O escore de condição corporal é uma ferramenta usada para ajustar a nutrição e as práticas de manejo para a maximização do potencial produtivo e minimizar as desordens reprodutivas. Portanto, o objetivo é ter vacas em “boa” condição corporal no parto—nem tão 45 Essenciais em Gado de Leite—Reprodução e Melhoramento Genético Figura 1: Balanço energético de vacas de leite no início da lactação. 46 12—Escore de Condição Corporal Tabela 1: Efeito da perda de condição corporal (CC) no início da lactação na taxa de concepção. Perda de CC Taxa de concepção Menos de 1 unidade 50% De 1 a 2 unidades 34% Mais de 2 unidades 21% Figura 2: Identificação de algumas partes do corpo usadas para a determinação da condição corporal. A condição corporal é feita observando-se a garupa da vaca—primeiramente observando—se os ossos do íleo (tuber coxae), do ísquio (tuber ischii) e da inserção da cauda. A quantidade de gordura “de cobertura” sobre as vértebras da porção trazeira do animals também é utilizada na determinação da condição corporal (Figuras 2, 3 e 4). As vacas são classificadas em uma escala de 1 a 5. Vacas muito magras recebem escore 1 e vacas muito obesas recebem escore 5 (Figura 4). Uma condição corporal de 1.5 um ou dois meses depois do parto não é desejável podendo indicar falta de nutrição adequada (balanço energético negativo, Figura 4a). Uma condição corporal de 3.0 (Figura 4b) deve ser tipicamente observada em uma vaca recuperando suas reservas energéticas durante a metade do período de lactação. Durante o fim da lactação e durante o período seco, uma condição corporal de 3.5 deve ser desejada. Condição corporal recomendada em vários estágios da lactação: Parto 3.0 to 3.5 Inseminação 2.5 Fim da lactação 3.0 to 3.5 Período seco 3.0 to 3.5 Figura 4: Exenplo de vacas com escores de condição corporal de 1.5 (A), 3 (B) e 4.5 (C). 47 Essenciais em Gado de Leite—Reprodução e Melhoramento Genético Estas condições corporais fornecem reservas corporais suficientes para a minimização do risco de complicações no parto e maximizam a produção de leite no início da lactação. Ao decorrer da lactação a produção de leite diminui e as vacas ganham condição corporal. O excesso de oferta de concentrados é um erro comum de manejo nas fazendas. Vacas que recebem muito concentrado no final da lactação tendem a ficam obesas (Figura 4c). Estes animais têm maiores chances de ter um parto distócico (dificuldade no parto) e desenvolver outras doenças (síndrome da vaca gorda). Figura 3: Escores de condição corporal. (Adaptado de A.J. Edmondson, I.J. Lean, C.O. Weaver, T. Farver and G. Webster. 1989. A body condition scoring chart for Holstein dairy cows. J. Dairy Sci. 72:68-78.) 48