estratégias de prevenção para o câncer, uma revisão

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2.
AUTO
ESTRATÉGIAS
EXAME
DE
DOS
TESTÍCULOS:
PREVENÇÃO
PARA
O
CÂNCER, UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
AUTO REVIEW TESTICLES: PREVENTION
STRATEGIES FOR CANCER, A LITERATURE
REVIEW
João Gilberto Jardim Madruga - INTA
[email protected]
RESUMO
Adriana de Sousa Clemente Madruga
Antonia Eliana de Araújo Aragão –
Docente das Faculdades INTA
O tumor testicular é relativamente raro, 1% a
1,5% de todos os cânceres no homem. Embora raro é o
mais comum tumor sólido acometendo jovens entre 15
e 35 anos, na sua fase de maior produtividade. Assim,
medidas preventivas devem ser implementadas, no caso
do câncer de testículos qualquer iniciativa que
conscientize o homem sobre a importância do
autoexame dos testículos para verificar a existência de tumores, é válida. Apesquisa objetiva-se analisar
o comprometimento dos órgãos da saúde e sociedade civil em relação a divulgação da importância do
autoexame dos testículos. Realizou-se um levantamento de artigos, entre os anos de 2011 a setembro de
2015, a fim de verificar a perspectiva de diversos autores sobre a prevenção do câncer de testículos uma
vez que este, é de extrema importância principalmente entre homens jovens no auge da sua vida
produtiva e sexual. Os resultados foram sistematizados em cinco eixos temáticos. Constatou-se que
mesmo com a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem – PNAISH pouco se tem falado a
respeito do câncer de testículos e tão pouco da sua prevenção. Autores recomendam que esforços sejam
destinados à divulgação de informações sobre o câncer de testículo, bem como à relevância do
diagnóstico precoce pelos profissionais de saúde das Unidades Básicas de Saúde, nas escolas e indústrias
visto que o número de doentes desse tipo de câncer deve ser maior, por causa dos casos subnotificados,
atingindo em torno de 3 mil pacientes.
Palavras-chave: Neoplasias Testiculares, Saúde do Homem, Política de Saúde.
Sobral, ano 4, v.1, n. 6, JAN/JUN 2015, p. 10-28. ISSN: 2317-2649
ABSTRACT
The testicular tumor is relatively rare, 1% to 1.5% of all cancers in man. Although rare is the most common
solid tumor affecting young people between 15 and 35 years, in its phase of greater productivity. Thus,
preventive measures should be implemented in the case of cancer of the testes any initiative that man
aware of the importance of self-examination of the testicles to check for tumors, is valid. The research
objective is to analyze the commitment of health authorities and civil society regarding the dissemination
of the importance of self-examination of the testicles. We conducted a survey of articles, between the
years of 2011 to September 2015 in order to verify the prospect of several authors on the prevention of
cancer of the testicles as this is of utmost importance especially among young men in the prime of their
productive and sexual life. The results were organized in five thematic areas. That even it was found with
the National Policy for Integral Attention to Men's Health - PNAISH little has been said about cancer of
the testicles and so little of its prevention. Authors recommend that efforts be aimed at disseminating
information on testicular cancer, as well as the relevance of early diagnosis by health professionals of
basic health units, schools and industries as the number of patients of this cancer must be greater because
of underreported cases, reaching about 3 thousand patients.
Keywords: Testicular Neoplasms, Men's Health, Health Policy
INTRODUÇÃO
Os testículos se localizam dentro da bolsa escrotal e são responsáveis pela produção dos
espermatozoides e da testosterona, o hormônio sexual masculino. Embora represente apenas 1% dos
tumores que afetam os homens, a incidência de câncer de testículo tem aumentado nos últimos anos
(CATRAN, 2010).
Ainda segundo (CATRA, 2010), a doença acomete especialmente adultos jovens, brancos, entre 20
e 40 anos, fase de maior a atividade sexual e reprodutiva com incidência de cerca de cinco casos para
cada grupo de 100 mil indivíduos. Quando comparado a outros cânceres que atingem o homem, o câncer
de testículo apresenta baixo índice de mortalidade. Destaca-se ainda o fato de ter maior incidência em
pessoas jovens e sexualmente ativas, possibilitando, entretanto, a chance deste câncer ser confundido ou
até mascarado por orquiepididimites, as quais geralmente transmitidas sexualmente. Atualmente, o
câncer de testículo é considerado um dos mais curáveis, principalmente se detectado em estágio inicial.
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O câncer de testículo pode se desenvolver em um ou ambos os testículos de homens jovens e é na
fase produtiva, segundo o INCA, que há chance de o câncer ser confundido, “ou até mesmo mascarado,
por orquiepididimites (inflamação dos testículos e dos epidídimos, canal localizado atrás do testículo e
que coleta e carrega o esperma), geralmente transmitidas sexualmente” (MARTINS, 2013).
Nos últimos anos, muitos progressos foram feitos no tratamento do câncer de testículo. Os
métodos cirúrgicos foram refinados, e os médicos têm um maior conhecimento sobre as melhores
maneiras de administrar a quimioterapia e radioterapia nos diferentes tipos de câncer de testículo
(SOUZA, 2011).
Com a implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem em 1990, vem
acontecendo nos âmbito das Unidades Básica de Saúde trabalhos com a finalidade de promover ações
de saúde que contribuam significativamente para a compreensão da realidade singular masculina nos
seus diversos contextos socioculturais e político-econômicos com a finalidade de possibilitar o aumento
da expectativa de vida e a redução dos índices de morbimortalidade por causas preveniveis e evitáveis
nessa população (BRASIL, 2012).
O câncer de testículo está associado a autoimagem masculina tanto do ponto de vista reprodutivo
quanto sexual e é afetada na quase totalidade dos casos, uma vez que a necessidade de tratamento
implica na retirada do testículo acometido, como primeira abordagem terapêutica podendo representar
um grande impacto na fertilidade desses indivíduos. Cabe ressaltar que, para alguns pacientes, o término
do tratamento e a possibilidade de colocação de prótese testicular não são suficientes para reduzir o
stress já que muitas vezes persiste o estigma de uma doença tumoral com possibilidade de recidiva.
Como não se conhece a causa do câncer de testículo, não existem maneiras seguras de prevenir a
enfermidade. A exceção são os casos de criptorquidia, que devem ser corrigidos tão logo seja possível. No
entanto, o autoexame realizado todos os meses representa um meio de detectar qualquer alteração
importante para o diagnóstico precoce o que aumenta as chances de cura sem que haja intervenção
cirúrgica (REAL, 2013).
Frente a essas reflexões, surgiu o interesse pela temática a partir do momento em que foi realizada
a Especialização em Saúde da Família e discutimos sobre a política nacional de saúde do homem. No
desenvolvimento do trabalho nas escolas do estado, foi verificado que os adolescentes não têm
informação a respeito da temática, emerge assim, a seguinte pergunta norteadora: Qual o
comprometimento dos órgãos de saúde pública e da educação sobre a saúde do homem na perspectiva
de prevenção de câncer de testículo?
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OBJETIVO
Esta pesquisa tem como objetivo analisar o comprometimento dos órgãos da saúdepública e da
educação em relação a divulgação da importância do autoexame dos testículos como estratégia de
prevenção para o câncer de testículos.
FONTE DE DADOS
No estudo proposto foi realizada uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, uma vez que,
segundo MINAYO, 2014, a pesquisa qualitativa aprofunda questões das relações humanas, não percebidas
estatisticamente.
O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica, que consiste em examinar, por meio de
levantamento e análise do que já foi produzido a respeito de determinado assunto e são assumidos como
tema para pesquisa científica (RUIZ, 2006).
A pesquisa ocorreu entre os meses de Fevereiro a Setembro de 2015 na Biblioteca Virtual de Saúde
(BVS), Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), e em suas bases indexadas como o LILACS (Literatura
Latino-Americana em Ciências da Saúde), Scielo (ScientificElectronic Library Online) e Pubmed e também,
a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem – PNAISH.
Utilizamos como critério de inclusão: artigos completos, de língua portuguesa, entre os anos de
2009 a Setembro de 2015 e que tinham relação com o tema abordado. Como critérios de exclusão: os
artigos que eram repetidos e os que não tinham relação com a temática. Sendo analisados 16 artigos.
Os resultados encontrados foram sistematizados em cinco eixos temáticos consistindo em:
epidemiologia, tumores testiculares, exames para diagnósticos, tratamentos do câncer de testículo,
prevenção e promoção.
SÍNTESE DOS DADOS
Epidemiologia
O Brasil vem sofrendo mudanças em seu perfil demográfico, consequência, entre outros fatores,
do processo de urbanização populacional, da industrialização e dos avanços da ciência e da tecnologia. A
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essas novas caraterísticas da sociedade brasileira, unem-se os novos estilos de vida e a exposição, ainda
mais intensa, a fatores de risco próprios do mundo contemporâneo. Para alcançar este objetivo foi
realizada uma pesquisa bibliográfica a fim de verificar a perspectiva de diversos autores sobre a prevenção
do câncer de testículos uma vez que este, é de extrema importância principalmente entre homens jovens
no auge da sua vida produtiva e sexual (BRASIL, 2014).
Assim como a transição epidemiológica, também a vigilância foi reformulada, para ampliar o seu
objeto, incluindo hoje o grupo de doenças crônico-degenerativas, que, pela importância crescente na
morbimortalidade do país, vem, progressivamente, sendo acrescentado ao repertório tradicional da
vigilância epidemiológica.
A vigilância de câncer destina-se, como em qualquer sistema de vigilância, a produzir informações
para a tomada de decisões. Essas informações provêm dos registros de câncer, dos grandes sistemas de
informação em saúde, de análises e estimativas, bem como de pesquisas e estudos epidemiológicos
(BRASIL, 2014).
É com base nas informações de 23 Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP), alimentados
por uma rede de 282 Registros Hospitalares de Câncer (RHC), que se consolida o sistema de morbidade
por câncer – com informações oportunas e de qualidade (padronizadas, atualizadas e representativas da
população brasileira). A esse sistema, agrega-se o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) para
a elaboração da estimativa de 19 tipos de câncer, apresentada para o território nacional, estados e
capitais, por gênero(BRASIL, 2012).
De acordo com estimativas mundiais do projeto Globocan 2012, da Agência Internacional para
Pesquisa em Câncer (Iarc, do inglês InternationalAgency for ResearchonCancer), da Organização Mundial
da Saúde (OMS), houve 14,1 milhões de casos novos de câncer e um total de 8,2 milhões de mortes por
câncer, em todo o mundo, em 2012. A carga do câncer continuará aumentando nos países em
desenvolvimento e crescerá ainda mais em países desenvolvidos se medidas preventivas não forem
amplamente aplicadas. Nesses, os tipos de câncer mais frequentes na população masculina foram
próstata, pulmão e cólon e reto; e mama, cólon e reto e pulmão entre as mulheres. Nos países em
desenvolvimento, os três cânceres mais frequentes em homens foram pulmão, estômago e fígado; e
mama, colo do útero e pulmão nas mulheres(RUIZ, 2006).
Em 2030, a carga global será de 21,4 milhões de casos novos de câncer e 13,2 milhões de mortes
por câncer, em consequência do crescimento e do envelhecimento da população, bem como da redução
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na mortalidade infantil e nas mortes por doenças infecciosas em países em desenvolvimento(BRASIL,
2014).
No Brasil, a estimativa para o ano de 2014, que foi válida também para o ano de 2015, aponta para
a ocorrência de aproximadamente 576 mil casos novos de câncer, incluindo os casos de pele não
melanoma, reforçando a magnitude do problema do câncer no país. O câncer de pele do tipo não
melanoma (182 mil casos novos) será o mais incidente na população brasileira, seguido pelos tumores de
próstata (69 mil), mama feminina (57 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo
do útero (15 mil) (BRASIL, 2014, SOUZA, 2015).
Dentre os tumores malignos do homem, 5% ocorrem nos testículos. O câncer de testículo atinge
principalmente homens entre 15 e 50 anos de idade, sendo considerado raro. Sua incidência, segundo o
Surveillance, Epidemiology, andEndResults (SEER), do NationalCancerInstitute, foi de 1,27 em 100.000,
em menores de 20 anos, no ano de 2008. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), 4,11% de todos
os cânceres em pacientes masculinos de até 18 anos no município de São Paulo foram devidos a neoplasia
gonadais malignas, com incidência de 0,9 em 100.000, sendo que 30,3 ocorreram em crianças de 0 a 9
anos e 69,7% em adolescentes de 10 a 18 anos. Um estudo brasileiro baseado em registro hospitalar
mostrou que as neoplasias de células germinativas e outras gonadais corresponderam a 2,9% do total no
sexo masculino (JESUS, 2015).
Quando comparado com outros cânceres que atingem o homem, como o de próstata, o câncer de
testículo apresenta baixo índice de mortalidade. O fato de ter maior incidência em pessoas jovens e
sexualmente ativas possibilita a chance de o câncer de testículo ser confundido ou até mesmo mascarado
por orquiepididimites, que são inflamações dos testículos e dos epidídimos, geralmente transmitidas
sexualmente (AGUIAR, 2015).
Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) mostram que as
mortes por tumores malignos nos testículos totalizaram 887 casos no Brasil entre os anos de 2010 e 2012,
com maior incidência nas regiões Sudeste (383), Sul (253) e Nordeste (123). Nas regiões Norte e CentroOeste, as mortes somaram 79 e 49 casos, respectivamente, no período (BRASIL, 2012).
Estudos comprovam que os homens são mais vulneráveis às doenças, especialmente as
enfermidades graves e crônicas. Essa ocorrência está ligada ao fato de que eles recorrem menos
frequentemente do que as mulheres aos serviços de atenção primária e procuram o sistema de saúde
quando os quadros já se agravaram desta forma, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do
Homem está alinhada com a Política Nacional de Atenção Básica – porta de entrada do Sistema Único de
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Saúde - com as estratégias de humanização, e em consonância com os princípios do SUS, fortalecendo
ações e serviços em redes e cuidados da saúde.
Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, com regularidade, as medidas
de prevenção primária. A resistência masculina à atenção primária aumenta não somente a sobrecarga
financeira da sociedade, mas também, e, sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua
família, na luta pela conservação da saúde e da qualidade de vida dessas pessoas.
As pesquisas qualitativas apontam várias razões, mas, de um modo geral, podemos agrupar as
causas da baixa adesão em dois grupos principais de determinantes, que se estruturam como barreiras
entre o homem e os serviços e ações de saúde (GOMES, 2003; KEIJZER, 2003; SCHRAIBER et all, 2000) a
saber: barreiras socioculturais e barreiras institucionais.
A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, portanto, além de evidenciar os
principais fatores de morbimortalidade explicita o reconhecimento de determinantes sociais que resultam
na vulnerabilidade da população masculina aos agravos à saúde, considerando que representações sociais
sobre a masculinidade vigente comprometem o acesso à atenção integral, bem como repercutem de
modo crítico na vulnerabilidade dessa população a situações de violência e de risco para a saúde.
Segunda última estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), para o ano de 2030, são
esperados cerca de 27 milhões de casos de câncer incidentes, 17 milhões de mortes e 75 milhões de
pessoas vivendo com algum tipo de neoplasia em todo o mundo (SOUZA, 2015).
A tabela abaixo mostra os números de casos de óbitos por neoplasias maligna dos testículos no
Ceará tabulados por ano do óbito e faixa etária nos anos de 2013, 2014 e primeiro semestre de 2015 de
acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Tabnet-CE) confirmando as estimativas da doença durante a
vida sexual ativa do homem.
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Tumores Testiculares
O câncer de testículo pode se desenvolver em um ou ambos os testículos de homens jovens. É um
tipo de câncer altamente tratável e geralmente curável.Os principais tipos de câncer de testículo são de
acordo com CATRAN, 2010 e MARTINS, 2015, são:
Tumores de Células Germinativas
Mais de 90% dos cânceres de testículo se desenvolvem nas células germinativas, que produzem o
esperma. Existem dois tipos principais de tumores de células germinativas (TCG): seminomas e não
seminomas. Os TCG ocorrem em proporções similares, mas são muito diferentes quando vistos sob um
microscópio. Algum tipo de câncer contém tanto células do tipo seminomas assim como não seminomas,
mas, são tratados como não seminomas porque crescem e se disseminam como tais.
- Seminomas: se desenvolvem a partir das células germinativas do testículo produtoras de
espermatozoides. Os dois principais subtipos destes tumores são:
 Seminoma Clássico - Representam mais de 95% dos casos. Estes geralmente ocorrem em homens
entre 25 - 45 anos.
 Seminoma Espermatocítico - É um tipo raro de seminoma que tende a ocorrer em homens mais
velhos. A idade média dos homens diagnosticados com seminoma espermatocítico é 65 anos.
Estes tendem a crescer mais lentamente e são menos propensos a se disseminar do que os
seminomas clássicos.
- Não Seminomas
Este tipo de tumor de células germinativas ocorre geralmente entre a adolescência e os 30 anos.
Existem 4 tipos principais de tumores não seminomas. A maioria dos tumores são mistos com pelo menos
dois tipos diferentes, mas isto não altera o tratamento.
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Carcinoma Embrionário - Este tipo de não seminoma está presente em algum grau em cerca
de 40% dos tumores testiculares, mas os carcinomas embrionários puros ocorrem apenas em
3% a 4%% dos casos. Este tipo de não seminoma tende a crescer rapidamente e se disseminar.
O carcinoma embrionário pode aumentar os níveis sanguíneos dos marcadores alfafetoproteína (AFP) e HCG.
Carcinoma de Saco Vitelino - Suas células se parecem com o saco vitelino do embrião humano
em suas primeiras fases de formação. Este tipo de câncer também é conhecido por outros
nomes, por exemplo, tumor do saco vitelino, tumor dos seios endodérmicos, carcinoma
embrionário infantil ou orquidoblastoma. É a forma mais comum de câncer de testículo em
crianças. Quando ocorrem em crianças geralmente são tratados com sucesso. Em adultos são
mais preocupantes, especialmente se forem puros, isto é, o tumor não contém outros tipos
de células não seminomas. Este tipo de carcinoma responde muito bem à quimioterapia,
mesmo quando existe metástase.
Coriocarcinoma - É um tipo muito agressivo e raro, que ocorre em adultos. Esses cânceres
tendem a se disseminar rapidamente para outros órgãos, como pulmões, ossos e cérebro. O
coriocarcinoma puro geralmente não se apresenta nos testículos, mais frequentemente
aparecem células do coriocarcinoma com outros tipos de células não seminomas em um
tumor de células germinativas mistas. Este tipo de tumor aumenta os níveis sanguíneos de
HCG.
Teratoma - São tumores de células germinativas com áreas que, quando vistas ao
microscópio, se assemelham às camadas de um embrião em desenvolvimento (endodermo,
mesodermo e ectodermo).
Os 3 tipos principais desses tumores são:
Teratomas Maduros - Formados por células semelhantes às células de tecidos
adultos. Eles são geralmente benignos, raramente se disseminam, e podem
sercurados cirurgicamente.
Teratomas Imaturos - São cânceres menos desenvolvidos, cujas células se
parecem com as de um embrião nas primeiras fases de formação. Ao contrário
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dos teratomas maduros, este tipo tem maior probabilidade de invadir os tecidos
adjacentes e de se disseminar.
Teratoma com Transformação Maligna - É um tipo de câncer muito raro. Esses
cânceres têm algumas áreas que se parecem com teratomas maduros, mas tem
outras onde as células se tornaram em um tipo de câncer que se desenvolve fora
do testículo, em tecidos como músculos, glândulas pulmonares e do intestino ou
cérebro.
Carcinoma In Situ
Os cânceres testiculares de células germinativas podem começar como uma forma não invasiva da
doença denominada carcinoma in situ (CIS) ou neoplasia intratubular de células germinativas. O
carcinoma in situ nem sempre evolui para invasivo. Os pesquisadores estimam que possa levar cerca de
5 anos para evoluir à forma invasiva do câncer (JÚNIOR, 2015).
O carcinoma in situ é difícil de diagnosticar antes que se torne invasivo, pois geralmente não causam
sintomas e, muitas vezes não formam uma massa que possa ser sentida. A única maneira de diagnosticar
o carcinoma testicular in situ é por biópsia. Alguns casos são encontrados acidentalmente em homens
que fizeram biópsia por algum outro motivo, como a infertilidade(MARTINS, 2015; NETO, 2015).
Tumores Estromais
Os tumores do estroma gonadal se desenvolvem nos tecidos que produzem hormônios e nos tecidos de
suporte dos testículos. Eles constituem menos de 5% dos tumores testiculares, mas até 20% dos tumores
testiculares da infância. Os 2 tipos principais são:
Tumores de Células de Leydig
Estes tumores geralmente benignos se desenvolvem a partir das células de Leydig no testículo, que
normalmente produzem os hormônios sexuais masculinos (andrógenos, como a testosterona). Os
tumores de células de Leydig podem se desenvolver tanto em adultos (75% dos casos) como em crianças
(25% dos casos).A maioria dos tumores de células de Leydig não se dissemina e são curados
cirurgicamente. Mas às vezes esses tumores se disseminam para outros órgãos (AGUIR, 2015).
Tumores de Células de Sertoli
Estes tumores se desenvolvem a partir das células normais de Sertoli, que suportam e nutrem às
células germinativas produtoras de espermatozoides. Assim como os tumores de células de Leydig, eles
são geralmente benignos(JESUS, 2015). Mas se eles se disseminam e geralmente não respondem à
quimioterapia e radioterapia.
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Exames para Diagnóstico
Histórico Clínico e Exame Físico
Durante a consulta o médico fará perguntas sobre o histórico clínico, bem como de possíveis
sintomas, para avaliar se alguma alteração pode sugerir um câncer de testículo.
Ao realizar o exame físico o médico observará possíveis sinais de um câncer de testículo, como
inchaço, sensibilidade, tamanho e localização de todas as protuberâncias. O médico também apalpará o
abdome na busca de gânglios linfáticos procurando sinais de que a doença se disseminou.
Se certos sintomas ou os resultados dos exames de detecção precoce sugerirem a presença do
câncer de testículo, o médico solicitará exames de laboratório e de imagem para um diagnóstico final.
3.2 Exames de Laboratório
Se o exame físico e os resultados dos exames de imagem sugerem um diagnóstico de câncer de testículo,
o médico solicitará a realização de outras provas, tais como os marcadores tumorais os quais podem
ajudar a diagnosticar tumores testiculares.
Muitos cânceres de testículo secretam níveis elevados das proteínas alfa-fetoproteína (AFP) e
gonadotropina coriónica humana (HCG). Quando estas proteínas (denominados marcadores tumorais)
estão presentes no sangue, sugerem a existência de um tumor maligno segundo (MARTINS, 2015). Um
tumor pode também aumentar os níveis da enzima desidrogenase láctica (LDH). No entanto, os níveis de
LDH também podem estar aumentados por outras condições clínicas (BRASIL, 2012).
Os tumores não seminomas frequentemente elevam os níveis da AFP e da HCG. Os seminomas
puros ocasionalmente aumentam os níveis da HCG, mas nunca alteram os níveis da AFP, portanto,
qualquer aumento na AFP significa que o tumor tem um componente não seminoma. Um nível alto de
LDH frequentemente (mas, nem sempre) indica doença generalizada. Os tumores de células de Sertoli e
de Leydig não produzem essas substâncias. Os níveis destas proteínas não se elevam se o tumor for
pequeno (CATRAN, 2010; AGUIR, 2015).
Estes exames são uteis não só para ajudar a diagnosticar a presença de tumores malignos como
também para avaliar a resposta à terapiae garantir que o tumor não recidivou.
Exames de Imagem
Os exames de imagem ajudam a localizar a lesão e são extremamente úteis para determinar a
extensão da doença o que se denomina estadiamento do câncer de testículo:
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 Radiografia de Tórax: é um procedimento de imagem para avaliar o corpo humano, que cria uma
imagem das estruturas internas do corpo, utilizando uma pequena quantidade de radiação.A
radiografia de tórax é utilizada para detectar a presença de alguma imagem suspeita de tumor
em algum dos pulmões que pode ser proveniente ou não do testículo (MINAYO, 2015).
 Ultrassom: ao contrário da maioria dos exames de diagnóstico por imagem, a ultrassonografia é
uma técnica que não emprega radiação ionizante para a formação da imagem. Ela utiliza ondas
sonoras de frequência acima do limite audível para o ser humano, que produzem imagens em
tempo real de órgãos, tecidos e fluxo sanguíneo do corpo.O ultrassom é geralmente o primeiro
exame realizado se existe uma suspeita de câncer de testículo. Neste exame é possível distinguir
certas condições benignas, como hidrocele ou varicocele, de um tumor sólido que pode ser
maligno (JESUS, 2015).
 Tomografia Computadorizada: é uma técnica de diagnóstico por imagem que utiliza a radiaçãoX
para visualizar pequenas fatias de regiões do corpo, por meio da rotação do tubo emissor de
RaiosX ao redor do paciente. O equipamento possui uma mesa de exames onde o paciente fica
deitado para a realização do exame. Esta mesa desliza para o interior do equipamento, que é
aberto, não gerando a sensação de claustrofobia.Este exame permite determinar o tamanho e a
localização do tumor de testículo, se os linfonodos estão aumentados, se a doença se espalhou
para o fígado, pulmões ou outros órgãos.Alguns exames de tomografia são realizados em duas
etapas: sem e com contraste. A administração intravenosa de contraste deve ser realizada quando
se deseja delinear melhor as estruturas do corpo, tornando o diagnóstico mais preciso.Muitas
vezes a tomografia computadorizada é utilizada para guiar precisamente o posicionamento de
uma agulha de biópsia em uma área suspeita de câncer (JESUS, 2015; MARTINS, 2015).
 Ressonância Magnética: é um método de diagnóstico por imagem, que utiliza ondas
eletromagnéticas para a formação das imagens. A ressonância magnética produz imagens que
permitem determinar o tamanho e a localização de um tumor de testículos, bem como a presença
de metástases.Assim como na tomografia, também pode ser usado um contraste via intravenosa
para a obtenção de maiores detalhes do corpo, porém com menos frequência (MARTINS, 2015).
 Tomografia Emissão de Pósitrons: por emissão de pósitrons mede variações nos processos
bioquímicos, quando alterados por uma doença, e que ocorrem antes que os sinais visíveis da
mesma estejam presentes em imagens de tomografia computadorizada ou ressonância
magnética. O exame PET é uma combinação de medicina nuclear e análise bioquímica, que
permite uma visualização da fisiologia humana por detecção eletrônica de radiofármacos
emissores de pósitrons de meia-vida curta.Os radiofármacos, ou moléculas marcadas por um
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isótopo radioativo, são administrados ao paciente, por via venosa, antes da realização do exame.
Como as células cancerígenas se reproduzem muito rapidamente, e consomem muita energia
para se reproduzirem e se manterem em atividade, o exame aproveita essa propriedade.
Moléculas de glicose, que são energia pura, são marcadas por um radioisótopo e injetadas nos
pacientes. Como as células de tumores são ávidas da energia proveniente da glicose, esta vai
concentrar-se nas células cancerígenas, onde o metabolismo celular é mais intenso. Alguns
minutos depois é possível fazer um mapeamento do organismo, produzindo imagens do interior
do corpo.O exame PET permite detectar se o câncer se disseminou para os linfonodos ou outras
estruturas e órgãos do corpo. É um exame muitas vezes mais útil nos tumores seminomas do que
para não seminomas(JESUS, 2015; MARTINS, 2015).
Tratamentos do Câncer de Testículos
Nos últimos anos, muitos progressos foram feitos no tratamento do câncer de testículo. Os
métodos cirúrgicos foram refinados, e os médicos têm um maior conhecimento sobre as melhores
maneiras de administrar a quimioterapia e radioterapia nos diferentes tipos de câncer de testículo.
Após o diagnóstico e estadiamento da doença, o médico discutirá com o paciente as opções de
tratamento. Dependendo do estágio da doença e alguns outros fatores, as principais opções de
tratamento para pacientes com câncer de testículo podem incluir a cirurgia, radioterapia e quimioterapia.
Em muitos casos, mais do que um desses tratamentos ou uma combinação deles podem ser utilizados.
Cirurgia
A cirurgia é normalmente o primeiro tratamento realizado para todos os cânceres de testículo. Os
principais procedimentos cirúrgicos são:
 Orquiectomia Inguinal Radical: este tipo de cirurgia remove o testículo (ou testículos) que contém
o câncer. É feita uma incisão na virilha e o testículo é retirado do escroto através dessa abertura.
Um corte é feito através do cordão espermático que liga o testículo ao abdome. Todos os estágios
do câncer de testículo são normalmente tratados com este tipo de cirurgia (NETO, 2015).
 Dissecação do Linfonodo Retroperitoneal: dependendo do tipo e do estágio da doença, alguns
gânglios linfáticos do abdome podem ser removidos durante a cirurgia ou em outro procedimento
diagnóstico.A dissecação do linfonodo retroperitoneal pode ser uma cirurgia difícil. Muitas vezes
é feita uma incisão grande para remover os gânglios linfáticos. Cerca de 5% a 10% dos pacientes
têm complicações temporárias após a cirurgia, como obstrução intestinal ou infecções na cicatriz.
Esta é uma cirurgia longa e difícil (REAL, 2015).
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 Cirurgia Laparoscópica: em alguns casos, o cirurgião pode remover os gânglios linfáticos através
de incisões pequenas no abdome usando um laparoscópio. A cirurgia laparoscópica parece ser
muito mais fácil para o paciente, mas o médico não tem certeza se ela é tão segura e eficaz quanto
a cirurgia aberta para a remoção de todos os linfonodos potencialmente cancerígenos. É por isso
que se os gânglios linfáticos removidos contiverem doença, o paciente é muitas vezes tratado
com quimioterapia.Este procedimento é mais utilizado para pacientes com estágio inicial de
tumores não seminomas para verificar se os gânglios linfáticos contêm a doença (MARTINS, 2015;
NETO, 2015).
Radioterapia
O tratamento radioterápico utiliza radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das
células anormais que formam um tumor. Existem vários tipos de radiação, porém as mais utilizadas são
as eletromagnéticas (RaiosX ou Raios gama) e os elétrons (disponíveis em aceleradores lineares de alta
energia) (NETO, 2015).
No tratamento do câncer de testículo, a radioterapia é utilizada principalmente para destruir as células
cancerígenas que se disseminaram para os gânglios linfáticos.
4.3 Quimioterapia
A quimioterapia utiliza medicamentos anticancerígenos para destruir as células tumorais. Por ser
um tratamento sistêmico, atinge não somente as células cancerosas senão também as células sadias do
organismo. De forma geral, a quimioterapia é administrada por via venosa, embora alguns
quimioterápicos possam ser administrados por via oral(MARTINS 2015; NETO, 2015).
Este procedimento é frequentemente utilizado para curar o câncer de testículo, quando se
disseminou para fora do testículo ou para diminuir o risco da recidiva, sendo realizado em ciclos, com
cada período de tratamento seguido por um período de descanso, para permitir que o corpo possa se
recuperar. Cada ciclo de quimioterapia dura em geral algumas semanas.
Prevenção e Promoção
O problema do câncer no Brasil ganha relevância pelo perfil epidemiológico que essa doença vem
apresentando, e, com isso, o tema conquista espaço nas agendas políticas e técnicas de todas as esferas
de governo. O conhecimento sobre a situação dessa doença permite estabelecer prioridades e alocar
recursos de forma direcionada para a modificação positiva desse cenário na população brasileira.
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A inclusão das ações de controle de câncer entre os 16 Objetivos Estratégicos do Ministério da
Saúde para o período 2011 – 2015, com destaque para as ações de redução da prevalência do tabagismo
e de ampliação de acesso, diagnóstico e tratamento em tempo oportuno dos cânceres de mama e do colo
do útero, assim como a publicação da nova Política Nacional de Prevenção e Controle de Câncer na Rede
de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas (PNPCC-RAS), por meio da Portaria no 874, de 16 de maio
de 2013, são exemplos destacados dessa premissa (BRASIL, 2014).
O desenvolvimento da maioria dos cânceres requer múltiplas etapas que ocorrem ao longo de
muitos anos. Assim, alguns tipos de câncer podem ser evitados pela eliminação da exposição aos fatores
determinantes. Se o potencial de malignidade for detectado antes de as células tornarem-se malignas, ou
numa fase inicial da doença, tem-se uma condição mais favorável para seu tratamento e,
consequentemente, para sua cura.
A prevenção e o controle do câncer precisam adquirir o mesmo foco e a mesma atenção que a área
de serviços assistenciais, pois o crescente aumento do número de casos novos fará com que não haja
recursos suficientes para dar conta das necessidades de diagnóstico, tratamento e acompanhamento.
As consequências serão mortes prematuras e desnecessárias. Assim, medidas preventivas devem
ser implementadas agora para reduzir a carga do câncer, como as estratégias para o controle do
tabagismo, relacionado ao câncer de pulmão, entre outros; a promoção da alimentação saudável, para a
prevenção dos cânceres de estômago e intestino, entre outros; a vacinação para Papilomavírus humano
(HPV) e hepatite, contra o câncer do colo do útero e de fígado. De igual modo, a adoção de estilos de vida
mais saudáveis, como uma alimentação adequada e a prática de atividade física, permitirá um melhor
controle dos cânceres de mama, próstata e intestino. Essas medidas crescem em importância,
principalmente em países como o Brasil, que se encontra em um processo de transição econômica, o que
o faz ganhar, progressivamente, o ônus global do câncer observado em países economicamente
desenvolvidos.
No caso do câncer de testículos, o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Carlos
Corradi em entrevista a um jornal de circulação Nacional, considerou como positiva qualquer iniciativa
que conscientize o homem sobre a importância do autoexame. Ele acredita que o número de doentes
desse tipo de câncer deve ser maior, por causa dos casos subnotificados, atingindo em torno de 3 mil
pacientes. “Esse câncer não é notificado”, disse(MARTINS, 2015).
Considerou ainda que a campanha do Reino Unido é positiva. “Tudo que vem para o bem da saúde
das pessoas é interessante”. Ressaltou que se o indivíduo esperar o tumor crescer muito para tomar
providência, poderá ocorrer a metástase e a doença se espalhar pelo corpo.
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A campanha lançava um desafio aos homens para que postassem fotos com a mão nos testículos
de modo a mostrar a importância de se fazer o autoexame para verificar a existência de tumores.“A
vantagem de uma campanha dessas é a orientação popular para fazer o autoexame”. Corradi destacou
que se brasileiros famosos aderirem à campanha isso ampliaria o seu alcance e contribuiria para os
homens ficarem “mais atentos”.“Os homens têm que apalpar os testículos. Se aparecer um nódulo ou
uma tumoração, tem que procurar o médico”, disse à Agência Brasil.
Vários autores têmdestacado a relevância da inserção de programas de educação em saúde para
prevenção do câncer de testículo, bem como reforçada a importância do papel daequipe de saúde nessa
atividade, uma vez que a sobrevida deste tipo de câncer está relacionada diretamente à detecção precoce
propondo iniciar a educação em saúde para adolescentes do sexo masculino ressaltando a importância
do autoexame testicular, o qual deve ser realizado semestralmente(SOUZA, 2015).
Alguns desses autores defendem a implementação dessa estratégia de intervenção dentre as
atividades educativas no ensino médio, no qual está inserida a faixa etária de início da incidência desse
tipo de câncer, que é 15 anos de idade.
A prevenção do câncer de testículo também deve fazer parte do plano de intervenções junto aos
trabalhadores e as estratégias devem variar desde consultas de enfermagem, palestras e vídeos
educativos a até mesmo a colocação de cartazes com o passo a passo do autoexame testicular nos
banheiros das empresas para que os trabalhadores sejam incentivados a realizá-lo.
Além do autoexame, é recomendado pela Sociedade Americana de Câncer (ACS) que o exame
testicular seja efetuado tri anualmente para homens com idade superior a 20 anos e, anualmente, para
homens acima de 40 anos. A orquidopexia na fase prépuberal pode diminuir o risco de câncer de testículo.
Assim, recomenda-se essa intervenção cirúrgica em meninos com idade entre 10 e 11 anos que tiveram
criptorquidia (não descida do testículo na fase gestacional), (NETO, 2015).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O câncer de testículo, apesar de raro, é a neoplasia maligna mais comum entre homens jovens
entre 15 e 35 anos e sua incidência vem crescendo nas últimas 4 décadas. Na população pediátrica
representa achado pouco frequente, com incidência aproximada entre 1 e 2% de todos os tumores sólidos
na infância. Esta baixa incidência, somada ao pequeno número de estudos, contribui para as controvérsias
observadas na literatura sobre a abordagem mais adequada desta patologia.
Fica claro que as estratégias de prevenção do câncer de testículo relacionam-se às questões
socioeconômicas, principalmente à educação o que se torna necessário o desenvolvimento de medidas
de incentivo da população masculina a buscarem informações nos serviços de saúde. Porém, como mostra
os dados da PNAISH eles não buscam atendimento nas UBS e muitas vezes são suas mulheres que o fazem
por eles o que torna- se mais justificável a elaboração de campanhas públicas de esclarecimento dirigidas
ao público masculino.
Como estratégia preventiva para o câncer de testículo, a que se considera de maior impacto e de
maior eficiência é o autoexame testicular, cuja prática de realização deve começar a ser disseminada, por
meio da utilização de cartazes em locais estratégicos tais como escolas, em meios de transporte,
banheiros públicos, salas de espera e indústrias utilizando vídeos educativos e mídia eletrônica.
Há que se fazer um trabalho intersetorial de educação em saúde para adolescentes envolvendo
profissionais da saúde, da educação e famílias, com o intuito de incentivar ao menos a partir da
adolescência, os jovens para a realização do autoexame, sendo orientados a observar, sobretudo:
presença de nódulo, enduração ou inchaço, o qual pode ser acompanhado ou não de dor. Outras
alterações também devem ser observadas, tais como: aumento do volume do testículo, podendo levar à
sensação de peso; assimetria; alteração na pele local; as quais podem representar o crescimento local do
tumor.
A promoção da saúde através da prevenção utilizando a educação deve ser vista não apenas como
uma atividade a mais, que se desenvolve nos serviços de saúde, mas como uma ação que reorienta a
globalidade das práticas dos profissionais nas unidades de saúde em parceria com os profissionais da
educação.
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