Anatomia Comparativa dos nervos do membro pélvico de Cebus

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26 a 29 de novembro de 2013 – Campus de Palmas
Anatomia Comparativa dos nervos do membro pélvico de Cebus libidinosus
(Rylands et al. 2000)
Giovanna Felipe Cavalcante1; Tales Alexandre Aversi-Ferreira2
1
Aluno do Curso de Enfermagem; Campus de Palmas; e-mail: [email protected]; PIVIC/UFT
“ PIVIC/UFT”
2
Orientador do Curso de Nutrição; Campus de Palmas; e-mail: [email protected]
RESUMO
Estudos sobre a anatomia comparativa de mamíferos, tem sido uma questão importante para
muitos trabalhos científicos, que de alguma forma procuram estabelecer correlações
filogenéticas prováveis entre o animal estudado e o homem ( Aversi-Ferreira et al., 2011). O
gênero Cebus tem muitas semelhanças com outras espécies de primatas, incluindo o homem,
especialmente no que diz respeito a anatomia (Barros, 2002). Descrever o sistema neural
periférico que inerva o membro pélvico do Cebus Libidinosus e comparar com os dos
humanos modernos e outros primatas. Neste estudo, oito exemplares adultos, saudáveis e de
idades diferentes de Cebus Libidinosus (Rylands 2000) foram utilizados. Os animais foram
doados pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA-GO). Foi descrito o sistema
neural periférico que inerva o membro pélvico do Cebus libidinosus ressaltando a posição, a
trajetória e os músculos inervados do membro pélvico, e realizada a comparação entre esses
resultados com os dos humanos modernos e outros primatas. O estudo comparativo anatômico
de nervos do membro pélvico de Cebus tem demonstrado que, em geral, os padrões de
organização são idênticos entre os quatro primatas aqui analisados, esses primatas têm
estruturas corporais semelhantes e, consequentemente, os músculos estão posicionados numa
sequência também semelhante.
Palavras-chave: Anatomia Comparativa; Cebus libidinosus; Membro pélvico.
INTRODUÇÃO
Estudos sobre a anatomia comparativa de mamíferos, tem sido uma questão importante para
muitos trabalhos científicos, que de alguma forma procuram estabelecer correlações
filogenéticas prováveis entre o animal estudado e o homem ( Aversi-Ferreira et al., 2011).
26 a 29 de novembro de 2013 – Campus de Palmas
O gênero Cebus tem muitas semelhanças com outras espécies de primatas, incluindo o
homem, especialmente no que diz respeito a anatomia (Barros, 2002).
O sistema neural geralmente permite estabelecer as relações filogenéticas entre espécies,
principalmente devido ao cérebro, o qual define o tamanho e forma do crânio, sendo a região
do esqueleto de maior interesse para anatomistas, fisiologistas, e antropólogos (Testut &
Latarjet 1959).
Estudos sobre o Sistema Neural Periférico são importantes devido a inervação dos grupos
musculares que podem ser semelhantes ou diferentes nos táxons de primatas, a fim de avaliar
o seu comportamento, tais como hábitos arbóreos ou terrestres (Aversi-Ferreira et al., Abreu
et al., 2012)
MATERIAL E MÉTODOS
Neste estudo, oito exemplares, adultos, saudáveis e de idades diferentes, de Cebus libidinosus
(Rylands 2000) foram utilizados. Os animais foram doados pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente (IBAMA-GO). Este trabalho foi previamente aprovado pela Comissão de Ética
(Processo COEP-UFG no. 81/2008, a autorização do IBAMA no. 15275). Os animais foram
depositados na coleção anatômica da Universidade Federal do Tocantins, Campus Palmas.
Todos os animais foram sacrificados por injeção letal de pentobarbital de sódio, pesados e
perfundidos através da aorta abdominal com látex 601-A (Dupot) misturado com corante
vermelho diluído em solução de hidróxido de amônio; incluído em água à temperatura
ambiente durante 10- 12 horas e de formaldeído a 10% misturado com 5% de glicerina por
meio de perfusão da veia femoral para a fixação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No terço proximal da coxa, o nervo ciático é localizado na porção carnosa do músculo ísquio
femoral, coberto pelas fibras caudais do glúteo máximo, e situa-se acima da margem cranial
do músculo bíceps femoral. No terço médio da coxa, o nervo ciático é encontrado no canal
muscular formado lateralmente pelo músculo bíceps femoral, medialmente pelo músculo
semimembranoso, anteriormente pelo músculo ísquio femoral e posteriormente pelo músculo
semitendinoso. No terço distal, esse nervo é dividido em tibial, cutâneo sural medial e nervo
fibular comum.
26 a 29 de novembro de 2013 – Campus de Palmas
O nervo femoral penetra na coxa atrás do canal inguinal, lateralmente à artéria e veia femoral.
No terço proximal da coxa, este nervo mostra dois ramos para o músculo sartório, nervo
safeno, e mais dois ramos para inervar o músculo vasto intermédio, que penetra as fibras do
músculo vasto medial, um ramo para o músculo vasto lateral e quatro ramos para o reto
femoral. No seu terço proximal, o nervo atravessa obliquamente as fibras do vasto medial e no
terço médio e distal o nervo safeno segue a margem posterior do músculo.
Nervo obturador
Em seis membros (60%), depois de penetrar na coxa, o nervo obturador encontra-se entre as
fibras musculares de origem do pectíneo e músculo adutor curto e segue obliquamente para as
fibras do adutor curto no sentido do músculo grácil para inervá-lo.
De acordo com Swindler e Wood (1973), no homem, no chimpanzé e em babuínos o nervo
ciático é idêntico em inervação, distribuição e ramificação, e as variações citadas por esses
autores são idênticos aos observados em humanos (O’Rahilly 1985, Gray, 2000). Em Cebus
libidinosus não há variações de ramificação, sendo a inervação do músculo ísquio femoral
inédita, entretanto o músculo adutor magno não está inervado pelo ciático, mas pelo nervo
obturador (Aversi-Ferreira et al. 2011).
O nervo femoral em C. libidinosus não inerva o músculo pectíneo, apresenta modelo
diferente de localização e número de ramos para os espécimes aqui estudados. Para os
chimpanzés e seres humanos, o nervo femoral tem a distribuição e localização idênticas, em
babuínos, situa-se mais lateralmente (Swindler e Wood, 1973), que é idêntico ao C.
libidinosus. Em todos os primatas, o nervo safeno é o maior ramo cutâneo do nervo femoral
(Swindler e Wood, 1973).
O nervo obturador não foi descrito na coxa por Swindler e Wood (1973), mas na pélvis. Na
coxa de seres humanos, este se divide no sulco obturatório em ramo anterior e posterior, o
qual é separado em primeiro lugar por algumas fibras do obturador externo, e mais para baixo
através do músculo adutor curto (Gray, 2000), apresentando descrição idêntica ao C.
libidinosus apenas sobre a parte de adutor curto. Em C. libidinosus, existem variações
importantes da inervação e na emissão de ramos.
Em Cebus, o nervo tibial é um ramo do nervo ciático passando através da região posterior da
perna. Depois, através da fossa poplítea, no terço proximal, penetra entre as duas cabeças do
músculo gastrocnêmio, e viaja profundamente no músculo sóleo, lateralmente para os flexores
26 a 29 de novembro de 2013 – Campus de Palmas
tibiais dos dedos e medialmente ao músculo tibial posterior. Na parte distal da perna, o nervo
tibial divide em dois ramos, os nervos plantares medial e lateral.
O nervo plantar medial passa posteriormente ao maléolo medial e segue para a planta do pé
emitindo ramos para as regiões do 1º até a região medial do 4° dedo. O nervo plantar lateral,
após passar pelo maléolo medial segue abaixo da aponeurose plantar e emite ramos para a
região lateral do 4° e região do 5° dedo. Dentre as espécies estudadas o macaco-prego
apresentou um padrão de inervação mais semelhante a humanos e chimpanzé do que a
babuínos.
O nervo fibular comum é um ramo do nervo ciático. Ele viaja através da fossa poplítea, e é
colocado medialmente na porção distal do músculo bíceps femoral. Em seguida, viaja na face
lateral da perna, e passa sobre a superfície dorsal da cabeça lateral do músculo gastrocnêmio,
onde se divide em ramos terminais, ou seja, os nervos fibular superficial e profundo.
O nervo fibular superficial é um ramo do nervo fibular comum. Ele imediatamente penetra
nas fibras do fibular longo e o músculo extensor longo dos dedos, e corre sob a pele no terço
distal da perna, e passa superficialmente ao retináculo dos extensores. Então, ele se divide em
vários ramos para os músculos dorsais do pé; inerva o fibular longo, fibular curto, extensor
longo dos dedos e músculos dorsais do pé.
No terço proximal da perna, o nervo fibular profundo penetra nas fibras do fibular longo e
os músculos extensores longo dos dedos, e viaja medialmente ao músculo extensor longo dos
dedos. Em seguida, ele viaja sob o músculo extensor longo do hálux e passa por sob o
retináculo dos músculos extensores. Os ramos musculares deste nervo inervam o extensor
longo dos dedos, extensor longo do hálux, tibial anterior e tibial acessório.
O nervo cutâneo sural medial emerge do nervo ciático passa entre as duas cabeças do
músculo gastrocnêmio, na parte proximal da perna, e viaja para a parte posterior do músculo.
No terço distal da perna, se divide em dois ramos terminais para inervar a região lateral do pé.
A descrição da trajetória e inervação do nervo tibial de chimpanzé e babuínos são relatadas
por Swindler & Wood (1973). Os estudos indicaram semelhança com capuchinos, em geral. O
nervo cutâneo sural medial em capuchinos tem distribuições, inervações e localizações
semelhantes em relação aos primatas não-humanos.
A trajetória do nervo fibular superficial é idêntica entre todos os primatas estudados aqui
(Swindler & Wood, 1973), incluindo Cebus. A trajetória do nervo fibular profundo é
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semelhante entre todos os primatas estudados aqui (Swindler & Wood 1973; Standring,
2008). No entanto, inerva os músculos adicionais em Cebus ou seja, o acessório tibial. Em
geral, a comparação dos resultados indica que a inervação do músculo é semelhante entre os
quatro primatas.
LITERATURA CITADA
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AVERSI-FERREIRA T.A. et al. Estudo comparativo entre os músculos flexores superficiais
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Anat. Rec. 293:2056-2070. 2010.
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