A PLATAFORMA CONTINENTAL LESTE DO CEARÁ: ASPECTOS MORFOLÓGICOS DO QUATERNÁRIO Autores ISABELLY MARIA MAIA FERRO, GEORGE SATANDER SÁ FREIRE, JOÃO CAPISTRANO DE ABREU NETO Resumo A plataforma continental é o prolongamento do continente com geometria plana, mas com uma suave inclinação para o mar até o gradiente ter uma mudança brusca. A morfologia das plataformas é devido a períodos de erosão e deposição, resultado das flutuações do nível do mar. A área em estudo compreende a porção leste da Plataforma Continental Cearense, que vai da cidade de Fortaleza até o distrito de Munibu, município de Icapuí. Este trabalho objetiva identificar as feições que marcam a variação do nível do mar durante o Quaternário. Para a realização do estudo foram realizados trabalhos de campo, onde foram feitas perfilagens acústicas a partir de três sistemas: ecobatímetro, sparker e X-Star. Com os levantamentos realizados observa-se que a mesma apresenta em média largura de 56 km, e que em quase toda sua extensão, junto à linha de costa, apresenta como característica constante um pequeno declive que é o gradiente de passagem da parte emersa para a plataforma. Esse primeiro declive abrange as cotas batimétricas de 0 a 15 metros, com a isóbata de 10 metros mais frequentes, e com declividade variando em torno de 1:670. Já na plataforma externa a batimetria mostra vários patamares, sendo estes indicadores de uma ruptura múltipla em degraus. Esses degraus correspondem a terraços e terraços de borda de plataforma, sendo bem individualizados aqueles entre 23 a 30 metros, 40 e 50 metros. A plataforma interna mais plana tem como continuidade o primeiro patamar, apresentando a superfície mais regular da plataforma, cobrindo em alguns locais superfícies irregulares, parecendo ser uma superfície niveladora, podendo corresponder a uma superfície que vem se formando desde 7.500 anos A.P.. A passagem do primeiro patamar para o segundo patamar, tem topografia variável, pois pode ser abrupto ou com um gradiente mais suave; sendo caracterizada por um revelo mais irregular, apresentando variações de relevo, extensão e configuração. Sendo ele bem individualizado do terraço que existe na borda da plataforma por ter um escarpamento ou gradiente topográfico mais abrupto. A quebra da plataforma continental esta associada a um escarpamento são as características que distingue o terraço de borda de plataforma. Essa feição topográfica e a sua posição batimétrica indica que o terraço deve representar um nível de mar estático durante os períodos glaciais. Quando se correlaciona o nível topográfico desse terraço com a curva de Corrêa (1990) esse nível deve representar um nível de mar estático ocorrido há 11.000 anos A.P.. A quebra da plataforma delimita fisiograficamente a passagem do gradiente suave da plataforma para o acentuado do talude continental, representando o limite entre o continente e o oceano. Essa quebra pode evoluir de várias formas, mas quando é uma "zona de quebra" as oscilações do nível do mar estão bastante ligadas a historia do modelado do relevo. No leste do Ceará a zona de quebra é bem mais estreita e com declividade mais acentuada.