Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 0 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 1 PROJETO DARWIN Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 2 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 3 Realização Agência Ambiental Pick-upau Financiamento Fundo Especial para o Meio Ambiente – FEMA Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente – SVMA Prefeitura Municipal de São Paulo – PMSP Parceria Instituto de Botânica de São Paulo – IBot Terra Indígena Guarani Mbya Tenonde Porã Apoio Carioba Investimentos Instituto Floresta de São Paulo – IF Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo – SMA/SP Apoio Institucional APA Capivari-Monos Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 4 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 5 Sumário III- Introdução 09 Biodiversidade 1. Evolução 1.1 A evolução das plantas 2. Seleção Natural e a Teoria evolucionista 2.1 Charles Darwin 2.2 Origem da Vida e classificação dos seres vivos 2.2.1 Sistema de nomenclatura e taxonomia 2.2.2 Espécies-filogenia com ênfase em plantas 3. Ecossistemas – meio físico e seres vivos 11 14 18 20 23 24 25 26 29 3.1 Mata Atlântica 3.2 Hotspots 4. Importância da pesquisa científica 4.1 Novos conhecimentos 4.2 Registro do conhecimento - Etnobiologia 32 37 39 39 40 Impactos Ambientais 1. Biologia da Conservação 2. Unidades de Conservação 44 47 47 III- IV- Anexos 51 V- Glossário 53 VI- Referências Bibliográficas 61 VII- Créditos 66 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 6 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 7 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 8 I. Introdução O Projeto Darwin faz parte de um novo compromisso do Pick-upau, de aumentar o conhecimento sobre a biodiversidade brasileira, através de pesquisa científica, para auxiliar nas políticas de preservação e conservação ambientais. O Projeto Darwin tem como principais características conhecer e divulgar os atributos naturais e culturais dos Biomas Brasileiros. Este projeto, com ênfase na Floresta Atlântica Tropical, incluindo áreas particulares, Unidades de Conservação e Terras Indígenas, descreve o inventário da biodiversidade de espécies arbóreas da Área de Proteção Ambiental (APA) CapivariMonos e da Terra Indígena Guarani Tenonde Porã, em Parelheiros, no extremo sul do município de São Paulo. O projeto pretende, entre outros objetivos, contribuir na promoção do desenvolvimento sustentável, através da ampla divulgação dos atributos naturais e culturais da APA Capivari-Monos e seu entorno. Projeto Darwin – Flora: Bióloga da Agência Ambiental Pick-upau durante expedição de coleta na Terra Indígena Guarani Tenonde Porã. (Pick-upau/Divulgação) A Agência Ambiental Pick-upau espera auxiliar com o Projeto Darwin o fomento do turismo ecológico, cultural e rural e o desenvolvimento sustentável das regiões abrangentes. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 9 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 10 II. Biodiversidade Todos os animais, vegetais e microorganismos, em conjunto com as variações genéticas existentes que surgem nos ambientes e ecossistemas, podem ser chamados de biodiversidade. Então, pode-se dizer que resumidamente, a biodiversidade é a riqueza e a variedade do mundo natural, as inter-relações entre as espécies e o quanto a existência de uma espécie afeta diretamente as outras que estão em contato com ela (BONONI et al, 2010). Há diversas maneiras de quantificar a biodiversidade, quer se considere o número e a quantidade relativa das espécies, quer se considere a variabilidade local, a complementaridade biológica entre habitats ou a diversidade de ecossistemas e biomas (ALBAGLI, 1998). Área de pesquisa do Projeto Darwin na APA Capivari-Monos. Região classificada como Floresta Densa Montana. (Pickupau/Divulgação) É necessário levar em conta a complexidade da biodiversidade vegetal e o potencial de aproveitamento para a alimentação humana e animal, a agricultura e a medicina, manutenção da vida, dentre outras aplicações, para que se tenha total consciência de que a preservação dessa diversidade além de ser uma necessidade é um desafio (ALBAGLI, 1998; BONONI et al, 2010). Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 11 O crescimento populacional, o desenvolvimento industrial e o aumento galopante da poluição estão destruindo áreas que antes eram naturais e transformando-as em áreas para a ocupação urbana. A observação deste fato pela comunidade acadêmica e cada vez mais pela sociedade aumenta a preocupação de todos com relação á extinção das espécies mais suscetíveis. Com o intuito de tentar conscientizar a população, ecólogos e ambientalistas procuram mostrar a importância da biodiversidade agora no aspecto econômico, já que as pessoas só dão valor à biodiversidade quando animais, plantas e microorganismos são utilizados nas indústrias alimentícia, farmacêutica ou de cosmética. A biodiversidade é a maior riqueza do planeta Terra, mas não é vista ou reconhecida como tal. Com o propósito de aliar o crescimento populacional com a conservação do meio ambiente, surge o ambientalismo sustentável, onde o seu principal objetivo é combinar sociedade e ambiente, mostrando que é possível servir-se dele e protegê-lo ao mesmo tempo. O interesse e a consciência sobre a importância da biodiversidade, com o passar dos tempos, tem aumentado consolidando fundos mundiais voltados especificamente para a conservação. Apesar de esses recursos serem destinados à conservação, ainda tem muito a ser feito, pois a maioria dos investimentos não é utilizada de forma eficaz. Em virtude disso é necessário estabelecer prioridades para a conservação para que se possa investir de maneira mais eficiente os escassos recursos. (BONONI et al, 2010). Já que a destruição da biodiversidade é um processo irreversível, nem a mais alta tecnologia e nem as descobertas biotecnológicas, podem compensar tal prejuízo. Certamente nada pode recuperar o que foi formado de maneira tão singular, ao longo de bilhões de anos, na história evolutiva de nosso planeta (ALBAGLI, 1998). A humanidade já perdeu 40% da produção primária territorial para seu próprio uso, com custos em termos de extinção das espécies. Nas florestas tropicais úmidas, por exemplo, restam apenas 7% da área original e ela continua diminuindo. Por isso são necessários conhecimentos sobre biodiversidade, sua origem, manutenção e as perdas já ocorridas, para que os trabalhos de conservação e recuperação possam agir de maneira eficaz. Com as mudanças climáticas adversas e a alta incidência de raios ultravioletas, o Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 12 foco da proteção da biodiversidade mudou, tornando-se mais complexo e amplo (GARCIA, 1995). O Brasil é um dos países com a maior biodiversidade do planeta, ele possui a maior Floresta Tropical do mundo (a Floresta Amazônica); a Floresta Tropical com os maiores índices de biodiversidade por área (a Mata Atlântica); uma vegetação de savana com os mais altos índices de endemismos (o Cerrado); a maior planície alagável do mundo (o Pantanal); e a maior biodiversidade encontrada em uma região semi-árida do planeta (a Caatinga). Além disso, possui uma vasta costa marinha, com cerca de 3,5 milhões de quilômetros que abriga uma variedade enorme de ecossistemas, como os recifes de corais, dunas, manguezais, lagoas, estuários e pântanos. Dentre os autores que compilaram os dados recentes sobre a estimativa da biodiversidade brasileira, destacamos a revisão de Lewinsohn & Prado (2002) (FORZZA, R.C. et al, 2010). O trabalho mostra um número projetado de espécies de fungos e plantas entre 63.114 e 70.014, das quais 44.315 a 49.515 seriam plantas terrestres (angiospermas, gimnospermas, samambaias, licófitas e briófitas). Shepherd (2005) avalia que o Brasil possua valores entre 16 – 20% da flora mundial. Cerrado, um dos biomas mais ameaçados do Brasil. Imagem do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, região Centro-Oeste do país. (Pick-upau/Divulgação) No quesito fauna o Brasil também não fica atrás, abrigando 10% dos mamíferos, 13% dos anfíbios, 17% das aves descritos no mundo, 24% dos primatas e 3.000 espécies de peixes de água doce. Isso tudo é três vezes mais que qualquer outro país do mundo. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 13 Todo esse cenário mencionado gera para o Brasil uma enorme responsabilidade no que diz respeito à Conservação da Diversidade Biológica, já que possui uma das maiores biodiversidade do mundo e tem o desafio de aliar a conservação com o uso sustentável. De acordo com a literatura, a biodiversidade na Terra pode ser vista como consequência de um processo vagaroso e ininterrupto que acontece há 3,5 bilhões de anos. Ao longo desse tempo as espécies vão variando e os estudos relacionados à evolução visam comparar essas variedades presentes nos ecossistemas em determinado momento, pois o equilíbrio ambiental planetário depende da diversidade de vida (BONONI et al., 2010). Pelo que foi exposto é necessário que cada vez mais cidadãos e organizações participem dos processos de conservação, preservação e recuperação das áreas degradadas. 1. Evolução A evolução tem influência direta na estrutura e no comportamento dos organismos, o mais evidente é o conjunto de adaptações evolutivas que, por exemplo, aumentam as habilidades para buscar alimentos, se defender contra predadores e para atrair parceiros sexuais, além de gerar a cooperação entre os organismos (BONONI et al, 2010). A Teoria Evolucionista surgiu com a publicação em 1859 sobre “A Origem das espécies” de Charles Darwin. De acordo com esta teoria, os seres vivos são selecionados em função de sua adaptação ao meio. As modificações são produzidas ao associar a uma produção contínua de pequenas mudanças aleatórias nas características a seleção natural das variantes genéticas melhor ajustadas ao seu ambiente nos organismos. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 14 De acordo com esta teoria, modificações nas estruturas ou comportamentos que melhoram uma função específica dos organismos, aumentam sua chance de sobreviver e se reproduzir. Tal fato foi comprovado com o aparecimento da genética e então a Teoria de Darwin juntamente com a genética passou a ser chamada de Neodarwinismo. “A Origem das Espécies” livro de Charles Darwin, publicado em 1859, que revolucionou a ciência. (Reprodução/ The Complete Work of Charles Darwin Online) Esse processo pode causar tanto o ganho de uma nova propriedade, como a perda de uma propriedade ancestral. (BURNIE, 1997; PARKER, 1996). Essas adaptações e transformações quando hereditárias são passadas às gerações seguintes e por se tratar de um mecanismo lento só podem ser observadas após certo período de tempo. Esse mecanismo de melhor adaptação é denominado evolução (BURNIE, 1997). A evolução gera organismos aptos para viverem nas mais diversas condições. Isso mostra que há uma relação entre as propriedades do ambiente e as características das espécies, como por exemplo, os animais são capazes de selecionar ativamente os melhores ambientes para a sua sobrevivência (HELENE et al, 2005). Dessa maneira a evolução seleciona as espécies mais adaptadas, preservando-as através do tempo e as espécies que não conseguem se adaptar desaparecem. (PARKER, 1996). Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 15 Dentro das populações de espécies, a variabilidade genética é muito importante, pois proporciona adaptações favoráveis ao ambiente em que as espécies venham habitar, resultando em possibilidades significativas e repartidas entre todos os indivíduos da população (BURNIE, PARKER, 1996). 1997; Isso pode ser observado quando, por exemplo, uma população é separada em ambientes com temperaturas diferentes, para melhor se adaptarem às novas temperaturas, os fatores genéticos se expressarão em novas características tanto fisiológicas quanto morfológicas, que poderão ser observadas nas próximas gerações. (BURNIE, Primeiro diagrama de Charles Darwin, 1837, de sua árvore evolucionista. (First Notebook on Transmutation of Species/Reprodução/The Complete Work of Charles Darwin Online) 1997; PARKER, 1996). Essas divergências proporcionam o aparecimento de novos tipos de plantas, onde surgem pequenas diferenças morfológicas para adequação às condições climáticas. Tais diferenças podem ser: tamanho da planta, tipo de ramificação e até modificações na composição química das essências em plantas aromáticas (BONONI et al, 2010). Embora as espécies evoluam e se adaptem da melhor forma possível para sua sobrevivência, todas chegam à extinção, pois a extinção é um fato inevitável. Acredita-se que desde o aparecimento de vida na Terra, já tenha se extinguido 99% das espécies existentes e atualmente é possível que sejam extintas seis espécies por ano. A maior parte dessas espécies é de áreas restritas e extremamente sensíveis a mudanças climáticas (BURNIE, 1997). Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 16 A evolução é um processo contínuo e sucessivamente surgem novas espécies, resultando num equilíbrio entre as causas de extinção e evolução. Atualmente tem-se registro de cerca de dois milhões de espécies (plantas e animais), porém ainda existem muitas espécies sem descrição (BURNIE, 1997). Algumas espécies interagem entre si e quando uma sofre modificações evolutivas a outra como resposta também se modifica, esse processo é denominado coevolução, e pode se apresentar de duas maneiras: (BONONI, 2010) Os tentilhões de Galápagos, uma das ilustrações que mais evidenciam a evolução, distinção e variedade das espécies. (Reprodução/The Complete Work of Charles Darwin Online) Coevolução específica: refere-se à evolução das características de uma determinada espécie em relação à outra. Por exemplo, a planta elabora um veneno para se defender dos insetos, mas uma espécie de inseto é imune a tal veneno, assim, apenas essa espécie consegue visitar as flores dessa planta promovendo a polinização. Coevolução difusa: o processo em si é basicamente o mesmo da específica, porém descreve mudança evolutiva recíproca entre grupos. As plantas florescem, por exemplo, em resposta a uma ou várias características provenientes de outras espécies, como possuir diferentes insetos polinizadores. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 17 1.1 A Evolução das Plantas Baseados em registros fósseis, as plantas surgiram há cerca de 130 milhões de anos. A princípio elas eram bem mais simples e bem menos atrativas que as atuais. Sua polinização, transferência de pólen de uma flor para outra, era realizada pelo vento e nesse processo se perdia grande parte do pólen antes que chegasse a outra flor. O grão de pólen é a célula reprodutora masculina e o óvulo a célula reprodutora feminina e eles precisam se fundir para que possa surgir um novo indivíduo (BONONI et al, 2010). De acordo com BONONI et al (2010), na tentativa de otimizar esse processo as angiospermas, plantas que possuem flores, frutos e sementes, evoluíram e várias mudanças ocorreram como o desenvolvimento de características que permitiram que elas escolhessem seus parceiros para reprodução sexuada. Dessa forma, as flores passaram a produzir substâncias atrativas para os insetos, e estes passaram a fazer a polinização influenciando diretamente na diversificação e na abundância das angiospermas, garantindo-lhes total sucesso na reprodução. Hoje elas representam o grupo mais diversificado de plantas terrestres, com mais de 250 mil espécies registradas (BONONI et al, 2010). As plantas também sofrem o processo de coevolução juntamente com os seus polinizadores, como exemplos, podemos citar: Algumas abelhas possuem o corpo adaptado para coletar e transportar o néctar e pólen, elas se acomodam perfeitamente na flor. Enquanto coletam o néctar e o pólen elas fazem a polinização. Algumas abelhas possuem adaptações para polinização. (Reprodução/Wikipedia/Wikimedia Commons) Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 18 Nas orquídeas do gênero Ophys, a flor se assemelha em cor e odor à fêmea da abelha e o macho tenta copular com as flores. Durante essa cópula o macho leva grudado em seu corpo o pólen e quando ele visita outra flor da mesma espécie o pólen se adere, realizando a polinização. Algumas orquídeas utilizam artifícios para atrair abelhas e outros insetos. (Divulgação/Pick-upau) Alguns insetos não são sensíveis ao veneno de uma planta e podem dessa forma as polinizar. Resumidamente evolução significa transformação, porém, não quer dizer que os organismos se tornam mais complexos, eles apenas se adaptam às novas condições ambientais (PARKER, 1996). Charles Robert Darwin foi quem realmente revolucionou o campo da evolução com a sua teoria da evolução por seleção natural, conforme mencionado anteriormente, mas apesar de Darwin ter sido criticado e contrariado, o evolucionismo é até hoje, a forma mais aceita pelos cientistas para explicar a origem e a diversidade da vida na Terra (LEITE, 2009). Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 19 2. Seleção natural e a Teoria Evolucionista A Teoria da Seleção Natural proposta por Darwin, é a base da Teoria Moderna da Evolução Biológica para explicar a evolução das espécies, segundo a qual nem todos os indivíduos de uma população têm a mesma probabilidade de sobreviver e de se reproduzir. Basicamente o princípio da seleção natural fala que os seres vivos mais aptos para determinado ambiente sobrevivem e por viverem mais tempo, possuem maior possibilidade de deixar descendentes passando seus genes às gerações seguintes e os que estão menos adaptados aos poucos vão sendo eliminados, pois estão menos aptos à sobrevivência ou têm menos chance de se reproduzir. Esse processo com o passar do tempo resulta em organismos modificados para atuar em ambientes particulares podendo levar ao surgimento de novas espécies (BURNIE, 1997). Resumidamente, a teoria de Darwin baseia-se nas seguintes observações básicas: 1. Todos os seres vivos possuem variações nas características que podem ser transmitidas a prole (fato que foi comprovado posteriormente com os experimentos de Mendel); 2. Os seres vivos estão numa feroz luta pela sobrevivência, em que apenas os mais adaptados sobrevivem e geram descendentes; 3. Dessa competição, as características favoráveis e hereditárias se fazem mais comum nas gerações posteriores, tornando-se predominantes nas populações. Esse processo é chamado de seleção natural. Através das gerações, a seleção natural torna mais notável as modificações e o fenômeno da evolução; Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 20 4. O isolamento geográfico promove especificações nas adaptações que podem levar à formação de novas espécies. Como exemplo de seleção natural, podemos citar a papoula que tem potencial para produzir milhares de sementes, mas em geral a população permanece a mesma (número de plantas no ambiente). Isso se deve ao fato de que a semente tem dificuldade para encontrar no ambiente as condições ideais para a germinação e o desenvolvimento (BURNIE, 1997). A competição permite que o ambiente selecione os mais aptos, ou seja, ocorra a seleção natural, por influência de fatores como acesso ao alimento e possibilidade de deixar descendentes viabilizando a manutenção ou desaparecimento dos indivíduos, preservando e “fixando” a freqüência de uma característica benéfica à espécie (BURNIE, 1997). Todos os organismos vivos interagem com o ambiente onde vivem, não estando alheios ao que os cerca como os outros integrantes da sua família, grupo, população ou espécie, dessa forma sua vida afeta tudo ao seu redor e por tudo é afetada. Tais fatores que afetam um determinado ser vivo podem agir sozinhos ou em conjunto, como agentes selecionadores. Um exemplo clássico que evidencia os efeitos da Seleção Natural é o aumento da população de mariposas escuras em relação às de coloração branca acinzentada (dominantes), após a metade do século XIX, na Inglaterra. O crescente desenvolvimento industrial e o aumento da emissão de poluentes na atmosfera, fez com que a vegetação se impregnasse com a fuligem e as mariposas escuras, quando no tronco das árvores, passaram a ser menos visíveis pelos predadores naturais. Desta forma, a situação se inverteu e as Mariposas são um bom exemplo da seleção Natural. Mariposacigana (Lymantria dispar). (Reprodução/Wikipedia/Wikimedia Commons) Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 21 mariposas escuras passaram a predominar na população, pois se escondiam melhor, garantindo sobrevivência e reprodução, enquanto que as claras eram alvo fácil dos predadores. Como a coloração é um fator hereditário, atuou a Seleção Natural sobre a frequência da variedade sujeita às condições ambientais. Portanto, para falar de seleção natural, é necessário levar em conta alguns requisitos: variação entre indivíduos, reprodução e hereditariedade. Já que os três podem gerar novas características aos organismos das futuras gerações (PAZZA, 2005). O mecanismo de seleção natural age moldando a população de forma que os indivíduos que estejam melhores adaptados e possuam maior sucesso reprodutivo passem suas características a um número maior de descendentes (PAZZA, 2005). No entanto, essa adaptação não é perfeita e não leva a níveis mais avançados de progresso, como acreditava Lamarck. De acordo com a Teoria Evolucionista, evoluir não significa se tornar perfeito, apenas melhora a capacidade de interagir com o ambiente. Conforme pontua o biólogo John Maynard Smith a evolução fosse atingir a perfeição absoluta, os indivíduos com as melhores características viveriam para sempre e nunca seriam pegos pelos seus predadores (PAZZA, 2005). A seleção é uma força permanente sobre todas as populações, significando uma pressão ambiental específica de um ecossistema em associação a fatores genéticos, resultando em transformações no decorrer do tempo, capazes de garantir a prevalência de um ser vivo, conforme suas vantagens em detrimento a outro organismo desprovido de adaptações que assegurem sua sobrevivência. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 22 2.1 Darwin Charles Robert Darwin nasceu na cidade de Shrewsbury, Inglaterra, no dia 12 de fevereiro de 1809. Ainda jovem Darwin descobriu algo que lhe interessava muito: colecionar animais, vegetais, rochas, conchas e outras coisas da natureza. Para o pai, que sonhava que Darwin fosse médico, o fascínio pelas coisas da natureza era pura perda de tempo, chegando a dizer que ele era uma vergonha para a família (STRATHERN, 2001). Em 1825, por vontade do pai, Darwin foi enviado para a Faculdade de Medicina de Edimburgo, Escócia, porém não obteve muito sucesso. Logo desistiu da faculdade, então seu pai o mandou para a Faculdade de Cambrigde para ser pastor. Entre 1831 e 1836, Darwin viajou ao redor do mundo em um barco chamado HMS Beagle. Ele fez importantíssimas observações que culminaram na sua famosa “Teoria da Evolução por Seleção Natural” (PARKER, 1996; BURNIE, 1997). De volta à Inglaterra, Darwin estava convicto de que os seres vivos se modificavam ao longo do tempo – evoluíam – e passou anos desenvolvendo uma teoria que explicasse como isso acontecera. Foram mais de vinte anos de estudos para chegar às conclusões finais, mas ele relutou muito antes de expor suas conclusões, pois sabia que causaria muita polêmica, já que tudo que descobriu era contrário aos ensinamentos Charles Robert Darwin nasceu na cidade de Shrewsbury, Inglaterra, no dia 12 de fevereiro de 1809. (Reprodução) Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais da Bíblia (BURNIE, 1997). 23 O que lhe ajudou a expor suas ideias foi uma carta do amigo e naturalista Alfred Wallace (1823-1913) em 1858, que descrevia a mesma teoria de seleção natural. No ano 1859 Darwin publicou o seu livro “A origem das espécies por seleção natural” e deixou a população indignada, mesmo assim o livro virou um best-seller para época e foi necessário imprimir várias edições (BURNIE, 1997). Em dezembro de 1881 sofreu um leve ataque cardíaco e no dia 19 de abril de 1882, aos 73 anos, ele morreu. Por suas contribuições à ciência, foi enterrado na Abadia de Westminster próximo a Isaac Newton. Darwin se tornou uma figura pública e um dos maiores cientistas de todos os tempos e a sua obra serviu de base para muitos outros cientistas das gerações seguintes (PARKER, 1996). Darwin só não conseguiu explicar a fonte das variações hereditárias, como a seleção natural atuaria e como as características eram passadas de geração para geração. Em 1865, Gregor Mendel decobriu que as características eram herdadas de uma forma previsível. Porém só muitos anos depois, em 1900, o trabalho de Mendel foi descoberto causando discórdia, entre os cientistas da época terminando na ruptura entre as teorias de Darwin e Mendel (PARKER, 1996; BURNIE, 1997). Depois de muitos estudos foi percebido que as duas teorias se completavam, gerando a síntese evolutiva moderna. A descoberta da estrutura do DNA em 1950 mostrou o fundamento físico da hereditariedade. Desde então a genética e a biologia molecular fazem parte da biologia evolutiva (PARKER, 1996; BURNIE, 1997). a. Origem da Vida e Classificação dos seres vivos Acredita-se na biologia que todas as formas de vida descendem de um ancestral comum mediante um processo de evolução. A relação organismo meio ambiente é dinâmica em escalas molecular, subcelular, individual e populacional (intra e interespecífica). A biologia evolutiva investiga estas interações ao longo do tempo nas espécies e nas populações. A partir da descrição dos diferentes organismos existentes ou extintos, foi necessária a criação de um sistema de classificação dos seres vivos para a melhor compreensão. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 24 Existem várias formas de classificação: as artificiais (baseadas em critérios arbitrários, tais como presença de antenas, tipos de ovos etc.); as naturais (baseadas em aspectos evolutivos) e as filogenéticas ou cladísticas. A classificação natural obedece à ideia da existência de ancestrais comuns, considera a passagem do tempo, apresenta bifurcações correspondentes às mudanças evolutivas e demonstra o grau de parentesco entre espécies diferentes, baseiam-se no maior número possível de características, pelo que transmitem maior quantidade de informação do que as classificações artificiais. Os grupos formados reúnem indivíduos com maior grau de semelhança e mais relacionados. As classificações filogenéticas ou cladísticas agrupam os seres vivos de acordo com o grau de parentesco entre eles. Baseiam-se em critérios estruturais e fisiológicos, mas também paleontológicos, citológicos, embriológicos, genéticos e bioquímicos. As classificações filogenéticas interpretam a semelhança entre os seres vivos como consequência da existência de um ancestral comum a partir do qual os grupos divergiam. Quanto mais afastado no tempo estiver o ancestral comum, maior será a divergência entre as espécies. A Sistemática é o estudo da diversidade biológica num contexto evolutivo. Inclui a Filogenia e a Taxonomia. A Filogenia constitui a história evolutiva de uma espécie ou de um grupo de espécies relacionadas. A Taxonomia ocupa-se da classificação e da nomenclatura das espécies. 2.2.1 Sistema de nomenclatura e taxonomia A Taxonomia é a ciência que se ocupa da classificação dos seres vivos, utilizando um sistema uniforme que expressa, da forma mais fiel, o grau de semelhança entre eles. A Taxonomia teve início no séc. XVIII, com a publicação do livro de Lineu Systema Naturae. No entanto, a classificação dos seres vivos é muito anterior e partiu da tendência da mente humana em organizar a informação. A evolução dos seres vivos baseada na teoria de Darwin e Wallace (1859) mostra a hipotética origem dos grupos a partir de supostos ancestrais. Estas “árvores genealógicas” ou filogenéticas (do grego, phýlon = raça, tribo + génesis = fonte, origem, início) apresentavam a relação de parentesco entre eles, além de sugerir uma provável época de origem para cada um deles conforme apresentado abaixo (figura 1 a e b). Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 25 Diagrama original apresentado por Charles Darwin (a) para explicar a a 1. Imagem do Figura b origem dos seres vivos chamado de “Árvore da Vida” e árvore filogenética (b). (Reprodução/The Complete Work Of Charles Darwin Online) Com as descobertas da biologia molecular (a partir de 1950) e os avanços na informática para auxiliar no estabelecimento das relações entre os seres vivos, as árvores filogenéticas começaram a ficar mais sofisticadas. Os cladogramas são um tipo de diagrama para representar a evolução onde se utiliza uma linha, cujo ponto de origem (raiz), simboliza um provável grupo (ou espécie) ancestral. De cada nó surge um ramo, que conduz a um ou a vários grupos terminais. Com os cladogramas se estabelece uma comparação entre as características primitivas (existiam em ancestrais) e derivadas (compartilhadas por grupos que os sucederam). 2.2.2 Espécies - filogenia com ênfase em plantas Carl Lineu ficou conhecido como o “pai da Taxonomia” e considerou a espécie como a unidade básica de classificação. Segundo ele, as espécies semelhantes agrupamse em gêneros, os gêneros em famílias, as famílias em ordens, e as ordens em classes, as Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 26 classes em filos e estes em reinos, dentro dos seres vivos que apresentam membranas celulares internas (eucariontes) seguindo um sistema hierárquico. Foi também Lineu quem desenvolveu um sistema para dar nome às categorias taxonômicas, tendo estabelecido regras de nomenclatura que ainda hoje se aplicam, como por exemplo, o fato de que apesar de uma espécie muitas vezes possuir muitos nomes populares (regionais) existe apenas um nome científico. Carl von Linné 1707-1778. (Reprodução/Óleo sobre tela/Swedish National Museum) As regras básicas da nomenclatura são as seguintes: A designação dos táxons é criada em latim, uma língua morta que não evolui; As espécies são designadas segundo uma nomenclatura binominal. O nome de espécie consta de duas palavras latinas ou latinizadas. A primeira é um substantivo escrito com inicial maiúscula, que corresponde ao nome do gênero, e a segunda é o restritivo específico escrito com inicial minúscula e é, geralmente, um adjetivo1; A designação dos grupos superiores à espécie é uninominal, sendo constituída por um substantivo escrito com inicial maiúscula; Os nomes de gêneros, espécies ou subespécies são escritos num tipo de letra diferente do texto corrente, geralmente itálico, e se forem manuscritos são sublinhados. 1 OBS: À frente do nome da espécie deve escrever-se, em letra de texto, o nome, ou a sua abreviatura, do cientista que, pela primeira vez, a partir de 1758 (data da publicação da 10ª edição do Systema Naturae de Lineu), atribuiu o nome à espécie. Pode indicar-se a data da publicação a seguir ao nome do autor, separada por uma vírgula. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 27 Em Botânica, os nomes de famílias terminam em – aceae, enquanto para ordem a terminação utilizada é ales. O termo divisão é equivalente a filo, mas é utilizado para as algas. A seguir, a título de curiosidade, está descrita a classificação do milho: Domínio – Eukarya Reino – Plantae Filo (divisão) – Anthophyta Classe – Monocotyledoneae Ordem – Commelinales Família – Poaceae Gênero – Zea Espécie – Zea mays O Projeto Darwin – Flora pretende contribuir para a descrição das espécies arbóreas encontradas na APA Capivari-Monos e na Terra Indígena Guarani Tenonde Porã. Portanto, neste projeto são avaliadas as angiospermas. O tamanho das angiospermas é muito variável: há desde pequenas ervas até grandes árvores. O corpo dessas plantas apresenta raiz, caule, folha e flor. As angiospermas são plantas com flores típicas. No interior das flores, há folhas reprodutoras, os carpelos, que se fecham formando um vaso, onde as sementes irão se desenvolver (daí o nome do grupo: angio = "vaso"; esperma = "semente"). Após a fecundação, parte do carpelo se transforma em fruto, uma estrutura exclusiva desses vegetais. Classificação das angiospermas As angiospermas correspondem modernamente à divisão Magnoliophyta e podem ser subdivididas em duas classes: Liliopsida (monocotiledôneas) e Magnoliopsida (dicotiledôneas). No primeiro grupo estão as plantas cujos embriões possuem apenas um cotilédone; no segundo grupo, as plantas com embriões dotados de dois cotilédones. O cotilédone transfere nutrientes para as células embrionárias em desenvolvimento durante a germinação. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 28 São exemplos de angiospermas monocotiledôneas: capim, cana-deaçúcar, milho, arroz, bambu, centeio, lírio, alho, cebola, banana, bromélias e orquídeas. Exemplos de angiospermas dicotiledôneas: feijão, amendoim, paubrasil, ipê, peroba, mogno, cerejeira, abacateiro, acerola, roseira, morango, pereira, macieira, algodoeiro, café, jenipapo, girassol e Bromélia, um exemplo de angiosperma. (Divulgação/Pick-upau) margarida. De acordo com a teoria evolucionista, de Charles Darwin, a formação das novas espécies é um processo dependente de fatores ambientais. Os cientistas acreditam que a maioria das espécies surgiu depois de cumprir pelo menos três etapas: isolamento geográfico, diversificação gênica e isolamento reprodutivo. A partir daí, essas subpopulações podem ser consideradas espécies distintas. Para a identificação de uma planta, são montadas exsicatas: amostra de planta prensada e seca numa estufa (herborizada), fixada em uma cartolina de tamanho padrão acompanhadas de uma etiqueta ou rótulo contendo informações sobre o vegetal e o local de coleta, para o estudo botânico. 3. Ecossistema - meio físico e seres vivos Ecossistema é o conjunto dos seres vivos e do meio ambiente em que eles vivem, e todas as interações desses organismos com o meio e entre si. Os ecossistemas possuem dois componentes básicos: a parte biótica, que são as comunidades vivas, formada pelas plantas, animais e microorganismos e a parte abiótica, que é o conjunto de nutrientes, luz, água, ar, temperatura e energia. O ecossistema é ponto central de estudo da ecologia. Os ecossistemas são subdividos em pequenas unidades, denominadas comunidades biológicas e são compostas por duas ou mais populações interdependentes. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 29 Como exemplos, podemos citar a flora e fauna de um lago, ou ainda em larga escala, a Floresta Amazônica e a Mata Atlântica. Portanto, os ambientes são diversos, sem limite de escala predeterminado, podendo ser um micro ou um macroecossistema, sempre respeitando as relações entre as populações e o comportamento do meio. A base de todos os ecossistemas são os organismos produtores, como é caso das plantas que fazem fotossíntese. Depois dos produtores vem os consumidores primários, que se alimentam dos produtores, que são espécies herbívoras, que podem ser desde organismos microscópicos até grandes animais. Então aparecem os consumidores secundários, que são os carnívoros que se alimentam dos consumidores primários e os consumidores terciários que são os grandes predadores. Por fim, aparecem os organismos decompositores, que são os responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, transformando-as em nutrientes que servem de alimento para as plantas. Como exemplo de decompositores, podemos citar as bactérias e os fungos. Todo esse processo é denominado cadeia alimentar. A cadeia alimentar é um ciclo vital que garante equilíbrio e a manutenção dos ecossistemas. Os diferentes seres vivos ocupam posições bem definidas e qualquer perturbação pode ser fatal, por isso a manutenção e estabilidade da cadeia alimentar dependem, entre outros fatores, da preservação das espécies e da conservação do meio. Os ecossistemas são classificados em: ecossistemas terrestres e ecossistemas aquáticos. Apesar de possuírem uma clara diferença, que é a quantidade de água disponível em um e no outro, o funcionamento é bem parecido. Outra diferença que possuem devido à quantidade de água, é as formas de vida que abrigam, apesar de que algumas possam ser compartilhadas pelos dois tipos de ecossistemas, nas áreas alagadas, como ocorre no Pantanal mato-grossense. O Brasil possui muitos ecossistemas, os principais são: Floresta Amazônica: situada na região norte do país e é considerada a maior floresta do planeta; Caatinga: típica da região nordeste do país. Bioma exclusivamente brasileiro, geralmente é visto como pobre e seco, porém estudos recentes Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 30 mostram sua riqueza particular em termos de biodiversidade e fenômenos característicos. Cerrado: localizado na região central do Brasil e caracteriza-se pela presença de árvores baixas, inclinadas e tortuosas, com ramificações irregulares e retorcidas e apresentando vários tipos fisionômicos. Mata Atlântica: estende-se desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do sul, atualmente é um ecossistema extremamente devastado pela ação humana, restando apenas 7% da sua totalidade original; Pantanal Mato-Grossense: é a maior planície alagável do mundo, abriga grande biodiversidade e comunica-se com o Cerrado e a Floresta Amazônica. Mata Atlântica, na APA Capivari-Monos, São Paulo/SP. (Divulgação/Pick-upau) Pantanal, Fazenda em Coxim, Mato Grosso do Sul/MT (Divulgação/Pick-upau) Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 31 3.1 Mata Atlântica Paul Colinvaux, em 1993, define bioma como ecossistema de grande área geográfica da qual as plantas são de uma mesma formação e o clima define seus limites. Desta forma a Mata Atlântica pode ser considerada como tal. Originalmente possuía cerca de 1.400.000 km² e foi considerada a segunda maior floresta tropical do Brasil, estendendo-se desde o Rio Grande do Norte até o Rio grande do Sul, um dos seus exemplares mais conhecidos era o pau-brasil, que deu origem ao nome do país e hoje restam apenas alguns exemplares. Atualmente a mata possui apenas 7% do seu tamanho original, reflexo da ocupação e exploração desordenada dos seus recursos naturais. Em algumas regiões o caso é tão crítico que não há mais vestígios dela (COLINVAUX, 1993). A situação atual da Mata Atlântica necessita de uma atuação urgente em prol da sua defesa com ações integradas e coletivas e mobilização geral da população. Os estudos indicam que devido ao seu alto grau de fragmentação este bioma pode desaparecer de vez. Grande parte da região litorânea do Brasil era coberta pela Mata Atlântica, e ela ainda ia para o interior sendo contínua com a Floresta Amazônica. Em função do desmatamento, principalmente a partir do século XX, encontra-se reduzida a apenas fragmentos descontínuos, sendo uma das florestas mais ameaçadas do globo. (OLIVEIRA et al, 2009) Os maiores fragmentos estão situados na Serra do Mar, entre o sul do RJ e o norte o Paraná, totalizando dois milhões de hectares. No nordeste, os maiores fragmentos se encontram no sul da Bahia, já no norte do Rio São Francisco estão os menores remanescentes, a maioria dos fragmentos não ultrapassa 50 hectares, totalizando 10.000ha. A Mata Atlântica possui clima equatorial ao norte e quente temperado sempre úmido ao sul, com temperaturas elevadas o ano todo. A serra constitui uma barreira de contensão para os ventos que vem do mar, gerando alta pluviosidade nessa região, tem a topografia bastante acidentada e no interior da mata a luz é reduzida, devido à densidade da vegetação. Apesar de reduzida drasticamente do seu tamanho original e restar apenas manchas de mata, a sua biodiversidade é uma das maiores do planeta, com níveis muito Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 32 elevados de riquezas e endemismos (espécies que ocorrem exclusivamente na Mata Atlântica), estando entre as cinco regiões com os maiores índices de biodiversidade e com diversas espécies ameaçadas de extinção. Por possuir essas características tem a necessidade de ter prioridade na sua conservação. (OLIVEIRA et al, 2009) Nesse bioma destacam-se árvores imponentes que podem chegar a 40 metros de altura e 4 metros de diâmetro, como é o caso Jequitibá-rosa. Outras espécies também se destacam nesse cenário, como por exemplo, o Pinheiro-do-paraná, o Cedro, as Figueiras, os Ipês, o Pau-brasil, entre muitas outras. Na Mata Atlântica ainda encontra-se as matas de altitude, como é o caso da Serra do Mar com 1.100 metros e Itatiaia com 1.600metros, a neblina nesses locais é constante. A riqueza na diversidade faunística também impressiona, porém a maior parte dos animais originários da Mata Atlântica está em risco de extinção. Como exemplo pode-se citar os Micos-leões, a Lontra, a Onçapintada, o Tatu-canastra e a Arara-azulpequena. Também se pode encontrar nessa região Gambás, Tamanduás, Preguiças, Antas, Veados, Cotias, Quatis etc. Mata Atlântica exuberante: Cachoeira do Mirante, no Parque Estadual de Intervales, em Ribeirão Grande/SP. (Divulgação/Pick-upau) Acredita-se que a grande biodiversidade seja causada pela diversidade ambiental que esse bioma apresenta. Já que sua latitude varia em 27º, indo desde o nível do mar até 2.700 metros, afetando na distribuição geográfica das espécies da flora e da fauna e a sua longitude proporciona significativas diferenças entre as florestas do litoral e as mais para o interior do continente. (OLIVEIRA et al, 2009). De acordo com Oliveira (2009) alguns elementos da Mata Atlântica são muito antigos, datam cerca de três milhões de anos (Plioceno), outros já são mais recentes, datam cerca de 10 mil a 20 mil anos (transição Plioceno-Haloceno). Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 33 Estudiosos acreditam que mudanças paleontológicas regionais causadas pelos movimentos das placas tectônicas colaboraram para o a evolução das espécies endêmicas. Calcula-se que das 20 mil espécies de plantas locais, seis mil são de ocorrência restrita e para fauna há evidencias de que das 1.800 espécies de vertebrados, 390 são restritas. Porém essas estimativas podem ser bem maiores, já que para alguns grupos possuem uma enorme carência de informações (OLIVEIRA et al, 2009). O bioma Mata Atlântica abrange várias formações vegetais, que se diferem em virtude dos diferentes tipos de solo, clima e relevo. As formações são as seguintes: (OLIVEIRA et al, 2009) a) Manguezais: são formados pelo encontro da água do mar com a água dos rios, produzindo uma característica água salobra, ocorrendo ao longo dos estuários. As plantas para se adaptarem às condições locais tiveram que sofrer algumas modificações, como folhas que possuem glândulas capazes de excretar o sal em que é absorvido ao retirar os nutrientes necessários do solo encharcado de água do mar; em algumas espécies de árvores as sementes germinam antes do fruto se soltar da planta-mãe, a fim de garantir que o embrião esteja bem desenvolvido ao cair, elas possuem raízes providas de poros que conseguem capturar oxigênio diretamente do ar, pois o solo é pobre em oxigênio. A vegetação local é bem característica, ocorrendo poucas espécies de árvores, como exemplo pode-se citar: o Mangue-vermelho, o Mangue-branco, o Mangue-preto e o Mangue-de-botão. Além das epífitas, como orquídeas, samambaias, bromélias e liquens. Entre os exemplares da fauna pode-se citar: Caranguejos, Ostras, Jacaré-do-papo-amarelo, alguns peixes, alguns mamíferos a aves marinhas. b) Restinga: em virtude da influência marinha e flúvio-marinha, as comunidades vegetais são fisionomicamente distintas, sendo distribuídas em áreas com grande diversidade ecológica e são classificadas como edáficas, já que dependem mais da natureza do solo do que das condições climáticas. A vegetação inicia-se junto às praias com gramíneas e vegetação rasteira. A Ipomeia, o Pinheirinho-da-praia e o Carrapicho-da-praia são alguns exemplares encontrados. À medida que a vegetação vai avançando para o interior e Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 34 tomando as planícies costeiras e vai subindo dunas, ela toma diversos portes, onde encontramos espécies arbustivas como o Araçá e as Pitangueiras e arbóreas como as Canelas, a Mandioqueira, a Palmeira-juçara. Também se encontram epífitas, trepadeiras e no chão as bromélias. Em locais de brejos há uma densa vegetação aquática com exemplares como taboas e o Chapéu-decouro. O Guanandi e a Caxeta aparecem nas florestas mais alagadas. Em geral a vegetação se caracteriza por folhas rígidas, caules resistentes e raízes com forte poder de fixação em solos arenoso. A fauna se caracteriza por Cachorrodo-mato, Guaxinim e poucos felinos, representando os mamíferos; o Caxinguelê representando os roedores; Surucucu, lagartos e calango, representando os répteis além de algumas aves como os urubus e gaivotas que se alimentam dos artrópodes ou de carniça. Já nas partes mais internas aparecem os Beija-flores, Sabiá-da-praia e nas partes descampadas a Corujinha-buraqueira. c) Floresta Ombrófila Densa: é caracterizada por possuir árvores que ocorrem em ambientes úmidos, sem épocas de secas, clima quente durante todo o ano, solo raso, ácido e pobre em nutrientes, mata perenifólia com diversos estratos. O dossel fechado ultrapassando 15 metros e algumas árvores emergentes podem chegar até 40 metros de altura. Para se adequarem ao clima intensamente chuvoso as árvores apresentam algumas adaptações como folhas de superfície lisa e ápice em forma de goteira para escoamento da água. Samambaias, bromélias e palmeiras compõem a vegetação arbustiva. Essa floresta se sobressai pela quantidade de epífitas como as bromélias e as lianas. Destacam-se entre as árvores de grande porte o Jequitibá, o Cedro, as Canelas, o Jatobá e o Embiruçu. Indo mais para o interior da floresta encontra-se a Palmeira-juçara, o Cambucá, a Murta, entre outras. Nas partes mais abertas pode-se observar o Pau-jacaré, a Urucuarana e as Pororocas. Importantíssimos polinizadores e dispersores de sementes são os animais para essa floresta. Podem-se destacar para essa função os macacos, as onças, as cutias, as pacas e uma centena de morcegos. Alguns animais naturais dessa mata estão em perigo de extinção, como é o caso do Mono-carvoeiro, da Onça-pintada, algumas rãs e pererecas. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 35 d) Floresta Ombrófila Mista: combinando-se com o Pinheiro-do-paraná, a Mata Atlântica dá origem à Floresta Pluvial de Araucária e pode ser observada nas serras de Paranapiacaba, Mantiqueira e Bocaina. No andar superior encontramos o Pinheiro-do-paraná, mas abaixo observa-se as Canelas e Imbuias e mais abaixo ainda, no chamado no sub-bosque encontra-se a jabuticaba, goiaba, pitanga, araçá, jambo, samambaias, entre outros. Comumente encontram-se esquilos se alimentando dos frutos das araucárias. Além da possibilidade de avistar o Corocoxó e o Pica-pau-dourado que são restritas dessa área e a serpente Muçurana. e) Floresta Estacional: indo em direção ao interior, a precipitação diminui, o clima passa a ter uma sazonalidade definida, com o verão chuvoso e inverno seco, e é nesse cenário que se desenvolve a floresta estacional decidual e semidecidual. Em virtude do inverno seco, com redução na água disponível e queda da temperatura, algumas espécies de plantas perdem parte de suas folhas (semidecíduas) ou todas (decíduas) para reduzir o ritmo de desenvolvimento e conseqüente redução no consumo de água. A floresta é bem diversificada, com árvores que chegam a 25 e 30 metros até epífitas e samambaias em locais mais úmidos. É considerada uma transição entre a Floresta Ombrófila Densa e o Cerrado. É nesse ambiente que se encontram árvores de madeira nobre como o Cedro, a Peroba, o Jatobá, entre outras. A Anta, o Porco-do-mato, diversos roedores e répteis são os animais mais encontrados. O Mico-leão-preto que está ameaçado de extinção e é registrado apenas em algumas reservas. f) Campos de Altitude: são ecossistemas que ocorrem acima de 900 metros, nas cadeias de montanhas das serras do Mar, da Mantiqueira e da Bocaina (RIZZINI, 1997). Suas principais características são: baixas temperaturas no inverno, ventos constantes e frios, solos rasos e pobres em nutrientes e rochas expostas. Essas características favorecem o aparecimento de gramíneas, árvores tortas e muitos liquens. Geralmente as folhas são pequenas e coriáceas e para um melhor aproveitamento da água e de nutrientes, os órgãos internos são mais espessos. Predominantemente encontram-se herbáceas e arbustivas como gramíneas, alecrim e mimosa e esparsamente ocorrem as arbustivas. Abutres, Corujas-do-mato e as Siriemas são os animais Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 36 mais encontrados dentre as aves. Já entre os mamíferos, encontramos o Cachorro-do-mato, o Quati, o Guará e a Paca. Há um alto grau de biodiversidade e endemismo, e isso se deve ao fato do isolamento geográfico. Além de todos os prejuízos que a devastação da Mata Atlântica causa para a fauna e flora, também traz graves conseqüências para cerca de 120 milhões de pessoas que vivem em seu domínio, já que é a mata que regula o fluxo dos mananciais (ciclo da água), protege as nascentes dos rios, regula o clima, a temperatura, as chuvas, gera fertilidade do solo e protege contra a erosão as encostas de morros. A fim de regulamentar a proteção e o uso sustentável da floresta, foram criadas várias leis, como por exemplo, a Lei nº 11.428 de 22 de dezembro de 2006 que fala sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica. A preservação do bioma Mata Atlântica depende da mobilização de todos os segmentos da população na sua conservação e recuperação, além de estudos sobre sua biodiversidade e definição de políticas de incentivo ou pagamento por serviços ambientais. 3.2 Hot spots Norman Myers, ecólogo inglês, no ano de 1988 ao perceber que a biodiversidade não estava igualmente distribuída pelo planeta e observando que algumas áreas possuíam altos níveis de biodiversidade e estavam sendo ameaçados no mais alto grau, percebeu a urgência em se instituir áreas prioritárias para preservação e conservação. Tais áreas são nomeadas como “hotspots”, e a sua principal função é fazer com que os projetos de recuperação e preservação estejam voltados para essas áreas. Esse novo conceito veio com o intuito de auxiliar os conservacionistas a distinguir as áreas prioritárias para a preservação, direcionando estrategicamente as pesquisas para esses locais (GALINDO-LEAL, 2005). Em linhas gerais, “hotspots” são pontos quentes que abrigam um grande número de diversidade biológica e necessariamente possuem um alto grau de endemismo. Estão sujeitas a grande pressão do homem, sendo consideradas as áreas mais devastadas do planeta. O endemismo é extremamente relevante, já que espécies restritas estão mais vulneráveis à extinção (MITTERMEIER, 1999; GALINDO-LEAL, 2005). Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 37 É necessário que se avalie o grau de endemismo da região, a fim de compreender a distribuição das espécies no local e finalmente tentar retardar o processo de extinção das espécies no mundo. Estudiosos acreditam que a melhor forma de fazer isso é utilizando plantas vasculares e animais vertebrados, pois são os que possuem o maior número de informações (MITTERMEIER, 1999). Para ser considerado um “hotspot”, a área deve possuir cerca de 1.500 espécies endêmicas e ter pelo menos ¾ da sua vegetação original devastada (PRIMACK e RODRIGUES, 2001). De acordo com a Conservação Internacional Brasil, em fevereiro de 2005, depois de muitos estudos, foram identificados 34 “hotspots” de biodiversidade mundiais. Esses pontos abrigam 75% dos mamíferos, aves e anfíbios mais ameaçados do planeta, 50% das plantas e 42% dos vertebrados já registrados, porém se somadas todas as áreas, não ultrapassa 2,3% de toda superfície do planeta. Como exemplos de “hotspots”, podemos citar no Brasil o Cerrado e a Mata Atlântica, que vem sofrendo constantes devastações por conta do desordenado crescimento populacional e aumento da industrialização que geram alto grau de destruição das paisagens originais para substituí-las por agricultura, pastos, residências, entre outras coisas (PRIMACK e RODRIGUES, 2001). Essas áreas necessitam de uma análise constante e da realização de inventários de biodiversidade, pois podem sofrer alterações com o passar dos tempos, em virtude das ameaças e impactos que vem sofrendo, sendo assim alguns lugares podem ser tornar cada vez mais ameaçados enquanto que outros podem acabar se recuperando por completo (PRIMACK e RODRIGUES, 2001). Hotsite (www.biodiversityhotspots.org) da Conservation International sobre hotspots espalhados pelo planeta. (Reprodução/CI) Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 38 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 39 4. Importância da pesquisa científica O Senso comum, também chamado de conhecimento espontâneo, ou conhecimento vulgar é a primeira compreensão do mundo resultante das experiências e a transmissão da informação em um grupo social. Por outro lado, o conhecimento científico é sistematizado e validado por experimentos e métodos de verificação das hipóteses, onde os resultados e conclusões podem ser sempre examinados ou confirmados por outras pessoas. Apesar de serem estruturados de forma distinta, o senso comum e a ciência partem do mesmo princípio: a necessidade do homem de compreender o mundo e a si mesmo e prever o futuro. Mas somente pela ciência, é possível documentar a biodiversidade e planejar estratégias e políticas para a sua conservação de forma adequada. 4.1 Novos conhecimentos Conservar a biodiversidade significa manter condições favoráveis à vida humana na Terra e a pesquisa científica é fundamental para o monitoramento e o desenvolvimento de novas tecnologias favoráveis à conservação da biodiversidade. O estudo científico da biodiversidade requer duas estratégias: uma horizontal, quando existe o esforço de se coletar, descrever, classificar e registrar o maior número possível de membros dos diferentes grupos e outra considerada vertical, pois deve representar o ecossistema, seu meio físico, econômico e social. A partir do conhecimento acumulado sobre a biodiversidade de flora em um determinado local, é possível se discutir políticas públicas que auxiliam em ações diretas de preservação e conservação. Por exemplo, os resultados de pesquisas permitem o planejamento da revegetação e recuperação de solos em áreas degradadas, a elaboração de diagnósticos relativos à vegetação nativa ou até mesmo sobre a qualidade de corpos d'água e o licenciamento ambiental de novos empreendimentos. Na aquisição destes novos conhecimentos é imprescindível estabelecer parcerias com as populações que vivem na região estudada, pois estas são conhecedoras da biodiversidade local, o que facilita a pesquisa científica. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 40 4.2 Registros de conhecimentos de populações tradicionais - etnobiologia A comunidade indígena tem uma participação essencial nos processos de coleta e registro dos dados de flora da APA Capivari-Monos e da Terra Indígena Guarani Tenonde Porã. É objetivo de o Projeto Darwin relatar a denominação na língua guarani das espécies documentadas. Este conhecimento tradicional também deve ser utilizado para assegurar a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável na região. Dentre as áreas mais promissoras do conhecimento está a etnobiologia Etnobiologia é o estudo científico interdisciplinar da dinâmica de relecionamentos entre pessoas e seus grupos culturais e o meio ambiente, desde o passado distante até o presente imediato (ALVES, 2003) De acordo com Darrel Addison Posey (antropólogo inglês), a etnobiologia é basicamente o estudo do papel da natureza no sistema de crenças e de adaptações do homem a determinados ambientes, além de valorizar e catalogar o saber acumulado pelas populações tradicionais. Dessa forma, a etnobilogia produz argumentos importantes para a preservação destes povos e de seus habitats para a criação de políticas sociais e ecologicamente mais justas. A etnobiologia é amplamante utilizada no auxílio do ensino de ciências, contribuindo para que os professores investiguem e compreendam quais os conhecimentos culturais acerca da natureza e seus elementos os estudantes trazem consigo para as salas de aula (BAPTISTA, 2007). Ela desenvolve estudos, por exemplo, sobre as espécies de animais que alcançam algum significado social, religioso e simbólico para uma comunidade e trabalha a partir de dados qualitativos para detectar os significados de cada percepção pessoal a respeito das relações biológicas e ecológicas (BAPTISTA, 2007). Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 41 O conhecimento de uma comunidade pode servir de base para estruturação de modelos conservacionistas de trabalhos a favor do meio ambiente e ampliar o respeito aos conhecimentos e à cultura, permitindo uma positiva dimensão sobre as atitudes dos indivíduos a ela pertencentes e o uso de seus comportamentos como referencial para novas estratégias de conservação. Os recursos naturais necessitam de um eficaz programa de conservação, pois sofrem grande risco de destruição pelas atividades do homem. Este risco se estende também as comunidades humanas e os seus conhecimentos sobre o ambiente (BAPTISTA, 2007). A fim de evitar que essa destruição ocorra, a etnobiologia tem se mostrado bastante eficaz, permitindo o estudo da interação entre as pessoas Indígena da Aldeia Guarani Tenonde Porã, faz coleta durante expedição na APA Capivari-Monos. (Divulgação/Pick-upau) e os recursos naturais em determinados contextos. Como exemplo, podemos citar o estudo das interações entre as pessoas e as plantas, revelando a grande importância dos recursos naturais para a sobrevivência de populações tradicionais. O conjunto formado pelas informações oriundas das pesquisas e do saber popular permite que sejam criadas ações de monitoramento efetivas para impedir a escassez dos recursos. Quando devidamente analisado, o saber popular também pode indicar futuras fontes de pesquisa e indicar relações entre os organismos até então desconhecidas (BAPTISTA, 2007). Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 42 As comunidades tradicionais podem colaborar com diversas informações e podem auxiliar na elaboração de inventários de espécies, listando, através de nomes populares, as que ocorrem em dada região. Outras informações também podem ser agregadas ao estudo como a dieta das espécies animais, seu habitat, espécies usadas na medicina caseira ou ainda informações de lendas e crenças. Por fim, os programas de conservação da natureza devem considerar e permitir a sobrevivência e a permanência destas populações locais em seu ambiente, encorajando atividades costumeiras que possam servir como alternativas econômicas, e levando em conta o conhecimento local sobre os ambientes e as espécies conhecidas e utilizadas. É necessário que tais programas considerem também as rápidas mudanças sócioeconômicas pelas quais passam a maioria das comunidades locais. O resgate do conhecimento local representa apenas um início na busca de alternativas para a melhoria da qualidade de vida e para a continuidade dessas comunidades (ALVES, 2003). Dentro da etnobiologia o Projeto Darwin pretende colaborar no aumento do conhecimento sobre a etnobotânica. A identificação das espécies vegetais por uma população étnica e culturalmente diferenciada contribui tanto para as futuras questões de uso e manejo dos recursos vegetais, quanto à perpetuação deste conhecimento para as gerações futuras deste grupo, e desta forma possibilitando o resgate do conhecimento tradicional e a preservação dos atributos da APA Capivari-Monos. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 43 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 44 III. Impacto Ambiental Desde os primórdios o homem vem transformando a natureza e durante muitos séculos ele foi dependente a ela. Enquanto ele era caçador e coletor, sua ação sobre o meio ambiente restringia-se a caçar alguns animais e colher vegetais para seu consumo, interferindo nas cadeias alimentares sem grandes prejuízos. Porém com a descoberta da utilização do fogo foi, permitindo que ele se aquecesse nos dias mais frios e cozinhasse seus alimentos, o impacto sobre o meio ambiente estava crescendo. Porém com o passar do tempo, alguns grupos humanos descobriram como cultivar alimento e criar animais então o impacto sobre a natureza começou a aumentar gradativamente, devido à derrubada das florestas em alguns lugares para permitir a prática da agricultura e pecuária. Além disso, a madeira era utilizada para a confecção de casas mais confortáveis e para a obtenção de lenha. Foi nesse momento que alguns impactos começaram a se fazer notar: alterações em algumas cadeias alimentares, como resultado da extinção de espécies animais e vegetais; erosão do solo, como resultado de práticas agrícolas impróprias; poluição do solo e da água, em pontos localizados, por excesso de matéria orgânica. Assim, o limiar entre o homem dependente da natureza é marcado, pela Revolução Industrial. Os impactos ambientais passaram a crescer em ritmo acelerado, chegando a provocar desequilíbrio não mais localizado, mas em escala global. Os ecossistemas têm a incrível capacidade de regeneração e recuperação contra eventuais impactos descontínuos ou localizados, muitos dos quais provocados pela própria natureza, mas a agressão contínua causada pelo homem não dá chance e nem tempo para a regeneração do meio ambiente. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 45 O impacto ambiental deve ser entendido como um desequilíbrio provocado por um choque, um "trauma ecológico", resultante da ação do homem sobre o meio ambiente. No entanto, pode ser resultado de acidentes naturais: a explosão de um vulcão, o choque de um meteoro, um raio, etc. Mas devemos dar cada vez mais atenção aos impactos causados pela ação do homem (SPADOTTO, 2002). Os principais impactos causados pelo homem e suas conseqüências são os seguintes: a. Desmatamento de florestas A primeira conseqüência do desmatamento é a destruição da biodiversidade, como resultado da diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies vegetais e animais. As comunidades nativas também estão sofrendo um processo de genocídio e etnocídio que tem levado à perda de seu patrimônio cultural, dificultando, portanto, o acesso aos seus conhecimentos. Além desses impactos, há também um perigoso impacto em escala global, como o aumento das temperaturas, a diminuição das chuvas. A queima das florestas, seja em incêndios criminosos, seja na forma de lenha ou carvão vegetal para vários fins, tem colaborado para aumentar a concentração de gás carbônico na atmosfera. É importante lembrar que esse gás é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa. Área de desmatamento na Amazônia. (Reprodução/Agência Brasil) Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 46 b. Poluição com agrotóxicos A padronização dos cultivos, ou seja, o plantio de uma única espécie em grandes extensões de terra tem causado desequilíbrios nas cadeias alimentares preexistentes, favorecendo a proliferação de vários insetos, que se tornaram verdadeiras pragas com o desaparecimento de seus predadores naturais: pássaros, aranhas, cobras etc. Por outro lado, a maciça utilização de agrotóxicos, na tentativa de controlar tais insetos, tem levado, por seleção natural, à proliferação de linhagens resistentes, forçando a aplicação de inseticidas cada vez mais potentes. Isso, além de causar doenças nas pessoas que manipulam e aplicam esses venenos e naquelas que consomem os alimentos contaminados, tem agravado a poluição dos solos. c. Erosão A erosão do solo, principalmente na zona tropical do planeta, se deve ao fato dele ser revolvido antes do cultivo desagrega-o, facilitando o carregamento dos minerais pela água das chuvas. A perda de milhares de toneladas de solo agricultável todos os anos, em conseqüência da erosão, é um dos mais graves problemas enfrentados pela economia agrícola. O processo natural de formação de novos solos é extremamente lento, daí a gravidade do problema. Toda atividade agrícola favorece o processo erosivo, mas algumas culturas facilitam-no mais que outras. d. O efeito estufa O efeito estufa, de que tanto se fala ultimamente, resulta de um desequilíbrio na composição atmosférica, provocado pela crescente elevação da concentração de certos gases que têm capacidade de absorver calor, como é o caso do metano e principalmente do dióxido de carbono (CO2). Essa elevação dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera se deve à crescente queima de combustíveis fósseis e das florestas, desde a Revolução Industrial. O homem também é parte integrante do meio em que vive. Ele também é componente da frágil cadeia que sustenta a vida no planeta, embora não sendo mais dependente, continua precisando dela para a sua sobrevivência e para a sobrevivência de milhares de espécies dos diversos ecossistemas. Daí a necessidade de se rediscutir o modelo de desenvolvimento, o padrão de consumo, a desigual distribuição de riqueza e o padrão tecnológico existentes no mundo atual. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 47 1. A biologia da conservação A biologia da conservação é um campo da ciência que vem ganhando cada vez mais adeptos. Foram propostos três princípios básicos para nortear suas ações (PRIMACK e RODRIGUES, 2001): • A evolução é o único mecanismo capaz de explicar os padrões de biodiversidade, e as respostas aos problemas de conservação devem se gerar dentro do marco evolutivo; Os processos ecológicos são dinâmicos e não se mantêm em equilíbrio (ao menos não indefinidamente), estando submetidos à regulação de processos externos variáveis; Os seres humanos são parte dos sistemas ecológicos e as atividades humanas devem contemplar o planejamento da conservação biológica. Como desafios do planejamento do desenvolvimento e da preservação dos recursos naturais ficam as seguintes conclusões (PRIMACK e RODRIGUES, 2001): a. A sobre exploração acarreta na redução dos efetivos populacionais; b. A ocupação do espaço físico pelos seres humanos produz a perda e a fragmentação dos habitats das espécies; c. A introdução de espécies invasoras (como por exemplo, aquelas de interesse econômico) que competem com as nativas modificam as populações e/ ou os habitats; d. Existem efeitos sinérgicos pelos quais a extinção de uma espécie produz extinções em corrente de outras que dela dependem. 2. Unidades de Conservação Uma das formas mais reconhecidas e utilizadas para garantir a proteção dessas espécies e de ecossistemas são as chamadas Unidades de Conservação (UC) – parques nacionais, reservas biológicas e extrativistas, áreas de proteção ambiental, entre outras. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 48 Durante a Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica, adotada pela Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – CNUMAD (Rio-92) o documento assinado por 175 países, referenda que um sistema adequado de unidades de conservação é considerado o pilar central para o desenvolvimento de estratégias nacionais de preservação da diversidade biológica. O estabelecimento de parques e reservas no Brasil pode ser considerado um fenômeno ainda recente, sendo que a maioria foi criada nos últimos 30 anos. De acordo com o Art. 2º, I - Lei Federal 9.985/2000, Unidade de Conservação é um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Elas contribuem para a manutenção das culturas tradicionais aliadas à proteção da natureza, além de dar a condição básica para a conservação e perpetuação da diversidade biológica. Tem sido observado que a concepção e a manutenção das Unidades de Conservação compõem um dos mais eficazes instrumentos de planejamento territorial e auxilia na implantação de políticas destinadas à proteção do meio ambiente. (OLIVEIRA et al, 2009) Em geral, para se definir uma área a ser protegida, é necessário observar suas características naturais e estabelecer os principais objetivos de conservação e o grau de restrição à intervenção antrópica. Esta área será, então, denominada segundo uma das categorias de Unidade de Conservação previstas por lei. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) foi instituído no Brasil em 2000 pela Lei nº. 9.985, que estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das Unidades de Conservação no País. O SNUC divide as Unidades de Conservação em dois grupos: Unidades de conservação de Proteção Integral visam preservar a natureza em áreas com pouca ou nenhuma ação antrópica, onde só se admite a utilização indireta de recursos naturais. São subdivididas em cinco categorias: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional e Estadual, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 49 Unidades de Conservação de Uso sustentável aliam a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais, com exploração do ambiente que garanta a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável. Em algumas categorias os objetivos se ampliam ao valorizar e respeitar os meios de vida e a cultura de populações tradicionais. São subdividas em sete categorias: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional e Estadual, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural. O SNUC também prevê que estados e municípios criem os seus sistemas de unidades de conservação e, dessa forma contribuam para o cumprimento das metas e objetivos relativos à proteção da diversidade biológica nos níveis local, regional, nacional e internacional (OLIVEIRA et al, 2009). As UCs influenciam muito além de suas fronteiras, cooperando para a organização do espaço territorial em seu entorno imediato e favorecendo o desenvolvimento de processos econômicos sustentáveis. (OLIVEIRA et al, 2009). Parque Estadual da Ilha Anchieta, uma Unidade de Conservação de São Paulo. (Divulgação/Agência Brasil) Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 50 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 51 IV - Anexos Na primeira imagem / Anexo A – Mapas das Áreas de Coleta. Na segunda imagem de satélite a Terra Indígena Tenonde Porã (Reprodução/Google) Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 52 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 53 V - Glossário Ação antrópica: efeitos, processos, objetos ou materiais derivados de atividades humanas, em oposição a aqueles que ocorrem em ambientes naturais sem influência humana. Anatomia: é o ramo da biologia no qual se estudam a estrutura e a organização e funções vitais (respiração, digestão, circulação sanguínea, mecanismos de defesa, etc) dos seres vivos, tanto externa quanto internamente. Antropólogo: é o profissional que pesquisa, estuda e discute o “homem”, suas interferências na sociedade e no meio. Arqueólogo: é o profissional especializado em pesquisar e estudar antigas civilizações através de resquícios rochosos reconhecidos como monumentos históricos não escritos. Os arqueólogos são reconhecidos como cientistas que se baseiam em pedaços de cerâmica, obras de artes, fóssil e variados objetos antigos para fundamentar teorias a respeito de civilizações extintas. Árvore genealógica: é um histórico de certa parte dos ancestrais de uma pessoa ou família. Mais especificamente, trata-se de uma representação gráfica para mostrar as conexões familiares entre indivíduos, trazendo seus nomes e, algumas vezes, datas e lugares de nascimento, casamento, fotos e falecimento. Assoreamento: é a obstrução, por sedimentos, areia ou detritos de um rio, ou canal, causando redução da correnteza e da profundidade gerando possíveis transbordamentos e morte do rio. Biomas: é um conjunto de diferentes ecossistemas, que possuem certo nível de igualdade. São as populações de organismos da fauna e da flora interagindo entre si e também com o ambiente físico. Biotas: é o conjunto de seres vivos de um ecossistema, incluindo a todos os grupos organismos. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 54 Biotecnologia: é tecnologia baseada na biologia, especialmente quando usada na agricultura, ciência dos alimentos e medicina, usando organismos vivos ou parte deles, para a produção de bens e serviços. Botânico: é o profissional apto a desempenhar pesquisas científicas envolvendo plantas em diversas áreas. Combustíveis fósseis: os combustíveis fósseis são substâncias de origem mineral, formados pelos compostos de carbono, originados pela decomposição de materiais orgânicos, durante milhões de anos, por isso são considerados recursos naturais não renováveis. A queima destes combustíveis é usada para gerar energia e movimentar motores de máquinas, veículos e até mesmo gerar energia elétrica, gerando altos índices de poluição atmosférica. Cópula: é o ato de união de um indivíduo macho e uma fêmea de uma dada espécie animal com a finalidade de possibilitar a geração de novos descendentes (fecundação). Desenvolvimento sustentável: é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Diversificação gênica: a progressiva diferenciação do conjunto gênico de subpopulações isoladas. A diversificação gênica é provocada por dois fatores: pelas mutações, que introduzem alelos diferentes em cada uma das subpopulações isoladas e pela seleção natural, que pode preservar conjuntos de genes em uma das subpopulações e eliminar conjuntos similares em outra que vive em ambiente diverso. Dossel: o andar superior das florestas, que ao que tudo indica guarda as maiores biodiversidades do planeta, contendo, segundo estimativas, até 65% das formas de vida das florestas tropicais, onde atinge de 30 a 60 m de altura. DNA: substância química envolvida na transmissão de caracteres hereditários e na produção de proteínas compostos que é o principal constituinte dos seres vivos, são encontrados em todas as células do organismo. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 55 Dunas: é uma montanha de areia criada a partir de processos relacionados ao vento. Dunas descobertas são sujeitas à movimentação e mudanças de tamanho, ou seja, dunas são montes de areia formadas pelo vento e pelo mar. Quando o vento sopra, leva a areia e com o tempo viram dunas. Dunas não precisam ser necessariamente grandes, muitas delas são bem pequenas. Ecólogo: é o profissional dedicado ao estudo da ecologia, ou seja, da ciência que analisa a relação dos seres vivos entre si e com o meio ambiente em que vivem. Edáficas: é o conjunto de organismos que vivem dependendo diretamente e exclusivamente do solo. Endemismo: grupos taxonomicos que se desenvolveram numa região restrita. Em geral o endemismo é resultado da separação de espécies, que passam a se reproduzir em regiões diferentes, dando origem a espécies com formas diferentes de evolução. Entomologista: é o profissional que estuda os insetos sob todos os seus aspectos e relações com o homem, as plantas, os animais e o ambiente. Epífitas: são plantas que vivem sobre outras plantas. São espécies de plantas não enraizam no solo, elas se fixam na casca de árvores, a presença de epífitas não causa nenhum prejuízo a planta hospedeira. O epifitismo é algo comum nas florestas tropicais, onde a competição por luz e espaço não permite que plantas herbáceas prosperem sobre o solo. Estuário: é a parte de um rio que se encontra em contato com o mar. Por esta razão, um estuário sofre a influência das marés e possui tipicamente água salobra. Um estuário é uma região semi-fechada do oceano influenciada pelas descargas de água doce de terra, quer seja um ou mais rios, ou apenas da drenagem do continente. Excreção: é o processo através do qual são eliminadas substâncias nocivas, inúteis ou em excesso no organismo. Como exemplo, podemos citar plantas que vivem em mangues, onde a água é ligeiramente salgada, para não causar nenhum dano a ela, a planta elimina o excesso de sal absorvido. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 56 Fauna: é o termo coletivo para a vida animal de uma determinada região ou período de tempo. Fisiológicos: termo relacionado às funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos, ou seja, o funcionamento interno do organismo. Folha coriácea: diz-se que uma folha é coreácea quando a sua textura é semelhante a couro e se quebra facilmente. Fotossíntese: é o processo através do qual as plantas, transformam energia luminosa em energia química utilizada no seu metabolismo e liberando oxigênio gasoso (O2). A fotossíntese inicia a maior parte das cadeias alimentares na Terra. A fotossíntese também desempenha outro importante papel na natureza: a purificação do ar, pois retira o gás carbônico liberado na nossa respiração ou na queima de combustíveis, e ao final, libera oxigênio para a atmosfera. Flora: é o conjunto de plantas características de uma região. Flúviomarinha: referente a locais que recebem influência tanto do mar quanto de rios. Fuligem: são partículas provenientes dos escapamentos de automóveis e máquinas e queimadas florestais. A fuligem é responsável por um terço do aquecimento global. Genes: é a unidade fundamental da hereditariedade. É nele que contêm a informação genética de cada indivíduo, ou seja, suas características, como por exemplo, cor dos olhos que poderá ser passada para seus descendentes. Geólogo: é o profissional que estuda a estrutura e os processos que formaram a Terra, sua evolução ao longo do tempo e os aspectos práticos da aplicação desses conhecimentos para o bem comum. Geológico: relacionado ao que estuda a Terra, sua composição, estrutura, propriedades físicas, história e os processos que lhe dão forma. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 57 Habitat: é um conceito usado em ecologia que inclui o espaço físico e os fatores abióticos que condicionam um ecossistema e por essa via determinam a distribuição das populações de determinada comunidade. Normalmente usado em referência a uma ou mais espécies, no sentido de estabelecer os locais e as condições ambientais onde o estabelecimento de populações desses organismos é viável. Hereditárias: termo relacionado a características que podem ser passadas para os descendentes, através do material genético. Interdisciplinar: é a integração de dois ou mais componentes curriculares na construção do conhecimento. Visa conciliar os conceitos pertencentes às diversas áreas do conhecimento a fim de promover avanços como a produção novas áreas. Isolamento geográfico: é a separação física de subpopulações de uma espécie. As barreiras que isolam as subpopulações podem ser o rio que corta uma planície, um vale que divida dois planaltos ou um braço de mar que separe ilhas e continentes. Isolamento reprodutivo: resulta da incapacidade, total ou parcial, de membros de duas subpopulações se cruzarem, produzindo descendência fértil. Em geral, depois de um longo período de isolamento geográfico, as subpopulações se diferenciam tanto que perdem a capacidade de cruzamento entre si, tornando-se reprodutivamente isoladas. Líquen: são seres vivos muito simples que constituem uma relação entre um fungo e uma alga. Os líquens desenvolvem-se como lâminas ou placas de várias cores na superfície de árvores ou de pedras, expostas à umidade e ao sol. São geralmente estudados pelos botânicos, apesar de não serem verdadeiras plantas. Mananciais: são as fontes de água, superficiais ou subterrâneas, utilizadas para abastecimento humano e manutenção de atividades econômicas. As áreas de mananciais compreendem as porções do território percorridas e drenadas pelos cursos d´água, desde as nascentes até os rios e represas. Morfológico: conceito relacionado ao estudo da forma dos seres vivos, ou de parte dele. É uma ferramenta fundamental para a identificação e classificação das espécies. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 58 Naturalista: O termo refere-se ao indivíduo estudioso das ciências naturais notadamente plantas, animais, rochas, entre outras coisas. Organismos microscópicos: são organismos que não podem ser vistos a olho nu, é necessário observá-los com o auxílio de um microscópio. Paleontológico: termo relacionado a ciência natural que estuda a vida do passado da Terra e o seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico, bem como os processos de integração da informação biológica no registo geológico, isto é, a formação dos fósseis. Pântano: é uma área plana de abundante vegetação herbácea e/ou arbustiva, que permanece grande parte do tempo inundada, há a formação do pântano, cujo ecossistema é único e diverso. O surgimento dos pântanos geralmente ocorre em áreas onde o escoamento das águas se torna lento, assim o entulho ocasionado pela massa orgânica além de se decompor, ocasiona mais represamento da vazão da bacia hidrográfica. Perenidade: caráter do que dura sempre ou muito tempo. Perenifólia: é um atributo da folhagem das plantas que mantêm as suas folhas durante todo o ano. A maioria das plantas das zonas tropicais são de folha persistente. Plantas vasculares: são as plantas com tecidos especializados para o transporte de água e seiva que alimentam as suas células. Pluviosidade: é a quantidade de chuva caída em certo lugar durante período determinado, ou seja, o estado chuvoso de um lugar. Populações interdependentes: são populações diferentes que habitam o mesmo local dependem umas das outras, formando as comunidades. Polinizadores: todos os fatores bióticos responsáveis pela transferência de pólen (célula reprodutora masculina) de uma flor para outra. Animais polinizadores comuns são abelhas, borboletas, mariposas, besouros, beija-flores e outros pássaros, todos na maior parte das vezes atraídos por algum recurso nutriticional disponível pelas flores. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 59 Progenitores: os dois seres que deram origem a um ou vários descendentes através dum processo reprodutivo. Em geral, esses dois progenitores são o macho e a fêmea. No caso das plantas, os progenitores são a planta que suporta o óvulo fecundado. Sazonalidade: é uma determinada característica ou um evento que ocorre sempre em certa época do ano. Por exemplo, a produção de milho ocorre sempre na época da seca, é um produto sazonal. Esse evento ou característica varia em determinado período do ano. Exemplo: as praias se tornam mais cheias no verão do que no inverno. Taxidermia: é a arte de montar ou reproduzir animais para exibição ou estudo. É a técnica de preservação da forma da pele, planos e tamanho dos animais. É usada para a criação de coleção científica ou para fins de exposição, vem como uma importante ferramenta nesse processo conservacionistas, trazendo também uma alternativa de lazer e cultura para a sociedade e como principal objetivo, o resgate de espécimes descartados, reconstituindo suas características físicas e, às vezes, simulando seu habitat, o mais fielmente possível para que possam ser usados como ferramentas para educação ambiental ou como material didático. Variabilidade genética: mede a tendência dos diferentes um mesmo gene variar entre si, numa dada população. A capacidade de uma população para se adaptar a um ambiente em mudança depende da variabilidade genética. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 60 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 61 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 62 VI - Referências Bibliográficas ALBAGLI,S. Da biodiversidade à biotecnologia: a nova fronteira da informação. Brasília, 1998. ALVES, A. G. C. QUE SÃO ETNOBIOLOGIA E ETNOECOLOGIA?, adaptado do texto“Etnobiologia” por Ângelo G.C. Alves, da autoria de Fábio Bandeira, publicado no Bionotícias (Boletim do Conselho regional de Biologia 5ª. Região, 2003. BAPTISTA, G. C. S. A Contribuição da Etnobiologia para o Ensino e a Aprendizagem de Ciências: Estudo de Caso em uma Escola Pública do Estado da Bahia. 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Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 64 STRATHERN, P. Darwin e a Evolução em 90 minutos. Maria Helena Geordane (trad.). Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2001. 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Andrade Coordenação Técnica: Dra. Profa. Heloisa Candia Hollnagel Biólogas: Gabriela Picolo e Karina Spaolonzi Equipe Indígena: Karai Tataendy, Elicio Peralta e Dionísio Mirim Presidência da Agência Ambiental Pick-upau: Andrea Nascimento Texto: Redação da Agência Ambiental Pick-upau (MTB: 35.491) Fotos: Arquivo da Agência Ambiental Pick-upau Revisão: Redação da Agência Ambiental Pick-upau Criação Gráfica e Editoração: Morphina design Realização Agência Ambiental Pick-upau Financiamento Fundo Especial para o Meio Ambiente – FEMA Secretaria do Verde e Meio Ambiente – SVMA Prefeitura do Município de São Paulo – PMSP Parceria Instituto de Botânica de São Paulo – IBot Terra Indígena Guarani Mbya Tenonde Porã Apoio Carioba Investimentos Instituto Floresta de São Paulo – IF Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo – SMA/SP Apoio Institucional APA Capivari-Monos Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 68 Saiba Mais Sobre o Projeto Darwin O Projeto Darwin tem como principais características conhecer e divulgar os atributos naturais e culturais dos Biomas Brasileiros, com ênfase na Floresta Atlântica Tropical, incluindo áreas particulares, Unidades de Conservação e Terras Indígenas. Além dos inventários biológicos das espécies predominantes da fauna e da flora (pesquisa), há o compromisso de sensibilizar o maior número de pessoas possíveis para tornar viável o desenvolvimento sócio-econômico das regiões inseridas no projeto e a preservação do ambiente. Outro aspecto relevante e diferencial do Projeto Darwin é o envolvimento de comunidades tradicionais como a Aldeia Guarani Tenonde Porã. Acesse: www.darwin.org.br Sobre o Pick-upau O Pick-upau é uma organização não-governamental sem fins lucrativos de caráter ambientalista 100% brasileira dedicada à preservação e a manutenção da biodiversidade do planeta. Fundada em 1999, por três ex-integrantes do Greenpeace-Brasil e originalmente criada no Cerrado brasileiro, tem sua base, próxima a uma das últimas e mais importantes reservas de mata atlântica da cidade São Paulo, a maior metrópole da América Latina. Por tratar-se de uma organização sobre Meio Ambiente, sem uma bandeira única, o Pick-upau possui e desenvolve projetos em diversas áreas ambientais. Saiba mais: www.pick-upau.org.br Sobre a Terra Indígena Tenonde Porã A aldeia Tenonde Porã está situada na região sul do município de São Paulo (cerca de 60 km do centro), Distrito de Parelheiros, com grande parte da área indígena às margens da represa Billings. A comunidade Guarani Mbya possui apenas 26 hectares, demarcados e homologados em 1987, onde vivem atualmente 170 famílias com cerca de 900 pessoas. Apesar do crescimento acelerado e desordenado da região e do contato com a sociedade do entorno, esta população vem se assegurando como um povo. Os conhecimentos milenares são passados por gerações através da oralidade dos mais velhos, seus rituais, artesanato e da valorização de sua cultura. Saiba mais: www.darwin.org.br Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 69 Sobre o FEMA O FEMA - Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável foi criado pela Lei Municipal nº 13.155, de 29 de junho de 2001, que também criou o CONFEMA Conselho do Fundo Especial do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Foi regulamentado pelo Decreto nº 41.713, de 25 de fevereiro de 2002 e pela Resolução nº 02/CONFEMA, de 19 de dezembro de 2002, e destina-se a dar suporte financeiro a planos, programas e projetos que visem ao uso racional e sustentável de recursos naturais, ao controle, à fiscalização, defesa e recuperação do meio ambiente e a ações de educação ambiental. Fonte: PMSP/SVMA Saiba mais: www.prefeitura.sp.gov.br Sobre os Guaranis Os Guaranis Mbya estão em várias regiões da América do Sul, existem aldeias na Argentina, Paraguai e Bolívia. No Brasil se localizam principalmente na região do litoral, do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo e outras regiões como no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. São a maior etnia indígena no Brasil somando aproximadamente 35 mil pessoas. Sendo um povo bastante religioso tem na execução de tarefas cotidianas a busca da harmonia com a natureza, da força espiritual de Nhanderu e do Sol, criado por ele. Diariamente a comunidade se encontra na Opy, a Casa de Reza, para cantar, rezar e dançar e os mais velhos ensinam as crianças o conhecimento ancestral. Na aldeia, além do cacique, a principal liderança é o Xeramoi, o nome do pajé Guarani. Os Guaranis sabem da importância de todos os seres e que cada elemento da natureza tem um espírito e buscam parceiros para impedir a destruição do planeta. Sobre a APA Capivari-Monos A Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos (APA) é um tipo de Unidade de Conservação, onde existem terras públicas e privadas, cujos objetivos são: proteger a biodiversidade, os recursos hídricos e os remanescentes da Mata Atlântica; resguardar o patrimônio arqueológico e cultural; promover a melhoria da qualidade de vida das populações; manter o caráter rural da região e evitar o avanço da ocupação urbana na área protegida. Criada em junho de 2001, a APA possui 25 mil hectares (1/6 da área de Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 70 São Paulo) e está inserida na Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo e na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 71 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 72 Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 73 Agência Ambiental Pick-upau Copyright ©2011 - Pick-upau Caixa Postal: 42098 - CEP: 04082-970 - São Paulo - SP - Brasil Todos os direitos reservados. Todos os direitos reservados pela Agência Ambiental Pick-upau. Os textos contidos nesta publicação poderão ser reproduzidos, desde que citada a fonte. Projeto Darwin: Oficina de Biodiversidade Biodiversidade, evolução e novos conhecimentos para comunidades tradicionais 74