Soja Inoculação da soja: uma prática altamente rentável Tecnologias buscam resultados produtivos para o agricultor Solon C. de Araújo1 O fenômeno da fixação biológica do nitrogênio é um processo natural que capta o nitrogênio existente no ar e o torna disponível para as plantas como nutriente. Podemos dizer que a soja é uma cultura rentável no Brasil graças à administração deste fenômeno, permitindo a fixação de grandes quantidades de nitrogênio, resultando em elevadas produtividades sem a adição de nitrogênio químico. Através do tempo a pesquisa selecionou estirpes altamente eficientes das bactérias Rhizobium e Bradyrhizobium e as empresas de inoculantes procuram fazer produtos de elevada concentração para que o processo de inoculação seja o mais produtivo para o agricultor. Podemos dizer que existe uma cadeia da inoculação: a pesquisa deve selecionar estirpes de elevada eficiência, as fábricas de inoculante devem produzir inoculantes com elevada concentração e, por fim, o agricultor deve utilizar corretamente o produto. Desta forma, se todos fizerem seu papel corretamente, certamente vai haver sucesso na inoculação. Hoje já não há mais dúvidas sobre as vantagens da inoculação, pois os dados de pesquisa mostram, sem margem de dúvida, que podem ser obtidos aumentos de 4 a 15% na produtividade da soja com o uso de inoculantes, mesmo em áreas onde já houve inoculações anteriores. Existem pesquisas conduzidas durante mais de oito anos comprovando estes aumentos de produtividade. Entretanto, para que isto seja obtido é necessário que todos os elos da cadeia estejam em seu ponto ótimo: ótimas estirpes, ótimo inoculante, ótima utilização do produto, seguindo todas as regras para tirar o máximo proveito da técnica. E o que é uma boa inoculação? Em primeiro lugar, o inoculante deve propiciar, na combinação de concentração de bactérias/g com a dosagem recomendada, um total de 160.000 bactérias por semente. Este número, recomendado pela Embrapa, é o mínimo de bactérias necessário para que se obtenha uma boa nodulação. Para que o agricultor saiba como obter este número existe uma fórmula muito simples: No de bactérias/semente = C x D 350.000 Exemplos práticos 1) Um inoculante que tenha uma concentração no comércio de 108 células/g (100 milhões de células por grama) e que seja recomendado na dosagem de 200 g/saca: No bact./semente = 350.000 20.000.000.000 = 350.000 = 57.140 2) Um inoculante que tenha uma concentração no comércio de 109 células/g (1 bilhão de células por grama) e seja recomendado na dosagem de 125 g/saca: No bact./semente = , onde: C = concentração do inoculante garantida no comércio; D = dosagem recomendada por saca de sementes (50 kg); 350.000 = quantidade média de sementes por saco de 50 kg. 1 100.000.000 x 200 1.000.000.000 x 200 350.000 = 20.000.000.000 = 357.140 350.000 No primeiro exemplo, deverão ser utilizadas 600 g do produto ( três pacotes) por saco de sementes, para que se obtenha o número de células recomendado. No segundo exemplo, as 125 g recomendadas já fornecerão o dobro da quantidade mínima necessária. Entretanto, não basta utilizar um bom inoculante para garantir o sucesso da lavoura. Todos os demais itens devem ser muito bem cuidados: prática correta de inoculação (guardar o produto em local fresco, fazer a inoculação à sombra, não semear em solo seco, fazer uma boa mistura do inoculante com as sementes), ter o solo bem corrigido e adubado de acordo com a análise, usar fungicidas recomendados para a cultura da soja, plantar em menos de 24 horas após a inoculação. Um aspecto importante a ser levado em conta é o uso de molibdênio e cobalto. Estes dois micronutrientes são essenciais para o processo de fixação do nitrogênio. Dados recentes de pesquisa demonstram que o uso de Mo e Co traz expressivos aumentos de produtividade, resultando em ganhos de lucratividade nas lavouras de soja. O uso de inoculante tem sido revigorado nos últimos anos. Com a exigência de maiores produtividades, com a necessidade de se baixar o custo da lavoura e com a recomendação enfática da pesquisa para o uso de inoculante, esta prática está sendo cada vez mais utilizada pelos agricultores que desejam conduzir suas lavouras tecnicamente para a obtenção de bons rendimentos. Gerente de Marketing e P&D da Ind. Bio Soja de Inoculantes Ltda. Fonte: Jornal da Coopavel, Cascavel, outubro/1999. p.10. INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS Nº 87 – SETEMBRO/99 9