Ano 3 Número 2 Março/Abril 2017 Riscos à saúde do Trabalhador Rural (2) Como dito no Informativo anterior, continuaremos a falar dos riscos a que o trabalhador rural está exposto durante suas atividades laborais diárias. Alguns desses riscos são bem conhecidos dos trabalhadores que lidam com animais. Entre esses, está o risco biológico - situação onde um organismo ou substância oriunda de um organismo traz alguma ameaça, principalmente, à saúde humana). As Zoonoses são riscos biológicos constantes para quem trabalha na zona rural, porém, o uso de medidas simples de proteção poderá evitá-las. Zoonoses são doenças transmitidas de animais para humanos ou de humanos para os animais. Como por exemplo: brucelose, raiva, tuberculose e febre aftosa. É sobre essas que falaremos neste Informativo. Brucelose Definição: É uma doença transmissível que ataca os bovinos, outras espécies animais e o homem. A bactéria (germe) localiza-se no útero, na placenta e/ou no úbere (tetas) das fêmeas doentes, e nos testículos de bovinos infectados. A brucelose, também chamada de febre de Malta, febre ondulante ou febre mediterrânea, trata-se de uma zoonose, causada por uma bactéria do gênero Brucella. A infecção ocorre quando o trabalhador ou animal entra em contato com animais doentes ou produtos de origem animal contaminados com a bactéria, como leite não pasteurizado (A pasteurização é um processo térmico que tem o objetivo de eliminar os agentes que transmitem doenças que contaminam alguns alimentos e líquidos), produtos lácteos, carne mal passada ou seus subprodutos. A bactéria pode entrar no organismo por diferentes formas, como ingestão, inalação ou, até mesmo, por penetração em feridas. Modo de Transmissão Informativo da Saúde do Trabalhador CEREST REGIONAL CAMPO GRANDE-MS Introdução Sintomas: Os sintomas se manifestam por volta de 5 dias após o contato inicial com a bactéria, durando até vários meses depois da infecção. Quando a doença se encontra em sua fase aguda os sintomas são bastante parecidos com o de uma gripe: febre, cansaço, fraqueza, falta de apetite, dor e enfraquecimento das articulações, calafrios, suor intenso, fraqueza, dor de cabeça e no corpo, falta de apetite, perda de peso e pressão baixa. O choro fácil também acontece em pacientes infectados. Prevenção: Evitar o consumo de laticínios não pasteurizados, independente de suas origens; Cozinhar bem os alimentos e não consumir carnes com aparência crua; Manter a higiene durante o preparo das refeições; Cuidados e manipulação com animais, utilizando luvas de borracha e sabonetes bactericidas; Vacinar os animais domésticos e levá-los ao veterinário para realizar exames. Febre Aftosa Definição: A febre aftosa é uma doença contagiosa, causada por um vírus do gênero Aphtovirus, de rápida multiplicação. Ataca os animais de casco que têm dois dedos, tais como os ovinos (ovelhas), suínos (porcos), caprinos (cabritos), bubalinos (búfalos) e principalmente os bovinos (bois e vacas). E também animais silvestres, como o veado e o porco-do-mato. O vírus da febre aftosa é expelido pelo ar expirado, saliva, fezes, urina, leite e sêmen dos animais infectados e se espalha pelo meio ambiente, podendo multiplicar os casos da doença rapidamente. Risco para o homem: A aftosa não representa risco à saúde humana. A doença não é transmitida pelo consumo de carne, leite e derivados de animais infectados Alguns casos raros de feridas nas mãos e outros sintomas leves foram relatados em seres humanos que lidavam de forma muito próxima com animais infectados. Prevenção: Vacinar todos os bovinos e bubalinos nas Campanhas Regulares; Avisar a IAGRO caso apareça animais de origem desconhecida na propriedade; Não comprar animais sem Guia de Trânsito Animal (GTA); Desinfeção dos locais e de todo material infectado (artefatos, veículos e roupas). Tuberculose Definição: A tuberculose bovina é uma doença causada por Mycobacterium bovis que afeta, principalmente, bovinos e búfalos. Ela se torna crônica nos animais e é transmissível para o homem. No homem, a maioria dos casos ocorre em jovens e resulta da ingestão ou manipulação de leite contaminado. Os trabalhadores rurais podem se infectar inalando perdigotos (gotículas de saliva) de bovinos infectados, desenvolvendo a tuberculose pulmonar. Sintomas nos Animais: Nos bovinos, a doença causa lesões em diversos órgãos e tecidos, como pulmões, fígado, baço e até nas carcaças. Podem ser encontradas também lesões no úbere (teta) das vacas. Dependendo da fase da infecção, os animais podem exibir emagrecimento acentuado e tosse, mas, muitas vezes, as alterações da tuberculose não são perceptíveis aos produtores. Sintomas no Homem: Tosse persistente Emagrecimento Febre noturna Suores noturnos Catarro com sangue Prevenção: Não existe vacina nem tratamento para a tuberculose bovina, portanto a prevenção da entrada da doença é a chave do controle. Página 2 Fazer o teste de tuberculinização nos animais; Monitorar a saúde dos trabalhadores da propriedade; Sacrificar os animais doentes; Comprar animais livres de tuberculose; Tomar leite pasteurizado; Comer derivados do leite feitos com leite pasteurizado. I N F O R M A T I V O D A S A Ú DE D O T R A B A L H A D O R Raiva Definição: Raiva é uma doença infecciosa que acomete todos os mamíferos (domésticos e silvestres), inclusive o homem. Por isso, ela é também uma zoonose. A raiva é causada por um vírus chamado Lyssavirus que ataca o sistema nervoso central (cérebro). Tipos de Manifestações: Raiva Furiosa Ocorre principalmente em cães e gatos e o animal muda o comportamento; Os Sintomas são: O animal não consegue engolir água nem alimentos sólidos; O animal pode ficar muito agressivo e até atacar o dono; Perde a coordenação motora; Tem paralisia nos músculos da face e da garganta, por isso, baba; Os cães apresentam latido rouco; Após o aparecimento dos primeiros sintomas, o animal morre em até dez dias. Raiva Paralítica Ocorre principalmente nos bovinos e demais herbívoros (animais que consomem plantas vivas ou partes delas); Os Sintomas são: O animal anda cambaleando e não consegue acompanhar os outros; Tem paralisia das patas traseiras, cai e não levanta mais, mostra sinal de pedalagem; Parece estar engasgado; Volta a cabeça para trás; Após o aparecimento dos primeiros sintomas, o animal morre em até dez dias. Como acontece a transmissão: A transmissão da raiva acontece quando um animal doente morde, lambe ou arranha (saliva, unhas e patas contaminadas) outros animais ou o homem. O vírus pode entrar no corpo do homem por meio de ferimentos na pele causados ou não pelo animal doente. Para o ser humano, o principal transmissor é o cão, e em segundo lugar, o gato. Nos animais dos sítios e fazendas, o principal transmissor é o morcego hematófago, também conhecido como morcegovampiro (alimenta-se de sangue). Prevenção nos Animais: Vacinar todos os animais mamíferos; Prevenção ao Homem: Caso uma pessoa seja mordida, arranhada ou lambida por um animal suspeito de estar com raiva, deverá: Lavar o local afetado com bastante água e sabão para eliminar principalmente a saliva do animal; Procurar uma Unidade de Saúde o mais rápido possível para receber o tratamento adequado . OBS: Existe uma vacina pré-exposição que é indicada para os profissionais que trabalham em contato com animais ou que correm o risco de entrar em contato com o vírus rábico (médicos veterinários e pessoas que trabalham em laboratórios). Infelizmente, ainda não disponível ao trabalhador. Participe! Envie-nos sugestões, acontecimentos, reportagens, fotos de eventos relacionados à Saúde do Trabalhador... ANO 3 NÚMERO 2 Página 3 Cantinho Cultural 25 DE MAIO - DIA DO TRABALHADOR RURAL “Minha singela homenagem aos guerreiros trabalhadores do campo que, incansavelmente, de sol a sol alimentam o progresso e a população desse nosso Brasilzão abençoado por Deus” Márcio Souza. MEU SERTÃO SERTANEJO Márcio Souza Sou um caboclo da roça, Sou um pacato roceiro, Vivo na minha palhoça, Trabalho o dia inteiro. O meu gadinho leiteiro. Aqui o tempo é sagrado, Não dá moleza a quem possa, Quando não está cuidando do gado, Está cuidando da roça. Por mais cansaço que eu tenha, De sol a sol eu trabalho, E cada dia que venha, Com o primeiro cantar do galo. De manhã tem café quente, Do velho fogão de lenha, Para que o peito eu esquente, Pra começar a ordenha. Jogo milho no quintal, E ração lá no chiqueiro, E recolho no curral, Não tenho hora marcada, É uma só correria, Pra realizar a jornada, Em tempo, no fim do dia. Eu me orgulho do que faço, Com muita satisfação, Não sinto qualquer cansaço, Dessa minha profissão. Sou matuto, sou roceiro, Caboclo sem muito estudo, Nesse sertão, vivo e cuido, Desse meu chão Brasileiro. Aqui é muito legal, Aqui, respiro felicidade, Não troco a vida Rural, Pelo conforto da cidade. Tudo aqui é beleza, Tem canto da passarada, Encantos da natureza, Aqui é a minha morada. Agradeço a Deus por isso tudo, É nesse rincão, meu pedacinho de mundo, Que eu quero permanecer, No meu cantinho e meu chão, Pois é nesse meu doce sertão, Que nasci e quero morrer. Disponível em: https:// pensador.uol.com.br Aconteceu CEREST REGIONAL CAMPO GRANDE Com a mudança na Gestão Municipal em Campo Grande, houve também, mudança na Superintendência de Vigilância em Saúde e consequentemente, na Coordenação do Cerest Regional Campo Grande, assumindo o Sr. Aldecir Dutra de Araújo – Biólogo e servidor de carreira da Fundação Nacional de Saúde– FUNASA. A equipe do Cerest Regional Campo Grande o recebe de braços aberto e deseja que consigamos fazer um grande trabalho na Saúde do Trabalhador, contanto para isso, com os parceiros dos municípios que compõem a microrregião. Rua Sergipe, 402 - Jd. dos Estados 79.020-160 — Campo Grande– MS Tel.: 67 3314-3718 E-mail: [email protected] Informativo da Saúde do Trabalhador V. 3. N. 2 — Março/abril 2017 Texto: Enelita M. Mazon Diagramação e Redação Final: Shalimar M. V. Filiú e Marcos A. Rodrigues Revisão: Débora R. M. de Moraes Coordenador do Cerest: Aldecir D. de Araújo As imagens e figuras foram obtidas em sites, blogs e homepages da internet, cujo objetivo é harmonizar os textos, tornando a leitura mais agradável. Para saber mais, clique no texto e acesse as fontes consultadas para este informativo: Saiba o que é a febre aftosa e como ela age no organismo. Canal Rural Você sabe o que é... Brucelose? Febre Aftosa? Raiva? Tuberculose? Terezinha C. S. Feldens e Marise G. César. Coleção IAGRO nas Escolas. Campo Grande, MS: 2006. Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta. Ministério da Saúde, 2013.