Mubarak subestimou os egípcios, diz especialista Portal Exame

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Mubarak subestimou os egípcios, diz especialista
Portal Exame - SP - ECONOMIA - 10/02/2011
Eduardo Tavares, de
Professor de relações internacionais diz que declarações do presidente egípcio não vão
acalmar os ânimos no país
Getty Images
Manifestante na praça Tahrir exibe placa com os dizeres "game over", ou "fim de jogo"
São Paulo - Ao fazer um discurso que contrariou as expectativas do país, o presidente Hosni
Mubarak, "subestimou os egípcios", segundo o coordenador do curso de relações
internacionais das Faculdades Rio Branco , Alexandre Uehara. Para o professor, as
declarações do líder não serão suficientes para acalmar os ânimos da população.
"Neste momento, não vejo possibilidade de golpe de estado, mas a pressão, tanto nacional
quanto internacional, vai aumentar cada vez mais", explica. Segundo ele, os efeitos do
discurso de Mubarak podem resultar em impactos políticos e econômicos não apenas no
Egito.
Uma das maiores preocupações é com o funcionamento do canal de Suez, importante
corredor de exportação de petróleo para países do mundo todo. De acordo com informações
do embaixador brasileiro no Egito, Cesário Melantônio Neto, sindicatos nacionais ameaçaram
paralisar as atividades no canal caso o presidente não deixasse o poder.
"Os sindicatos têm sido moderados, até porque, muitos são controlados pelo governo. Mas
eles começaram a falar em greve geral desde que as manifestações começaram. Isso é algo
novo no Egito", afirma o embaixador.
Medo
Tão nebuloso quanto o discurso de Mubarak é o futuro do Egito nos próximos dias. De acordo
com o embaixador, os manifestantes continuaram na praça Tahrir após o pronunciamento do
presidente, e devem passar a noite no local.
"Falei com amigos egípcios, tanto da oposição, quanto favoráveis a Mubarak. Eles estão com
medo do que pode acontecer amanhã", diz Melantônio. De acordo com ele, os grupos
opositores convocaram para esta sexta-feira (11) a chamada "Manifestação dos Vinte
Milhões", que pretende levar esta quantidade de egípcios para as ruas.
"A esperança era que um outro discurso por parte do presidente desmobilizasse a
manifestação. Mas aconteceu justamente o oposto. E agora, o temor é de que possa haver,
inclusive, um novo confronto", afirma o embaixador.
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