42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 1 ANATOMIA RADIOGRÁFICA DO CRÂNIO NO LYCALOPEX GYMNOCERCUS (G. FISCHER, 1814) MANUELA FAGUNDES MARINHO DA SILVA1, KARINE DE MATTOS1, NATAN DA CRUZ DE CARVALHO1, PAULO DE SOUZA JUNIOR1 1 Laboratório de Anatomia Animal da Universidade Federal do Pampa, campus Uruguaiana-RS. Resumo Estudos de anatomia radiográfica em animais silvestres são escassos, porém fundamentais para a correta interpretação de achados radiográficos nestas espécies. Exibido em zoológicos pelo mundo, o Lycalopex gymnocercus é um importante canídeo silvestre sulamericano. Objetivou-se revelar aspectos radiográficos do crânio do L. gymnocercus. Para tal foram realizadas radiografias em dois cadáveres recolhidos mortos em rodovias. O crânio revelou conformação dolicocéfala. As radiografias validaram que a conformação do sincrânio é semelhante àquela observada em cães domésticos e que as projeções látero-lateral e ventrodorsal foram adequadas. Palavras-chaves: anatomia animal; carnívoros silvestres; graxaim-docampo. RADIOGRAPHIC ANATOMY OF THE SKULL OF LYCALOPEX GYMNOCERCUS (G. FISCHER, 1814) Radiographic Anatomy Studies in wild animals are scarce, but essential for the correct interpretation of radiographic findings in these species. Displayed in zoos around the world, Lycalopex gymnocercus is an important South American wild canid. It aimed to reveal skull radiographic aspects dolichocephalous of L. formation. gymnocercus. The 1780 radiographs The skull validated revealed that the 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 2 conformation of sincranium is similar to the one seen in domestic dogs. And the side-to-side projections and ventrodorsal were adequate. Key-words: animal anatomy; pampas fox; wild carnivores. Introdução O Lycalopex gymnocercus (G. Fischer, 1814) é um canídeo silvestre sulamericano, onívoro, com comprimento entre 86 e 106 cm e massa entre 3 e 8 kg (Cheida et al., 2011). O conhecimento da anatomia radiográfica é imprescindível para a interpretação dos achados radiográficos pelos médicos veterinários (Coulson & Lewis, 2008). Entretanto, a anatomia radiográfica da maioria das espécies silvestres permanece desconhecida. Objetivou-se detalhar a anatomia radiográfica básica do crânio do Lycalopex gymnocercus por meio de imagens radiográficas e esquemáticas. Material e Métodos Foram radiografados os crânios (projeções lateral e ventrodorsal) de dois cadáveres de L. gymnocercus, do sexo masculino, recolhidos após morte recente em rodovias do município de Uruguaiana-RS (autorização IBAMA/SISBIO no. 33667-1). As radiografias foram obtidas com aparelho marca Phillips®, modelo Aquilla Plus 300, empregando 40 KV e 200mAs e respeitadas as diretrizes básicas de proteção radiológica (CNEN, 2011). As representações esquemáticas a partir dos contornos das imagens radiográficas foram elaboradas com o software Photoscape® versão 3.6.3. A nomenclatura dos acidentes anatômicos seguiu a Nomina Anatômica Veterinária (ICVGAN, 2012). Resultados 1781 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 3 Figura 1: Radiografia em projeção látero-lateral do crânio e mandíbula de Lycalopex gymnocercus, adulto, sexo masculino e representação esquemática. 1. Osso incisivo; 2. Osso nasal; 3. Osso maxilar; 4. Osso frontal; 5. Osso frontal; 6. Crista sagital externa; 7. Protuberância occipital externa; 8. Osso occipital; 9. Crista nucal; 10. Côndilo do occipital; 11. Bula timpânica; 12. Processo zigomático do osso temporal; 13. Processo retroarticular; 14. Fossa temporal; 15. Osso palatino; 16. Osso etmoide; 17. Seio Frontal; 18. Corpo da mandíbula; 19. Processo coronóide da mandíbula; 20. Processo condilar da mandíbula; 21. Processo angular da mandíbula; 22. Forame mentoniano; 23. Canal mandibular; 24. Borda ventral da mandíbula; A. Atlas; 25. Forame vertebral lateral; 26. Corpo; 27. Processo transverso; B. Dentes incisivos; C. Dentes caninos; D. Dentes pré-molares; E. Dentes molares 1782 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 4 Figura 2: Radiografia em projeção ventrodorsal do crânio e mandíbula de Lycalopex gymoncercus, adulto, sexo masculino e representação esquemática. 1. Fissura palatina; 2. Vômer; 3. Maxila; 4. Borda da coana formada pelo osso palatino e pelo osso pterigoide; 5. Borda ventral da mandíbula; 6. Corpo da mandíbula; 7. Ramo da mandíbula; 8. Processo coronóide da mandíbula; 9. Ângulo da mandíbula; 10. Processo condilar da mandíbula; 11. Processo temporal do osso zigomático; 12. Processo zigomático do osso temporal; 13. Bula timpânica do osso temporal; 14. Meato acústico externo do osso temporal; 15. Processo paracondilar; 16. Côndilo do occipital; A. Atlas; B. Áxis Discussão O crânio do L. gymnocercus demonstrou conformação semelhante à de raças de cães dolicocéfalos (Coulson & Lewis, 2008; Forrest, 2002). Tal constatação sugere que a interpretação dos achados radiográficos no crânio desta espécie possa adotar os mesmos critérios conhecidos para os cães domésticos. A fórmula dentária foi idêntica à do cão, ou seja, I3/3, C1/1, P4/4, M2/3, totalizando 42 dentes (Dyce et al., 2010). A técnica radiográfica e as projeções látero-lateral e ventrodorsal permitiram o reconhecimento dos principais pontos de referência a investigação radiográfica da cabeça: acidentes anatômicos ósseos, cavidades craniana e nasal, seios paranasais, bulas timpânicas, articulações têmporomandibulares e dentes (Forrest, 2002). Conclusão A anatomia radiográfica do crânio do L. gymnocercus é idêntica à de raças de cães dolicocéfalas. As projeções látero-lateral e ventrodorsal foram adequadas para visualizar as principais estruturas necessárias ao radiodiagnóstico nesta região. Referências Bibliográficas CHEIDA, C. C.; NAKANO-OLIVEIRA, E.; FUSKO-COSTA, R.; ROCHAMENDES, F.; QUADROS, J. Ordem Carnívora. In: REIS, N. R.; 1783 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 5 PERACCHI, A. L.; PEDRO, W. A.; LIMA, I. (Ed.). Mamíferos do Brasil. 2. ed. Londrina : Nelio R. dos Reis, 2011. p. 235-288. CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear. Diretrizes básicas de proteção radiológica. NN-3.01, 2011. Disponível em: <http://www.cnen.gov.br/seguranca/normas/pdf/Nrm301.pdf> Acesso em 20 de agosto de 2015. COULSON, A; LEWIS, N. An Atlas of Interpretative Radiographic Anatomy of the Dog and Cat. Oxford : Blackwell Science, 2nd edition, 2008. DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de anatomia veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 FORREST, L.J. The Cranial and Nasal Cavities-Canine and Feline. In: Thrall, D.E. (Ed). Textbook of Veterinary Diagnostic Radiology. 4th. Edition. Philadelphia : W.B Saunders, 2002. ICVGAN - INTERNATIONAL COMMITTEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL NOMENCLATURE. Nomina Anatômica Veterinária. 5. ed. Knoxville: Editorial Committee, 2012. 177 p. 1784