7° Congresso de Pós-Graduação EFEITOS DA SUPLEMENTAÇÃO COM BCAA(BRANCHED-AMINO ACIDS) EM MÚSCULOS IMOBILIZADOS DE RATOS Autor(es) ROSELENE C TRIBIOLI WATANABE Orientador(es) CARLOS ALBERTO DA SILVA 1. Introdução Estudos têm relatado que os BCAA modulam o metabolismo através de vias catabólicas contribuindo desta forma para a síntese protéica no tecido muscular, assim o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da com BCAA em músculos normais e imobilizados durante de 7 dias. Foram utilizados ratos wistar (n=6), divididos em grupos: controle (C), imobilizado (I), tratado com o BCAA (T) e imobilizado tratado com BCAA (IT), onde se avaliou as reservas de glicogênio muscular, o conteúdo de proteínas totais (PT/DNA) nos músculos sóleo (S) e gastrocnêmio fibras brancas (GB) e vermelhas (GV) bem como o peso do músculo sóleo. Os resultados demonstraram que nos músculos normais tratados com o BCAA houve um aumento significativo nas reservas de glicogênio muscular quando comparado ao controle sendo, 39% no(S), 26% no (GB)e 29% no (GV), porém não sendo observado mudanças significativas no peso do (S), no entanto, a relação PT/DNA foi no reduzida no grupo (I) em 12% no (S), 27% no (GV) e 1,9% no (GB). No grupo (I), as reservas glicogênicas apresentaram significativamente reduzidas comparadas ao grupo (C) sendo 48% no(S), 24% no (GB) e 43% no (GV), o peso do (S) também foi reduzido em 36% passando de 135,71±2,3mg (C) para 86,6±1,9mg (I), já a relação PT/DNA apresentou-se reduzida em 26% no (S) e 33% no (GB) não sendo observado diferença significativa no (GV). No grupo (IT), as reservas de glicogênio muscular aumentaram significativamente sendo 19% no (S), 18% no (GB) e 12% no (GV), comparado ao grupo (I). O peso do (S) também elevou em 7,6%. Neste grupo, a relação PT/DNA apresentou redução de 17% no(S), 7,5% no (GB) e 9% no (GV). Estes achados sugerem que a suplementação com BCAA altera o metabolismo das proteínas musculares, contribuindo para uma melhor recuperação muscular durante o período de imobilização. INTRODUÇÃO A imobilização é um recurso frequentemente usado na prática clínica, porém provaca varios efeitos deletérios ao musculo esquelético, como diminuição nas reservas de glicogênio e creatina quinase,redução do numero de sarcômeros em série, e outros fatores que favorecem a atrofia muscular. Recentes estudos têm sugerido que os BCAA, especialmente a leucina, regulam o metabolismo das proteínas no músculo esquelético, estimulando a síntese protéica e inibindo a degradação das proteínas musculares, desta forma podendo favorecer a recuperação muscular durante o período de imobilização. A leucina, isoleucina e a valina apresentam uma estrutura similar de uma cadeia ramificada e por isso são referidos como BCAA, são aminoácidos essenciais para os animais e possuem um sistema comum de transporte de enzimas pela membrana para transmissão e descarboxilação oxidativa indicando assim sua relação com o metabolismo (RENNIE, 1996). Alguns autores sugerem que a leucina não somente é um bloco de construção de proteínas, mas também uma moduladora do metabolismo protéico, sendo interessante considerar a eficácia dos BCAA quando ingeridos como suplemento (SHIMOMURA et al.,2006). Estima-se que dos aminoácidos essenciais ingeridos na dieta 35-40% dos BCAA são encontrados nas proteínas do corpo e 14-18% do total nas proteínas musculares. Portanto as proteínas musculares apresentam uma grande reserva de BCAA no corpo (SHIMOMURA et al.,2006). 2. Objetivos O objetivo deste trabalho será estudar a ação do BCAA em músculo esquelético de ratos submetidos à imobilização através das analises das reservas glicogênicas, do conteúdo de proteínas totais dos músculos sóleo e gastrocnêmio branco e vermelho e realizar a avaliação do peso do músculo sóleo. 3. Desenvolvimento MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados ratos Wistar, adquiridos junto a empresa ANILAB (Paulínia-SP) com idade entre 3 a 4 meses, tratados com ração e água “ad libitum” sendo submetidos a ciclo fotoperiódico de 12h claro/escuro sob temperatura (23º±2ºC). Os animais foram divididos aleatoriamente em 4 grupos experimentais (n=6), denominados de controle, imobilizado 7 dias, tratado com BCAA 7 dias e imobilizados e tratados com BCAA 7 dias.tendo a pesquisa aprovação do Comitê de Ética em Experimentação Animal (CEEA) da UFSCar. DESENVOLVIMENTO Os grupos tratados receberam o complexo de aminoácidos BCAA (Nutristore®) na concentração de 9,2mg/100g/dia através da via orogástrica e quando necessária anestesia utilizou-se pentobarbital sódico (40mg/Kg, ip). Para imobilização, os ratos tiveram a perna posterior esquerda imobilizada com órtese de resina acrílica permitindo a manutenção da articulação do tornozelo em posição de 90º, Silva et al (2006). Para amostragem, os animais foram anestesiados e o sangue coletado através da veia renal, sendo centrifugado por 10 minutos a 2500rpm e o plasma separado para análise bioquímica. Os músculos (S), (GB), (GV), foram retirados e encaminhados para a determinação do conteúdo de glicogênio através do método do fenol sulfúrico. O músculo (S) foi encaminhado para a análise do peso e da ralação proteínas totais/DNA usando-se o Kit laboratorial PROTOTAL. Na análise estatística dos dados, foi aplicado o teste ANOVA seguido do teste de Tukey com nível critico de 5%. 4. Resultado e Discussão Iniciamos avaliando os efeitos decorrentes da imobilização sobre as reservas de glicogênio do músculo esquelético submetido à imobilização, comparando-os ao controle, foi observado que as reservas musculares foram significativamente reduzidas pelo desuso, assim como o peso (S), demonstrando que há uma interface entre a manutenção da atividade contrátil e a efetividade das vias metabólicas. A relação proteína total/DNA, que indica alterações no número de fibras musculares, também se demonstrou reduzida no(S), e no (GB), não sendo observado diferença no (GV). O efeito do BCAA foi analisado no mesmo perfil de análise e demonstrou aumento significativo nas reservas de glicogênio no grupo (T) comparado ao (C). Nesta condição, o peso do (S) também foi avaliado, não sendo observado modificação do grupo(C), para o grupo(T). Avaliou-se também a relação proteína total/DNA do grupo (I) onde foi observada uma redução significativa. No decorrer dos experimentos optou-se por avaliar os efeitos da suplementação com BCAA durante período de imobilização, ao analisar as reservas musculares de glicogênio foi verificado aumento significativo no grupo (IT) quando comparado ao (I). A seguir também foi analisado o peso do (S) e nestas condições, verificou-se uma elevação no grupo (IT). Seguindo a proposta avaliamos a relação proteína total/DNA e verificou-se uma relação mais positiva preservando as fibras no grupo (IT) quando comparado ao grupo (I). Estudos demonstram que as fibras musculares lentas (tipo I) possuem maior vulnerabilidade à atrofia que as fibras musculares rápidas (tipo II), devido a diferenças em seu metabolismo (HESLINGA et al.,1995; APPEL, 1990); corroborando com nossos achados. Além dos efeitos metabólicos, outro fator que influencia para que as fibras tipo I sejam as mais afetadas durante a imobilização são suas características posturais, como demontrado no estudo de Ploug et al. (1995). Lieber, (2002) relata que os músculos considerados antigravitácionais, os uniarticulares e os que possuem maior proporção de fibras lentas são os mais vulneráveis a atrofia induzida pelo desuso muscular. Segundo Qin et al, (1997) a imobilização por diferentes períodos resulta em atrofia variando de 15% a 70%, dependendo dos animais utilizados e das fibras avaliadas. Gomes et al. (2004), observaram redução de 43% da área da fibra do músculo sóleo imobilizado durante 3 semanas . Kanus et al., (1998), relataram redução de 69% da área das fibras desse músculo imobilizados por meio de aparelho gessado durante 3 semanas. Este estudo demonstrou que o músculo sóleo imobilizado na posição de 90º apresentou uma redução de 36% durante 7 dias de imobilização, concordando com o estudo de Durigan et al. (2005). A suplementação com BCAA em músculos normais proporcionou um aumento nas reservas glicogênicas, assim como no peso muscular do sóleo e no número de fibras musculares. Demonstrando compatibilidade com os estudos de Shimomura et al. 2006, Norton e Layman, 2006, onde observaram que a suplementação com aminoácidos especialmente a leucina, apresenta um papel importantíssimo no metabolismo de proteínas, auxiliando a recuperação muscular. Durante a o BCAA foi deveras importante, pois apresentou um aumento significativo nas reservas de glicogênio muscular, assim como no peso do músculo sóleo e manteve uma relação mais positiva quanto ao número de fibras musculares, sugerindo que o tratamento com BCAA, possa manter o trofismo muscular durante o período de imobilização. 5. Considerações Finais Este estudo demonstra que a suplementação com BCAA pode ser uma alternativa bastante eficaz durante o período de imobilização, minimizando os efeitos deletérios provocados pela atrofia, proporcionando uma melhora na recuperação muscular contribuindo para o processo de reabilitação. Referências Bibliográficas 1.Appell HJ. Muscular atrophy following immobilization. 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