Introdução

Propaganda
EXPRESSÃO DO GENE ARGONAUTA EM POPULAÇÕES
NATURAIS DE Aedes aegypti E SUA RELAÇÃO COM A
RESPOSTA À INFECÇÃO VIRAL MEDIADA POR RNA
RAQUEL JULIANA VIONETTE DO AMARAL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE
DARCY RIBEIRO - UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ
FEVEREIRO / 2008
EXPRESSÃO DO GENE ARGONAUTA EM POPULAÇÕES
NATURAIS DE Aedes aegypti E SUA RELAÇÃO COM A
RESPOSTA À INFECÇÃO VIRAL MEDIADA POR RNA
RAQUEL JULIANA VIONETTE DO AMARAL
Tese
apresentada
Biociências
Universidade
e
ao
Centro
Biotecnologia,
Estadual
do
de
da
Norte
Fluminense, como parte das exigências
para obtenção do título de Mestre em
Biociências e Biotecnologia.
ORIENTADORA: Drª MARÍLVIA DANSA DE ALENCAR PETRETSKI
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO
UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ.
FEVEREIRO / 2008.
I
EXPRESSÃO DO GENE ARGONAUTA EM POPULAÇÕES NATURAIS
DE AEDES AEGYPTI E SUA RELAÇÃO COM A RESPOSTA
À INFECÇÃO VIRAL MEDIADA POR RNA
RAQUEL JULIANA VIONETTE DO AMARAL
“Dissertação apresentada ao Centro
de Biociências e Biotecnologia da
Universidade Estadual do Norte
Fluminense – Darcy Ribeiro como
parte das exigências para a obtenção
do título de Mestre em Biociências e
Biotecnologia, área de concentração
Biologia Celular".
COMISSÃO EXAMINADORA:
________________________________________________________
Prof. Dr. Renato Augusto DaMatta – LBCT / CBB / UENF
________________________________________________________
Profa. Dr. Jorge Hernandez Fernandez – LNCC / Labinfo
________________________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Nascimento Araújo (Inst. de Ciências Biológicas – LFIH – UFMG)
________________________________________________________
Profa. Dra Marílvia Dansa de Alencar Petretski - CBB/ LQFPP/ UENF
(Orientadora)
II
“Dedico este trabalho à minha família, em especial aos meus pais Delfim e Maria das
Graças, minhas irmãs Karinna e Simone e ao meu marido Marcelo.”
III
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus por estar comigo em todos os momentos.
Por ser o alicerce que me sustenta a cada dia e por me dar a força necessária
para essa caminhada;
A toda minha família, minhas irmãs, Simone e Karinna, tios, tias, primos,
cunhados, meus sobrinhos Orlando, Júlia e Rafaela e, em especial, os meus
pais. Obrigada pelo carinho, o grande apoio, e por acreditar na minha
capacidade na realização desta conquista. Obrigada mãe! Por sempre estar
intercedendo por mim nas suas orações!
Ao meu marido Marcelo pelo apoio, estímulo, por compreender as minhas
ausências em casa e por me acompanhar sempre! Obrigada Marcelo por sempre
estar disposto a me ajudar;
A Marílvia, por sempre ter sido a minha “Mãerílvia” do laboratório! Por todos os
ensinamentos, paciência e amizade;
A amiga Flávia Mury por todas as ajudas nos experimentos e pela amizade.
Obrigada por eu sempre poder contar com você. Te devo muito!
Aos amigos do LQFPP, em especial ao Beto, Gabriela, Lígia, Suwéllen, Bruno,
Magda, Leonardo, Tatiana, Aristóteles e Vivian, pelos momentos de alegrias
proporcionadas no laboratório, pelo auxílio no insetário e por me ajudar a
carregar o alimentador do Franzé a cada experimento de infecção!
As amigas Lígia, Jack, Andréia e Deise, pela eterna amizade, apoio e carinho;
A família do meu esposo, pelo abrigo e apoio em Campos e no Rio, quando
necessário;
Ao Fábio Mury, por todos os esclarecimentos prestados;
As técnicas do LBR, Jujuzinha, Núbia e Patrícia, pela enorme disposição de
sempre!
A técnica Adrianinha por autoclavar e descontaminar todos nossos materiais;
Ao Leonardo Abreu, por me auxiliar nos desenhos de primers de argonauta;
Ao Professor Edésio Tenório, por disponibilizar a B.O.D. enquanto não tínhamos
no laboratório;
IV
Ao professor Gonçalo pela disposição e contribuição pelo andamento deste
projeto;
A Beatriz Ferreira, pela amizade, companheirismo e todos os ensinamentos no
âmbito da Biologia Molecular. Valeu Bia!
Ao professor Dr. Paulo Filemon Pimenta por abrir as portas do seu laboratório.
Por ceder a cepa DENV-2 Ribeirão Preto e ainda, por todos do Laboratório de
Entomologia Médica do Centro de Pesquisas René Rachou – FIOCRUZ, em
especial a Eliane Campanelli (Lili) pela grande solidariedade;
Ao professor Dr. Marcos Sorgine que também abriu as portas do seu laboratório
e por permitir que todas as quantificações da PCR em Tempo Real fossem
realizadas lá. Obrigada pela atenção, paciência, disposição e todos os
ensinamentos, e a todos do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ em especial
a Clara, pela atenção de sempre!
A professora Drª Tânia, por se disponibilizar a revisar e contribuir para esta
dissertação;
Ao Biólogo Helder Rezende do Núcleo de Entomologia e Malacologia da
Universidade Federal do Espírito Santo, pelas coletas de ovos de Aedes aegypti
das populações de Nova Venécia, Vitória e Vila Velha;
Ao Centro de Controle de Zoonozes do município de Cachoeiro de Itapemirim,
pela disponibilidade dos agentes em especial ao Edmilson que tanto contribuiu
nas coletas de larvas;
A Fenorte/Tecnorte pelo suporte financeiro;
E a todos que aqui não foram mencionados, mas que contribuíram direta ou
indiretamente para a realização deste trabalho.
V
ÍNDICE
1- INTRODUÇÃO .......................................................................................
01
1.1 - Dengue.....................................................................................
01
1.2 - Histórico da ocorrência da Dengue..........................................
01
1.3 – O mosquito Aedes aegypti......................................................
07
1.4 – O vírus Dengue (DENV)..........................................................
08
1.5 – O vírus Sindbis (SINV)............................................................
12
1.6 - O RNA de Interferência............................................................
13
1.7 – Os complexos protéicos envolvidos em RNAi.........................
16
1.8 - Supressores de RNAi...............................................................
18
2- JUSTIFICATIVA .....................................................................................
19
3- OBJETIVOS............................................................................................
21
3.1 – Objetivo Geral ..........................................................................
21
3.2 – Objetivos Específicos ..............................................................
21
4- MATERIAIS E MÉTODOS.......................................................................
22
4.1- Local da pesquisa.....................................................................
22
4.2- Coleta de ovos e larvas de Aedes aegypti................................
22
4.3- Manutenção da colônia de Aedes aegypti.................................
23
4.4- Amostras Virais.........................................................................
23
4.5- Cultura e Infecção de células C6/36.........................................
23
4.6- Propagação Viral.......................................................................
24
4.7- Infecção de mosquitos..............................................................
24
4.8- Extração de RNA de mosquitos Aedes aegypti........................
24
4.9-RT-PCR.....................................................................................
25
4.10 – Real Time PCR em mosquitos Aedes aegypti .....................
26
4.11 – Desenho de primers Argonauta de Aedes aegypti para
Real Time PCR.................................................................................
VI
26
4.12 – Controle Endógeno.................................................................
26
4.13 – Quantificação da Expressão...................................................
27
5 – RESULTADOS......................................................................................
28
5.1 – Expressão Relativa de Ago em Aedes aegypti em resposta
à alimentação....................................................................................
28
5.2 – Expressão de Ago em células em cultura C6/36 infectadas
com DENV-2......................................................................................
32
5.3 – Infecção de populações naturais de mosquitos Aedes aegypti
com Dengue Vírus (DENV-2)............................................................
33
5.4 – Expressão do gene Ago em mosquitos Aedes aegypti
infectados com DENV-2.....................................................................
39
5.5 – Expressão de Ago em mosquitos Aedes aegypti infectados
com o vírus Sindbis (SINV)................................................................
41
6- DISCUSSÃO............................................................................................
43
7- CONCLUSÕES........................................................................................
51
8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................
52
VII
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Mapa da distribuição mundial da Dengue e Aedes aegypti em 2005.......
03
Figura 2: Presença do vírus DENV-3 nas Américas. Período de 1994-2003. ........
04
Figura
3:
Situação
Epidemiológica
da
Dengue
no
Brasil
em
2001........................................................................................................................
05
Figura 4: Distribuição do vetor e da transmissão de Dengue no estado do Espírito
Santo (situação em 2002)............................................ ..............................
06
Figura 5: Estrutura do capsídeo do vírus dengue (DENV), adaptado: Kuhn, et al.
(2002)...................................................................................................................
09
Figura 6: Barreiras de Infecção em mosquitos Aedes aegypti (adaptado Black IV
& Severson (2005))...................................................................................................
11
Figura 7: Estrutura do Sindbis vírus, adaptado Zhang et al. (2002)........................
13
Figura 8 - Modelo proposto do caminho de silenciamento de RNA em insetos.......
15
Figura 9: Um modelo de siRNA-guiado por Argonauta para clivagem de mRNA....
17
Figura 10: Gel de agarose 1%. Extração de RNA total de msquitos.......................
25
Figura 11: Gel de agarose 1,2%. Expressão de S7RP em mosquitos Aedes
aegypti submetidos a dietas diferentes.....................................................................
28
Figura 12: Expressão relativa do gene Ago em mosquitos Aedes aegypti da
linhagem Rockfeller submetidos ao jejum ou alimentados com sacarose (sac),
plasma ou sangue em 12, 24 e 48 horas após a alimentação..................................
29
Figura 13: Expressão relativa do gene Ago em mosquitos Aedes aegypti da
população Nova Venécia submetidos ao jejum e alimentados com sacarose,
plasma e sangue em 12, 24 e 48 horas após a alimentação....................................
30
Figura 14: Expressão relativa do gene Ago em mosquitos Aedes aegypti da
população Vila Velha submetidos ao jejum e alimentados com sacarose, plasma e
sangue em 12, 24 e 48 horas após a alimentação................................................
31
Figura 15: Gel de agarose da amplificação de Ago por PCR. Expressão de
argonauta (Ago) em células C6/36 controle e infectada com DENV-2, cepa
Jamaica 1409............................................................................................................
32
Figura 16: Expressão Relativa do gene C (Capsídeo) do vírus dengue (DENV-2) 34
VIII
na população de Vitória ES, infectada com a cepa Dengue-2 Jamaica 1409...........
Figura 17: Mortalidade de mosquitos Aedes aegypti da população Vitória-ES
após alimentação com sangue (controle) e infecção oral com DENV-2, cepa
Jamaica 1409............................................................................................................
34
Figura 18: Mortalidade de mosquitos Aedes aegypti da população São Fidélis-RJ
após alimentação com sangue e infecção oral com DENV-2, cepa Jamaica 1409..
35
Figura 19: Expressão Relativa do gene C (Capsídeo) do vírus dengue (DENV-2)
na população de Vitória-ES, infectada com a cepa Dengue-2 Ribeirão
Preto........................................................................................................................... 36
Figura 20: Mortalidade de mosquitos Aedes aegypti da população Vitória-ES
após alimentação com sangue e infecção oral com DENV-2, cepa Ribeirão Preto..
37
Figura 21: Expressão Relativa do gene C (Capsídeo) do vírus dengue (DENV-2)
na população de Vila Velha-ES, infectada com a cepa Dengue-2 Ribeirão
Preto........................................................................................................................... 38
Figura 22: Mortalidade de mosquitos Aedes aegypti da população Vila Velha-ES
após alimentação com sangue e infecção oral com DENV-2, cepa Ribeirão
Preto..........................................................................................................................
38
Figura 23: Expressão Relativa do gene Ago em mosquitos alimentados com
sangue e infectados com DENV-2 (Ribeirão Preto) na população Vitória-ES..........
40
Figura 24: Expressão Relativa do gene Ago em mosquitos alimentados com
sangue e infectados com DENV-2 (Ribeirão Preto) na população Vila Velha-ES....
41
Figura 25: Expressão relativa do gene Ago em mosquitos Aedes aegypti da
linhagem Red alimentados com sangue e infectados com Sindbis vírus.................
IX
42
LISTA DE ABREVIATURAS
Ago – Argonauta
DENV – Dengue Vírus
FHD – Febre Hemorrágica de Dengue
MEB – Barreira de Escape do Intestino
MIB – Barreira de Infecção do Intestino
PB – Pares de bases
qPCR – Reação em Cadeia da Polimerase quantitativa
RISC – Complexo de Silenciamento Induzido por RNA
RNAi – RNA de Interferência
RSS – Supressor de Silenciamento de RNA
RT- PCR – Transcrição Reversa - Reação em Cadeia da Polimerase
sac – sacarose
SCD – Síndrome de Choque de Dengue
SINV – Sindbis Vírus
X
“Um pouco de ciência nos afasta de Deus”,
muito nos aproxima".
L ouis Pasteur
XI
RESUMO
Arbovírus incluem vários patógenos como Flavivirus (DENV) e Alphavirus (SINV).
O silenciamento gênico baseado na degradação de RNA (RNA de Interferência ou
RNAi) tem sido descrito em vários organismos. Em células de mosquitos, este
fenômeno ocorre em resposta à infecção viral, quando é detectada a dupla-fita de
RNA (ds-RNA), produzida durante a replicação do vírus-RNA. Nosso objetivo foi
analisar a expressão do gene ago, que codifica a proteína argonauta, parte do
mecanismo do RNAi, em populações naturais e linhagens de laboratório de
mosquitos Aedes aegypti, quando infectados com Dengue-2 e Sindbis e em
resposta a variação alimentar, relacionando a competência vetorial com a
eficiência da resposta antiviral mediada por RNA. Nós quantificamos a infecção e
a expressão do gene ago através da PCR em Tempo Real. Verificamos uma alta
infectividade das populações Vitória e Vila Velha infectadas com DENV-2, cepa
Ribeirão Preto, mostrando alta expressão relativa da proteína C de DENV-2. A
população Vitória, quando infectada com DENV-2 cepa Jamaica 1409, apresentou
baixa infectividade e a população de São Fidélis – Ipuca não foi capaz de ser
infectada por essa cepa. Observamos ainda que ocorreu um aumento gradativo da
infecção, sendo estabilizada a partir do sétimo dia. Ocorreu a inibição da
expressão do gene ago em mosquitos infectados em relação ao grupo controle
(alimentados com sangue sem conter o vírus). A inibição foi maior após 7 dias de
infecção. Mosquitos da linhagem Red infectados com Sindbis mostraram uma
redução de 50% da expressão do gene ago após 4 dias da infecção. Populações
Rockfeller e Vila Velha tiveram uma alta expressão de ago quando alimentados
com sangue, enquanto Nova Venécia, ocorreu na alimentação com plasma.
Populações naturais de Aedes aegypti mostraram diferentes comportamentos
quando infectados com DENV. A expressão de ago parece estar relacionada em
resposta a infecção viral. Sendo assim, a inibição de ago verificada em mosquitos
infectados sugere a presença de supressores de silenciamento de RNA, que
permitiria a infecção persistente no mosquito.
Palavras
chave:
Aedes
aegypti,
XII
expressão
de
argonauta,
DENV.
ABSTRACT
Arboviruses comprehend several human pathogens, as Flavivirus (DENV) and
Alphavirus (SINV). Genic silencing based on RNA degradation (Interference RNA –
RNAi) has been described in various organisms. In mosquito cells, this phenomen
occurs responding to viral infection, once it’s detected by presence of dsRNA,
created during RNA-vírus replication. We aimed to analyze the ago gene
expression, witch codifies argonauta protein, part of RNAi mechanism, in Aedes
aegypti natural populations and laboratory linkages when infected with Dengue-2
and Sindbis, as well responding to feeding variation, relationed to vectorial capacity
with RNA-mediated antiviral response eficience. We quantified the populations
infections and ago gene expression via Real Time - PCR. We verified low infection
on Vitória population with DENV-2 Jamaica 1409 strain. São Fidélis-Ipuca
population was uncapable to be infected by this strain. Infected populations with
DENV-2 Ribeirão Preto strain (Vitória and Vila Velha) showed high relactive
expression of DENV. It was observed gradative infection rise, stabilized after seven
days. Inhibition of ago expression occurred in infected mosquitoes, different than
the control group. The inhibition was higher after the 7th day. Sindbis infected Red
mosquitoes showed 50% ago inhibition after the 4th day of infection. Rockfeller and
Vila Velha populations had a higher ago expression when feeded with blood, while
Nova Venécia showed that with plasma meal. Aedes aegypti natural populations
demonstrated different behaviors when infected with DENV. The ago expression
seems to be related to the viral infection response. The inhibition verified on
infected mosquitoes sugests the presence of RNA Silencing Supressors (RSS),
which could permits the persistent infection on mosquitoes.
Keywords: Aedes aegypti, argonauta expression, DENV.
XIII
Introdução ____________________________________________________
1
1 – INTRODUÇÃO
1.1 – Dengue
Dengue é a arbovirose (virose transmitida por artrópode – arthropod-borne
viruse) de maior incidência no mundo, sendo endêmica em todos continentes, exceto
na Europa. Acomete o homem, constituindo um dos maiores problemas de saúde
pública no Brasil e em vários países tropicais, cujas condições climáticas favorecem a
proliferação do mosquito vetor (Claro et.al, 2004).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 100 milhões de pessoas
sejam infectadas anualmente, em 100 países, de todos os continentes exceto a Europa.
Cerca de 550 mil doentes necessitam hospitalização e 20 mil morrem em conseqüência
da Dengue no mundo (FUNASA, 2002).
A infecção por Dengue causa uma doença cujo espectro inclui desde infecções
inaparentes até quadros de hemorragias e choques, podendo evoluir para a morte
(Sardagna, 2003).
A Dengue é causada pelo vírus pertecente à família Flaviviridae, que apresentam
propriedades antigêncicas distintas e que caracterizam quatro sorotipos designados
DENV-1, 2, 3 e 4 (Nogueira et al., 2000). A transmissão envolve mosquitos Aedes –
Aedes aegypti e Aedes albopictus (Kow et al., 2001) que se infectam após picarem
indivíduos virêmicos, e transferem, pela picada, os vírus ao homem susceptível,
determinando um ciclo de transmissão (Sardagna, 2003). Os sintomas vão desde febre
e sintomas constitucionais leves até manifestações hemorrágicas e choque, ou dengue
hemorrágico/síndrome do choque associada ao dengue (DH/SCD) (Sardagna, 2003).
1.2 – Histórico da ocorrência da Dengue
Registros
de
sintomas
de
dengue
foram
primeiramente
publicado
na
Enciclopédia Chinesa durante os anos de 265 a 420 d.C. sendo novamente publicada
em 610 d.C. e 992 d.C. A doença ficou conhecida como “água envenenada”, pelos
chineses, que relacionavam a insetos voadores associados à água. A doença apareceu
nas Índias Francesas Ocidentais em 1635 e no Panamá em 1699. Dengue, ou doença
Introdução ____________________________________________________
2
muito similar, teve distribuição geográfica antes do século XVIII onde houve a primeira
pandemia. Em 1780 houve uma epidemia de dengue na Filadélfia (Gubler, 1998).
Até o momento ocorreram no mundo oito pandemias, com duração de três a sete
anos, no período compreendido entre 1779 e 1916 (Howe, 1977). Em 1964, após 20
anos sem registro da doença, um pequeno surto de DEN-3 foi diagnosticado no Taiti,
ilha do Pacífico Sul, que não se dissemina para as outras ilhas próximas. Após cinco
anos, um novo episódio causado pelo mesmo vírus evidencia que este ficou circulando
no local, sob a forma endêmica. Nos anos seguintes, epidemias de DEN-2 ocorreram
em várias ilhas do Pacífico e, em 1975, o DEN-1 foi introduzido nesta região. Na
Austrália, registros de dengue vêm sendo feitos desde 1800, com múltiplas epidemias
ocorrendo até 1955. Em 1981, a virose reaparece neste local provocando severas
epidemias em várias cidades (Gubler, 1998). A figura 1 mostra a distribuição mundial da
Dengue e do vetor Aedes aegypti.
Epidemias de febre de dengue ocorreram durante o século XX. No entanto, após
a Segunda Guerra Mundial epidemias de Febre Hemorrágica de Dengue emergiram no
sudeste da Ásia e subseqüentemente estendida para as Ilhas do Pacífico e Américas
(Gubler, 1998; Henchal & Putnak, 1990).
Introdução ____________________________________________________
3
Figura 1: Mapa da distribuição mundial da Dengue e Aedes aegypti em 2005. Observa-se a
predominância do vetor e da doença nos trópicos. Fonte: Centers for Disease Control and Prevention
(CDC, 2005).
Nas Américas, a dengue tem sido relatada há mais de 200 anos. Na década de
50, a Febre Hemorrágica do Dengue (FHD), foi descrita pela primeira vez na Tailândia e
nas Filipinas e, após a década de 60, a dengue intensificou-se nas Américas. A partir
de 1963, houve a circulação comprovada dos sorotipos 2 e 3 do vírus em vários países.
O sorotipo 3 foi isolado primeiramente em Porto Rico causando subseqüentemente
epidemias na Jamaica e no leste do Caribe. Em 1977, o sorotipo 1 foi introduzido nas
Américas, inicialmente pela Jamaica. A partir de 1980, foram notificadas epidemias em
vários países, aumentando consideravelmente a magnitude do problema.
O
acontecimento epidemiológico mais relevante na história de dengue nas Américas é a
epidemia de dengue hemorrágico e síndrome de choque do dengue (DH/SCD) que
ocorreu em Cuba, em 1981. Nesta epidemia foram notificados 344.203 casos, com
116.143 hospitalizações. Dentre os 10.312 casos considerados graves, 158 resultaram
Introdução ____________________________________________________
4
em óbitos e, destes, 101 foram crianças (Donalísio, 1995). A figura 2 mostra a
distribuição da circulação de DENV-3 nas Américas.
Figura 2: Presença do vírus DENV-3 nas Américas. Período de 1994-2003. A partir de 1963 foi
introduzido o sorotipo 3 inicialmente em Porto Rico,
disseminando nos demais países americanos.
Atualmente, este sorotipo circula em praticamente todos os países da América central e do sul. Fonte:
WHO/PAHO/CDC, agosto, 2004.
Em 1980, no Brasil, apenas 12 municípios estavam infectados pelo Aedes
aegypti e, ao fim de 1998, esse número aumentara para aproximadamente 2.910. Em
2001, 3.587 municípios das 27 unidades federadas encontravam-se infestados e a
transmissão da infecção já ocorria em 2.262 municípios de 24 Estados (Gonçalves
Neto, 2004).
No entanto, a reinfestação no país ocorreu a partir de Roraima em 1981/1982
(Claro et al., 2004). Na região sudeste, o Rio de Janeiro foi o primeiro estado a ter
notificações de casos, no ano de 1986, seguido de Minas Gerais e São Paulo.
O Estado do Rio de Janeiro tem um papel importante no quadro epidemiológico
da dengue no Brasil, pelo fato de ser o primeiro Estado do país a registrar a circulação
concomitante de três tipos de vírus: 1, 2 e 3 (DENV-1, DENV-2 e DENV-3). Pode-se
acompanhar a evolução das epidemias no estado desde 1986 a 2002, de acordo com
os números oficiais divulgados: nos anos de 1986 e 87 com a introdução do DEN-1,
Introdução ____________________________________________________
5
foram notificados 93.910 casos. Em 1990 a identificação do DEN-2 em Nova Iguaçu,
desencadeou nova epidemia de grandes proporções, com o surgimento dos primeiros
casos de dengue hemorrágica. No período de 1990/91 foram notificados 105.576
casos, sendo 1.316 de dengue hemorrágica (462 confirmados) e 8 óbitos. Nos anos de
1995 e 1998, duas outras epidemias de menores proporções ocorreram, com o registro
de 35.240 e 32.382 casos, respectivamente. Apesar da Fundação Nacional da Saúde
(FUNASA) lançar o Plano de Intesificação do Combate à Dengue em 2001, o Estado do
Rio de Janeiro foi aplacado com mais uma grave epidemia no ano de 2002 (Lenzi &
Coura, 2004). A figura 3 mostra a distribuição dos sorotipos circulantes nos Estados
brasileiros em 2001.
Figura 3: Situação Epidemiológica da Dengue no Brasil. Em 2001 circulavam os sorotipos 1, 2 e 3 do
vírus dengue no Brasil. No Estado do Rio de Janeiro circulava concomitantemente os três sorotipos.
Fonte: FUNASA / Vigilância Epidemiológica, 2001. Extraído de Lenzi & Coura, 2004.
No Espírito Santo houve a reinfestação a partir de 1995, com a notificação de
2.725 casos e, a partir deste ano, o estado tem registrado casos da doença em todos
os anos subseqüentes (Ministério da Saúde, 2001). Em 1995, foi isolado no Espírito
Santo o sorotipo DEN-2 e no ano seguinte os sorotipos DEN-1 e DEN-2, que passaram
a circular nos municípios de Cariacica, Serra, Viana, Vila Velha, Vitória e Cachoeiro de
Itapemirim (Coelho & Silva, 2001).
Introdução ____________________________________________________
6
No ano de 2002 houve a introdução do vírus DENV-3 e a notificação de 28.666
casos. A expressão clínica da doença modificou-se após a introdução do sorotipo 3 no
Estado do Espírito Santo, quando ocorreu a explosão da terceira onda epidêmica no
Estado e no Brasil. A figura 4 mostra a distribuição da dengue e do vetor Aedes aegypti
no município do Espírito Santo.
É iminente o risco de introdução do DENV-4 no país, em função do contínuo
tráfego aéreo e marítimo com diversos países das Américas e de outros continentes
onde este sorotipo circula.
Figura 4: Distribuição do vetor e da transmissão de Dengue no estado do Espírito Santo (situação em
2002). Observa-se em 2002, que apenas 10 municípios não havia infestação do vetor e 11 não havia
transmissão da doença. Fonte: Vigilância Ambiental em Saúde / Secretaria Estadual de Saúde – ES.
Introdução ____________________________________________________
7
1.3 – O mosquito Aedes aegypti
Os mosquitos são classificados dentro da família Culicidae, subordem
Nematocera da ordem Díptera. A família Culicidae possui acima de 3200 espécies
descritas (Munstermann & Conn, 1997) e tipicamente é subdividida dentro de três
subfamílias: Anophelinae, Culicinae e Toxorhynchitinae. O gênero Aedes é o principal
da sub-família Culicinae que compreende mais de 1200 espécies (Kettle, 1995).
Geralmente, o estágio imaturo do Aedes requer 7 dias para emergência do
adulto em ambientes tropicais, embora recipientes naturais ou artificiais que acumulam
água podem tornar-se potenciais criadouros do mosquito (World Health Organization,
1995).
Os mosquitos sofrem metamorfose completa. Do ovo eclode larva que cresce
transformando-se em pupa da qual emerge o mosquito adulto alado. Os estágios larval
e pupal são aquáticos. As larvas sofrem quatro mudas sendo que a última acontece no
momento da pupação (Matheson, 1932).
A fêmea do mosquito adulto alimenta-se de sangue após 48 horas da
emergência, a oviposição ocorre de 2 a 5 dias. Uma única fêmea pode colocar de 60100 ovos na oviposição inicial (World Health Organization, 1995).
Muitas espécies de Aedes são vetores de arboviroses que infectam vários
vertebrados, incluindo humanos. O Aedes aegypti é uma das espécies de maior
importância médica do mundo, é o principal vetor do vírus da febre amarela urbana e é
o vetor primário do vírus dengue (DENV) (Bosio, et al.,2000). É um mosquito com ampla
distribuição geográfica predominando nas áreas tropicais e subtropicais situadas entre
os paralelos de latitudes 45° Norte e 40º Sul (Bezerra et.al., 2006). É uma espécie de
atividade diurna e tem a preferência domiciliar e locais sombrios. Prefere picar 2 a 3
horas depois do amanhecer e 3 a 4 horas depois do anoitecer. No entanto, o mosquito
se alimenta dentro e fora das casas durante todo o tempo, especialmente em dias
nublados (Gubler, 1998). Estudos laboratoriais indicam que a sobrevivência é de 20 e
30 dias para machos e fêmeas de Aedes adultos, respectivamente (World Health
Organization, 1995).
O Ae. aegypti foi introduzido no Brasil durante o período colonial tendo sido
combatido em nosso território onde foi considerado erradicado em 1955. No entanto, a
Introdução ____________________________________________________
8
não erradicação do mosquito nos países vizinhos propiciou sua reinfestação no Brasil
por Belém do Pará em 1967. A densidade e o grau de domiciliação dos vetores do
dengue influem na capacidade vetorial das populações do mosquito em diferentes
regiões (Donalísio & Glasser, 2002).
Após alimentar-se de uma pessoa contendo o vírus dengue, a fêmea do
mosquito Aedes normalmente requer um período de incubação de 8 a 10 dias onde o
vírus se multiplica até a glândula salivar do mosquito. Após isso, o mosquito torna-se
apto para transmitir o dengue vírus para um novo hospedeiro humano na ocorrência de
repetidas alimentações. No homem, o período de incubação é de 5 a 7 dias. A fêmea
do mosquito Aedes também pode transmitir o vírus imediatamente de uma pessoa
infectada para outro indivíduo pela mudança do hospedeiro quando o repasto
sangüíneo é interrompido – transmissão mecânica (World Health Organization, 1995).
A prevenção e controle da dengue e da FHD depende do controle do Aedes
aegypti em torno dos domicílios onde mais ocorre a transmissão. Inseticidas em sprays
para mosquitos adultos não são eficazes, ao não ser que sejam usados dentro de casa.
O caminho mais eficaz para o controle do mosquito seria a redução larval nos
domicílios (Gubler, 1998).
1.4 – O vírus Dengue (DENV)
Arbovírus (arthropod-borne vírus) incluem diversos patógenos humanos, muitos
deles apresentando genoma constituído de RNA como DENV e Alphavirus. No entanto,
os arbovirus não são considerados vírus de insetos verdadeiros, pois eles são
tipicamente não patogênicos para estes hospedeiros. Vírus dengue (DENV) são
agrupados em quatro sorotipos antigenicamente distintos denominados DENV-1, 2, 3 e
4 (Sabin, 1952; Hammon et al.,1960). Evidências da variação intratípica entre os vírus
DEN têm sido demonstradas desde 1970 (McCloud et al., 1971; Russel & McCown,
1972), embora somente com os avanços da tecnologia molecular tem sido possível
determinar a variabilidade genética de cada sorotipo (Miagostovich et al., 2003).
Dengue (família Flaviviridae, gênero Flavivirus) é um vírus pequeno, de 50nm de
diâmetro, envelopado que contém uma única fita RNA +sense de aproximadamente 11
kb, como genoma (Sanchez-Vargas et al., 2004). Este é traduzido em uma grande
Introdução ____________________________________________________
9
poliproteína (Clyde & Harris, 2006), posteriormente processada por proteases virais e
celulares em três proteínas estruturais distintas, envolvidas na formação da partícula
viral (Capsídeo (C), pré-membrana (prM) e envelope (E)) e outras sete proteínas não
estruturais (NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5) (Xu et al., 2005). As
proteínas NS são responsáveis pela replicação do RNA viral e também auxiliam na
junção viral e na evasão da resposta imune do hospedeiro (Puig-Basagoiti, et al., 2006).
NS1 é uma glicoproteína que é necessária na replicação do RNA. NS2A e NS2B são
dois polipeptídeos hidrofóbicos. Essas proteínas são clivadas por proteases virais. A
NS3 é uma proteína multifuncional com atividades de uma serino-protease (com a
NS2B como um co-fator). O domínio intermediário da NS3 é uma nuclease, necessária
para a replicação do RNA e o domínio C-terminal tem atividade RNA trifosfatase. NS4A
e NS4B são poplipeptídeos hidrofóbicos que estão associados com a membrana
(Straus & Straus, 2002). NS5 tem a função de uma RNA polimerase RNA-dependente
(Puig-Basagoiti et al., 2006). A estrutura do capsídeo viral é mostrada na figura 5.
Figura 5: Estrutura do capsídeo do vírus dengue (DENV), adaptado: Kuhn, et al., 2002. Estrutura do
vírus mostrando cada monômero com os domínios I, II e III em vermelho, amarelo e azul,
respectivamente. O triângulo define a simetria icosaédrica.
Introdução ____________________________________________________
10
Dentre as propriedades virais, destacam-se ainda, a morfologia esférica (Kuhn,
et al., 2002). O nucleocapsídeo é icosaédrico e simétrico (Straus & Straus, 2002)
agrupando-se com o RNA sobre a face citosólica da membrana do retículo
endoplasmático. Em micrografias, a organização da proteína C no interior do
nucleocapsídeo não é uma estrutura visível. A proteína C do DENV é essencial para o
agrupamento do vírus para garantir a encapsidação do genoma viral. Um papel crítico
da proteína C é a evidência que existe partícula subvirais que são liberadas das células
infectadas (Ma et al.,2004.) As proteínas estruturais são codificadas na extremidade 5’
(Straus & Straus, 2002), o genoma contém a região cap tipo I na extremidade 5’ com 96
nucleotídeos (nt), chamada 5’ UTR (região não traducional) e 451 nt na região não
poliadenilada 3’ UTR (Edigil et al., 2006).
Uma mudança conformacional induz a fusão do vírus com a membrana celular
do hospedeiro permitindo a entrada do genoma viral no citoplasma (Modis et al., 2004).
No entanto, não foi identificado até o momento nenhum receptor celular mediando a
entrada do vírus.
Quando o mosquito se alimenta do sangue de um indivíduo virêmico, o vírus
encontra várias barreiras de infecção. Primeiramente, o vírus estabelece uma infecção
no intestino por vencer a barreira de infecção do intestino (MIB). Seguindo a replicação
no epitélio intestinal, o vírus passa por uma barreira de escape do intestino (MEB) e
replicam em outros tecidos, disseminando a infecção. Finalmente, o vírus infecta as
glândulas salivares e se alojam na saliva sendo transmitido para o próximo hospedeiro
vertebrado (Bosio et.al., 1998) – figura 6.
Introdução ____________________________________________________
11
Figura 6: Barreiras de Infecção em mosquitos Aedes aegypti (adaptado Black IV & Severson (2005)). Ao
alimentar-se de sangue de um indivíduo virêmico, o vírus primeiramente ultrapassa a primeira barreira de
infecção no mosquito – a Barreira de Infecção do Intestino (MIB) – estabelecendo a infecção nas células
epiteliais e replicando-se nessas células. Em seguida, o vírus ultrapassa a Barreira de Escape do
Intestino (MEB), passando pela lâmina basal e replicando-se em outros órgãos. Finalmente, o vírus
chega à Barreira de Transmissão (TB), onde ocorre a infecção nas glândulas salivares e,
conseqüentemente, a saída do vírus podendo, a partir daí, ser transmitido para outros indivíduos.
A entrada do vírus dengue (DENV) ocorre no mosquito fêmea adulto que se
infecta na ingestão de sangue. Começa com a amplificação viral unidirecional
produzindo infecção nas células epiteliais do intestino médio. Seguindo a replicação do
vírus nas células epiteliais, o vírus sai do intestino médio e dissemina no órgão alvo
secundário: as glândulas salivares. A nova replicação ocorre nas glândulas salivares e
o vírus é eventualmente abrigado no interior dos ductos dessas glândulas. A
transmissão ocorre pelo caminho da infecção na saliva até uma subseqüente picada. O
tempo entre a infecção inicial no intestino médio e a transmissão do vírus na saliva, é
denominado Período Extrínseco de Incubação (EPI), que é geralmente de 7 a 14 dias
(Sanchez-Vargas et al., 2004).
Introdução ____________________________________________________
12
1.5 – O Vírus Sindbis (SV)
O gênero Alphavirus (família Togaviridae) é representado pelo Sindbis Vírus
(SV). Estes vírus são responsáveis por doenças de sintomas febris, hemorragias e
dores musculares e nas articulações (Mudiganti et al., 2006). O ciclo de transmissão de
arbovírus envolve a replicação em insetos hematófagos, como os mosquitos, e
hospedeiros vertebrados (Sanders et al., 2005). Vetores destes vírus incluem mosquitos
do gênero Culex e Aedes (Myles et al., 2003).
Quando o mosquito ingere sangue de um hospedeiro vertebrado virêmico, o
vírus inicialmente infecta as células epiteliais do intestino e em seguida sai do órgão
para infectar tecidos secundários, como o corpo gorduroso e glândulas salivares. A
infecção ocorre severamente em uma espécie de mosquito ou população para serem
competentes de transmitir os arbovírus (Sanders et al., 2005).
Alphavirus são estruturas híbridas contendo proteínas e RNA codificados pelo
vírus, e lipídeos e carboidratos derivados da célula hospedeira (Hernandez et al.,2005).
O genoma é formado por uma longa fita simples de 11,703 nucleotídeos (nt) com uma
região cap 5’ e uma cauda poli A 3’ (Li et al.; 2004). Diferente da maioria dos vírus
envelopados que são livremente estruturados em proteínas modificadas em envelopes,
os alphavirus são altamente organizados em um arcabouço de proteínas icosaédricas
com uma membrana associada (Hernandez et al.,2005). A figura 7 mostra a estrutura
do sindbis vírus.
Em 1989, a criação de alphavirus auto-replicáveis foi um ponto de partida para o
rápido desenvolvimento de vários vetores alphavirais (Rhême et al., 2004). Xiong et al.,
1989 modificaram vírus sindbis infeccioso pela substituição da região de genes de
proteínas estruturais com o gene da cloranfenicol acetil transferase (CAT). Para
compactar replicons de RNA em partículas, um SINV foi usado para fornecer proteínas
estruturais (Xiong et al.,1989). Vírus Sindbis recombinante tem sido usado para
expressar ou silenciar genes in vitro ou in vivo e oferece grande potencial para
caracterização de genes. O sistema do duplo subgenômico do vírus sindbis (dsSIN)
contém um segundo promotor subgenômico entre genes de proteínas estruturais e
Introdução ____________________________________________________
13
regiões não-codificantes para facilitar a expressão de genes recombinantes (Cheng et
al., 2001).
Figura 7: Estrutura do Sindbis vírus, adaptado Zhang et al., 2002. A: Superfície do vírus, resolução 20ºA.
B: O vírus na resolução de 11ºA mostrando claramente a bicamada lipídica e os domínios
transmembranas atravessando a membrana. O nucleocapsídeo (NCP) é mostrado do lado de dentro da
membrana e, mais internamente está localizado o RNA.
1.6 – O RNA de Interferência (RNAi)
O mais importante avanço da biologia nessas últimas décadas tem sido a
descoberta que moléculas de RNA podem regular a expressão de genes (Novina &
Sharp, 2004). Estudos realizados entre 1980 e 1990, para avaliar o efeito da diminuição
da expressão de genes envolvidos com a pigmentação de flores, biólogos de plantas
trabalhando com petúnias, introduziram cópias de genes dihydroflavonol-4-reductase
(DFR) ou chalcone synthase (CHS) no genoma de Petunia hybrida, e observaram um
mecanismo de silenciamento gênico que ocorria naturalmente (Napoli et al., 1990). Em
plantas, portanto, sabe-se que transgenes podem induzir o silenciamento e,
conseqüentemente,
silenciar
genes
endógenos
homólogos
por
um
processo
denominado PTGS (“post-transcriptional gene silencing”) e em Neurospora crassa, uma
levedura, transgenes também induzem o silenciamento de genes em um processo póstranscrição chamado “quelling” (Bosher & Labouesse, 2000). O mesmo fenômeno foi
descoberto em animais primeiramente no nematóide Caenorhabditis elegans, em
Introdução ____________________________________________________
14
resposta à introdução de dupla fita de RNA (dsRNA) com o resultado do silenciamento
de uma seqüência específica de um gene (Fire et al.,1998).
RNA de interferência (RNAi) é o nome genérico que se dá a processos de
silenciamento gênico por degradação de RNA de uma seqüência específica que ocorre
no citoplasma de células eucarióticas induzidos pela presença de genes aberrantes,
como dupla fita de RNA (double-stranded – dsRNA), transgenes ou transposons
(Haasnoot et al., 2003). Estes mecanismos são altamente conservados, sendo descritos
em plantas, leveduras, mamíferos e várias espécies de insetos, como Anopheles
gambiae, Aedes aegypti e Drosophila melanogaster (Cerutti & Casas-Mollano, 1999).
Além disso, o mecanismo de silenciamento gênico mediado por RNA tem sido utilizado
como ferramenta para o estudo da função de genes em várias espécies de insetos,
como Rhodnius prolixus, por exemplo (Araújo, et al., 2006).
Em células de mosquito, este fenômeno ocorre em resposta à infecção viral, uma
vez que essas células detectam a presença de dsRNA, formada transitoriamente
durante a replicação do RNA-vírus. Visto que a dsRNA não é produzida normalmente
por células, a presença desta é um sistema de aviso à infecção e o principal mecanismo
anti-viral descrito em mosquitos (Olson et al., 2002).
O RNAi tem duas funções distintas: O primeiro é a regulação celular da
expressão de genes via microRNAs (miRNAs). miRNAs representam uma família
altamente estruturada de pequenos RNAs não-codificantes que regulam a expressão
de genes a nível pós-transcricional. A segunda função é a inibição da entrada de vírus e
o silenciamento de transposons pela formação de pequenos RNAs de interferência
(Berkhout & Haasnoot, 2006).
Durante este processo, a dsRNA é inicialmente clivada em pequenos siRNA
(small interference RNA) em um tamanho de 21-25 nucleotídeos (Sanchez-Vargas et
al., 2004), por uma enzima RNAase III-simile, chamada DICER (Haasnoot et al., 2003).
Os fragmentos de dsRNAs são incorporados ao complexo de silenciamento induzido
por RNA (RISC). RISC é composta por proteínas da família Argonauta (rde-4, rde-1 e
drh-1/2) em Caenorhabditis elegans ou Argonauta 2 em Drosophila melanogaster
(Sanchez-Vargas et al., 2004).
Estes pequenos RNAs (siRNA) são associados ao
Complexo de Silenciamento Induzido por RNA (RISC) que possui atividade helicase. A
fita antisense do siRNA guia o RISC para o RNA alvo complementar e o componente
Introdução ____________________________________________________
15
nuclease do complexo cliva o RNA alvo da seqüência específica. Além disso, os siRNA
podem funcionar como moldes para a síntese de mais dsRNA a partir da fita simples
(ssRNA) numa reação catalisada por uma RNA polimerase do hospedeiro (RdRp)
(Haasnoot et al., 2003). Este processo, envolvido na amplificação e disseminação do
sinal de RNAi, tem sido descrito principalmente em plantas e C. elegans, (Haasnoot et
al., 2003, apud. Sijen et al., 2001).
Figura 8 - Modelo proposto do caminho de silenciamento de RNA em insetos. (1) dsRNA é reconhecida
pela Dicer e (2) clivada em fragmentos de dupla fita de 21-25 nucleotídeos, formando complexos de
proteínas e siRNAs. (3) As moléculas de dsRNA são incorporadas ao complexo RISC. (4) RISC é guiada
pela incorporação de siRNAs à molécula de RNA alvo de seqüência complementar. (5) RISC cliva o
mRNA alvo. Dicer: RNase III com atividade nuclease e helicase dependente de ATP. RISC: Complexo
de Silenciamento Induzido por RNA (endonuclease). Adaptado de Sanchez-Vargas et al., 2004.
Introdução ____________________________________________________
16
1.7 – Os complexos protéicos envolvidos em RNAi
RNAi é o mecanismo pelo qual uma dupla fita de RNA (dsRNA) dispara uma
cascata de reações que levam ao silenciamento de um gene por degradação de um
RNAm específico. A dsRNA introduzida é primeiramente processada pela DICER, uma
enzima com atividade RNAase III-simile, em pequenos fragmentos chamados de
siRNA. Estes servem como uma seqüência guia induzindo o complexo de silenciamento
(RISC) à degradação da molécula de RNA alvo fita simples (Galiana-Arnoux et al.,
2006). DICER é uma enzima constituída por um domínio N-terminal DEXH-box RNA
helicase, um domínio de função desconhecida (DUF283), um domínio PAZ, dois
domínios ribonuclease (RIIIa e RIIIb) e um domínio ligado a dsRNA. Em Drosophilla há
duas Dicers: dcr-1 e dcr-2. O gene dcr-1 desempenha o papel da biogênese de miRNA
e a dcr-2 está envolvida com a produção de siRNA. A função da Dicer não é somente
clivar a dsRNA mas também liberar as moléculas de siRNA para o Complexo RISC.
RISC é um complexo de multiproteínas de 200 – 500 kDa e está diretamente ligada à
clivagem do mRNA alvo (Bernstein et al., 2001).
Proteínas da família Argonauta 1 (AGO-1) foram inicialmente caracterizadas em
Arabidopsis (Bohmert et al., 1998). A família AGO é definida pela presença de duas
regiões conservadas, um domínio PAZ e um domínio PIWI; o domínio PAZ interage
com 2pb dos siRNA ou miRNA; e o domínio PIWI media o silenciamento do RNAm alvo
através de sua atividade RNase (Ronemus et al., 2006). O domínio PAZ é constituído
de 100 aminoácidos e o domínio PIWI de 300 aminoácidos na região N- e C-terminal,
respectivamente (Cerutti et al., 1999). A figura 9 mostra um modelo esquemático de
Argonauta de Pyrococcus furiosus.
Evidências genéticas e bioquímicas têm demonstrado que AGO2 está envolvida
diretamente com siRNA clivando o RNA alvo e a AGO1 está envolvida diretamente com
miRNA na clivagem do RNA alvo (Kavi et al., 2005). Os siRNAs formam uma classe de
dsRNAs de 21-22 nucleotídeos. Estes siRNA silenciam genes por promoverem a
clivagem do mRNA de seqüências complementares. miRNA é a classe de 19-25
nucleotídeos de RNA fita-simples que são codificados por muitos organismos. Estes
Introdução ____________________________________________________
17
miRNA silenciam genes endógenos no estágio da síntese de proteínas (Novina &
Sharp, 2004).
Figura 9: Um modelo de siRNA-guiado por Argonauta para clivagem de mRNA. (A) Vista do potencial
eletrostático de superfície de pfAgo (Pyrococcus furiosus) indicando um sulco carregado positivamente
(em azul). O local aproximado do sítio ativo está marcado com asteriscos amarelos. (B) Uma porção 3’ do
siRNA (roxo) foi colocada por superposição do domínio PAZ do domínio do complexo RNA Ago1-PAZ do
domínio PAZ de Ago. A fita passageira do complexo Ago1-PAZ colocado de maneira similar foi usado
para modelar a fita de mRNA (azul claro) por extensão de dois nucleotídeos de RNA na terminação 5’, e
do meio dessa fita pelo sulco de ligação perto do sítio ativo de PIWI. O fosfato entre os nucleotídeos 11 e
12 da terminação 5’ do mRNA caem perto de resíduos do sítio ativo (vermelho). (C) Descrição
esquemática do modelo de siRNA-guiado para clivagem de mRNA. O siRNA (amarelo) liga-se com a
terminação 3’ no sulco PAZ e o 5’ é esperado que se ligue perto da outra terminação do sulco. O mRNA
(marrom) vem internamente entre o N-terminal e domínios PAZ e externamente entre PAZ e o domínio
intermediário. O sítio ativo do domínio PIWI (mostrados como tesouras) cliva o mRNA oposto ao siRNA
guia. Song et al., 2004.
Introdução ____________________________________________________
18
1.8 – Supressores de RNAi
Estudos recentes da resistência de mosquitos a DENV mediado pelo
silenciamento de ação antiviral em Aedes aegypti mostraram que a transfecção
recombinante do alphavirus Sindbis (SINV) com uma proteína estrutural de DENV induz
a resistência em cultura de células e mosquitos. A resistência para DENV é sorotipoespecífica e independente da expressão da proteína de DENV, indicando que é
mediado por RNAi (Li & Ding, 2005).
O silenciamento mediado por RNA é um dos mais significativos processos de
defesa contra vírus em um grande número de organismos, incluindo plantas e insetos.
Em contrapartida, muitos vírus adquirem funções para a supressão do mecanismo de
silenciamento mediado por RNA (Reed et al., 2003). As proteínas de contra-defesa viral
com atividade de supressor de silenciamento (RSS) foram originalmente descobertas
em membros de vírus de planta do gênero Potyvirus e Cucumovirus. RSSs foram
encontrados em outros vírus de planta RNA sense+
que pertencem aos gêneros
Tombusvirus, Sobemovirus, Potexvirus (Voinnet et al., 1999; Voinnet et al., 2000),
Pecluvirus (Dunoyer et al., 2002) e Polerovirus (Pfeffer et al., 2002) e também em um
vírus do gênero Nodavirus que infecta inseto (Li, et al., 2002). Buscas por RSSs tem se
tornado uma parte essencial da caracterização funcional dos genomas virais (Reed, et
al., 2003).
A co-evolução hospedeiro-vetor-parasita é, portanto essencial para que uma
dada doença permaneça afligindo as populações humanas. O entendimento desse
processo pode ser a chave para a descoberta de novos caminhos para o controle delas.
No presente trabalho a interação vírus-vetor é abordada através do monitoramento da
expressão do gene Ago, parte do mecanismo de RNAi, com a capacidade vetorial de
populações naturais de Aedes aegypti.
Justificativa __________________________________________________
19
2 – JUSTIFICATIVA
Dengue é uma infecção re-emergente que vem preocupando mundialmente as
autoridades sanitárias (Teixeira et al., 2001). É a arbovirose de maior incidência no
mundo, sendo endêmica em vários continentes. Cerca de dois terços da população
mundial vive em áreas infestadas com o mosquito vetor.
No ano de 2003 foi realizada uma pesquisa que classificou as áreas de risco para
epidemias de dengue nos municípios do ES (Silva et al., 2003). Dessa forma, os
municípios do estado foram definidos em áreas de alto, médio e baixo risco de
epidemias de Dengue. Este mapeamento é a base para a definição de populações
naturais de Aedes aegypti, que talvez possuam diferentes competências vetoriais,
determinando ou colaborando para as diferenças epidemiológicas locais.
As principais epidemias de Dengue ocorridas no Rio de Janeiro foram em
1986/1987 com a introdução do sorotipo 1 do vírus, em 1990/1991 com a introdução e
predominância do sorotipo 2 e em 2001/2002, com a introdução e predominância do
sorotipo 3 (Casali et al., 2004). O município de São Fidélis, está localizado na
mesorregião do Norte Fluminense, tem registrado poucos casos da doença nos últimos
anos, com exceção o ano de 2007, quando foram registrados 144 casos (Secretaria
Estadual de Saúde – RJ, 2007).
Competência vetorial é a capacidade de uma população de mosquitos infectar-se
com um vírus determinado e transmiti-lo após um período chamado ciclo extrínseco de
multiplicação (Degallier et al., 2001), que parece ser bastante variável em populações
naturais de Aedes. A suscetibilidade do mosquito à infecção com o vírus em
populações naturais tem sido relacionada à existência de barreiras envolvendo a
infecção das células do intestino ou a saída do vírus do intestino (Black et al., 2002).
Entretanto muitas questões acerca da competência vetorial não foram ainda
respondidas. Ao mesmo tempo em que o vírus dengue é capaz de infectar o Aedes
aegypti, outros flavivírus são eliminados do trato digestivo do inseto (Wolff et al., 2001).
O presente projeto se propõe investigar mecanismos de interação vírus/vetor
através do monitoramento simultâneo da infecção viral e do padrão de expressão da
Justificativa __________________________________________________
20
proteína Argonauta (gene Ago). Argonauta é uma das proteínas que constituem o
complexo de silenciamento induzido por RNA (RISC), um dos complexos do sistema de
RNAi, já descrito para um grande número de espécies. A hipótese de trabalho é que a
suscetibilidade ou a refratoriedade do mosquito à infecção pelo vírus Dengue (DENV)
pode estar relacionada à sua capacidade de responder à presença do vírus (RNAi
como mecanismo antiviral), ou à competência do vírus de burlar estas defesas celulares
(supressores de RNAi). Dessa forma, existiria uma co-evolução de mosquitos e vírus,
de forma que uma determinada população de mosquito pode ser mais eficiente como
vetor de uma determinada cepa, mas não de outra.
A identificação de genes envolvidos na resposta antiviral e como sua expressão
ocorre em resposta à infecção é fundamental para se entender os mecanismos de
competência vetorial de populações naturais de Aedes aegypti.
Com base nessas
informações será possível identificar populações de vetores com um alto risco de
transmissão de arbovírus em humanos, o que permitirá um planejamento racional dos
programas de controle da dengue e outras doenças transmitidas por arbovírus. Além
disso, informações como essas podem servir de base para a construção de mosquitos
geneticamente modificados para que sejam refratários a esses vírus (Sanchez-Vargas,
et al., 2004).
O bjetivos ______________________________________________________
21
3 – OBJETIVOS
3.1 – Objetivo Geral
Relacionar a capacidade vetorial de populações naturais de Aedes aegypti com a
eficiência da resposta anti-viral mediada por RNA (RNAi).
3.2 – Objetivos Específicos
Monitorar a capacidade infectiva de diferentes populações naturais de Aedes
aegypti por análise quantitativa;
Monitorar comparativamente a expressão de Ago nas diferentes populações
naturais de Aedes aegypti por análise quantitativa;
Monitorar a expressão do gen Ago em Aedes aegypti em resposta a diferentes
condições experimentais.
M ateriais & M étodos _____________________________________________
22
4– MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 – Local da Pesquisa
A pesquisa foi realizada com as populações naturais de mosquitos Aedes aegypti
coletadas no Estado do Espírito Santo e Rio de Janeiro, região sudeste do Brasil. Os
municípios selecionados onde foram realizadas as coletas de amostras de ovos e/ou
larvas do mosquito foram: ilha de Vitória, localizada em latitude Sul 20º 19’ e longitude
Oeste 40º 20’; Vila Velha 20º 19’ latitude Sul e 40º 19’ longitude Oeste, Nova Venécia
18º42’ latitude Sul e 40º24’ longitude Oeste e São Fidélis 21º38’ latitude Sul e 41º44’
longitude Oeste (Estado do Rio). De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde os
municípios Vitória e Vila Velha têm apresentado nos últimos anos alta incidência de
Dengue. O município Nova Venécia, localizado no norte do estado do Espírito Santo,
apresenta poucos casos da doença, bem como o município de São Fidélis – distrito de
Ipuca.
4.2 – Coleta de ovos e larvas de Aedes aegypti
O trabalho foi desenvolvido em colaboração com os Centros de Controle de
Zoonozes (CCZ) dos municípios envolvidos e com o Helder Ricas Rezende, biólogo do
Núcleo de Entomologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). As amostras
de larvas e pupas oriundas do município de São Fidélis - Ipuca foram coletadas
juntamente com os Agentes de Saúde do CCZ do município. As amostras de ovos do
mosquito dos municípios da Grande Vitória (Vitória e Vila Velha) e de Nova Venécia
foram cedidas pelo Núcleo de Entomologia da UFES, coletados através de ovitrampas
instaladas nessas localidades. Estes foram transportados em sacos plásticos
diretamente para o laboratório onde foram estocados a temperatura ambiente para
posterior utilização, em até 6 meses. Foram utilizadas gerações F1 nos experimentos
de infecção de mosquitos.
M ateriais & M étodos _____________________________________________
23
4.3 – Manutenção da colônia de Aedes aegypti
As populações naturais de Aedes aegypti foram mantidas no insetário do
Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos por até 2 gerações, exceto
a linhagem Rockfeller, mantida por várias gerações em condições de laboratório e
originalmente obtidas de uma colônia mantida pelo Prof. Dr. Francisco José Lemos
(LBT-UENF), e a linhagem RED, cedidas pelo Prof. Dr. Marcos Sorgine (Instituto de
Bioquímica Médica – UFRJ) . Estas foram eventualmente utilizadas como controle. Na
fase de larvas as populações são mantidas em água destilada em bandejas de plástico,
sendo alimentadas com ração de camundongo moída. Na fase adulta, os mosquitos
são alimentados com solução de sacarose (1%) para manutenção e as fêmeas são
alimentadas com sangue de camundongo para postura de ovos e/ou experimentação.
4.4 – Amostras Virais
As amostras virais foram cedidas pela Drª. Carol Blair do Arthropod-borne and
Infectious Disease Laboratory (AIDL) da Colorado State University (Fort Collins,
Colorado, USA), pelo Dr. Paulo Filemon Pimenta do Instituto René Rachou – Fiocruz
BH e pelo Dr. Marcos Henrique Ferreira Sorgine do Instituto de Bioquímica Médica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. As cepas utilizadas foram do sorotipo
DENV-2, Jamaica 1409 e Ribeirão Preto, sendo esta última isolada de paciente que
apresentava o quadro hemorrágico da doença. E a cepa AR339 do SINV. Estas cepas
foram utilizadas para propagação viral em células C6/36 de Aedes albopictus (ATCC –
CRL 1660) e para infecção de mosquitos Aedes aegypti através da alimentação
artificial.
4.5 – Cultura e Infecção de células C6/36
As culturas de células C6/36 (Aedes albopictus) foram mantidas em Meio L-15
Leibovitz Medium - Gibco com uma concentração de 10% Soro Fetal Bovino (FSB)
Cultilab, 1% de streptomicina e pH 7,2. Para a infecção com DENV, essas células foram
mantidas até, aproximadamente, 90% de confluência. Em seguida, soltava-se estas
células e acrescentava-se o vírus. A partir daí as células eram mantidas em meio com
2% FBS durante 7 dias que antecediam a infecção de mosquitos. O sobrenadante
destas células era utilizado para a infecção.
M ateriais & M étodos _____________________________________________
24
4.6 – Propagação Viral
Os vírus dengue (DENV2) foram propagados utilizando-se células C6/36 com
aproximadamente 80% de confluência, em Meio L-15 Leibovitz Medium contendo 2%
de FBS e 1% de streptomicina. Após sete dias, o meio foi trocado e mantido por mais,
aproximadamente, 7 dias onde foi coletado, centrifugado, aliquotado em tubos
criogênicos e estocados a -70ºC.
4.7 – Infecção de mosquitos
Os mosquitos foram infectados através de alimentação oral, utilizando-se um
sistema de alimentação artificial (Higgs & Beaty, 1996). Foram utilizados mosquitos
fêmeas de 5-7 dias de idade desprovidas de sacarose 24 horas antes da infecção,
adaptando o protocolo de Tardieux et al. (1990). Como controle, fêmeas de mesma
idade foram alimentadas com sangue de camundongo contendo o mesmo volume de
meio adicionado no lugar da suspensão viral. As fêmeas foram separadas em gaiolas
juntamente com alguns machos para estimular a alimentação. Também foi utilizada
solução de ATP a 1mM como fago-estimulante. A inativação do plasma sanguíneo foi
realizada por 1 hora a 57ºC, antes da adição do vírus. O sangue utilizado pra infecção
foi mantido a 37ºC, em um sistema de banho circulante com aquecimento. A proporção
de solução viral e sangue utilizada foi de 1:2.
4.8 – Extração de RNA de mosquitos Aedes aegypti
Para extração de RNA total, foram macerados um pool de 6 mosquitos em 500µL
do reagente Trizol (Invitrogen). Em seguida, foi adicionado 200 µL de clorofórmio
gelado agitando vigorosamente. Estas amostras foram centrifugadas a 12.000 g por 15
minutos. A fase aquosa resultante da centrifugação foi transferida para outro tubo e
adicionado 500µL de isopropanol (p/v) desprezando a fase orgânica. Após 10 minutos
de incubação, as amostras foram centrifugadas por 10 minutos a 12.000 g. O
sobrenadante foi descartado e o pelet lavado com 1mL de etanol 75% sendo
centrifugado em seguida a 7.500 g por 8 minutos. O sobrenadante foi novamente
descartado e o RNA total foi seco pela inversão dos tubos em papel absorvente. Após a
secagem o RNA total foi eluído com 50 µL de água ultrapura livre de RNases (DEPC).
M ateriais & M étodos _____________________________________________
25
Todas incubações foram feitas em gelo para evitar a degradação do RNA. O RNA foi
aliquotado e estocado a -70ºC. Posteriormente, foi quantificado em espectrofotômetro
em comprimentos de onda de 260 e 280 nm para a posterior transcrição reversa (kit
Applied Byossistems). Uma porção do RNA total extraído foi submetida à eletroforese
sob condições desnaturantes em gel de agarose a 1% para determinar a qualidade do
mesmo. A figura 10 mostra o gel resultado de uma extração de RNA de mosquitos
Aedes aegypti.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Figura 10 – Gel de agarose 1%. Extração de RNA total de mosquitos Aedes aegypti (população natural –
Vitória ES). 1, 2, 3, 4 e 5 – 1º, 2º, 3º, 6 e 8º dia de mosquitos infectados. 6, 7, 8, 9 e 10 - 1º, 2º, 3º, 6 e 8º
dia de mosquitos controle.
4.9 - RT-PCR
Primeira fita do cDNA foi sintetizada com 2 µg de RNA total usando High Capacity
cDNA Reverse Transcription Kit – Applied Byossistems. PCR foi semi-quantitativo para
determinar intensidades relativas dos produtos alvos usando procedimentos descritos
por Blandin et al. (2002) e Hoa et al. (2003) com algumas modificações. Reações de
PCR foram realizadas em células C6/36 infectadas com DENV-2 ou controle para que
fragmentos gênicos de argonauta pudessem ser obtidos. Cada reação continha 2,5 µl
de tampão de reação 10X, 0,5 µl de dNTP (10 mM), 0,7 µl dos primers degenerados
Ago F (5’ GCT CAR ATG CAA TCA TTC CC 3’) e Ago R (5’ CTG AAG YTT GGG WGG
AGG 3’), 1,5U de Taq DNA polimerase (Biotools DNA polimerase). O volume final de
cada reação foi ajustado com água para 20 µl. Todas as reações foram realizadas em
termociclador Whatman Biometra (T Gradient) com os ciclos de temperatura
programados para: 95°C por 5 min, 35 ciclos de 95°C por 1 min, 56°C por 45 s e 72°C
M ateriais & M étodos _____________________________________________
26
por 1 1/2 min, e uma etapa final a 72°C por 5 min. Tamanho do fragmento amplificado:
392 pb
4.10 – Real Time PCR em mosquitos Aedes aegypti
O Real Time PCR foi realizado 1, 2, 3, 7 e 14 ou em 1, 2, 3, 6 e 8 dias após a
infecção dos mosquitos, para monitoramento da evolução da infecção e da resposta
anti-viral. Foram utilizados os primers do vírus dengue segundo Lanciotti et al,. 1992:
D1 – Iniciador (sense) 5’ –TCA ATA TGC TGA AAC GCG CGA GAA ACC G 3’
TS2 – anti-sense – 5’ – CGC CAC AAG GGC CAT GAA CAG 3’
Tamanho do fragmento amplificado: 119 pb
4.11 – Desenho de primers de Argonauta de Aedes aegypti para Real Time PCR
A seqüência do gene Argonaute (Ago) de Aedes aegypti foi baixada do site:
www.vectorbase.com. O fragmento amplificado está localizado em éxons diferentes:
TCCAACCTCTGCCTGAAGATCAACGTCAAACTGGGTGGAATCAATTCAATCCTTGT
GCCATCAATCAGACCAAAGGTATTCGACGAACCGGTCAT (fragmento do gen Ago,
com localização de éxons diferentes)
Os primers foram desenhados através do Programa Vector NT/9.0.
Primers de Argonauta:
bp
Tm
%GC
LEFT PRIMER
20 59.80 50.00
TCCAACCTCTGCCTGAAGAT
RIGHT PRIMER
20 59.82 50.00
ATGACCGGTTCGTCGAATAC
Tamanho do fragmento amplificado: 98 pb.
4.12 – Controle Endógeno
O gene S7RP foi utilizado como controle interno (Bai, et.al., 2007).
ACCGCCGTCTACGATGCCATCCTGGAGGATCTGGTCTTCCCGGCTGAAGTCGTCG
GCAAGCGTATGCGCGTCAAGCTGGACGGATCGCAGCTGATCAAGGTGCACCTGGA
CAAGAACCAGCAGACCACCAT (fragmento do gen – mesmo éxon).
Primer: AaS7RP
Forward ACCGCCGTCTACGATGCCA
M ateriais & M étodos _____________________________________________
27
Reverse ATGGTGGTCTGCTGGTTCTT
Tamanho do fragmento amplificado: 145 pb.
4.13 – Quantificação da Expressão
O Real Time PCR foi realizado no equipamento Applied Byosistems 7500 RealTime PCR, com capacidade de 96 amostras. O método de quantificação foi da
Expressão Relativa, baseando no seguinte cálculo:
I. Média do CT
Primeiramente calcula-se a média de todos os CTs das
duplicatas;
II. Delta CT (∆ CT)
CT (gen alvo) – CT(gen referência);
III. Delta-delta CT (∆∆CT)
IV. Expressão Relativa:
∆ CT - ∆ CT (padrão);
2 (-∆∆CT)
Dessa forma, foi monitorada a quantificação viral e, simultaneamente, a resposta
anti-viral através da expressão do gene Argonauta. Foi monitorada ainda, a expressão
do gen Ago em função dos diferentes tipos de alimentação de mosquitos Aedes
aegypti. Estes experimentos foram realizados nas diferentes populações de mosquitos
e em diferentes momentos da infecção viral.
R esultados ______________________________
_____________________________ _
28
5 – RESULTADOS
5.1 – Expressão Relativa de Ago em Aedes aegypti em resposta à alimentação
Primeiramente, foi testado o gene para controle endógeno. Testou-se o gene
RP49 (Gentile, 2005) nas amostras de mosquitos Aedes aegypti, no entanto não
ocorreu uma boa amplificação deste gene nas amostras em estudo. Desta forma, o
gene utilizado para controle endógeno foi da proteína ribossomal S7RP de Aedes
aegypti (Bai et.al., 2007). Foi realizada uma RT-PCR nestas amostras para validar a
utilização deste primer. A figura 11 mostra o gel do resultado de um RT-PCR de
mosquitos Aedes aegypti da linhagem Rockfeller em diferentes condições alimentares
(jejum, plasma e sangue), utilizando-se o primer S7RP que amplifica uma banda de
aproximadamente 145 pares de bases. Não foi observada variação de amplificação
deste gene nas amostras de mosquitos.
Figura 11 – Gel de agarose 1,2%. Expressão de S7RP em mosquitos Aedes aegypti (linhagem
Rockfeller) submetidos a diferentes condições alimentares: 1-Padrão de peso 100 kb, 2- jejum; 3alimentados com sacarose; 4- alimentados com plasma e 5: alimentados com sangue.
Para testar a hipótese de que mosquitos alimentados com sangue teriam uma
maior expressão de Ago, em função de ser a via de transmissão viral, populações
naturais de Aedes aegypti foram submetidos ao jejum ou alimentados com diferentes
dietas como sacarose, plasma e sangue, para verificar se há variação da expressão de
Ago em função da alimentação deste inseto. A expressão do gene Ago foi analisada em
12, 24 e 48 horas após a alimentação. Os resultados a seguir mostram a expressão
R esultados ______________________________
_____________________________ _
29
relativa de Ago nas populações Rockfeller, Nova Venécia e Vila Velha em função da
variação alimentar destas populações.
Linhagem Rockfeller
Foi verificada a expressão do gene Ago em diferentes condições alimentares da
linhagem Rockfeller, uma linhagem de laboratório. O jejum foi utilizado como padrão
para o cálculo da expressão relativa. Esta população não apresentou variação na
expressão de Ago quando alimentada com sacarose (sac) após 12h e 48h ou quando
alimentadas com plasma após 12h. No entanto, a partir de 24h após alimentação com
plasma, começa a ser observado um aumento da expressão deste gene, que parece
ser gradativo. Após 12h da alimentação com sangue já e observado um aumento da
expressão, atingindo um pico máximo após 48h da alimentação (figura 12). Não houve
mortalidade de animais nesta população (dado não mostrado).
Figura 12: Expressão relativa do gene ago em mosquitos Aedes aegypti da linhagem Rockfeller
submetidos ao jejum ou alimentados com sacarose (sac), plasma ou sangue em 12, 24 e 48 horas após a
alimentação. As barras representam o resultado de um pool contendo 6 mosquitos em que o RNA total
foi extraído e realizado o Real Time PCR, para a quantificação da expressão relativa de ago.
R esultados ______________________________
_____________________________ _
30
População natural de A.aegypti Nova Venécia ES
A população de A.aegypti Nova Venécia parece ter apresentado a expressão
relativa de Ago não variando nos mosquitos alimentados com sacarose (sac) 12h após
a alimentação. Em 24h da alimentação com sac, ocorreu um aumento da expressão
deste gene e, em seguida, um decréscimo em 48h após alimentação. Quando
alimentados com plasma, ocorreu um aumento gradativo da expressão de Ago em 12,
24 e 48h após a alimentação. Esta população mostrou ainda, uma repressão do gene
Ago após 12h da alimentação com sangue, atingindo o mesmo nível de expressão do
jejum em 24h, ocorrendo um aumento após 48h da alimentação com sangue (figura
13). Foi observado então que, o pico da expressão de argonauta ocorre após 48h da
alimentação com plasma nestas populações. Não houve mortalidade de animais nesta
população (dados não mostrados).
Figura 13: Expressão relativa do gene ago em mosquitos Aedes aegypti da população natural Nova
Venécia ES submetidos ao jejum e alimentados com sacarose (sac), plasma e sangue em 12, 24 e 48
horas após a alimentação. As barras representam o resultado de um pool contendo 6 mosquitos em que
o RNA total foi extraído e realizado o Real Time PCR, para a quantificação da expressão relativa de ago.
R esultados ______________________________
_____________________________ _
31
População natural de A.aegypti Vila Velha ES
Em mosquitos alimentados com sacarose, a expressão de Ago aumenta após
12h, ocorrendo em seguida, uma repressão gradativa do gene nas horas após a
alimentação. Observa-se que em 48h após alimentação com sac, os níveis de
expressão do gene atinge os mesmos níveis do jejum. Quando alimentados com
plasma, após 24h, ocorre um pequeno aumento da expressão do gene, e em 12h e 48h
após, estes níveis de expressão aumentam ainda mais, não sofrendo variação entre 12
e 48h. Após 12h da alimentação com sangue também ocorre um aumento da
expressão do gene Ago e, em 24h há uma redução, no entanto, a expressão gênica
ainda continua relativamente maior que em mosquitos no jejum. Contudo, um aumento
abrupto da expressão relativa pode ser observado em 48 horas após a alimentação
com sangue (figura 14). Dentre as populações estudadas, a população Vila Velha foi a
que apresentou a maior expressão relativa do gene Ago. O perfil da expressão gênica
também ocorreu de maneira diferente, após 48h da alimentação com sangue, das
demais populações. Não houve mortalidade de animais nesta população (dados não
mostrados).
Figura 14: Expressão relativa do gene Ago em mosquitos Aedes aegypti da população Vila Velha
submetidos ao jejum e alimentados com sacarose, plasma e sangue em 12, 24 e 48 horas após a
R esultados ______________________________
_____________________________ _
32
alimentação. As barras representam o resultado de um pool contendo 6 mosquitos em que o RNA total
foi extraído e realizado o Real Time PCR, para a quantificação da expressão relativa de ago.
Estes resultados sugerem que, possivelmente, o efeito da alimentação pode ser
uma característica variável entre diferentes populações. E que a alimentação com
sangue, pode ser um fator determinante para a indução da expressão de genes, como
Ago.
5.2 – Expressão de Ago em células em cultura C6/36 infectadas com DENV-2:
Para verificar se há alteração do gene Ago em células de mosquitos na presença
de vírus, células em cultura (C6/36) foram infectadas com DENV-2, cepa Jamaica 1409.
Após o sétimo dia de infecção foram coletadas, o RNA foi extraído com Trizol e o cDNA
obtido. O gel abaixo mostra o resultado do RT-PCR gradiente do material extraído das
células infectadas e de células controle. O primer degenerado desenhado a partir das
seqüências de Argonauta (Ago) de Apis melífera e Drosophila melanogaster, amplifica
uma banda em torno de 390 pares de bases. A expressão de Ago foi maior nas células
controle do que nas células infectadas (figura 15). Isso sugere que, algum mecanismo
contra-defesa do vírus possa estar ocorrendo, inibindo a expressão de Ago. A figura
abaixo mostra uma repressão do gene em células infectadas. No entanto, foram
realizados experimentos posteriores para confirmar se também ocorreria em mosquitos.
Este foi o primeiro experimento realizado para verificar alterações na expressão de Ago
na presença viral.
Figura 15 - Gel de agarose 1,2% da amplificação de Ago por RT-PCR gradiente testando diferentes
temperaturas. Expressão de argonauta (Ago) em células C6/36 controle e infectada com DENV-2, cepa
Jamaica 1409. Este gel mostra que a infecção viral parece resultar na inibição da expressão do gene Ago
nas células em cultura. 1 – Padrão; 2 – Células controle 53.4ºC; 3 – Células controle 54ºC; 4 – Células
R esultados ______________________________
_____________________________ _
33
controle 54.7ºC; 5 - Células controle 55.4ºC; 6 - Células controle 56.3ºC; 7 – Células controle 57.1ºC; 8 –
Células infectadas 53.4ºC; 9 – Células infectadas 54ºC; 10 – Células infectadas 54.7ºC; 11 – Células
infectadas 55.4ºC; 12 – Células infectadas 56.3ºC.
5.3 – Infecção de populações naturais de mosquitos Aedes aegypti com Dengue
Vírus (DENV-2):
Populações naturais de mosquitos foram infectadas com DENV-2 através da
alimentação artificial com sangue, contendo a suspensão viral, para o grupo de
mosquitos infectados (inf) e, com o sangue apenas para o grupo controle (cont). As
populações Vitória e São Fidélis foram infectadas com a cepa Dengue-2 Jamaica 1409
e as populações Vitória e Vila Velha, com a cepa Dengue-2 Ribeirão Preto (sendo esta
última isolada de paciente que apresentou o quadro hemorrágico da doença).
As populações Vitória e São Fidélis-Ipuca tiveram um monitoramento da infecção
no 1º, 2º, 3º, 6º e 8º dia, após a alimentação dos insetos, para verificar se diferentes
populações responderiam diferentemente à infecção viral.
A população Vitória mostrou-se pouco competente à infecção com a cepa
Jamaica 1409. A expressão relativa do gene C de DENV-2 permaneceu reduzida em
todos os dias estudados. Observou-se a ocorrência do aumento da replicação no
segundo dia. Entretanto, há uma queda no terceiro dia, aumentando a expressão
relativa do gene C e, conseqüentemente, da replicação viral no sexto e oitavo dia, não
alcançando os níveis de expressão do 2º dia (figura 16). Foi observada uma alta taxa
de mortalidade de animais até o sexto dia após a alimentação. Os mosquitos
alimentados com sangue apenas (sem conter a suspensão viral) tiveram uma maior
mortalidade neste experimento (figura 17).
R esultados ______________________________
_____________________________ _
34
Figura 16 – Expressão Relativa do gene C (Capsídeo) do vírus dengue (DENV-2) na população de
Vitória ES, infectada com a cepa Dengue-2 Jamaica 1409, nos dias 1, 2, 3, 6 e 8 após a alimentação.
Mosquitos foram alimentados com sangue contendo o plasma inativado e a suspensão viral após 7 dias
de propagação em células em cultura C6/36 (infectados) ou alimentados apenas co sangue (controle). As
barras representam o resultado de um pool contendo 6 mosquitos em que o RNA total foi extraído e
realizado o Real Time PCR, para o monitoramento da quantificação da carga viral nesta população de
Aedes aegypti.
Figura 17: Mortalidade de mosquitos Aedes aegypti da população Vitória ES após alimentação com
sangue (controle) e infecção com DENV-2, cepa Jamaica 1409. Após experimentação, os insetos eram
R esultados ______________________________
_____________________________ _
35
mantidos com solução de sacarose 10% e a mortalidade acompanhada nos dias após a alimentação. O
gráfico representa a taxa de mortalidade de fêmeas durante os dias após a infecção.
A população São Fidélis – Ipuca (RJ) também foi submetida à alimentação com
DENV-2 cepa Jamaica 1409. Entretanto, não houve amplificação do gene C de DENV-2
detectável no Real Time, sugerindo que esta população não foi capaz de ser infectada
com a cepa referida (dado não mostrado). Este resultado sugere que esta população
pode ser refratária ao vírus, o que está de acordo com os dados epidemiológicos do
município de São Fidélis, que mostram uma baixa incidência de Dengue nesta região.
Essa população em laboratório mostrou-se bastante frágil: as fêmeas ovopositavam
pouco e estes ovos demoravam a eclodir ou eclodiam com baixa eficiência. A taxa de
mortalidade desta população após a alimentação foi maior em mosquitos alimentados
com a suspensão viral de DENV-2, cepa Jamaica 1409 em relação com os mosquitos
controle, ou seja, alimentados apenas com sangue (figura 18). Estas diferenças
parecem não ser significativa.
Figura 18: Mortalidade de mosquitos Aedes aegypti da população São Fidélis RJ após alimentação com
sangue e infecção oral com DENV-2, cepa Jamaica 1409. Após experimentação, os animais eram
mantidos com solução de sacarose 10% e contada a mortalidade para cada dia. O gráfico representa a
taxa de mortalidade de fêmeas durante os dias após a infecção.
R esultados ______________________________
_____________________________ _
36
Populações naturais de Aedes aegypti (Vitória ES e Vila Velha ES) também
foram infectadas com DENV-2, cepa Ribeirão Preto (DENV-2 RP) - isolada de paciente
que apresentou o quadro hemorrágico da doença.
A população A.aegypti Vitória mostrou-se bastante competente à infecção com
esta cepa viral. Observa-se uma expressão relativa da proteína de Capsídeo (C) de
DENV-2 baixa nos primeiros dias após a alimentação, aumentando gradativamente nos
dias posteriores. Outro dado verificado neste experimento foi a expressão relativa de
DENV-2 no 14º dia, que não sofreu alterações em relação ao 7º dia. Este dado sugere
que a partir do 7º dia, a replicação viral estabiliza-se (figura 19).
A mortalidade desta população quando infectada com a cepa referida
permaneceu baixa no decorrer dos dias pós-infecção e parecem não ocorrer diferenças
significantes entre mosquitos controle e infectados, como mostra a figura 20.
Figura 19 – Expressão Relativa do gene C (Capsídeo) do vírus dengue (DENV-2) na população de
Vitória ES, infectada com a cepa Dengue-2 Ribeirão Preto, nos dias 1, 2, 3, 7 e 14 após a infecção.
Mosquitos foram alimentados com sangue contendo o plasma inativado e a suspensão viral. As barras
representam o resultado de um pool contendo 6 mosquitos em que o RNA total foi extraído e realizado o
RT-qPCR (Real Time) para o monitoramento da quantificação da carga viral nesta população de Aedes
aegypti.
R esultados ______________________________
_____________________________ _
37
Figura 20: Mortalidade de mosquitos Aedes aegypti da população Vitória ES após alimentação com
sangue e infecção com DENV-2, cepa Ribeirão Preto. Após experimentação, os animais eram mantidos
com solução de sacarose 10% e contada a mortalidade para cada dia. O gráfico representa a taxa de
mortalidade de fêmeas durante os dias após a infecção.
Na população de A. aegypti Vila Velha ocorreu uma infecção bastante alta,
quando alimentada com DENV-2 cepa RP. A expressão relativa do gene C de vírus
dengue sofreu uma queda no 2º dia, apresentando um aumento a partir do 3º dia após
a alimentação. No 7º e 14º dia após a infecção, ocorreu um aumento acentuado da
replicação viral. Da mesma forma como ocorre na população A.aegypti Vitória, na
população A.aegypti Vila Velha o vírus também teve a replicação estabilizada a partir
do 7º dia de infecção (figura 21). A mortalidade desta população quando infectada com
a cepa Ribeirão Preto foi baixa, no entanto, parecendo mais elevada em mosquitos
alimentados com a suspensão do vírus dengue em comparação com os mosquitos
controle (figura 22).
R esultados ______________________________
_____________________________ _
38
Figura 21 – Expressão Relativa do gene C (Capsídeo) do vírus dengue (DENV-2) na população de Vila
Velha ES, infectada com a cepa Dengue-2 Ribeirão Preto, nos dias 1, 2, 3, 7 e 14 após a infecção.
Mosquitos foram alimentados com sangue contendo o plasma inativado e a suspensão viral. As barras
representam o resultado de um pool contendo 6 mosquitos em que o RNA total foi extraído e realizado o
Real Time PCR para o monitoramento da quantificação da carga viral nesta população de Aedes aegypti.
Figura 22 – Mortalidade de mosquitos Aedes aegypti da população Vila Velha ES após alimentação com
sangue e infecção com DENV-2, cepa Ribeirão Preto. Após experimentação, os animais eram mantidos
com solução de sacarose 10% e contada a mortalidade para cada dia. O gráfico representa a taxa de
mortalidade de fêmeas durante os dias após a infecção.
R esultados ______________________________
_____________________________ _
39
5.4 – Expressão do gene Ago em mosquitos Aedes aegypti infectados com
DENV-2:
Para investigar o efeito da infecção sobre a expressão do gene Ago, fêmeas de
A. aegypti foram alimentadas com sangue de camundongo contendo o vírus DENV-2
Ribeirão Preto e a expressão do gene foi monitorada 1, 3, 7, e 14 dias após a infecção,
nos mosquitos das populações Vitória ES e 1, 3 e 7 dias para a população Vila Velha
ES. Foi observada uma redução da expressão do gene em ambas populações
estudadas (figuras 22 e 23).
Ocorreu uma redução da expressão do gene Ago nos insetos infectados da
população Vitória ES, quando comparado aos insetos controle, em todos os dias
analisados. A expressão relativa do gene Ago aumenta ao longo dos dias, nos
mosquitos alimentados apenas com sangue (controle), atingindo um máximo no 14º dia
após a alimentação. Em contrapartida, a expressão relativa deste gene em mosquitos
infectados, diminui no mesmo período. No primeiro dia de infecção ocorreu uma
redução de 50% da expressão de Ago quando comparado ao mosquito alimentado
apenas com sangue, enquanto no terceiro dia houve uma redução maior do gene, de
aproximadamente, 75%. O 7º dia apresentou uma redução da expressão de Ago
também em 50%, como no primeiro dia, e no 14º esta redução chegou a 90% (figura
23).
R esultados ______________________________
_____________________________ _
40
Figura 23 – Expressão Relativa do gene Ago em mosquitos alimentados com sangue e infectados com
DENV-2 (Ribeirão Preto) na população Vitória ES. Após experimentação, realizou-se a extração do RNA
total dos insetos, o cDNA obtido e posteriormente realizado qPCR para quantificação do gene Ago em
mosquitos alimentados com sangue e a comparação da expressão deste gene em mosquitos
alimentados com DENV-2. Observa-se a inibição deste gen em mosquitos infectados.
Cada barra
representa o resultado obtido a partir do pool de 6 mosquitos fêmeas.
Na população Vila Velha também houve uma redução da expressão relativa de
Ago em mosquitos alimentados com sangue contendo o vírus dengue. O primeiro dia
de infecção houve uma redução de, aproximadamente, 17% da expressão. No terceiro
dia esta redução foi de 66% e no sétimo dia chegou a 83% de inibição de Ago (figura
24). Observa-se que a repressão do gene Ago foi maior na população Vitória no 1º e no
3º dia após a infecção. Entretanto, no 7º dia de infecção a inibição do gene foi maior na
população Vila Velha.
R esultados ______________________________
_____________________________ _
41
Figura 24 – Expressão Relativa do gene Ago em mosquitos alimentados com sangue e infectados com
DENV-2 (Ribeirão Preto) na população Vila Velha ES. Após experimentação, realizava-se a extração do
RNA total dos insetos para posteriormente realizar o RT-qPCR para quantificação do gene Ago em
mosquitos alimentados com sangue e a comparação da expressão deste gene em mosquitos
alimentados com DENV-2. Observa-se a inibição deste gen em mosquitos infectados a partir do 3º dia
pós-infecção..
5.5 – Expressão de Ago em mosquitos Aedes aegypti infectados com o vírus
Sindbis (SINV)
Para investigar se os resultados observados eram específicos para DENV ou se
o padrão de expressão de Ago também é alterado por outro vírus, mosquitos Aedes
aegypti foram infectados com o vírus Sindbis (SINV), cepa AR339, um alphavírus.
Quando infectados com SINV, mosquitos Aedes aegypti da linhagem Red
apresentaram uma redução de 50% da expressão relativa de argonauta após 4 dias da
infecção, em relação aos mosquitos alimentados com sangue não contendo vírus
(figura 25).
R esultados ______________________________
_____________________________ _
42
Fig. 25: Expressão relativa do gene Ago em mosquitos Aedes aegypti da linhagem Red alimentados com
sangue e infectados com Sindbis vírus. Foi realizada a extração do RNA total dos insetos para
posteriormente realizar o Real Time PCR para quantificação do gene Ago em mosquitos alimentados com
sangue e a comparação da expressão deste gene em mosquitos alimentados com SINV, cepa AR339. O
gene ago foi inibido em 50% após 4 dias da infecção.
D iscussão ________________________________
43
6 – DISCUSSÃO
Mosquitos são os mais importantes artrópodes vetores de doenças. Aedes
aegypti é vetor natural de alguns arbovírus, como alphavirus e flavivirus, responsáveis
pela dengue, febre amarela, encefalites e outras doenças, que causam grandes
problemas de saúde pública anualmente. A manutenção e transmissão desses
patógenos dependem, em parte, da competência genética de populações de mosquitos
que sustentam a infecção viral (Sanchez-Vargas et al.,2004). RNA de Interferência é o
mecanismo de silenciamento gênico que atua naturalmente contra transgenes e
elementos de transposição (Haasnoot et al., 2003), e tem sido caracterizado como o
principal mecanismo de defesa antiviral em mosquitos e plantas. Neste trabalho foi
selecionado um dos genes responsáveis pela resposta antiviral mediada por RNA e
este gene estudado em populações naturais de Aedes aegypti. A escolha recaiu sobre
o gene da família Argonauta (Ago), que codifica uma importante proteína com atividade
RNAsica, parte do Complexo RISC da cascata de RNAi. Mosquitos foram submetidos a
diversas situações experimentais e a expressão de Ago foi monitorada no sentido de
estabelecer uma relação com a competência vetorial destas populações.
Um importante passo foi a escolha do gene para controle endógeno nos
experimentos. Inicialmente foi testado o primer que amplifica um fragmento do gene
RP49 (Gentile, et al., 2005) e observou-se que não havia amplificação deste gene,
detectável pela PCR em Tempo Real (qPCR), nas amostras em estudo nas condições
utilizadas, apesar deste primer ser utilizado em outros sistemas com bastante eficiência.
Foi escolhido então um segundo primer a partir da seqüência do gene S7RP (Bai et
al.¸2007) como controle interno, mostrando uma boa amplificação do gene, mostrado na
figura 10. Após testar várias condições, optou-se pela temperatura de 60ºC para
anelamento de todos os primers utilizados (S7RP, DENV-2 e Ago).
O gene Ago codifica proteínas da família Argonauta, que apresentam atividade
RNAse através do domínio PIWI mediando o silenciamento do RNA (Ronemus et al.,
2006). Tais proteínas associadas a RISC participam na regulação da formação de
44
D iscussão ________________________________
siRNA ou miRNA (Olson et al., 2002), que é um componente essencial para a resposta
do
RNAi,
sendo
requerida
na
separação
da
dupla
fita
dos
siRNAs
e,
conseqüentemente, na montagem destes no complexo RISC (Okamura et al., 2004).
Assim, a expressão deste gene no mecanismo de RNAi se torna muito importante,
conforme descrito por Sanchez-Vargas (2004). A expressão do gene Ago pode ser um
bom parâmetro de medida da capacidade de resposta mediada pelo mecanismo de
RNAi, como é o caso da resposta anti-viral em mosquitos, primeiramente descrito por
Gaines et al. (1996).
Para verificar a expressão do gene Ago e, conseqüentemente, a eficiência de
RNAi em Aedes aegypti nas várias situações experimentais, realizou-se o
monitoramento da expressão do gene utilizando-se o método quantitativo, por qPCR.
Na primeira etapa deste trabalho foi verificada a expressão do gene Ago em
função do tipo de alimentação. Em geral, foi observada uma baixa expressão do
mesmo em mosquitos submetidos à alimentação com sacarose, nas populações
Rockfeller, Nova Venécia e Vila Velha, (figuras 11,12 e 13). Testou-se a hipótese de
que mosquitos alimentados com sangue teriam uma maior expressão de Ago em
função de ser a via de transmissão viral. Com exceção à população Nova Venécia, as
outras duas populações confirmaram esta hipótese. Não houve diferenças da
expressão de Ago em mosquitos em jejum ou alimentados com sacarose na população
Rockfeller (figura 11). Observou-se o aumento gradativo na expressão do gene na
alimentação com plasma após 24h e sangue após 12h, 24h e 48h da alimentação. O
pico de expressão de Ago em Rockfeller ocorre 48h após estes insetos alimentarem-se
com sangue (figura 11), padrão semelhante ao encontrado na população Vila Velha
(figura 13). Entretanto, a expressão de Ago foi mais alta em Vila Velha em comparação
à Nova Venécia e Rockfeller (figuras 11, 12 e 13).
A população Nova Venécia mostrou baixa expressão de Ago em mosquitos
alimentados com sangue e alta expressão quando submetidos à alimentação com
plasma (figura 12). Outro dado verificado em Nova Venécia foi um pico de expressão de
Ago após 24h de alimentação com sacarose.
A indução da expressão de genes em resposta à alimentação com sangue, tem
sido descrita em insetos hematófagos. Muller et al., 1993, analisaram a expressão de
genes da família de tripsinas (Antryp 1 e Antryp 2) em Anopheles gambiae nos estágios
D iscussão ________________________________
45
de pupa, machos adultos, fêmeas adultas não alimentadas com sangue e fêmeas
adultas alimentadas com sangue. Verificaram então, que a expressão de tais genes
que a expressão de ambos os genes é induzida pela alimentação com sangue.
Verificaram ainda que o controle transcricional dos dois genes parecia ser diferente,
uma vez que, a quantidade de RNAm de Antryp 1 foi sempre mais alta em relação ao
RNAm de Antryp 2. Níveis significantes de transcritos de Antryp 1 puderam ser
detectados em fêmeas não alimentadas, machos e pupas o que não ocorreu para o
gene Antryp 2. Similarmente, observamos que a expressão do gene Ago também é
modulada em função da variação alimentar.
A alimentação de açúcar para mosquitos fêmeas e machos garante seu sustento
nutricional/energético, mas não os requerimentos reprodutivos das fêmeas. Durante as
primeiras horas da alimentação com sangue ocorre uma série de mudanças fisiológicas
nestes mosquitos. O número de genes associados com o metabolismo de açúcar e
proteína dentro de cada conjunto de genes, reflete na troca do metabolismo de açúcar
para proteína. O produto de genes envolvidos na digestão com sangue é resultado de
uma cascata de sinalizações celulares (Dana et al., 2005).
Observamos diferenças na expressão de Ago entre as populações naturais de
Aedes aegypti (figuras 11, 12, 13, 22 e 23). Os diferentes padrões de expressão de Ago
entre as populações sugerem que a variabilidade genética dessas populações pode
determinar diferenças importantes na capacidade de defesa antiviral via RNAi.
A infecção viral em mosquitos é em geral, uma infecção persistente que não
altera as condições fisiológicas do inseto (Valzelle-Falcoz et al., 1999). Populações
naturais de mosquitos Aedes aegypti foram infectadas e monitoradas quanto à
mortalidade, infecção e análise da expressão de Ago. Foi analisada a mortalidade das
populações de insetos quando submetidos às condições de laboratório e experimentais,
de maneira a acompanhar a saúde dos insetos e a fragilidade de algumas populações
nas
condições
de
experimentação
utilizadas.
A
taxa
de
mortalidade
foi
aproximadamente a mesma em animais infectados com DENV-2 e animais controle,
exceto a população Vitória quando infectadas com a cepa DENV-2 Jamaica 1409, que
apresentou uma maior taxa de mortalidade em mosquitos alimentados com sangue,
apenas, sem conter o vírus (figuras 16, 17,19 e 21). A alta mortalidade observada nas
experimentações com as populações Vitória e São Fidélis-Ipuca (quando infectados
D iscussão ________________________________
46
com DENV-2 Jamaica 1409) possivelmente são variações genéticas das populações
que tornam algumas mais sensíveis que outras às condições do laboratório. Esta
diversidade dificulta o trabalho com algumas populações naturais que não se adaptam
bem as condições de laboratório, o que pode determinar resultados que não sejam
compatíveis às condições do campo. Portanto, o monitoramento de parâmetros que
avaliem as condições de adaptação de populações naturais é essencial para a
confiabilidade dos resultados apresentados.
A quantificação da infecção viral avaliada por PCR em Tempo Real mostrou que
a população São Fidélis-Ipuca não apresentou infecção pela cepa Jamaica 1409 (dados
não mostrados). A população Vitória, também alimentada com esta cepa, apresentou
uma baixa infecção viral quando comparada à infecção com a cepa Ribeirão Preto ou à
população Vila Velha (também infectada com Ribeirão preto) (figuras 15, 18 e 20). Para
confirmar que esta cepa viral é pouco infectiva para estas populações, serão
necessários outros experimentos para comprovação da baixa titulação deste vírus. No
entanto, pode-se afirmar que a cepa DENV-2 Jamaica 1409 é mais infectiva para
população Vitória em comparação com a população de São Fidélis, pois Vitória foi
capaz de se infectar embora mostrando uma baixa expressão relativa do vírus Dengue.
Esses dados podem ser relacionados com os informes epidemiológicos dos casos de
Dengue em ambas as regiões estudadas e também com o comportamento que as
populações apresentaram em laboratório. A população São Fidélis-Ipuca apresentou
baixa postura e eclosão de ovos após repasto sanguíneo. Além disso, relacionando
com dados epidemiológicos, o distrito de Ipuca registra poucos casos de Dengue
enquanto Vitória é uma região de alta incidência da doença. Esses resultados sugerem
que as populações de Aedes aegypti de São Fidélis-Ipuca podem ser mais refratárias
ao vírus DENV-2 Jamaica 1409 quando comparadas às de Vitória. Valzelle-Falcoz et al.
(1999), também descreveram diferenças na competência vetorial em populações de
mosquitos Aedes aegypti do Tahiti e Moorea, Polinésia Francesa, quando infectados
com Dengue-2, comprovando que existem fatores genéticos que determinam a
capacidade infectiva de populações naturais.
Quando infectadas com DENV-2 Ribeirão Preto, mosquitos de Vitória e Vila
Velha tiveram uma alta expressão relativa do gene C do vírus Dengue, ou seja, uma
alta taxa de infecção viral. Em outras palavras, podemos dizer que ambas as
D iscussão ________________________________
47
populações são altamente susceptíveis ao vírus (figuras 18 e 20). O aumento da carga
viral no decorrer dos dias após a alimentação pode ser observado e se deve à
replicação e disseminação do vírus nos tecidos do mosquito. A rota migratória e o
desenvolvimento de vírus dentro do trato intestinal de mosquitos iniciam-se pela
entrada do patógeno no lúmen intestinal, seguido da entrada, replicação e saída das
células epiteliais do intestino, percorrendo a hemolinfa até chegar nas glândulas
salivares, onde continuam se replicando e residem até serem transmitidos a
hospedeiros vertebrados (Beerntsen et al.,2000). Mosquitos da população Vitória
infectados com a cepa Ribeirão Preto apresentaram tendência a um aumento da carga
viral, enquanto a população Vila Velha teve uma pequena redução da amplificação de
DENV-2 no 2º dia. De acordo com Smith et al. (2007), uma redução da carga viral logo
após a alimentação pode ser explicada por um momento que precede aquele em que
vírus estão em processo de invasão das células epiteliais do intestino. Neste momento,
provavelmente parte da população viral se perde no lúmen intestinal por não conseguir
invadir as células ou por ser atingida por enzimas digestivas e outros processos
agressivos intestinais. A partir deste momento, com a invasão celular, se inicia então o
processo de replicação com a retomada e crescimento da carga viral inicial e
disseminação em tecidos adjacentes.
São muitos os fatores que podem influenciar na competência vetorial de
populações naturais de mosquitos, como fatores genéticos, fisiológicos e ambientais
(Bósio et al., 1998 e Beerntsen et al.,2000) e que podem classificar populações naturais
em susceptíveis ou refratárias à infecção por patógenos. Fatores fisiológicos podem
atuar quando o mosquito ingere o patógeno, pois este fica exposto a enzimas
proteolíticas que são secretadas no lúmen intestinal para a digestão do sangue. Estas
enzimas digestivas podem ter um impacto positivo ou negativo para o patógeno
influenciando na competência do vetor (Gass, 1977 e Shahabuddin et al., 1996). Outro
fator é a grande variabilidade genética que pode ocorrer entre populações de Aedes
aegypti de diferentes regiões geográficas e entre cepas virais (Armstrong & Hesse,
2003; Bennett et al., 2002; Valzelle-Falcoz et al. 1999; Bosio et al., 2000) e, além disso,
a competência vetorial de arbovírus também pode estar relacionada com as barreiras
anatômicas para uma infecção produtiva do vetor. Bennett et al. (2002) descrevem que
potenciais vetores com MIB (Midgut Infection Barrier) apresentam baixa infectividade
D iscussão ________________________________
48
em função da falta de receptores virais na superfície da célula, ou as células epiteliais
do intestino não serem permissivas a este vírus. Vetores com MEB (Midgut Escape
Barrier) podem permitir a replicação do vírus no intestino, mas depois o vírus é incapaz
de sair do intestino para causar a disseminação da infecção. Beerntsen et al. (2000)
descreve que fatores comportamentais e ambientais podem desempenhar um papel
decisivo na determinação da competência de um vetor, como por exemplo, uma
determinada espécie não coexistir temporalmente e espacialmente com o hospedeiro
vertebrado que habita o parasita. Estes fatores podem explicar os diferentes
comportamentos observados nas populações naturais de mosquitos aqui estudadas
(Rockfeller, Red, Vitória ES, Vila Velha ES e São Fidélis – Ipuca RJ).
O conjunto de resultados de monitoramento do gene Ago em mosquitos
infectados ou em função da variedade alimentar podem estar sugerindo que a alta
expressão de Ago em mosquitos controle (alimentados apenas com sangue, sem o
vírus) implica na preparação do inseto para receber o vírus e, em seguida, bloquear sua
replicação, ativando os genes envolvidos na resposta antiviral via RNAi. Em contraste, a
baixa expressão de Ago, ou seja, a repressão deste gene em contato com o vírus
(DENV ou SINV) pode ocorrer em função da atividade de supressores de RNAi, um
conjunto de proteínas que bloqueiam genes envolvidos no mecanismo da Interferência
Mediada por RNA (Lichner, et al., 2003.) e, assim, tornando-se capazes de aumentar
consideravelmente seu título e disseminar nos tecidos do mosquito, o que não ocorreria
se o RNAi estivesse atuando de maneira eficaz.
As diferenças observadas na expressão de Ago na população Vila Velha nos
dois experimentos realizados (infecção e variedade alimentar) - figuras 14 e 24 - podem
ter ocorrido em função da metodologia utilizada. A alimentação com sangue, no
experimento de infecção foi realizada artificialmente, enquanto no outro experimento o
repasto sanguíneo foi natural, feito com camundongo. Este resultado sugere que a
melhor qualidade de sangue pode ser fundamental para estimular as vias de defesa
naturais dos mosquitos, implicando no aumento da expressão de genes envolvidos na
defesa antiviral. Valzelle-Falcoz et al. (1999) verificaram que a qualidade dos eritrócitos
é um fator determinante para o sucesso da infecção artificial oral. Outra possível via de
estimulação de mecanismos de defesa do mosquito pode estar relacionada ao sistema
imune do hospedeiro. Enquanto na alimentação natural o sangue total é consumido
D iscussão ________________________________
49
pelo mosquito, a alimentação artificial consiste no sangue com o plasma inativado, o
que diminuiria a necessidade do vetor em responder às defesas do hospedeiro.
Outras formas de defesas antivirais já foram identificadas em arbovirus,
relacionadas à variação da expressão gênica em função da alimentação sanguínea.
Trabalhos foram realizados monitorando genes da tripsina após ingestão de sangue por
mosquitos. Em Aedes aegypti existem três tripsinas: early tripsinas, que são
constitutivamente expressas antes da alimentação com sangue, e duas late tripsinas,
que são induzidas pelo sangue (Dana et al., 2005). Doherty et al. (1959), verificaram o
efeito de proteases em DENV-2 e observaram uma redução da infectividade do vírus
após 2h de tratamento com proteases a 37ºC. Dentre as proteases estudadas estavam
a pronase, a tripsina e a quimotripsina. Mais tarde, Doherty et al. (1963) observaram
uma maior redução da infectividade do vírus Sindbis, em relação ao DENV-2, na
presença destas mesmas proteases nas mesmas condições. Segundo Gorman & Goss
(1972), a alimentação com sangue induz a expressão de genes da família das tripsinas
em intestinos de mosquitos, e esta reduz a infectividade viral pela autólise dos
eritrócitos, impedindo assim a propagação viral. Sugere-se que, como ocorre a indução
da expressão de genes da tripsina pela alimentação sanguínea em insetos
hematófagos, o mesmo pode estar ocorrendo com o gene Ago em Aedes aegypti, como
um mecanismo fisiológico pra impedir a infecção persistente no mosquito.
A inibição da expressão do gene Ago em mosquitos infectados com DENV e
SINV (figuras 22, 23 e 24) sugere a inibição da resposta mediada pelo mecanismo de
RNAi em populações naturais de A.aegypti. Isso pode ser devido a uma capacidade
limitada na resposta antiviral das populações de insetos ou a presença de um supressor
de RNAi (RSS – Supressor de Silenciamento de RNA) produzido pelo vírus Dengue e
Sindbis que permitiria a infecção persistente no mosquito, escapando do sistema antiviral do inseto. Ainda não foram descritos RSSs sintetizados pelo vírus Dengue, mas
existem diversos já descritos em vírus de plantas (Voinnet, et al.,1999) insetos (Li, et al.,
2002) e mamíferos (Haasnoot, et al., 2007). Vírus expressam diferentes proteínas
supressoras de RNAi, e a supressão é essencial para uma eficiente infecção viral
(Lichner, et al., 2003). Sendo assim, esses resultados sugerem que possivelmente
existam supressores de RNAi que atuam na expressão de Ago, e que podem ser os
D iscussão ________________________________
50
responsáveis pelo sucesso de infecção no mosquito, como ocorreu em experimentos
anteriores realizados em células C6/36 (figura14).
Os dados aqui descritos são preliminares e experimentos serão repetidos para o
processamento dos resultados estatisticamente.
No entanto, estes dados apontam
para a importância do mecanismo de RNAi nos processos que levam a
susceptibilidade/refratoriedade de populações naturais de mosquitos Aedes aegypti à
infecção por dengue. A abordagem utilizada aqui pode ser utilizada para o mapeamento
dessas populações quanto à sua capacidade infectiva, norteando programas de
controle desta, e possivelmente outras doenças transmitidas por arbovírus.
Conclusões
_______________________________________________
51
7 – CONCLUSÕES
A expressão do gene Ago parece ser induzida pela alimentação com sangue, em
diferentes populações de mosquitos Aedes aegypti;
As populações naturais de mosquitos Aedes aegypti Vitória e São Fidélis
apresentaram uma baixa infectividade quando alimentadas com a cepa DENV-2
Jamaica 1409;
As populações naturais Vitória e Vila Velha mostraram uma alta infectividade
quando alimentadas com a cepa DENV-2 Ribeirão Preto;
Em geral, parece não ocorrer diferenças significativas na mortalidade de animais
infectados em relação aos insetos controle, exceto a população Vitória quando
infectada com a cepa DENV-2 Jamaica 1409;
Células em cultura C6/36 tiveram uma repressão do gene Ago quando infectadas
com vírus DENV-2;
Houve também uma redução dos níveis de expressão do gene Ago em
mosquitos infectados com arbovírus (DENV e SINV), sugerindo a presença de
supressores de RNAi inibindo a expressão do gene, assim como foi verificado
em células em cultura.
R eferências B ibliográficas ___________________________________
52
8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, R.N., SANTOS A., PINTO, F.S., GONTIJO, N.F., LEHANE M.J., PEREIRA
M.H. (2006) RNA interference of salivary gland nitrophorin 2 in the triatomine bug
Rhodnius prolixus (Hemíptera: Reduviidae) by dsRNA ingestion or injection.
Insect Biochemistry and Molecular Biology, 36: 683-693.
ARMSTRONG, P. M. e RICO-HESSE, R. (2003) Efficiency of dengue serotype 2
virus strains to infect and disseminate in Aedes aegypti. American Journal of
Tropical Medicine and Hygiene, 68(5): 539–544.
BAI, H., RAMASESHADRI, PALLI, S.R. (2007). Identification and characterization of
juvenile hormone esterase gene from the yellow fever mosquito Aedes aegypti.
Insect Biochemistry and Molecular Biology, 37: 829–837.
BEERNTSEN, B. T., JAMES, A. A., CHRISTENSEN, B. M. (2000) Genetics of
Mosquito Vector Competence. Microbiology and Molecular Biology Reviews, 64 (1):
115–137.
BENNETT, K.E., OLSON, K. E., MUÑOZ, M. de L., FERNANDEZ-SALAS, I., FARFANALE, J. A., HIGGS, S., BLACK IV, W. C. e BEATY, B. J. (2002) Variation in vector
competence for dengue 2 virus among 24 collections of Aedes aegypti from
Mexico and the United States. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene,
67(1): 85–92.
BERKHOUT, B., HAASNOOT, J. (2006) The interplay between virus infection and
the cellular RNA interference machinery. FEBS Letters: 1-7.
R eferências B ibliográficas ___________________________________
53
BERNSTEIN E., CAUDY, A. A., HAMMOND, S. M., HANNON G. J. (2001) Role for a
bidentate ribonuclease in the iniciation step of RNA Interference. Nature, 409: 363366.
BEZERRA, E. B., CASTRO JR., F.P., SANTOS, J. W., SANTOS, T.S., FERNANDES,
C.R.M. (2006) Biology and Thermal Exigency of Aedes aegypti (L.) (Diptera:
Culicidae) from Four Bioclimatic Localities of Paraíba. Neotropical Entomology, 35
(6): 853-860.
BLACK IV, W. C., BENNETT, K. E., GORROCHÓTEGUI-ESCALANTE, N., BARILLASMURY, C. V., FERNÁNDEZ-SALAS, I., MUÑOZ, M. L., FARFÁN-ALÉ, J. A., OLSON,
KEN E., BEATY, B. J. (2002) Flavivirus Susceptibility in Aedes aegypti. Arch. Med.
Res., 33 (4): 379– 388.
BLACK IV, W.C. and SEVERSON, D. (2005) Genetcs of Vector Competence. In: Beaty,
B. J. and Marquardt, W. C. The Biology of Disease Vectors. University Press Colorado,
p 415-448.
BLANDIN, S.; MOITA, L.F.; KOCHER, T.; WILM, M.; KAFATOS, F.C. e LEVASHINA,
E.A. (2002) Reverse genetics in the mosquito Anopheles gambiae: targeted
disruption of the defensin gene. EMBO Rep. v.3 p.852–856.
BOHMERT K., CAMUS, I., BELLINI, C., BOUCHEZ, D., CABOCHE, M., BENNING, C.
(1998) AGO1 defines a novel locus of Arabidopsis controlling leaf development.
The EMBO Journal, 17 (1): 170-180.
BOSHER, J.M., LABOUESSE, M. (2000). RNA Interference: genetic wand and
genetic watchdog. Nature Cell Biology, v.2: 31-36.
BOSIO, C. F., FULTON, R. E., SALASEK, M. L., BEATY, B. J. e BLACK IV, W. C.
(2000) Quantitative Trait Loci That Control Vector Competence for Dengue-2 Virus
in the Mosquito Aedes aegypti. Genetics, 156: 687–698.
54
R eferências B ibliográficas ___________________________________
BOSIO, C.F., BEATY, B.J., BLACK IV, W.C. (1998) Quantitative genetics of vector
competence for Dengue-2 virus in Aedes aegypti. Am. J. Med. Hyg., 59 (6): 965-970.
CASALI, C. G., PEREIRA, M. R. R., SANTOS, L. M. J. G., PASSOS, M. N. P., FORTES,
B. P. M. D., VALENCIA, L. I. O., ALEXANDRE, A. J. e MEDRONHO, R. A. (2004) A
epidemia de dengue/dengue hemorrágico no município do Rio de Janeiro,
2001/2002. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 37(4):296-299.
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, CDC. (2004). Disponível em
<
http://www.cdc.gov/ncidod/dvbid/dengue/Presence_DEN3_Americas.htm>
Acesso
novembro de 2007.
CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, CDC. [s.d]. Disponível em
<http://www.cdc.gov/ncidod/dvbid/dengue/#history> Acesso junho de 2007.
CERUTTI, L., MIAN, N., BATEMAN, A. (1999) Domains in gene silencing and cell
differentiation proteins: the novel PAZ domain and redefinition of the PIWI
domain. Trends Biochem. Sci., 481-482.
CHENG, L. L., BARTHOLOMAY, L. C., OLSON, K. E., LOWENBERGER, C., VIZIOLI,
J., HIGGS, S., BEATY, B. J., CHRISTENSEN, B. M. (2001) Characterization of an
endogenous gene expressed in Aedes aegypti using an orally infectious
recombinant Sindbis virus. Journal of Insect Science, 1(10): 1-7.
CLARO, L. B. L., TOMASSINI, H. C. B., ROSA, M. L.G. (2004) Prevenção e Controle
do Dengue: uma revisão de estudos sobre conhecimentos, crenças e práticas da
população. Caderno de Saúde Pública, 20, (6):1447-1457.
CLYDE, K., HARRIS, E. (2006) RNA secondary structure in the coding region of
Dengue virus type 2 directs translation start codon selection and is required for
viral replication. Journal of Virology, 80 (5): 2170-2182.
R eferências B ibliográficas ___________________________________
55
COELHO, A. R. B., SILVA, T. C. C. da. (2001) Dengue. Superintendência de
Planejamento, Epidemiologia e Informação da Secretaria do Estado da Saúde do
Espírito Santo, 1 (2): 15-18.
DANA, A. N., HONG, Y. S., KERN, M. K., HILLENMEYER, M. E., HARKER, B. W.,
LOBO, N. F., HOGAN, J. R., ROMANS, P. e COLLINS, F. H. (2005) Gene expression
patterns associated with blood-feeding in the malaria mosquito Anopheles
gambiae. BMC Genomics 2005, 6:5. http://www.biomedcentral.com/1471-2164/6/5.
DEGALLIER, N., TEIXEIRA, J. M. S., CHAIB, A. J. M., BARBOSA, H. M., CARVALHO,
M. S. L., OLIVEIRA, C., KNOX, M. B. (2001) Avaliação do risco de transmissão
silvestre da dengue no Brasil. Informe Epidemiológico do SUS, 10(1):13-15.
DOHERTY, R. L., CARLEY, J. G. e LEE, P. E. (1959) Studies of arthropod-borne
virus infections in Queensland. I. A serological survey of aboriginal missions
bordering the Gulf of Carpentaria. Australian Journal of Experimental Biology and
Medical Science, 37, 365.
DOHERTY, R.L., WHITEHEAD, R. N., GORMAN, B. M. e O'GOWER, G. K. (1963) The
isolation of a third group A arbovirus in Australia, with preliminary observations
on its relationship to epidemic polyarthritis. Australian Journal of Science 26, 183.
.
DONALÍSIO, M. R., GLASSER, C. M. (2002) Vigilância entomológica e controle de
vetores do Dengue. Rev. Brasileira de Epidemiologia, 5 (3): 259-269.
DONALÍSIO, M.R.C. (1995) O enfrentamento de epidemias: as estratégias e
perspectivas do controle da Dengue. Tese (Doutorado em Ciências Médicas).
Campinas, SP Universidade de Campinas - UNICAMP, ___pp.
DUNOYER, P., PFEFFER, S., FRITSCH, C., HEMMER, O., VOINNET, O., RICHARDS,
K. E. (2002) Identification, subcellular localization and some properties of a
R eferências B ibliográficas ___________________________________
56
cysteine-rich suppressor of gene silencing encoded by peanut clump virus. Plant
J., 29: 555-567.
EDIGIL, D., POLACEK, C., HARRIS, E. (2006) Dengue virus a novel strategy for
translation initiation when Cap-Dependent translation is inhibited. Journal of
Virology, 80 (6): 2976-2986.
FIRE, A., XU, S. Q., MONTGOMERY, M. K., KOSTAS, S. A., DRIVER, S. E. e MELLO,
C. C. (1998) Potent and specific genetic interference by double-stranded RNA in
Caenorhabditis elegans. NATURE, 391(6669):806-811.
FUNDAÇÃO NACIONAL DA SAUDE. (2002) Ministério da Saúde. Programa Nacional
de Controle da Dengue (PNCD). Brasília.
GAINES, P. J., OLSON, K. E., HIGGS, S., POWERS, A. M., BEATY, B. J., BLAIR, C. D.
(1996) Pathogen-derived resistence to dengue type 2 virus in mosquito cells by
expression ok the premembrane coding region of the viral genome. Journal
Virology, 70: 2132-37.
GALIANA-ARNOUX, D., DOSTERT, C., SCHNEEMANN, A., HOFFMANN, J .A.,
IMLER, J. L. (2006) Essential function in vivo for Dicer-2 in host defense against
RNA viruses in drosophila. Nature Immunology, 7 (6): 590-597.
GASS, R. F. (1977) Influences of blood digestion on the development of
Plasmodium gallinaceum (Brumpt) in the midgut of Aedes aegypti (L). Acta Trop.
34:127–140.
GENTILE, C., LIMA, J. B. P., PEIXOTO, A. A. (2005) Isolation of a fragment
homologous to the rp49 constitutive gene of Drosophila in the Neotropical malaria
vector Anopheles aquasalis (Diptera: Culicidae). Mem Inst Oswaldo Cruz 100 (6):
645-647.
R eferências B ibliográficas ___________________________________
57
GONÇALVES NETO, V. S., REBELO, J. M. M. (2004) Aspectos Epidemiológicos do
Dengue no Município de São Luiz do Maranhão, Brasil, 1997-2002. Caderno de
Saúde Publica, 20(5):1424-1431.
GORMAN, B. e GOSS, P. (1972) Sensitivity of Arboviruses to Proteases. J. Gen.
Virol. 6: 83-86.
GUBLER, D.J., (1998) Dengue and Dengue Hemorrhagic Fever. Clinical Microbiology
Reviews, 11(3): 480 -496.
HAASNOOT J. P. C., CUPAC D., BERKHOUT B. (2003) Inhibition of virus replication
by RNA Interference. J Biomed Sci, 10: 607-616.
HAASNOOT J.P.C., CUPAC D., BERKHOUT B. (2003) Inhibition of virus replication
by RNA Interference. J Biomed Sci, 10: 607-616, apud. SIJEN T., FLEENOR J.,
SIMMER F., THIJSSEN K. L., PARRISH S., TIMMONS L., PLASTERK R. H., FIRE A.
(2001) On the role of RNA amplification in dsRNA-triggered gene silencing. Cell,
107: 465-476.
HAASNOOT, J., VRIES, W., GEUTJES, E. J., PRINS, M., HAAN, P. e BERKHOUT, B.
(2007) The Ebola Virus VP35 Protein Is a Suppressor of RNA Silencing. PLoS
Pathog. 3(6): 794-803.
HAMMON, W., M., C., D., RUDNICK, A., SATHER, G., E. (1960) Viruses associated
wich epidemic hemorrhagic fever of the Philippines and Thailand. Science, 31:
1102-1103.
HENCHAL, E. A., and PUTNAK, J. R. (1990) The Dengue Viruses. Clinical
Microbiology Rewiews 4 (3): 376-396.
HERNANDEZ, R., FERREIRA, D., SINODIS, C., LITTON, K., BROWN, D. T. (2005)
Single amino acid insertions at the junction of the sindbis virus E2
R eferências B ibliográficas ___________________________________
58
transmembrane domain and endodomain disrupt virus envelopment and alter
infectivity. J Virol., 79(12):7682-97.
HIGGS, S. e BEATY, B.J. (1996) Rearing and containment of mosquito vectors. In:
BEATY, B.J. & MARQUARDT, W.C., (1996) editor, The Biology of Disease Vectors.
University Press of Colorado, 595-604.
HOA, N.T., KEENE, K.M., OLSON, K.E. and ZHENG, L. (2003). Characterization of
RNA interference in an Anopheles gambiae cell line. Insect Biochem. Mol. Biol. 33:
949–957.
HOWE, G.M. (1977) A world geography of human diseases. New York: Academic
Press, 302-317.
KAVI, H. H., FERNANDEZ, H., R., XIE, W., BIRCHLER, J. A. (2005) RNA silencing in
Drosophila. FEBS Letters, 579: 5940-5949.
KETTLE, D. S. (1995). Medical and Veterinary Entomology, 2nd edn. Wallingford:
CAB International.
KOW, C.Y, KOON, L.L, YIN, F.P. (2001) Detection of Dengue viruses in field caught
male Aedes aegypti and Aedes albopictus (Díptera: Culicidae) in Singapore by
type- specific PCR. Journal of Medical Entomology, 38: 475-479.
KUHN, R. J., Zhang W., Rossmann M. G. Pletnev S. V., Corver J., Lenches E., Jones,
C. T., Mukhopadhyay S., Chipman P., Strauss E. G., Baker T. S. (2002). Structure of
Dengue Virus: Implications for Flavivirus Organization, Maturation, and Fusion.
Cell, 108: 717–725.
LANCIOTTI, R. S., CALISHER C. H., GUBLER D. J., CHANG G. J., VORNDAM A. V.
(1992) Rapid Detection and Typing of Dengue Viruses from Clinical Samples by
R eferências B ibliográficas ___________________________________
59
Using Reverse Transcriptase-Polymerase Chain Reaction. Journal of Clinical
Microbiology., 30 (3): 545-551.
LENZI, M. F. e COURA, L. C. (2004) Prevenção da dengue: a informação em foco.
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 37(4):343-350.
LI, H., LI, W. X., DING, S. W. (2002) Induction and Suppression of RNA Silencing by
Animal Virus. Science, 296: 1319-1321.
LI, H-W., DING, S-W. (2005) Antiviral silencing in animals.
FEBS Lett, 579(26):
5965-5973.
LI, M. L., LIN, Y. H., SIMMONDS, H. A., STOLLAR, V. (2004) A mutant of Sindbis
virus which is able to replicate in cells with reduced CTP makes a
replicase/transcriptase with a decreased Km for CTP. J Virol. 78(18):9645-51.
LICHNER, Z., SILHAVY, D e BURGYA, J. (2003) Double-stranded RNA-binding
proteins could suppress RNA interference-mediated antiviral defences. Journal of
General Virology, 84: 975–980.
MA, L., JONES, C. T., GROESCH, T. D., KUHN, R. J., POST, C. B. (2004) Solution
structure of dengue virus capsid protein reveals another fold. PNAS, 101(10):
3414-3419.
MATHESON, R.
(1932). The utilization of aquatic plants as aids in mosquito
control. Rep. Smithson. Instn: 413-30.
McCLOUD, T., G., CARDIFF, R., D., BRANDT, W., E., CHEIWSILP, D. & RUSSEL, P.,
K. (1971) Separation of dengue strains on the basis of a nonstructural antigen.
Amer. J. trop. Med. Hyg, 20: 964-968.
R eferências B ibliográficas ___________________________________
60
MIAGOSTOVICH, M., P., SEQUEIRA, P. C., SANTOS, F., B., MAIA, A., NOGUEIRA,
R., M., R., SCHATZMAYR, H., G., HARRIS, E., RILEY, L., W. (2003) Molecular typing
of dengue vírus type 2 in Brazil. Rev. Inst. Med. Trop. S. Paulo, 45(1): 17-21.
MINISTÉRIO DA SAUDE: Histórico dos casos de Dengue (2001). Disponível em
http://dtr2001.saude.gov.br/dengue/historico/ casos_dengue.pdf.
MODIS Y., OGATA, STEVEN, CLEMENTS, DAVID, HARRISON, STEPHEN C. (2004)
Structure of the dengue virus envelope protein after membrane fusion. Nature,
427: 313-315.
MUDIGANTI, U., HERNANDEZ R., FERREIRA, D., BROWN, D. T. (2006) Sindbis
vírus infection of two model insect cell systems – A comparative study. Virus Res.,
122(1-2):28-34.
MULLER, H. M., CRAMPTOM J. M., TORRE, A. D., SINDEN, R., CRISANTI, A. (1993)
Members of a trypsin gene family in Anopheles gambiae are induced in the gut by
blood meal. The EMBO Journal (7), 12: 2891 -2900.
MUNSTERMANN, L. E., CONN, J. E. (1997). Systemacts of mosquito disease
vectors (Díptera, Culicidae): impact of molecular biology and cladistic analysis.
Ann. Rev. Entomol. 42, 351-369.
MYLES, K. M., PIERRO, D. J., OLSON, K. E. (2003) Deletions in the putative cell
receptor-binding domain of Sindbis virus strain MRE16 E2 glycoprotein reduce
midgut infectivity in Aedes aegypti. J Virol., 77(16):8872-8881.
NAPOLI, C., LEMIEUX, C. e JORGENSEN, R. (1990) lntroduction of a Chimeric
Chalcone Synthase Gene into Petunia Results in Reversible Co-Suppression of
Homologous Genes Ín trans. The Plant Cell, 2: 279-289.
R eferências B ibliográficas ___________________________________
61
NOGUEIRA, R.M.R, MIAGOSTOVICH, M.P, SCHATZMAYR, H.G. (2000) Molecular
epidemiology of Dengue viruses in Brazil. Caderno de Saúde Pública, 16 (1): 205211.
NOVINA, C. D. & SHARP, P. A. (2004) The RNAi Revolution. Nature, 430: 161 – 164.
OKAMURA, K., ISHIZUKA, A., SIOMI, H., SIOMI, M. (2004) Distinct roles for
Argonaute proteins is small RNA-direct RNA cleavage pathways. Genes &
Development, 18: 1655-66.
OLSON, K. E., ADELMAN, Z. N., TRAVANTY E. A., SANCHEZ-VARGAS, I.,BEATY, B.
J., BLAIR, C. D. (2002) Developing arbovirus resistence in mosquitoes. Insect
Biochem. Mol. Biol, 32: 1333-1343.
PFEFFER, S., DUNOYER P., HEIM, F., RICHARDS, K. E., JONARD, G., ZIEGLERGRAFF, V. (2002) P0 of Beet Western Yellows Virus Is a Suppressor of
Posttranscriptional Gene Silencing. Journal of Virology, 76 (13): 6815-6824.
PUIG-BASAGOITI F., TILGNER, M., FORSHEY, B. M., PHILLPOTT, S. M., ESPINA, N.
G., WENTWORTH D. E., GOEBEL, S. J., MASTERS, P. S., FALGOUT, B., REN, P.,
FERGUSON, D. M., SHI, P-Y. (2006) Triaryl Pyrazoline Compound Inhibits
Flavivirus RNA Replication. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, 4 (50): 1320-29.
REED J.C., KASSCHAU K.D., PROKHNEVSKY, A.I., GOPINATH, K., POGUE, G.P.,
CARRINGTON, J.C., DOLJA, V.V. (2003) Suppressor of RNA silencing encoded by
Beet yellows virus. Virology, 306: 203–209.
RHÊME, C., EHRENGRUBER, M. U. e GRANDGIRARD, D. (2004) Alphaviral
cytotoxicity and its implication in vector development . Experimental Physiology
90(1): 45- 52.
R eferências B ibliográficas ___________________________________
62
RONEMUS, M., VAUGHN, M. W., MARTIENSSEN, R. A. (2006) MicroRNA-Targeted
and small Interfering RNA-mediated mRNA degradation is regulated by
Argonaute, Dicer, and RNA-dependent RNA polymerase in Arabidopsis. The Plant
Cell, 18: 1559-1574.
RUSSEL, P., K. & McCOWN, J., M. (1972) Comparision of dengue 2 e dengue 3
virus strains by neutralization tests and identification of a sorotype of dengue 3.
Amer. J. trop. Med. Hyg, 21: 97-99.
SABIN, A., B. (1952) Research on dengue during Word War II. Amer. J. trop. Med.
Hyg, 1: 30-50.
SANCHEZ-VARGAS, I., TRAVANTY, E. A., KEENE, K. M., FRANZ, A. W. E., BEATY B.
J., BLAIR, C. D., OLSON, K. E. (2004) RNA interference, arthropode-borne viruses,
and mosquitoes. Virus Research, 102: 65-74.
SANDERS, H. R., FOY, B. D., EVANS, A. M., ROSS, L. S., BEATY, B. J., OLSON, K.
E., GILL, S. S. (2005) Sindbis virus induces transport processes and alters
expression of innate immunity pathway genes in the midgut of the disease vector,
Aedes aegypti. Insect Biochemistry and Molecular Biology, 35: 1293–1307.
SARDAGNA, A.A. (2003). Caracterização molecular de Dengue Vírus sorotipo 1
autóctones ao Distrito Federal-Brasil. Dissertação (Mestrado em Ciências Genômicas e
Biotecnologia). Brasília, Distrito Federal. Universidade Católica de Brasília, ___pp.
SECRETARIA de SAÚDE e DEFESA CIVIL do ESTADO do RIO de JANEIRO.
Histórico de Casos de Notificados de Dengue 1986-2008 (REGIÃO/MUNICÍPIO).
http://www.saude.rj.gov.br/Acoes/Dengue_estado.shtml.
SHAHABUDDIN, M., F. J. A. LEMOS, D. C. KASLOW, e M. JACOBS-LORENA. (1996)
Antibody-mediated inhibition of Aedes aegypti midgut trypsins blocks sporogonic
development of Plasmodium gallinaceum. Infect. Immun. 64: 739–743.
63
R eferências B ibliográficas ___________________________________
SILVA, T. C. C. da, RIBEIRO, A. S., ARDISSON, K. S., CORDEIRO, G., DAMASCENO,
D. M., Colegiado Técnico de Dengue e Febre Amarela. (2003) Dengue: classificação
de áreas de risco para epidemia no Estado do Espírito Santo, 2002-2003. Boletim
Epidemiológico, Vitória, 3(3, 4): 30-33.
SMITH, D. R., ADAMS, A. P., KENNEY, J. L., WANG, E., WEAVER, S. C. (2007)
Venezuelan
equine
encephalitis
virus
in
the
mosquito
vector
Aedes
taeniorhynchus: Infection initiated by a small number of susceptible epithelial
cells and population bottleneck. Virology. Available on line www.sciencedirect.com
SONG, J. J., SMITH, S. K., HANNON, G. J. e JOSHUA-TOR, L. (2004) Crystal
Structure of Argonaute and Its Implications for RISC Slicer Activity. Science,
305(5689):1409-1410.
STRAUS, J. & STRAUS, E. (2002). Viruses and Human Disease. Orlando, Flórida,
85-100 p.
TARDIEUX, I, POUPEL, O., LAPCHIN L., RODHAIN, F. (1990) Variation among
strains of Aedes aegypti in susceptibility to oral infection with dengue virus type
2. Am J Trop Med Hyg, 43: 308-313.
TEIXEIRA, M. G., COSTA, N. M. G., BARRETO, M. L., BARRETO, F. R. (2001)
Epidemiologia do dengue em Salvador-Bahia,1995-1999. Rev. Soc. Bras.de Med.
Trop., 34(3): 269-274.
VALZELLE-FALCOZ, M., MOUSSON, L., RODHAIN, F., CHUNGUE, E., FAILLOUX, A.
B. (1999) Variation in oral susceptibiliy to dengue type 2 virus of populations of
Aedes aegypti from the the Islands of Tahiti and Morea, French Polynesia. Am.
Journal Med Hyg, 60 (2): 292-99.
R eferências B ibliográficas ___________________________________
64
VOINNET O., LEDERER C., BAULCOMBE D. C. (2000) A Viral Movement Protein
Prevents Spread of the Gene Silencing Signal in Nicotiana benthamiana. Cell, 103:
157-167.
VOINNET O., PINTO Y. M., BAULCOMBE D. C. (1999) Suppression of gene
silencing: a general strategy used by diverse DNA and RNA viruses of plants. Proc
Natl Acad Sci, 96: 14147-14152.
WOLFF, C., KRUPPAB, T., DREIERA, J., MEULENB J. (2001) Rapid elimination of
GB virus C (hepatitis G virus) in the mosquito Aedes aegypti. Microbes and
Infection, 3: 683-687.
WORLD
HEALTH
ORGANIZATION
(1995)
GUIDELINES
FOR
DENGUE
SURVEILLANCE AND MOSQUITO CONTROL (WHO).
XIONG C., LEVIS R., SCHLESINGER S., RICE C. M., HUANG H. V., (1989) Sindbis
virus: an efficient, broad host range vector for gene expression in animal cells.
Science, 243: 1188-1191.
XU, T., SAMPATH, A., CHAO, A., WEN, D., NAMAO, M., CHENE, P., VASUDEVAN S.
G., LESCAR, J. (2005) Structure of the Dengue Virus Helicase/Nucleoside
Triphosphatase Catalytic Domain at a Resolution of 2.4°A. Journal of Virology,
79(16): 10278-10288.
ZHANG, W., MUKHOPADHYAY, S., PLETNEV, S. V., BAKER, T. S., KUHN, R. J.,
ROSSMANN, M. G. (2002) Placement of the Structural Proteins in Sindbis Virus.
Journal of Virology, 76(22): 11645–11658.
Download