Tramadol HCl (P344/98) Analgésico opióide (psicotrópico) Denominação química: Cloridrato de tramadol Peso molecular: 299,84 Fórmula molecular: C16H25NO2.HCl Fator de correção (Fc): não se aplica Fator de equivalência (FEq): 1,0 O Tramadol HCl é um analgésico opióide, utilizado para dor de intensidade moderada a grave, de caráter agudo, subagudo e crônico. Produz menos efeitos secundários típicos dos opióides e tem menor potencial de causar dependência, por isso é bastante usado para tratamento da dor. Propriedades • Analgésico opióide para dor de intensidade moderada a grave Mecanismo de ação O Tramadol HCl é um agonista (substância que se liga a uma porção celular – chamada receptor – simulando a ação de outra) que age nos receptores opióides do sistema nervoso, com efeito analgésico, utilizado para aliviar a dor. Propriedades farmacodinâmicas O tramadol é um analgésico opióide de ação central. É um agonista puro não seletivo dos receptores opióides μ (mi), δ (delta) e κ (kappa), com uma afinidade maior pelo receptor μ (mi). Outros mecanismos que contribuem para o efeito analgésico de tramadol são a inibição da recaptação neuronal de noradrenalina e o aumento da liberação de serotonina. O tramadol tem um efeito antitussígeno. Em contraste com a morfina, de uma maneira geral, doses analgésicas de tramadol não apresentam efeito depressor sobre o sistema respiratório. A motilidade gastrintestinal também não é afetada. Os efeitos no sistema cardiovascular tendem a ser leves. Foi relatado que a potência de tramadol é 1/10 a 1/6 da potência da morfina. Propriedades farmacocinéticas Após administração intramuscular em humanos, tramadol é rápida e completamente absorvido: o pico médio de concentração sérica (Cmáx) é atingido após 45 minutos, e a biodisponibilidade são quase 100%. Mais de 90% de tramadol é absorvido após administração oral em humanos (cloridrato de tramadol cápsulas). A meia-vida de absorção é de 0,38 ± 0,18 h. Uma comparação das áreas sob as curvas das concentrações séricas de tramadol (AUC) após administração oral e I.V. mostra uma biodisponibilidade de 68 ± 13% para cloridrato de tramadol. Comparado com outros analgésicos opióides a biodisponibilidade absoluta de cloridrato de tramadol é extremamente alta. Os picos de concentrações séricas são alcançados após 2h após administração de cloridrato de tramadol na forma de cápsulas. O tramadol apresenta uma alta afinidade tecidual (Vd,β(beta) = 203 ± 40 L) e cerca de 20% liga-se às proteínas plasmáticas. O tramadol atravessa as barreiras placentária e hematoencefálica. Pequenas quantidades de tramadol e do derivado O-desmetil são encontradas no leite materno (0,1% e 0,02%, da dose aplicada respectivamente). A inibição das isoenzimas CYP3A4 e/ou CYP2D6 envolvidas na biotransformação de tramadol pode afetar a concentração plasmática de tramadol ou seus metabólitos ativos. Até o momento, não foram observadas interações clinicamente relevantes. O tramadol e seus metabólitos são quase completamente excretados via renal. A excreção urinária cumulativa é 90% da radioatividade total da dose administrada. A meia-vida de eliminação (t1/2,β) é de aproximadamente 6 horas, independentemente da via de administração. Em pacientes acima de 75 anos de idade, a meia-vida de eliminação pode ser prolongada por um fator de aproximadamente 1,4. Em pacientes com cirrose hepática, as meias-vidas de eliminação são de 13,3 ± 4,9 h (tramadol) e 18,5 ± 4,9 h (Odesmetiltramadol); em um caso extremo, determinou-se 22,3 h e 36 h, respectivamente. Em pacientes com insuficiência renal (clearance de creatinina < 5 mL/minuto), os valores foram 11 ± 3,2 h e 16,9 ± 3 h; em um caso extremo 19,5 h e 43,2 h, respectivamente. Em humanos, o tramadol é metabolizado principalmente por N- e O-desmetilação e conjugação dos produtos da Odesmetilação com ácido glicurônico. Somente o O-desmetiltramadol é farmacologicamente ativo. Há diferenças quantitativas interindividuais consideráveis entre os outros metabólitos. Até o momento, onze metabólitos foram detectados na urina. Experimentos em animais demonstraram que O-desmetiltramadol é 2-4 vezes mais potente do que o fármaco inalterado. A meia-vida t1/2,β (6 voluntários sadios) é de 7,9 h (5,4 – 9,6 h), bastante similar à meiavida de tramadol. O tramadol tem um perfil farmacocinético linear dentro da faixa de dose terapêutica. A relação entre concentrações séricas e o efeito analgésico é dose-dependente, mas varia consideravelmente em casos isolados. Uma concentração sérica de 100-300 ng/mL é usualmente eficaz. Dados de segurança pré-clínicos Após a administração repetida oral e parenteral de tramadol por 6-26 semanas em ratos e cães, e após administração oral por 12 meses em cães, testes hematológicos, clínico-químicos e histológicos não demonstraram evidências de alterações relacionadas à substância. Somente ocorreram manifestações no sistema nervoso central após doses altas, consideravelmente acima da dose terapêutica (agitação, salivação, convulsão e redução do ganho de peso). Ratos e cães toleraram doses orais de 20 mg/kg e 10 mg/kg de peso corpóreo, respectivamente, e cães toleraram doses retais de 20 mg/kg de peso corpóreo, sem qualquer reação. Em ratos, doses de no mínimo 50 mg/kg/dia de tramadol causaram toxicidade materna e aumento da mortalidade neonatal. Os problemas com a prole foram distúrbios de ossificação e retardo na abertura vaginal e dos olhos. A fertilidade masculina não foi afetada. Após doses elevadas (mínimo de 50 mg/kg/dia), as fêmeas sofreram redução na ocorrência de gravidez. Em coelhos, foi relatada toxicidade materna em doses superiores a 125 mg/kg e anomalias esqueléticas na prole. Em alguns testes in vitro, houve evidência de efeitos mutagênicos. Estudos in vivo não demonstraram tais efeitos. Até o momento, tramadol pode ser classificado como não mutagênico. Foram realizados estudos quanto ao potencial tumorigênico do tramadol em ratos e camundongos. O estudo em ratos não demonstrou evidência de aumento na incidência de tumores devido a essa substância. No estudo em camundongos, houve uma incidência aumentada de adenomas de células hepáticas em animais machos (aumento dose-dependente, não significativo a partir de 15 mg/kg) e um aumento nos tumores pulmonares em fêmeas de todos os grupos de doses (significativo, mas não dose-dependente). Posologia As doses habituais são de 50 a 400mg ao dia, divididos em tomadas a cada 4 ou 6 horas. A dose máxima diária recomendada não deve passar de 600mg. Indicações Tramadol HCl é um analgésico opióide indicado para dor de intensidade moderada a grave. Contraindicações Como não estão disponíveis evidências adequadas na segurança de tramadol em mulheres grávidas, cloridrato de tramadol não deve ser utilizado durante a gravidez. O cloridrato de tramadol não deve ser usado por mulheres que estejam amamentando. Geralmente, não há necessidade de interromper a amamentação após uma única dose de cloridrato de tramadol. Tramadol HCl não pode ser utilizado por pessoas que tenham feito tratamento com inibidores da MAO (Antidepressivo que inibe a enzima que metaboliza o neurotransmissor serotonina) nos últimos 14 dias; pessoas com epilepsia não controlada com tratamento; abstinência a narcóticos e outros psicotrópicos. Não é indicada a ingestão de bebidas alcoólicas durante o tratamento com Tramadol HCl. Interações medicamentosas O Tramadol HCl pode aumentar a atividade das medicações psicotrópicas (que agem no Sistema Nervoso Central) especialmente dos antidepressivos tricíclicos e inibidores da recaptação da serotonina e dos neurolépticos inclusive aumentando o potencial risco de essas medicações desencadearem convulsões. Há possibilidade de redução da eficácia e/ou da duração da ação de tramadol quando ele for usado junto com a carbamazepina, buprenorfina, naburfina e pentazocina. Também há possibilidade disso acontecer quando usado com medicamentos que alterem a função das enzimas hepáticas que são responsáveis pelo metabolismo, tais como o cetoconazol e a eritromicina. O uso de cloridrato de tramadol com anticoagulantes derivados cumarínicos (por exemplo, warfarina) pode aumentar o risco de sangramento. Reações adversas As reações adversas mais comumente relatadas são: náusea e tontura, ambas ocorrendo em mais de 10% dos pacientes. • Comum: dor de cabeça, sonolência, vômito, constipação (prisão de ventre), boca seca, transpiração, fadiga (cansaço). • Incomum: regulação cardiovascular (palpitação, taquicardia, hipotensão postural ou colapso cardiovascular), ânsia de vômito, irritação gastrintestinal (uma sensação de pressão no estômago ou de distensão abdominal (sensação de estômago cheio), diarréia, reações dérmicas (por ex.: prurido (coceira), rash (erupções na pele), urticária). • Raro: bradicardia (diminuição da frequência cardíaca), hipertensão (aumento da pressão sanguínea), alterações no apetite, parestesia (sensação de formigamento), tremores, depressão respiratória, convulsão epileptiforme, contrações musculares involuntárias, coordenação anormal, desmaio, alucinações, confusão, distúrbios do sono, ansiedade, pesadelos, alteração do humor, aumento e/ou redução da atividade (hipo ou hiperatividade), alterações na capacidade cognitiva (de perceber e compreender) e sensorial (dos sentidos), dependência do medicamento, visão turva, dispnéia (dificuldades para respirar), fraqueza motora, distúrbios de micção (dificuldade na passagem da urina, disúria (dificuldade ou dor ao urinar) e retenção urinária, reações alérgicas (por ex.: dispneia, broncoespasmo – redução do calibre dos brônquios – ronco, edema angioneurótico – inchaço na pele e das mucosas), anafilaxia (reação alérgica grave), sintomas de reação de retirada (abstinência) do medicamento tais como agitação, ansiedade, nervosismo, insônia, hipercinesia (aumento dos movimentos), sintomas gastrintestinais. Não conhecido: distúrbio da fala, midríase (dilatação da pupila). • Outros sintomas que foram relatados raramente após a descontinuação do tramadol incluem: ataque de pânico, ansiedade grave, alucinação, parestesia, zumbido e sintomas incomuns do SNC (por ex.: confusão, alucinação (ilusão), personalização, desrealização, paranoia), rubor e fogacho (sensação de calor). Recomendações farmacotécnicas FATOR DE CORREÇÃO (Fc): não se aplica FATOR DE EQUIVALÊNCIA (FEq): 1,0 Excipientes compatíveis: celulose microcristalina, dióxido de silício, estearato de magnésio, amidoglicolato de sódio, talco. Informações de armazenamento Verificar a informação no rótulo do produto. Referências bibliográficas http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=5404802013&pIdAnexo=16842 99 – último acesso: 16/05/2017. https://remediobarato.com/cloridrato-de-tramadol-bula-completa--brainfarma-industria-quimica-e-farmaceutica-sa--para-o-profissional.html - último acesso: 16/05/2017. Sweetman SC, et al. Martindale – Guia completo de consulta farmacoterapêutica. Barcelona, 2005 2ª Ed. Última atualização: 16/05/2017 CE.