Termodinâmica e Termoquímica

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Termodinâmica e Termoquímica
Introdução
A ciência que trata da energia e suas transformações é conhecida como
termodinâmica. A termodinâmica foi a mola mestra para a revolução industrial, portanto
o estudo e compreensão dos processos termodinâmicos eficientes sofreram, neste
período, um grande impulso. Nas engenharias o uso da termodinâmica se dá
principalmente no funcionamento dos motores. Na química, contudo, a termodinâmica
tem outras aplicações também importantes tal como a explicação dos processos
energéticos envolvidos nas reações e transformações químicas. Em química, veremos que
a direção na qual uma reação se processa é determinado por dois fatores: as variações
energéticas e entrópicas. Nesta seção, trataremos os processos e transformações
energéticas, em particular na forma de calor, que pode ser obtido nas reações químicas. O
estudo quantitativo das variações energéticas (calor) associadas com as reações químicas
é denominada de termoquímica. Neste sentido, a termoquímica é uma parte de um
assunto maior que é a termodinâmica.
Antes de começar nossos estudos envolvendo variações do calor e energia nas
reações químicas, necessitamos estudar alguns conceitos fundamentais da termodinâmica.
Iniciaremos com a energia. Energia, assim como a matéria, é um conceito muito difícil de
se definir precisamente. Usaremos a seguinte definição:
Energia é a capacidade de realizar trabalho ou transformar calor.
Quando uma força é aplicada em um objeto para desloca-lo de um ponto a outro,
dizemos que foi realizado trabalho sobre o objeto. Este trabalho (W) pode ser calculado
pela expressão:
W=Fxd
(1)
onde, F é a força aplicada e d o deslocamento do objeto. No sistema internacional de
medidas a unidade de calor é o Joule (J).
O calor é energia que é transferida num dado processo, como o resultado da
variação da temperatura. O calor sempre flui do objeto mais quente para o mais frio, isto
é o de mais alta temperatura para o de mais baixa. A nível atômico e molecular observase que a energia cinética das partículas varia com a temperatura. Se a temperatura
aumenta a energia cinética média (Ec) cresce e conseqüentemente se a temperatura
diminui a energia cinética decresce. Observa-se também o fluxo de calor entre dois
objetos ocorrerá até que eles atinjam a mesma temperatura.
Do ponto de vista do fluxo de calor, podemos distinguir dois tipos de reações: as
reações exotérmicas e as endotérmicas.
As reações endotérmicas são aquelas nas quais um sistema reativo absorve calor
do meio ambiente. Um exemplo comum deste tipo de reação é a fusão do gelo, cujo
processo é representado pela seguinte equação química:
H2O(s)
Æ
H2O(l)
Este processo absorve calor do meio ambiente ou o meio na qual os cubos de gelos estão
em contato. Isto implica numa diminuição da temperatura do meio ambiente.
As reações exotérmicas se caracterizam por liberarem energia para o meio
ambiente. Observa-se que a maioria das reações realizada em laboratórios é exotérmica.
Um exemplo disto é a combustão do metano dada pela equação abaixo;
CH4(g) + 2O2(g) → CO2(g) + 2H2O(l)
Nas reações exotérmicas há, em geral, transferência de energia para o meio ambiente
implicando em um aumento de temperatura.
Vimos que nos dois tipos de reações há troca de calor entre o sistema reativo e o
meio ambiente. Este fluxo de calor é denominado de entalpia. De acordo com esta
definição podemos dizer que:
-Nas reações exotérmicas a entropia decresce e a entalpia dos produtos é menor do que a
dos reagentes, isto é


∆H = ∑ H produtos − ∑ H reagentes  < 0

 i
j
(reação exotérmica)
Nas reações endotérmicas a entalpia do sistema reativo cresce, isto é, a entalpia
dos produtos é maior do que a dos reagentes, veja figura abaixo.


∆H = ∑ H produtos − ∑ H reagentes  > 0
 i

j
(reação endotérmica)
As Leis Fundamentais da Termodinâmica
1)- Primeira Lei da Termodinâmica
Uma das conseqüências mais importantes dos processos reativos está na
conservação de energia, conhecida como primeira lei da termodinâmica. Esta lei pode ser
enunciada de várias formas distintas tais como;
A energia não pode ser criada ou destruída, mas somente transformada de uma
forma a outra.
Um outro enunciado alternativo desta lei é o seguinte;
A energia total de um sistema isolado do seu entorno é uma constante.
Ou ainda;
A variação de energia interna de um sistema é igual à diferença entre o
calor trocado pelo sistema e o trabalho realizado durante o processo.
Por sistema entendemos qualquer parte do universo na qual temos um particular
interesse, como por exemplo as substâncias que fazem parte de uma reação química no
interior de um recipiente. Pelo seu entorno entendemos todo o resto do universo
envolvendo as substâncias (o sistema). A energia pode ser transferida tanto do sistema
para o meio ambiente como do meio ambiente para o sistema. O que se conserva é a
energia envolvida no processo como um todo, isto é
∆E = Efinal - Einicial = q + W
(2)
A variação da energia ∆E é igual a soma do calor (q) transferido ou recebido mais o
trabalho realizado. Esta expressão matemática é a própria lei de conservação de energia,
conhecida também como a primeira lei da termodinâmica.
Nos processos reativos pode ocorrer, por exemplo, uma variação de volume (∆V).
Esta expansão implica numa realização de trabalho, a qual pode ser matematicamente
escrita por;
∆E = Efinal - Einicial = q + W = q - P∆V
onde P é a pressão sobre o sistema. Dai tiramos que se não há variação de volume não
haverá realização de trabalho e toda a energia transferida no processo, será em forma de
variação de calor (q).
A equação acima pode ser reescrita também da seguinte forma;
∆E + P∆V = q
Muitas reações se processam em ambientes abertos e, portanto a uma pressão
constante. Para estas reações o calor que flui a uma pressão constante não é igual à
variação da energia interna do sistema, mas sim igual a ∆E + P∆V. Nestes casos é
conveniente introduzir uma outra propriedade do sistema, denominada entalpia. A
entalpia é defina pela expressão
H = E + PV
Sendo a energia (E), a pressão (P) e o volume (V) funções de estado tem-se que a entalpia
(H) também o é. Portanto,
∆H = ∆E + ∆(PV)
Como a pressão é constante, tem-se que:
entalpia é igual fluxo de calor envolvido no processo a um pressão constante
isto é
∆H = ∆E + P∆V = q
Por exemplo;
2H2(g) + O2(g)
→
2H2O(l)
∆H = -571,6 kJ (exotérmica)
Calor ou entalpia de reação
•Calor de Fusão
H20(s) --> H20(l) H= +1,7 Kcal/mol
H20(l) -->H20(s) H= -1,7 Kcal/mol
H20(l)-->H20(v) H= +10,5 Kcal/mol
H20(v) --> H20(l) H= -10,5 Kcal/mol
HCl(g) + H20(l) --> H3O+ + Cl- H
HCl(aq) + NaOH(aq) --> NaCl(aq) + H20(l)
•Calor de solidificação
•Calor de Vaporização
•Calor de Condensação
•Calor de dissolução
•Calor de Neutralização
•Calor de Formação
(à 25oC e 1atm)
* Um mol de uma substancia simples;
* Condições ambientes de 25ºC e 1 atm;
* Estado físico habitual, nas condições ambientes;
* Estado alotrópico mais estável.
•Calor de Combustão
Combustão é a reação entre um combustível e um comburente, liberando calor.
CH4 + 2O2 --> CO2 + 2 H2O H= -212,8 Kcal/mol
Lei de Hess
O valor de ∆H para uma reação é o mesmo, seja a reação direta ou
em etapas. Isto significa que, se uma equação termoquímica puder ser
expressa pela soma de duas ou mais outras equações,
Equação (3) = Equação (1) + Equação (2) + ...
Então ∆H para a equação total é a soma dos ∆H das equações individuais:
∆H3 = ∆H1 + ∆H2 + ...
Esta relação é conhecida como Lei de Hess.
Energia de Ligação
•A força de uma ligação entre dois átomos pode ser descrita pela
energia de ligação. (Mais apropriada, porém não tão comum, é a
denominação entalpia de ligação). A energia de ligação é o ∆H
quando 1 mol de ligações é quebrado no estado gasoso.
H
C
N
O
S
F
Cl
Br
I
Tabela 9.6 Energias de ligações simples (kJ/mol) a 25°C
H
C
N
O
S
F
Cl
Br
436
414
389
464
339
565
431
368
347
293
351
259
485
331
276
159
222
272
201
243
138
184
205
201
226
285
255
213
153
255
255
243
218
193
Energia de Ligação
I
297
218
201
277
209
180
151
Tabela- Comparação entre energias de ligação (kJ/mol)
Ligação
simples
C-C
C-N
C-O
C-S
N-N
N-O
O-O
S-O
Energia
de
ligação
347
293
351
259
159
222
138
347
Ligação
dupla
C=C
C=N
C=O
C=S
N=N
N=O
O=O
S=O
Energia
de
ligação
612
615
715
477
418
607
498
498
Ligação
tripla
C AC
C AN
CAO
Energia
de
ligação
820
890
1075
N AN
941
A variação da Entropia ∆S
Para se decidir se uma certa reação será espontânea a uma dada temperatura e
pressão, devemos considerar outro fator além do ∆H, que é a variação de entropia para a
reação ∆S:
∆S = Sprodutos – Sreagentes
A entropia de uma substância, como a sua entalpia, é uma de suas propriedades
características. Como veremos nas próximas seções, a entropia é uma medida do grau de
desordem de uma substância.
A variação da energia livre ∆G
Afirmamos anteriormente que há duas grandezas termodinâmicas que afetam a
espontaneidade de uma reação. Uma delas é entalpia (H) e a outra é entropia (S). O
problema é como associar estas duas grandezas para gerar uma única função que
descreva o grau de espontaneidade de uma reação. Este problema foi resolvido,
matematicamente, pela primeira vez por Gibbs. Gibbs estabeleceu que:
Para uma reação, a variação de energia livre, ∆G, é diferença entre as energias
livres dos produtos e reagentes.
∆G = ∆Gprodutos - ∆Greagentes
Gibbs demonstrou experimentalmente que o sinal de ∆G pode ser usado para determinar
se uma reação é ou não espontânea. Para uma reação executada a temperatura e pressão
constante:
i)-
Se ∆G é negativo (∆G < 0), a reação é espontânea
ii)iii)-
Se ∆G é positivo (∆G > 0) a reação não é espontanear
Se ∆G é zero (∆G = 0), o sistema reativo está em equilíbrio
Nestes termos Gibbs propôs a seguinte relação matemática para o cálculo da
energia livre (∆G);
∆G = ∆H - T∆S
Então, podemos dizer que uma reação exotérmica (∆H < 0) acompanhada de uma
variação positiva na entropia (∆S > 0) privilegia as reações espontâneas.
Entropia e a Segunda Lei da Termodinâmica
Lembrando alguns conceitos básicos
- Termodinâmica é o nome que se dá ao estudo dos processos nos quais a energia é
transferida como calor ou trabalho
-Não confundir trabalho com calor:
- Calor é definido como a transferência de energia por variação de temperatura
- Trabalho é uma forma de transferir energia sem variar a temperatura
- O que é um sistema?
Sistema é qualquer objeto ou conjunto de objetos que desejamos estudar. Tem-se
vários tipos de sistemas:
-Sistema fechado:
-Sistema aberto:
-Sistema isolado:
neste caso não há perda ou ganho de massa
neste caso há troca de massa com a vizinhança
neste caso não há troca de qualquer forma de
energia com a sua vizinhança
- Primeira Lei da Termodinâmica: "A energia se conserva"
- Como Verificar se a Primeira Lei não está sendo Violada?
Por exemplo: Um copo de vidro ao cair de uma mesa ele transforma energia
potencial em cinética e em seguida se quebra transformando esta energia cinética em
diferentes formas de energia. Sabemos que espontaneamente o copo não faz o caminho
inverso, isto é, os pedaços são agrupados formando o copo que sobe novamente à mesa
nas mesmas condições iniciais.
Este é um dos enumeráveis processos que não são reversíveis.
Como podemos mostrar que a energia se conserva, num caso como este?
Para explicar esta questão de reversibilidade cientistas, no final do século XIX
formularam a segunda lei da termodinâmica. Esta lei vem estabelecer quais processos
ocorrem na natureza e quais não e de que forma eles ocorrem. Ela pode ser formulada de
varias formas. Uma das formas mais conhecidas foi dada por Clausius (1822-1888).
Calor flui naturalmente de um objeto quente para um frio; calor não flui
espontaneamente de um objeto frio para um quente.
Esta forma de enunciar a segunda lei se aplica apenas a um processo irreversível
muito particular. Nesta forma não é óbvio compreender a sua aplicabilidade em outros
processos, como por exemplo no caso do copo de vidro que se quebra, discutido
anteriormente.
A segunda lei também pode ser enunciada da seguinte forma:
É impossível construir uma máquina, operando em ciclos, que absorva calor a
uma temperatura constante e o converta completamente em trabalho.
Podemos dizer, então que existem várias aspectos da segunda lei da
termodinâmica, assim como várias formas de enunciá-la.
- Como generalizar esta Lei ?
Somente no final do século XIX que ficou estabelecida uma forma aceitável de
generalização segunda lei a qual foi proposta por Clausius introduzindo o conceito de
Entropia (S).
De acordo com Clausius a variação na entropia S de um sistema, quando uma
quantidade de calor Q lhe é adicionada a uma temperatura constante é dada por;
∆S =
Q
T
- Algumas Propriedade da Entropia:
-Ela é função dos estados de um sistema qualquer
-Ela pode ser interpretada como uma medida da ordem e desordem de um sistema
-Assim como a energia potencial, o que é importante é a variação na entropia e
não o seu valor absoluto
-Ela é aditiva, isto é : ∆S = ∆S1 + ∆S2
-A entropia de um sistema fechado isolado nunca decresce, isto é ∆S > 0.
∆S = ∆Ssistema + ∆Svizinhança ≥ 0
a)- Exemplo: Calculo da Variação Entrópica para um Sistema Único
Um cubo de gelo (massa igual a 60) é tirado de um refrigerador a 0 oC e após
alguns minutos, a metade de sua massa é derretida e transformada em água também a 0
o
C. Encontre a variação da entropia neste caso, isto é para transformar água em gelo.
-Solução: O calor necessário para descongelar 30 g de água pode ser obtido a partir do
calor latente no processo de fusão, isto é:
Q = mL = (30g)(79,7 cal/g) = 2400 cal = 2,4 kcal
Desde que a temperatura mantém-se constante no processo temos que a variação na
entropia pode ser calculada por
∆S =
Q 2400cal
=
= +8,8cal / K
T
273K
Note que variação da entropia do ar nas vizinhanças do cubo de gelo não foi considerada.
- A Entropia como uma medida da Ordem e Desordem
O conceito de entropia foi nestes últimos séculos um tema extremamente
polêmico devido a sua característica abstrata. Ele esteve sempre relacionado com a
medida da ordem ou desordem de um sistema. Neste sentido a segunda lei da
termodinâmica pode ser formulada da seguinte forma:
Os processos naturais tendem-se a evoluir para um estado de maior desordem.
O significado exato de desordem, neste caso, também não é muito claro. Como entender
isto?
Para entender esta formulação, analisaremos o caso de um copo contendo,
inicialmente, uma camada de pimenta moída sobre uma camada de sal. Podemos dizer
que esta situação inicial (ou estado inicial) é mais organizada do que qualquer caso
agitando o copo com as duas substâncias. Observamos que qualquer movimento feito no
copo produzirá estados cada vez mais desorganizados.
Facilmente podemos concluir que este processo é não reversível o que implica em
uma ordem crescente.
Crescimento na entropia → aumento na desordem
Assim, podemos ordenar os estados da matéria em função do seu grau de desorganização,
Sólido
S pequeno
Líquido
S médio
Gasoso
S grande
10)- A Entropia e a Estatística
A idéia que correlaciona desordem com entropia é melhor compreendida com o
uso da estatística ou análise probabilística. Este caso foi primeiramente estudado por
Ludwig Boltzmann (1844-1906).
Vamos tomar um exemplo prático analisando as possíveis combinações (cara e
coroa) de um sistema com quatro (4) moedas. Denominaremos por estado cada uma
destas combinações:
Macroestados
4 caras
Numero de estados possíveis
UUUU
No. de
Microestado
1
3 caras e 1 coroa
2 caras e 2 coroas
1 cara e 3 coroas
4 coroas
UUUD, UUDU, UDUU, DUUU
UUDD, UDUD, UDDU, DUUD, DUDU, DDUU
UDDD, DUDD, DDUD, DDDU
DDDD
4
6
4
1
Temos um total de 16 possibilidades ou 16 estados. Qual situação ou microestado
é a mais provável?
Nesta tabela, vemos que o estado desorganizado (2 caras e 2 coroas) é o mais
provável de ser encontrado, a chance de encontra-lo nesta desorganização é de 6/16.
11)- Outras exemplos: Sistemas de Spins
O paramagnetismo, diamagnetismo e o ferromagnetismo dos materiais podem ser
entendido estudando o comportamento e organização dos spin eletrônicos em um sistema
atômico e molecular.
-Já imaginou quantos elétrons existem em um centímetro cúbico de ferro?
-Como calcular a desordem de um sistema tão complexo como este?
-Tente aplicar o mesmo procedimento usado no caso das moedas para calcular os
possíveis estados de organização dos spins (up ↑) (down ↓).
Vejamos para o caso de apenas 100 spins
↑
100
99
80
60
50
40
20
1
0
↓
0
1
20
40
50
60
80
99
100
Numero de Microestados
1
1,0 x 102
5,4 x 1020
1,4 x 1028
1,0 x 1029
1,0 x 102
5,4 x 1020
1,4 x 1028
1
12)- A Entropia de Boltzmann
Boltzmann (1844-1906) propôs uma forma de calcular a entropia destes sistemas
complexos.
Consideremos, por exemplo, dois sistemas moleculares A1, A2 os quais estão
separados no estado de equilíbrio. Os macroestados de A1, A2 podem ser representados
por
(n1, V1, E1 )
e
(n 2 , V21, E 2 )
onde ni, Vi e Ei são respectivamente os números de partículas, volume e a energia de cada
sistema.
A1
A2
n1, V1, E1
N2, V2, E2
O número de microestados no sistema i é descrito por Zi(Ei), conhecida como função
partição.
Zi (E i )
é o número de microestados possíveis em cada sistema Ai
Z12 (E1E 2 ) = Z1 (E1 ) Z2 (E 2 ) número de microestados dos sistema A1 + A2
Um dos passos importantes na análise do comportamento desta função é buscar os seus
extremos (maximização ou minimização). Isto é feito derivando Z em termos das
energias envolvidas e igualando a zero:
∂Z12
∂Z
∂Z
∂Z
∂Z ∂E
= Z2 1 + Z1 2 = Z2 1 + Z1 2 2 = 0
∂E1
∂E 2 ∂E1
∂E1
∂E1
∂E1
no equilíbrio
Como,
∂E 2
= −1
∂E1
pois
E1 + E 2 = E(constante )
Então das duas equações acima deduzimos que
1 ∂Z1 1 ∂Z 2
=
Z1 ∂E1 Z2 ∂E 2
Esta equação acima pode ser re-escrita por
k
∂ ln Z1
∂ ln Z2
=k
∂E1
∂E 2
ou
∂S1 ∂S2
=
∂E1 ∂E 2
onde S = k ln Z( E ) é a Entropia de Boltzmann. Boltzmann mostrou ainda que a
entropia estava relacionada com a temperatura pela equação,
βi =
∂S
1
= i
kTi ∂Ei
13)- Sobre a Aditividade da Entropia - A Entropia é Aditiva ?
Se estamos tratando de dois sistemas isolados, a propriedade de aditividade de
qualquer conceito físico é representado por uma soma direta dos conceitos, isto é;
N = n1 + n 2
número de partículas nos dois sistemas
V = V1 + V2
volume total dos sistemas 1 e 2
E = E1 + E 2
Energia total
Por definição de entropia temos que a entropia do sistema composto é igual a;
S = k ln Z12 (E1 , E 2 ) = k ln [Z1 (E1 )Z 2 (E 2 )]
= k ln Z1 (E1 ) + k ln Z 2 (E 2 ) = S1 + S2
Daí tiramos que a entropia de Boltzmann é também é aditiva, isto é;
S = S1 + S2
15)- Caso Geral
O caso geral é quando temos um número grande de sistemas interagentes e cada
um destes sistemas tem incontáveis micro-estados. Neste caso a entropia de Boltzmann
pode ser escrita por;
SN = k ln( PN ) = k ln
N!
N1! N 2! N N !
A probabilidade de se encontrar um estado qualquer Ni é dado por Ni /N= pi. Usando os
resultados acima juntamente com a fórmula de Stirling
ln( N!) = N ln( N ) − N
a entropia pode ser re-escrita da seguinte forma,




S N = k  N ln( N) − ∑ N i ln( N i ) = k  N ln( N ) − ∑ Np i ln( Npi )




i
i
ou


S N = k  N ln( N) − ∑ Npi ln( N ) − ∑ Np i ln( p i )


i
i
Levamos em conta, também, que soma de todas as probabilidades tem que ser igual a um
ou normalizada, isto é,
∑ pi = 1
i
Destas equações tiramos que a entropia é igual a
S=
1
SN = −k ∑ pi ln( pi )
N
i
Conhecida também como entropia de Shanon.
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