CONCEITOS ECOLÓGICOS E O MANEJO DA PASTAGEM Trabalho apresentado como parte das exigências da disciplina ZOO 650 – Forragicultura Aluna: Kátia Fernanda Gobbi Professor: Domicio do Nascimento Jr. VIÇOSA – MG, Julho de 2002. _______________________________________________________________________________ 1) Introdução O estabelecimento e a persistência de espécies desejadas na pastagem tem sido o maior objetivo dos manejadores e ecologistas que trabalham neste sistema de produção. Na maior parte do tempo os manejadores da pastagem visam manipular a produção forrageira e a composição botânica do pasto para a obtenção de um maior ganho econômico, ao passo que os ecologistas tentam determinar quais as forças que controlam a estrutura da comunidade de plantas da pastagem. Na agricultura intensiva, onde rigorosos métodos agronômicos são aplicados com o objetivo de aumentar a produção, a importância de um entendimento ecológico dos mecanismos de sobrevivência das plantas em diferentes comunidades e habitats tem um papel relativamente menor. Entretanto, em sistemas agrícolas sustentáveis é dada maior ênfase aos ciclos biológicos e existe maior necessidade de entendimento dos princípios ecológicos que regem o estabelecimento, persistência e produção das espécies de plantas, para que estes princípios possam ser aplicados no manejo do sistema. Os processos que ocorrem no sistema ecológico da pastagem são bastante dinâmicos e decorrem das inter-relações existentes entre planta, animal, solo e clima. Os fatores ecológicos estão envolvidos no crescimento e utilização do pasto assim como os fatores do meio ambiente, as plantas, os animais e os organismos decompositores. O conhecimento dos efeitos e inter-relações de cada fator é essencial para o uso eficiente dos recursos naturais. O objetivo deste estudo é definir alguns conceitos ecológicos importantes, que podem ser utilizados no manejo da pastagem levando a uma exploração racional que garanta a sustentabilidade do sistema. 2) Definição de Ecologia O termo ecologia é derivado das palavras gregas oikos, que significa origem, e logos, que significa estudo. Pode ser definida como a parte da biologia que busca explicar as relações mútuas entre organismos e entre os organismos e seu ambiente. Segundo SAMPSON (1952), a ecologia é a parte da biologia que empenha-se em explicar a origem, a variação e a função das estruturas das plantas e dos animais e a natureza das comunidades onde estes organismos vivem. Uma vez que as plantas forrageiras e os animais herbívoros são organismos biológicos, suas inter-relações na natureza são ecológicas. A ecologia é aplicada no manejo da pastagem, uma vez que este manejo consiste na manipulação do ambiente no qual ambos, plantas e animais, vivem suprindo suas necessidades e mantendo um habitat favorável. Os animais fazem parte do ambiente das plantas e estas por sua vez fazem parte do ambiente destes animais. Animais herbívoros e plantas forrageiras não devem ser considerados separadamente no manejo da pastagem. Eles podem ser vistos intrinsecamente relacionados num complexo biológico ou ecossistema ( HOLECHEK et al., 2001). 3) Ecossistema: Componentes e Funcionamento Em 1935, A. G. Tansley criou o termo “ecossistema” para incluir os organismos e todos os fatores abióticos de um habitat. Lotka, em 1925 forneceu uma perspectiva termodinâmica sobre o funcionamento do ecossistema, demonstrando que as transformações da energia do ecossistema estão diretamente relacionadas com seu tamanho, produtividade ( taxa de transformações), e ineficiência. Raymond Lindeman, em 1942, popularizou a idéia de ecossistema como um sistema de transformação de energia, fornecendo uma notação formal para o fluxo de energia em níveis tróficos e para eficiência ecológica. Um ecossistema é uma unidade funcional que consiste de organismos e variáveis ambientais de uma área específica. Podendo ser visualizado como uma série de componentes, tais como: população de espécies, matéria orgânica, nutrientes disponíveis, minerais primários e secundários e gases atmosféricos, ligados pela cadeia alimentar, fluxo de nutrientes e fluxo de energia ( VAN DYNE, 1966). Isto é importante para se compreender que um ecossistema contém elementos vivos e não vivos, e que existe transferência de energia e matéria entre estes elementos ou componentes ( LEWIS, 1969). STODDART et al. ( 1975) propôs a separação dos organismos vivos ou porção biótica dos elementos não vivos ou porção abiótica. Fazem parte da porção biótica, os produtores, consumidores, redutores ou decompositores e manipuladores, já a porção abiótica é representada pelo material geológico, a topografia, o fogo e o clima. O solo atua como uma ponte entre os organismos vivos e não vivos. A pastagem constitui um ecossistema, pois envolve o acúmulo, circulação e transformação da energia e da matéria, através de processos biológicos como a fotossíntese e a decomposição, onde a parte viva reage com aparte não viva do sistema. Portanto deve-se ter em mente a grande importância do conceito de ecossistema na evolução dos sistemas de pastagem ( DYKSTERHUIS, 1958). 3.1) Componentes do Ecossistema Um dos aspectos essenciais dos ecossistemas é que os componentes estão relacionados funcionalmente. Uma mudança em um dos componentes do ecossistema influencia todos os outros. 3.1.1) Componentes Abióticos Os componentes abióticos de um ecossistema são aqueles não usualmente controlados pelo manejador e têm como principais representantes o solo e os fatores climáticos (temperatura, radiação, precipitação, ventos, etc.). O solo tem como funções principais a sustentação das plantas, reservatório de água e nutrientes e habitat para diversos organismos vivos ( minhocas, nemátodos, térmites, formigas, etc.). A manipulação do solo envolve fertilização e tratamentos mecânicos para aumentar a infiltração e retenção de água. Os fatores climáticos atuam diretamente sobre os componentes bióticos e indiretamente sobre os grupos de consumidores e decompositores através de sua influência sobre as plantas. 3.1.2) Componentes Bióticos À Produtores primários: são as plantas, que através do processo de fotossíntese transformam a energia luminosa (luz solar) em energia química (carboidratos) utilizada para sua sobrevivência e para formação de seus tecidos, que posteriormente poderão servir de alimento aos animais herbívoros. Portento, os produtores primários suportam, direta ou indiretamente, todos os outros grupos de organismos do ecossistema. A produtividade primária tem sido definida como a taxa de matéria orgânica armazenada a partir das atividades fotossintética e quimiossintética dos organismos produtores na forma de substâncias orgânicas que podem ser utilizadas como alimento ( ODUM, 1959). À Consumidores: são os animais que se alimentam direta ou indiretamente dos produtores primários, rearranjam e distribuem a energia assimilada. Os consumidores primários são os herbívoros, que se alimentam diretamente das plantas. Os consumidores secundários são aqueles que se alimentam dos herbívoros, isto é, os carnívoros. Nos ecossistemas de pastagem natural os consumidores secundários são representados por felinos, coyotes, abutres, etc. Nos ecossistemas de pastagem cultivada, mais simplificados, os consumidores secundários não são caracterizados devido a produtividade secundária ( carne, leite, lã, couro) ser exportada do sistema. À Decompositores: são elementos essenciais no ecossistema de pastagem, porém, são freqüentemente desconsiderados. Eles atuam primariamente no processo de decomposição e são responsáveis por prevenir o acúmulo de matéria orgânica. Sem os decompositores o funcionamento do ecossistema não seria possível, pois não haveria ciclagem de nutrientes e os elementos químicos poderiam, eventualmente, ser retidos no material orgânico não decomposto. Os microorganismos decompositores são geralmente bactérias e fungos, que possuem os sistemas enzimáticos necessários para quebrar as estruturas resistentes dos materiais orgânicos (HOLECHEK et al., 2001). À Manipuladores: este grupo é representado pelo componente humano. Os humanos são ditos manipuladores pois são a única espécie animal capaz de rearranjar os componentes do ecossistema em benefício próprio. As ações do homem afetam todos os níveis tróficos e têm sido consideradas tanto uma influência positiva quanto negativa no processo natural e suas funções. No passado a manipulação intencional dos ecossistemas de pastagem foi amplamente direcionada para aumentar a produção de leite, carne, lã, etc. sem se preocupar com os outros organismos que formam este sistema. Mais recentemente, os manejadores têm reconhecido que todos os organismos estão interligados na pirâmide da vida. Sendo assim, qualquer prática de manejo que afeta determinado componente do sistema, estará afetando todos os outros (HOLECHEK et al., 2001). 3.2) Funcionamento do Ecossistema O funcionamento do ecossistema de pastagem pode ser visualizado principalmente através de dois pontos: fluxo de energia e ciclos químicos. 3.2.1) Fluxo de energia As plantas assimilam a energia solar através do processo de fotossíntese, pelo qual a energia luminosa é convertida em energia química, que por sua vez é utilizada na síntese de tecidos e crescimento da planta. A energia utilizada no processo fotossintético é proveniente da luz visível. Alguns pesquisadores têm demonstrado que aproximadamente 1 % da energia solar que chega até as plantas nos ecossistemas de pastagem é utilizada na fotossíntese ( SIMS et al., 1978 ). Após ser utilizada para formação dos tecidos das plantas, a energia flui por um grande número de vias dentro do ecossistema. Cada nível em que a energia pode ser estocada dentro do ecossistema é conhecido como nível trófico. A quantidade de energia obtida em cada nível trófico é determinada pela produção primária e pela eficiência com que a energia do alimento é convertida em energia de biomassa (LINDEMAN, 1942). De toda energia solar assimilada pelas plantas, 15 a 70 % desta energia é utilizada nos processos de manutenção e sobrevivência da planta, sendo portanto indisponível para os consumidores. Tanto os herbívoros como os carnívoros são mais ativos que as plantas e gastam relativamente uma maior quantidade da energia assimilada para mantença. Como resultado, a produtividade de cada nível trófico geralmente fica em torno de 5 a 20 % do nível anterior. A porcentagem de energia transferida de um nível trófico para o próximo é chamada de eficiência ecológica e eficiência da cadeia alimentar (LINDEMAN, 1942). Quando os herbívoros se alimentam das plantas e quando os carnívoros se alimentam dos herbívoros, obtêm a energia armazenada nos tecidos destes organismos, através do processo de digestão. Entretanto, ocorre uma dissipação de energia dentro de cada etapa da cadeia alimentar através da respiração e perda de calor. A energia dissipada não pode mais ser recuperada e reutilizada, portanto o fluxo de energia é considerado um caminho único que pode ser reabastecido continuamente pela energia solar (HOLECHEK et al., 2001). (Figuras 1 e 2) Figura 1: Diagrama mostrando o fluxo de energia dentro de um ecossistema de pastagens naturais (HOLECHEK et al., 2001). Figura 2: Perda de energia a medida que ela é transferida através dos níveis tróficos de um ecossistema (NEBEL, 1981). 3.2.2) Ciclagem Química Ao contrário do que acontece com a energia, os elementos químicos tais como carbono, oxigênio, hidrogênio, nitrogênio, fósforo e potássio circulam através dos vários compartimentos do ecossistema e podem ser reutilizados. Em um sistema estável a quantidade de cada elemento permanece razoavelmente constante, mas a quantidade dentro de cada compartimento do ecossistema pode variar. A maximização da ciclagem de nutrientes resulta na maior eficiência produtiva e sustentabilidade do ecossistema. A rapidez com que os elementos químicos circulam pelo sistema varia de acordo com o clima, principalmente com a temperatura e precipitação. As principais fontes de nutrientes dentro de um ecossistema de pastagem são: o material de origem do solo, o retorno das excreções animais, a contribuição via forrageiras, fertilizantes e corretivos e a precipitação atmosférica. Dentro do compartimento solo os nutrientes podem se apresentar sob a forma disponível ou não disponível para a absorção das plantas, dependendo principalmente do tipo de solo e da disponibilidade de água no solo. Os elementos individuais são absorvidos pelas raízes das plantas e participam de rotas importantes dentro da planta. Os herbívoros consomem os tecidos das plantas e os nutrientes neles contidos. A absorção aparente dos nutrientes pelos animais varia de acordo com o elemento, e é função da espécie forrageira ingerida, da maturidade da planta, do estado fisiológico do animal, além de outros fatores. As partes da planta não consumidas pelos animais sofrem a ação dos organismos decompositores e microconsumidores. O retorno dos nutrientes ao solo, via excreções animais, apresenta distribuição irregular na área de pastagem devido, principalmente, ao tipo de manejo utilizado. As principais vias de saída ou perda de nutrientes de um ecossistema de pastagem são: perdas para a atmosfera (volatilização), carregamento pela água (lixiviação e erosão), remoção na forma de forragem (colheita) e a remoção com produtos animais (carne, leite, lã, etc.). A quantidade de nutrientes reciclados em áreas pastejadas pode ser aumentada através do uso de fertilizantes e corretivos, que também contribuem para a manutenção da sustentabilidade do sistema. As pastagens manejadas utilizando-se métodos extrativistas, em solos de baixa fertilidade natural e sem que haja qualquer investimento para reposição dos nutrientes extraídos, entrarão em colapso, ou seja, sofrerão um processo de degradação progressiva. 4) Competição A competição tem sido definida como um processo que ocorre quando dois ou mais organismos fazem um esforço comum para obter um ou mais recursos cujo suprimento imediato não é suficiente para suprir a necessidade dos organismos (HEADY et al., 1962). A competição entre indivíduos da mesma espécie (competição intraespecífica) faz com que sua densidade dependa das taxas de nascimento e morte. Quando indivíduos de espécies diferentes competem (competição interespecífica) as taxas de nascimento e morte de um organismo variam com a densidade populacional do outro e vice versa. Uma importante distinção entre competição intraespecífica e interespecífica é a diferença nas suas conseqüências sobre a população. Enquanto a competição intraespecífica leva a uma regulação estável do tamanho da população sem limites impostos pelo ambiente, a competição interespecífica pode causar a extinção de uma das populações competidoras (RICKLEFS, 1990). Segundo CLEMENTS et al., (1929) a competição entre plantas é puramente um processo físico. Salvo algumas exceções, não ocorre conflito ou esforço efetivo entre plantas competindo. A competição resulta da reação de uma planta em relação aos fatores físicos que atuam sobre ela, e o efeito desta reação modifica fatores em seus competidores. Quando o suprimento imediato de um fator, necessário para uma planta individual, diminui abaixo da demanda combinada das plantas a competição se inicia. A definição proposta por BEGON et al., (1996), é aplicável às pastagens: “Competição é uma interação entre indivíduos, causada pela necessidade de os indivíduos compartilhar determinado recurso cujo suprimento é limitado, induzindo uma redução na sobrevivência, crescimento e/ou reprodução de pelo menos alguns dos organismos competidores.” Entretanto, a declaração de que a competição é uma interação entre indivíduos não é uma definição por si só; a competição é definida pela causa (recursos limitantes) e pelo efeito líquido (redução da produção). GOLDBERG (1990), observou que a maior parte das interações entre plantas individuais ocorrem através de algum intermediário. No caso da competição por recursos (nutrientes, água, luz), os competidores terão um efeito sobre a abundância destes recursos e também responderão às mudanças nesta disponibilidade. Os resultados da competição podem se manifestar em plantas individuais ou em nível de população. Plantas individuais podem apresentar os efeitos da competição pela redução na taxa de crescimento e no vigor, ou em estágios finais, a morte. A resposta da comunidade de plantas a competição pode ser demonstrada pela redução da densidade e ocorrência de indivíduos de algumas espécies ou pela mudança dos padrões de duas espécies competidoras (RISSER, 1969). As plantas desenvolvem vários mecanismos de adaptação a competição. Algumas apresentam uma rápida taxa de crescimento, enquanto outras possuem um extenso sistema radicular. O simples fato de duas plantas estarem crescendo muito próximas não indica que esteja ocorrendo competição. O balanço competitivo entre vários tipos de gramíneas e leguminosas (herbáceas e arbustivas) em um ecossistema de pastagem é prejudicado por variações na precipitação e é também, profundamente modificado pelo pastejo, queima e corte das plantas (TOW e LAZEMBY, 2001). Em muitos casos é difícil separar impactos competitivos de alelopáticos. Alelopatia é a produção de substâncias tóxicas que podem prejudicar outras plantas. Espécies com propriedades alelopáticas tendem a retardar ou interromper o avanço sucessional. 4.1) Competição em Pastagens As espécies diferem quanto aos recursos requeridos para crescimento, desenvolvimento e reprodução. Se cada espécie necessitasse de um conjunto completamente diferente de recursos, o único recurso pelo qual elas iriam competir seria o espaço físico. Entretanto, a necessidade comum das espécies por luz, água e nutrientes significa que a competição por diversos fatores é inevitável, embora a quantidade de recursos que cada espécie requer é variável. Como o suprimento de recursos flutua, as interações competitivas entre espécies sofrerão mudanças. As pastagens são freqüentemente uma mistura de muitas espécies cultivadas e oportunistas, e consequentemente as interações podem tornar-se muito complexas (KEMP e KING, 2001). As relações de competição entre espécies de planta também são fortemente influenciadas pela ação dos animais pastejadores (BROWN, 1976). Na ausência de um manejo adequado é de se esperar que as espécies mais tolerantes ao pastejo dominem a pastagem (LODGE e ORCHARD, 2000). As espécies mais tolerantes ao pastejo, geralmente, são aquelas de menor valor nutritivo para os animais. Existem outras características da pastagem que podem contribuir para as considerações sobre competição. O variável, porém elevado, número de espécies envolvidas tem sido mencionado como uma destas características. Além disso, a colheita em intervalos, feita por animais ou por máquinas também pode ser considerada. Esta colheita ocorre em todas as estações do ano, e raramente melhora o desempenho desejável das espécies de plantas. Durante o consumo da forragem (geralmente seletivo), os animais exercem outras influências sobre a pastagem. O pisoteio e a deposição de excretas vão afetar o crescimento e desenvolvimento das espécies subsequentes (HARPER, 1977). A morfologia e as características bioquímicas das espécies em interação influenciarão o nível de interferência competitiva que ocorre entre elas. As plantas individuais das diversas espécies podem utilizar o espaço de forma diferente, e com isto, reduzir a interferência. O alongamento do colmo faz com que as folhas de uma planta se elevem acima do dossel, promovendo mudanças na competição desta com outras plantas. As espécies que utilizam a rota fotossintética C3 (espécies de clima temperado) possuem padrões de crescimento sazonal muito diferentes das espécies C4 (espécies de clima tropical), consequentemente, a demanda por recursos também é muito diferente. As leguminosas fixam o nitrogênio atmosférico, o qual pode beneficiar outras espécies. A microbiota do solo e os organismos invertebrados também influenciam as relações competitivas entre as plantas da pastagem (WARDLE e BARKER, 1997; WATKINSON e FRECKLETON, 1997). O manejo pode causar muitos impactos sobre as interações competitivas entre as espécies de plantas e sobre a composição da pastagem. As práticas de manejo podem afetar a competição entre espécies de plantas em qualquer época do ano, mas o efeito será variável, dependendo da estação e da etapa do processo de crescimento que esteja ocorrendo naquele momento. As avaliações do impacto do manejo, podem ser feitas a partir de uma perspectiva de curto ou longo prazo. Em ecossistemas de pastagens perenes, o impacto sobre a persistência a longo prazo pode ser mais importante. Algumas das práticas de manejo que podem causar impactos sobre a competição são: a fertilização do solo, o controle do pastejo, aplicação de herbicidas, etc. Poucos tipos de solo não apresentam limitações de nutrientes, e na maioria dos casos os níveis de nutrientes no solo afetam diretamente a produtividade da pastagem (JONES et al., 1984). As espécies de plantas diferem quanto a sua habilidade de extrair e utilizar os nutrientes do solo, o que resulta em diferenças no crescimento. Na ausência de competição, potencialmente todas as espécies de plantas irão apresentar algum aumento na sua taxa de crescimento se ocorrer um incremento da fertilidade do solo. Em um pasto consorciado, entretanto, as aplicações de fertilizantes irão favorecer de forma diferente aquelas espécies cujo crescimento tenha sido mais adversamente afetado pela baixa fertilidade do solo (SHIPLEY e KEDDY, 1988). Estas mudanças nas relações competitivas entre espécies resultarão em alterações na composição da pastagem. A influência dos animais pastejadores é crítica para a composição e produtividade da pastagem. O comportamento de pastejo e as estratégias de forrageamento dos animais (WATKIN e CLEMENTS, 1978) influenciam o que e quando eles comem, o que pode causar um forte impacto sobre algumas espécies de plantas relacionadas com outras. Controlar o consumo total do animal e a sua capacidade de selecionar o alimento, através da manipulação da taxa de lotação, é uma das melhores ferramentas disponíveis para o manejo da composição do pasto (KEMP e KING, 2001). Todas as plantas da pastagem podem ser consideradas sensíveis ao pastejo em alguma etapa do seu ciclo de vida. As etapas mais críticas são: quando é feito o estabelecimento por sementes, quando ocorre regeneração após um período de dormência ou seca e durante o florescimento (KEMP, 1991). Alguns prejuízos podem ser causados pelo pastejo, pisoteio, deposição de fezes e urina sobre as plantas, além de outros aspectos do comportamento animal. Para usar o pastejo como uma tática no manejo da pastagem, as regras gerais são (KEMP, 1993) deixar as espécies desejáveis em repouso durante as etapas mais sensíveis do seu ciclo de vida e pressionar as espécies menos desejáveis no seu ponto fraco, por exemplo, corte ou pastejo durante o florescimento. Por outro lado, controlar a habilidade de seleção do alimento pelos animais, de forma que todas as espécies sejam consumidas mais ou menos igualmente, pode-se diminuir os impactos sobre a habilidade de competição das espécies desejáveis. A biomassa total da pastagem sempre deve ser considerada. Um excesso de biomassa resulta em pastos mais altos que a condição ótima, o que limitará o crescimento das leguminosas, enquanto que uma quantidade muito reduzida de biomassa pode reduzir a eficiência de pastejo dos animais, promover espaços que poderão ser ocupados por plantas invasoras e causar a exposição do solo que ficará sujeito ao processo de erosão. O pastejo também pode ocasionar a redução da incidência de algumas pragas, o que por sua vez, vai influenciar as relações competitivas entre espécies (MICHAEL et al., 1999). Dentro do contexto da comunidade de plantas da pastagem, a habilidade de competição das espécies desempenha um importante papel na diversidade, abundância e distribuição das plantas (GOLDBERG e BARTON, 1992). Além do que, as habilidades relativas de competição das espécies que compõe a pastagem ajudarão a determinar quais espécies irão sofrer um decréscimo e quais irão sofrer um aumento na sua abundância como conseqüência, por exemplo, da adição de fertilizantes no solo ou aumento do pastejo (WILSON e SHAY, 1990). O manejo da competição precisa ser baseado em um claro entendimento do papel e dos ciclos de crescimento das espécies de plantas dentro da pastagem. As espécies podem ser consideradas como mais ou menos desejáveis dentro da pastagem, sendo que o manejo ser planejado de acordo com estas características. 5 ) Sucessão e Clímax A sucessão envolve a substituição de uma comunidade de plantas por outra, até que a comunidade final seja alcançada. Esta comunidade final é freqüentemente chamada de clímax. O estudo e entendimento do processo de sucessão é um assunto de grande importância, tanto em se tratando de pastagens naturais quanto de pastos cultivados. Tal importância surge devido às várias mudanças que vêm ocorrendo, ao longo do tempo, resultando na intensificação do uso das pastagens. A sucessão tem sido amplamente relacionada com a competição. CLEMENTS et al., (1929), concluiu que a competição é a função controladora no desenvolvimento sucessional, e que seu principal efeito é a dominância. Os competidores bem sucedidos começam a controlar o ambiente com maior ou menor eficiência. Outros componentes da comunidade de plantas podem ser suprimidos ou até mesmo extintos. O modelo de sucessão em pastagens naturais supõe que um determinado pasto nativo possui uma condição única de persistência (o clímax) na ausência de pastejo. A sucessão em direção a este clímax é um processo de firmação. A pressão de pastejo produz mudanças progressivas na comunidade de plantas, em direção oposta a tendência sucessional. Consequentemente, a pressão de pastejo pode ocorrer em direção igual e oposta a tendência sucessional produzindo um equilíbrio na vegetação a uma taxa de lotação fixa (WESTOBY et al., 1989). Em anos recentes, a necessidade de um modelo alternativo para descrever e avaliar a condição e a dinâmica do pasto tem sido discutida por muitos pesquisadores (FRIEDEL (1991); LAYCOCK (1991) e HUMPHREYS (1997)). Eles têm discutido a necessidade de o manejador conseguir um sistema estável, em equilíbrio com a taxa de lotação animal no pasto. Um sistema estável (em termos de composição botânica), retorna ao seu estado original depois de ter sofrido alguma perturbação ou desvio. Muitos pesquisadores e produtores dão preferência a um sistema que apresente maior elasticidade, isto é, maior capacidade de adaptação às mudanças, sem reverter necessariamente ao seu estado original. 5.1) Sucessão Primária Sobre o solo nu, podem ser criados microsítios, onde alguns organismos como algas, líquens ou musgos se instalam. Como a rocha sofre intemperização, e ocorre a deposição de matéria orgânica a partir de algas e líquens, um solo rudimentar é formado. As sementes provenientes de plantas próximas podem estar disponíveis para germinação e formação de plantas vasculares. Estas plantas são frequentemente anuais e podem sobreviver sob condições bastante severas. Com a progressão do intemperismo e formação do solo, algumas plantas perenes podem vir a se estabelecer. Geralmente estas plantas perenes são herbáceas, mas eventualmente, se o clima suportá-las, plantas lenhosas poderão se estabelecer (HOLECHEK et al., 2001). Deste modo, algumas espécies de plantas alteram o ambiente de forma que este não seja por muito tempo satisfatório para as mesmas, sendo portanto substituídas por outras plantas. Portanto, o processo de sucessão primária é caracterizado pela substituição sucessiva de uma comunidade de plantas por outra, ocorrendo também o aumento da biomassa e complexidade do ecossistema, até que se atinja o estágio de clímax (WHALLEY, 1994). 5.2) Sucessão Secundária Sucessões secundárias são aquelas que ocorrem após algum tipo de perturbação, tais como fogo ou pastejo severo. O manejo da pastagem lida mais frequentemente com a sucessão secundária e raramente com a sucessão primária. A sucessão secundária, geralmente ocorre muito mais rápido que a sucessão primária e de uma forma mais previsível. A variabilidade na sucessão secundária é reduzida a medida que o clímax se aproxima (HUSCHLE e HIRONAKA, 1980). O pastejo pesado contínuo também influencia na vegetação. O processo de mudança em sentido contrário ao clímax é chamado de retrogressão induzida. Usualmente, este processo diminui a área de pastejo para animais domésticos e resulta em reduz a disponibilidade de água. Se a pressão de pastejo for reduzida, a sucessão secundária tenderá novamente ao clímax. 5.3) A Teoria do Clímax O estágio final da sucessão é o clímax. O clímax tem sido visualizado de diferentes formas pelos autores. Alguns tem considerado o clímax como sendo “estável”, outros como em “equilíbrio dinâmico” com o ambiente. CLEMENTS (1916), considerou o clímax como sendo controlado, principalmente, pelo macroclima. A este tipo de clímax ele denominou “clímax climático”. O desenvolvimento da vegetação clímax foi considerado um processo muito lento, assim como as mudanças geológicas. Variações dentro do clímax climático foram visualizadas como divergências e manipuladas com modificações, tais como préclímax, o qual poderia representar um estágio anterior ao clímax. Disclímax poderia representar sucessões retrogressivas devido a algum tipo de perturbação. Alguns autores consideraram outros tipos de clímax em adição ao clímax climático, como o clímax edáfico ou policlímax, onde as características do solo podem ter influência sobre o tipo de vegetação em desenvolvimento. De acordo com a teoria de policlímax, vários clímax estáveis diferentes poderiam ocorrer em cada região, fazendo com que a sucessão não caminhe em direção a um clímax único. WHITTAKER (1967), acreditava que as espécies foram distribuídas ao longo dos gradientes ambientais e que as comunidades individuais foram delineadas arbitrariamente. A taxa de sucessão, geralmente, diminui ao longo de uma série de anos com baixa precipitação, e é acelerada durante os anos cujas condições para o crescimento são favoráveis. A descrição de algumas destas flutuações que ocorrem durante a sucessão podem ser visualizadas na figura 3. O aspecto essencial do conceito de clímax é o da dinâmica da vegetação. Espécies individuais podem se tornar mais ou menos abundantes dentro da comunidade de plantas, respondendo às mudanças das condições do ambiente. O processo evolutivo ou o estado de equilíbrio de um ecossistema de pastagem, natural ou implantado, pode ser rompido temporariamente por causas eventuais ou acidentais como, queimadas, geadas, inundações, seca, sobrecarga contínua de animais, corte e remoção da forragem, etc., além de surtos de pragas e doenças (ROCHA, 1991). Portanto, o clímax dos sistemas de pastagem, é definido como sendo uma comunidade vegetal em equilíbrio com o ambiente. 5.4) Sucessão e Pastejo Sob uma condição de pastejo contínuo pesado as plantas mais palatáveis, que geralmente dominam a pastagem próximo ao estágio de clímax, são substituídas por uma sucessão de plantas que tendem a ser crescentemente Figura 3: Esquema de sucessão em um clímax dinâmico (b) que inclui as variações associadas aos fenômenos diários estacionais e anuais. O clímax estável pode ser definido como um ponto intermediário dessas variações (a) (HEADY, 1973). menos palatáveis, menos produtivas e mais tóxicas (ELLISON, 1960). Este processo é chamado de retrogressão. Quando a desfolhação é reduzida a uma taxa moderada ou leve, as plantas palatáveis adquirem novamente vantagem competitiva e a sucessão volta ao seu estado original (vegetação clímax). As plantas não palatáveis, sob condição de pastejo leve ou moderado, estão em desvantagem competitiva pois elas investem parte dos produtos da fotossíntese em componentes tóxicos (alcalóides, oxalatos, glicosídeos, etc.) e apêndices (espinhos, etc.) que inibem a desfolhação, em vez de contribuir para o crescimento (MOLYNEAUX e RALPHS, 1992). Em contraste, as plantas palatáveis usam os produtos da fotossíntese, principalmente para o crescimento na forma de raízes, folhas, colmos, rizomas, estolões, sementes, e assim por diante. Sob níveis pesados de desfolhação a capacidade fotossintética das plantas palatáveis é reduzida até um ponto em que elas são incapazes de produzir compostos carbônicos em quantidade suficiente para manutenção do sistema radicular, regeneração de folhas, respiração e reprodução. Com o passar do tempo, estas plantas diminuem de tamanho e morrem, sendo gradualmente substituídas por espécies não palatáveis que são capazes de se defender contra a desfolhação. Algumas pesquisas demonstram que a pastagem em deterioração mantém a capacidade de recuperação até certo ponto, além do qual, ela não pode mais retornar prontamente ao seu estado anterior. Alguns fatores, tais como seca, fogo ou inundação, geralmente tem o mesmo efeito do pastejo excessivo. A necessidade de um monitoramento adequado está combinada com um entendimento das relações planta – ambiente, planta – planta e planta animal, permitindo assim a capacidade de se exercer ações preventivas para manutenção da pastagem e consequentemente da produtividade animal. 6) Conclusão É de fundamental importância para o manejo adequado, tanto de pastagens naturais quanto de pastagens cultivadas, o conhecimento e o entendimento dos componentes de um ecossistema. Pesquisadores e produtores estão frequentemente, fazendo consideráveis esforços para superar e prevenir a degradação da pastagem, com o objetivo de melhorar seu desempenho e produtividade a longo prazo. Para se alcançar estes objetivos, faz-se necessário a compreensão de todos os processos, ecológicos ou não, envolvidos em um ecossistema de pastagem. Competição, sucessão, e clímax são alguns dos conceitos ecológicos que devem ser estudados com o objetivo de se compreender melhor as interações entre os componentes da pastagem (solo – planta – animal). O entendimento destes conceitos e de como eles podem ser usados no manejo do pasto, apesar de não completamente elucidados, são de fundamental importância para escolha da técnica adequada de manejo, que envolve vários aspectos da produção forrageira como, escolha das espécies, práticas de fertilização do solo, controle da taxa de lotação animal, controle de plantas invasoras, entre outros. 7) Referências Bibliográficas BEGAN, M., HARPER, J. L., TOWSEND, C. R. 1996. Ecology: individuals, populations and communities. 3o Edition, Blackwell Science, Boston, USA. BROWN, T. H. 1976. 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