metáfora “O amor é uma jornada”, mas se fossem, poderíamos dizer que eles estão num beco sem saída. No entanto, sabemos que muitas metáforas, sobretudo as complexas, não poderiam ser simplesmente lançadas numa fórmula desse tipo, pois envolvem não apenas dois argumentos, mas uma série de domínios conceituais. Segundo Pimm (2008), os dois argumentos e seu resultado são codificados num layer usando ambas as coisas: representações simbólicas e semânticas. “[…] Uma proposição tem seu conteúdo como parte de um cálculo. O significado é o papel da palavra de um cálculo”. (WITTGENSTEIN, 2003, p.45. Nesse aspecto, para o autor, a sentença é apenas parte do cálculo e o sentido seria o resultado. de operações cognitivas. Nas metáforas complexas, verificamos que uma fórmula para a metáfora consistiria em muito mais operações. Como exemplo, no trecho “[...] Pois rimas ocultas estimulam os neurônios. São qual libélulas, graciosas sinapses em infindas células”. (Mário Persona), as rimas ocultas podem ser consideradas como estímulos estes libélulas sinapses. Afinal, no contexto, as rimas são comparadas a libélulas e estas comparadas a sinapses, uma ligação entre as células. Logo, não se pode ter uma igualdade precisa, somente no plano da abstração. Com isso, se fôssemos expor a interpretação metafórica em termos de uma aproximação lógica, em uma fórmula, teríamos algo do tipo X Y Z W, ou ainda, conceito de rima + conceito de oculta = [não rima] = poesia sem rima estímulos = despertar = interpretação mais rica, que exige mais raciocínio libélulas [conceito de libélula] + [imagem da libélula] sinapses [conceito de sinapses] + [imagem de sinapse] = S (sentido), em que significa assemelhar, = (igualar), (comparação), + ou ∑ (adicionar). Nesse sentido, como aponta Wittgenstein (2003), o entendimento pode ser compreendido como fruto de um cálculo de uma série de operações mentais. Assim, verificamos que enquanto na Matemática o cálculo é sistemático e seguido de metáforas simples, na linguagem o cálculo é assistemático com metáforas complexas, cercada de uma pluralidade de sentidos. O que chamamos “entender uma linguagem” muitas vezes é como o entendimento que obtemos de um cálculo quando aprendemos sua história ou sua aplicação prática. E aí, também encontramos um simbolismo facilmente examinável em vez de um que nos é estranho – Imagine que alguém originalmente houvesse aprendido o xadrez como um jogo escrito e, mais tarde, conhecesse a “interpretação” do xadrez como jogo de tabuleiro. Nesse caso, “entender” significa algo como “tomar como um todo” (WITTGENSTEIN, 2003, p.28) 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como pensava Wittgenstein, a linguagem é algo mais complexo que a própria lógica e a Matemática, uma vez que é cercada de pluralidades de sentidos e inexatidão. No entanto, vimos que em ambos os domínios, embora aparente regras tão distintas que os constituem, há uma propriedade mental calculável. Nesse aspecto, o pensamento seria uma forma “lógica” própria de encontrar respostas (resultados) para as coisas do mundo por meio de operações mentais, assim como calculamos elementos matemáticos. As metáforas matemáticas são, por sua vez, operações mais simples que as de cunho linguístico, o que as tornam mais precisas e próximas da realidade. Nas línguas naturais, a metáfora está aberta também a abstração, como na Matemática, porém, são mais complexas e exige operações com associações múltiplas. Vimos também que, embora David Pimm tenha defendido a ideia de que a Matemática seria uma linguagem própria, completa de símbologia e notações próprias e aplicável a todas as línguas, observamos que por trás disso, é a linguagem humana que a constitui. 12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUZAN, Tony; BUZAN, Barry. The mind map Book. New York: Penguin Groups, 1994 COULSON, Seana. Metaphor comprehension and the brain. In: GIBBS Jr., Raymond W. The cambridge handbook of metaphor and thought. Cambridge University Press,2008.