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EFEITO DO TREINAMENTO DE FORÇA SOBRE AS ADAPTAÇÕES
MUSCULARES E CAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS 1
Maxwell Souza da Silva
Licenciado em Educação Física
UNAERP – Universidade de Ribeirão Preto-Campus Guarujá
[email protected]
Rogério Rocha Lucena
Professor Mestre do curso de Educação Física, Enfermagem e Fisioterapia
UNAERP-Universidade Ribeirão Preto - Campus Guarujá
rogé[email protected]
Resumo: A população mundial idosa vem sofrendo um crescente aumento nas
ultimas décadas. No entanto, embora exista essa ampliação de idosos no mundo,
também devem ser levadas em consideração algumas mudanças que ocorrem de
acordo com o avanço da idade. Durante o processo de envelhecimento, observa-se
uma atenuação da massa muscular, diminuição da capacidade de produção de
força, além de um prejuízo no desempenho sobre a capacidade funcional. O
treinamento de força vem sendo utilizado como uma estratégia eficaz para
melhorar significativamente a força, hipertrofia muscular e desempenho funcional
de idosos, contribuindo positivamente para uma melhor capacidade de execução
de tarefas vitais diárias. Sendo assim, o objetivo deste presente trabalho foi revisar
na literatura o efeito do treinamento de força sobre a capacidade funcional, força e
hipertrofia muscular em idosos. Inicialmente será abordado sobre alterações
musculares que ocorrem no envelhecimento e sua relação com a capacidade
funcional. Logo em seguida, serão apresentados mecanismos que são
responsáveis pelo declínio da força e massa muscular em idosos. Finalmente, será
relatado o efeito de diferentes protocolos de treinamento de força sobre a força,
hipertrofia e capacidade funcional em idosos.
Palavras – chave: Treinamento de força, adaptações musculares, idosos.
Área do Conhecimento: Saúde.
1. Introdução.
A população mundial idosa vem sofrendo um crescente aumento nas ultimas
décadas. No entanto, embora exista essa ampliação de idosos no mundo, também
devem ser levadas em consideração algumas mudanças que ocorrem de acordo
com o avanço da idade.
Das diversas alterações que ocorrem
modificações que ocorrem no tecido
envelhecimento, tais como a perda da
desempenho da força as quais levam a
execução de tarefas funcionais diárias.
no envelhecimento, destacam-se as
muscular esquelético durante o
massa muscular esquelética e o
uma diminuição da capacidade de
O treinamento de força vem sendo utilizado como uma estratégia eficaz, a fim
de gerar adaptações no tecido muscular esquelético humano, contribuindo para um
1
O presente artigo foi apresentado no SICI 2015 – Simpósio Internacional de Ciências Integradas,
realizado na UNAERP – Campus Guarujá, em 2015.
1
melhor desempenho em tarefas vitais diárias. Dessas adaptações, incluem-se o
aumento do tamanho e numero das fibras musculares do tipo II, bem como um
aumento no desempenho da força.
Dessa forma, destaca-se a importância da pratica do treinamento de força
durante o processo de envelhecimento o qual induz aumentos significativos da
força, massa muscular e capacidade de realizar tarefas diárias em idosos. Sendo
assim, o objetivo do presente estudo foi analisar os efeitos do treinamento de força
sobre a capacidade funcional, força e hipertrofia muscular em idosos.
2. Objetivo.
O Objetivo deste presente trabalho é revisar na literatura o efeito do
treinamento de força sobre os parâmetros musculares e capacidade funcional em
idosos.
3. Tema /problema.
Durante o processo de envelhecimento observam-se declínios na estrutura
muscular esquelética no que tange a produção de força, massa muscular e
potência bem como uma atenuação no desempenho funcional.
Evidências científicas demonstram que o exercício físico, com ênfase ao
treinamento de força, é um potente estimulador a fim de gerar melhores
adaptações sobre a força e massa muscular e potência. No entanto, será que o
treinamento de força , quando aplicado em idosos , poderiam oferecer melhores
adaptações na estrutura muscular esquelética?
4. Revisão de literatura.
4.1 Alterações musculares no envelhecimento.
O envelhecimento é associado com mudanças na composição corporal
(aumento da gordura corporal e diminuição da massa óssea e muscular) que junto
com declínios da função cognitiva, visual e auditiva, distúrbios do sono, depressão
e aumento da fadiga, levam a uma atenuação da função física e aumenta
significativamente o risco para incapacidade e perda da independência. Além disso,
a força muscular é uma forte preditora de limitação de mobilidade, queda de
velocidade de marcha, aumento do risco de quedas e, da mesma maneira, uma
das características do envelhecimento é a presença de fragilidade e atrofia
muscular esquelética (MILJKOVIC e col, 2015).
A dependência funcional é um dos mais sérios problemas encontrados entre
as pessoas idosas. Uma redução significativa da força e massa muscular é
associada á um aumento da fragilidade, aumento do risco de quedas e uma
eventual incapacidade de executar tarefas vitais diárias (DALEY E SPINKS, 2000).
Um estudo interessante realizado por DELMONICO e col (2009), demonstrou
que houve uma diminuição significativa de 4,9 % na área muscular da coxa dos
homens idosos, além de um decréscimo de 3,2 % na área da coxa das mulheres
idosas, além disso, os autores também observaram um declínio significativo da
força de 16,1 % nos homens idosos e uma atenuação significativa de 13,4 % na
força das mulheres idosas após 5 anos de investigação.
Semelhantemente, FRONTEIRA e col (2000) examinaram as mudanças
2
longitudinais sobre a área de secção transversa do musculo do quadríceps e na
força dos extensores dos joelhos em um grupo de idosos por 12 anos. Sendo
assim foi utilizado à tomografia computadorizada a fim de avaliar a área de secção
transversa total da coxa, de todos os músculos, musculo quadríceps femoral,
flexores da coxa (semimembranacio, semitendinio e a cabeça longa e curta do
bíceps femoral) e o dinamômetro isocinético para avaliar a força dos flexores e
extensores dos joelhos nos ângulos de 60 e 240 º/s e dos flexores e extensores do
cotovelo esquerdo nos ângulos de 60 e 180º/s.
Ao final do estudo, os autores observaram houve uma atenuação significativa
na área de secção transversa de todos os músculos, quadríceps femoral e flexores
de 14,7%%, 16,1% e 14,9 % respectivamente, além de uma diminuição de 12,5 %
da área total da coxa, bem como, uma diminuição significativa na força muscular
variando de 23,7 % para 29,8% nos flexores e extensores dos joelhos em cada
ângulo testado e a taxa de diminuição de força foram de 2 e 2,5 % ao ano nos
extensores e flexores respectivamente. Em 60º/ s, os extensores e flexores do
cotovelo mostraram uma perda significativa de 19,4% e 16, 4% respectivamente,
enquanto que em 180º/ s a perda da força dos flexores do cotovelo foi de 26, 5 %
sendo que os extensores não mostraram mudança e a taxa de perda de força por
ano foi de aproximadamente 1,6 % e 1,4–2,2% para os extensores e flexores, de
forma respectiva (FRONTEIRA e col, 2000).
Resultados interessantes também foram encontrados por NILWIK e col.
(2013) que observaram uma menor área de secção transversa muscular da coxa
de idosos quando comparados a indivíduos jovens.
4.2. Mecanismos responsáveis pelo declínio da massa muscular e força nos
idosos.
A contração muscular é iniciada e mantida através de sucessivos
recrutamentos de unidades motoras (uma unidade motora é definida como um
único neurônio motor e todas as fibras musculares que ele inerva). Com o avanço
da idade, observa-se uma perda significativa de unidades motoras rápidas que
estão relacionadas à produção de força, podendo em parte explicar o declínio da
força com o avanço da idade (RYALL e col. 2008).
A perda das unidades motoras com o envelhecimento leva a um declínio da
quantidade e tamanho das fibras musculares resultando em um desempenho
mecânico debilitado (redução da força, potência e taxa de desenvolvimento de
força) que levam a uma redução da capacidade funcional durante tarefas vitais
diárias (AAGAARD e col., 2010).
NILWIK e col. (2013) observaram que o declínio que ocorre na área de
secção transversa muscular nos idosos parece estar diretamente relacionado a
uma diminuição tanto do tamanho quanto da quantidade das fibras musculares do
tipo II, que poderiam de alguma forma explicar esse declínio da massa muscular no
envelhecimento.
Dados importantes foram observados por VERDIJK e col. (2006)
demostrando uma menor quantidade de fibras do tipo II em sujeitos idosos quando
comparado a sujeitos jovens. Além disso, os autores também observaram que
houve uma atenuação do conteúdo das células satélites (células responsáveis pelo
crescimento, regeneração e reparo muscular e estão localizadas entre a lamina
basal e o sarcolema das fibras musculares) nas fibras do tipo II nos sujeitos idosos.
Os autores concluíram que a diminuição das fibras musculares está associada a
3
um declínio das células satélites e que seu conteúdo pode ser um importante fator
na etiologia da atrofia das fibras do tipo II, que acompanha perda da massa
muscular com o envelhecimento.
MCKAY e col (2012) sugerem que existe uma maior expressão da miostatina
(regulador negativo da massa muscular esquelética) em sujeitos idosos quando
comparados a jovens e que esse aumento parece inibir a ativação e proliferação
das células satélites, podendo em parte explicar os declínios que são observados
no tamanho e quantidade das fibras musculares de contração rápida do tipo II e
posterior declínio da massa muscular durante o envelhecimento.
SCHAAP e col (2009) propõem que declínios da força e massa muscular
associado ao envelhecimento podem estar relacionados a aumentos de
marcadores inflamatórios, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF alfa) e a
interleucina 6(IL 6) respectivamente, que mostraram-se em altíssimos níveis nos
idosos, que foram observados por 5 anos de investigação.
Declínios da massa muscular com o envelhecimento, processo chamado
sarcopenia, também parecem estar relacionados a mudanças que ocorrem no
balanço proteico, por meio de que taxas de degradação proteica excedem a
síntese de proteínas (VENNE e col, 2013).
Um estudo muito interessante realizado por WELLE e col (1993) demonstrou
que a síntese de proteínas miofibrilares nos sujeitos idosos é menor quando
comparado a indivíduos jovens e que essa diminuição pode ser um importante
mecanismo responsável pela atrofia muscular associada ao envelhecimento.
No entanto, embora exista essa atenuação da síntese proteica no
envelhecimento, parece que o exercício físico funciona como um potente
estimulador para aumentar a taxa de síntese proteica e posterior hipertrofia
muscular em idosos (VENNE e col, 2013).
Desta maneira, o treinamento de força vem sendo utilizado como uma
estratégia a fim de promover melhores adaptações sobre o tecido muscular
esquelético, no que tange ao desempenho de força, aumenta de massa muscular e
melhora da capacidade funcional em indivíduos idosos (CADORE e col, 2013;
HUNTER e col, 2004; BRAD e STRAIGHT, 2014).
4.3 Adaptações musculares e capacidades funcionais induzidas pelo
treinamento de força em idosos.
O treinamento de força é uma das formas mais praticadas de atividade física,
sendo utilizado para melhora do desempenho atlético, aumento da saúde muscular
esquelética e estética corporal. Uma exposição crônica a este tipo de treinamento
promove aumentos da força e hipertrofia muscular (FOLLAND E WILLIANMS,
2007).
BIRD e col (2005) relatam que o design de um programa de treinamento de
força é um processo complexo, e que a efetividade de um programa de treinamento
de força a fim de promover bons resultados sobre a força e hipertrofia muscular,
depende da manipulação de variáveis agudas, tais como, ação muscular,
sobrecarga e volume, ordem e seleção do exercício, intervalo de descanso,
velocidade de repetição e frequência de treinamento.
LATHAM e col (2004) através de uma revisão de literatura sistematizada
relataram que o treinamento de força resulta em melhoras da força muscular e
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alguns aspectos de limitações funcionais, tais como marcha e velocidade em
idosos.
Partindo desse pressuposto, CORREA e col (2013) avaliaram a força e
volume muscular de mulheres idosas com idades em torno de 67 anos submetidas
a um protocolo de treinamento de força por 12 semanas. Antes e após o final do
protocolo, foram feitas avaliações de força através do teste de 1RM (uma repetição
máxima) e volume muscular via ultrassonografia. Ao final do treinamento , os
autores observaram que as idosas tiveram aumentos significativos da força no
teste de 1 RM (pré 43,60kg – pós 57,90 kg) e no volume muscular pela
ultrassonografia (pré 656,86 cm³ – pós 820,14cm³)
Resultados interessantes também foram encontrados por LOVELL e col
(2010). Os autores submeteram 12 idosos entre 70 e 80anos de idade a um
protocolo de treinamento de força por 16 semanas e observaram aumentos
significativos da força e massa muscular nos idosos ao final do treinamento.
KRYGER e ANDERSEN (2007) avaliaram o efeito do treinamento de força
sobre a força, tamanho muscular e tamanho da fibra em idosos de 85 a 97 anos de
idade por 12 semanas. Antes e após o final do treinamento, os sujeitos realizaram
testes de força, avaliação da área muscular via ressonância magnética. Ao final do
estudo, os autores observaram que a força dos idosos aumentou em 137% e a
área muscular também aumentou por 9,8%.
Similarmente, RABELO e col (2011) investigaram o efeito de um treinamento
de força progressivo sobre a força em idosos. Para isto, os autores recrutaram 154
mulheres idosas que foram separadas em dois grupos: grupo RTG que
desempenhou o treinamento 3 vezes por semana durante 24 semanas, com a
intensidade do exercício aumentando em função do tempo, 3 séries e com intervalo
de descanso de 1 minuto e grupo controle que não realizou o treinamento. Antes e
após o final do treino, foram realizadas avaliações da força muscular via
dinamômetro isocinetico. Ao final do estudo, os autores observaram um aumento
de 15,6 % da força nos idosos do grupo RTG e nenhum aumento no grupo controle
.Os autores concluíram que o treinamento de força realizado com intensidade
progressiva foi eficiente, aumentando a força de mulheres idosas.
FARINATTI e col (2013) observaram através de seus estudos, que um
protocolo de treinamento de força realizado em apenas uma vez por semana, é o
suficiente para ter melhores adaptações no desempenho da força e capacidade
funcional em idosos. No entanto, os autores também observaram que treinar em
maiores frequências, parece oferecer um desempenho significativamente melhor
do que menores frequências semanais de treino.
PINTO e Col (2013) avaliaram o efeito do treinamento de força de curto prazo
sobre a capacidade funcional, força dinâmica máxima e espessura muscular de 36
idosas sedentárias por volta dos 66 anos de idade. Para isto, as participantes foram
randomicamente divididas para o grupo experimental (EG N=19) e grupo controle
(CG N = 17). O programa de treinamento de força foi realizado duas vezes na
semana durante 6 semanas. A intensidade do treinamento foi controlada pela
repetição máxima (RM). O grupo experimental executou os exercícios leg press,
extensão dos joelhos e flexão dos joelhos. Durante a primeira e terceira semana
elas realizaram duas séries de 15 a 20 repetições máximas (RM), e durante a
quarta e sexta semana foram executadas três séries de 12 a 15 repetições
máximas (RM) com 2 minutos de intervalo de descanso entre as séries e
5
exercícios.
Antes e após o termino do programa de treinamento, os sujeitos de ambos os
grupos realizaram testes para mensurar a força dinâmica máxima (1 RM) que foi
realizado na maquina extensora do joelho utilizando a perna dominante, teste de
espessura muscular dos músculos vasto lateral, vasto medial, vasto intermédio e
reto femoral, teste de sentar e levantar por 30 segundos no qual o participante
inicia sentado na cadeira e ao sinal do avaliador o sujeito deverá ficar de pé e em
seguida retornar a posição inicial executando o máximo de repetições possíveis por
30 segundos e teste de levantar e caminhar por 8 passadas em que o sujeito inicia
sentado na cadeira e ao sinal do avaliador ele caminhara por 8 passos e retornara
a posição sentada por 8 passos novamente o mais rápido possível. Os sujeitos
tiveram 3 tentativas neste teste e foi valido o maior tempo para a analise (PINTO e
col,2013) .
Os autores observaram que após o final do treinamento, houve aumentos
significativos do grupo experimental de 23% na força, e aumentos de 10,5%,
18,1%, 8,7% e 13,2% nos músculos vasto lateral, vasto medial, reto femoral e
vasto intermédio, respectivamente. Além disso, também houve aumentos
significativos nos testes funcionais ao final do treinamento (PINTO e col, 2013).
Resultados interessantes também foram reportados por KALAPOTHARAKOS
e col (2007), em que ao submeterem idosos por 12 semanas de treinamento,
também observaram importantes adaptações na produção de força dos mesmos.
MURLASITS e col (2012) compararam o efeito do treinamento de força em
curto prazo realizado tanto 2 vezes na semana quanto 3 vezes na semana sobre a
massa muscular, força das extremidades inferiores e superiores de 29 idosos
ativos com 60 anos de idade ou mais. Os sujeitos do estudo foram separados em
grupo 1 (treinamento de força duas vezes por semana por 8 semanas) e grupo 2
(treinamento de força 3 vezes por semana durante 8 semanas). Os indivíduos de
cada grupo realizaram o programa de treinamento nos seguintes exercícios: leg
press, elevação do ombro, puxada para baixo, exercício para peito sentado,
cadeira flexora sentada ,rosca bíceps e abdominal por oito repetições a 75% de
1RM com um intervalo de descanso de 2 minutos entre as series .
Antes e após o final do protocolo do treinamento, ambos os grupos realizaram
testes para mensurar a força máxima das extremidades superior e inferior
realizando o teste de 1RM (repetição máxima) nos exercícios leg press e chest
press (peitoral sentado na maquina), bem como avaliação da massa muscular e
tarefas funcionais (MURLASITS E COL, 2012).
Ao final do estudo os autores observaram que a força no teste do exercício
para peito sentado (seated chest press) aumentou de maneira significativa em
ambos os grupos após as 8 semanas de treinamento no entanto , não foi
observada diferença significativa entre os grupos. A força no teste leg press
também mostrou melhoras significativas em ambos os grupos, mas não foi
encontrada diferença significativa entre os grupos. O mesmo ocorreu na massa
muscular, e tarefas funcionais, o qual embora ambos os grupos demonstraram
aumentos , os ganhos entre eles foram similares .Os autores concluíram que o
treinamento de força por curto prazo realizado duas ou três vezes na semana
provocou ganhos similares na força muscular em idosos (MURLASITS E COL ,
2012).
FATOUROS E COL (2005) avaliaram o efeito da intensidade do exercício
6
sobre a força e mobilidade em 52 idosos saudáveis inativos com idades por volta
dos 71 anos de idade. Os sujeitos foram separados em grupo controle (CG- N=14),
grupo treinamento de baixa intensidade (LIST – N = 18) e grupo treinamento de
alta intensidade (HIST- N =20).
Os sujeitos treinaram 3 vezes por semana durante 24 semanas nos seguintes
exercícios: peitoral sentado na maquina, extensão da perna, elevação do ombro,
cadeira flexora, puxada para baixo, leg press, rosca direta e extensão do tríceps
realizando series em cada exercício durante a primeira e oitava semana e 3 series
em cada exercício nas semanas posteriores. Os sujeitos do grupo LIST realizaram
de 14 a 16 repetições máximas em cada serie a 50 – 55 % de 1 RM e o grupo HIST
desempenhou de 6 a 8 repetições máximas a 80 e 85 % de 1 RM (FATOUROS E
COL, 2005).
Antes e após o protocolo do treinamento os sujeitos de ambos os grupos
efetuaram o teste de repetição máxima (1RM) no exercício leg press para avaliar a
força da extremidade corporal inferior e no exercício peitoral sentado na maquina,
para avaliar a força da extremidade corporal superior. Os grupos também fizeram
testes para mensurar a mobilidade, que foram: Timed Up and Go, teste de
caminhada por 50 passadas e teste de subir e descer escadas por oito degraus
(FATOUROS E COL, 2005).
Os achados dos autores foram que a força da extremidade corporal superior e
inferior aumentou de maneira significativa nos grupos treinamento de baixa
intensidade (LIST) e treinamento de alta intensidade (HIST), no entanto, os ganhos
de força foram significativamente maiores no grupo que treinou em uma
intensidade superior (HIST). O treinamento também provocou melhoras
significativas do pré para o pós-teste nos teste Timed Up and GO, testes de
caminhada e subir e descer as escadas, mas, o grupo que treinou em uma
intensidade superior obteve ganhos significativamente maiores do que o grupo que
treinou em uma intensidade inferior. Os autores concluíram que o protocolo de
treinamento de força de alta intensidade induziu maiores ganhos da força e
desempenho físico em idosos (FATOUROS E COL, 2005).
Um estudo bastante curioso realizado por KELLY e col (2014) demonstrou
que idosos com doença de Parkinson também tiveram melhoras significativas
sobre o desempenho da força e capacidade funcional, além de terem sido
observados aumentos significativos das fibras do tipo 2, levando a hipertrofia das
mesmas, quando submetidos a um protocolo de treinamento de força de alta
intensidade.
VERDIJIC E COL (2009) avaliaram o efeito do treinamento de força sobre a
força muscular de 14 idosos saudáveis com idades situadas entre 65 a 85 anos de
idade. Os idosos realizaram o treinamento 3 vezes por semana durante 12
semanas.
Nas 4 primeiras semanas de treinamento a carga aumentou de 60% de 1 RM
(10 -15 repetições) para 75 % de 1 RM (8-10 repetições). Ao iniciar a 5ª semana,
foram realizados 4 series de oito repetições em 75% - 80% de 1 RM nos exercícios
leg press e cadeira extensora com intervalos de descanso de 1 minuto e meio e 3
minutos. Antes e após as 12 semanas de treinamento, os idosos realizaram o teste
de repetição máxima (1 RM) no leg press e na cadeira extensora para ser avaliada
a força (VERDIJIC E COL, 2009).
Os achados dos autores foram que a força dos idosos aumentaram de
7
maneira significativa após as 12 semanas de treinamento em ambos os testes e os
autores concluíram que um programa de treinamento de força prolongado aumenta
eficazmente a força muscular em idosos saudáveis. Além disso, os autores
também observaram um aumento no tamanho das fibras do tipo 2 além de um
aumento no conteúdo de células satélites o qual foram correlacionados com os
aumentos da massa muscular, podendo em partes explicar essas adaptações
induzidas pelo treinamento (VERDIJIC E COL, 2009).
RADAELLI E COL (2014) investigaram o efeito do treinamento de força de
baixo e alto volume sobre adaptações neuromusculares dos músculos das
extremidades corporais superiores e inferiores de 24 idosos saudáveis entre 60 e
74 anos de idade, que não estavam envolvidos em um treinamento de força regular
por pelo menos 3 semanas. Os idosos foram randomicamente divididos em grupo
baixo volume 1 série (LV -N = 12) e grupo alto volume 3 series (HV-N=12). Os
sujeitos de ambos os grupos realizaram o treinamento duas vezes por semana
durante 20 semanas. O grupo LV realizou 1 serie de cada exercício e o grupo HV
desempenhou 3 series de cada exercício.
Os sujeitos de ambos os grupos realizaram os seguintes exercícios: extensão
bilateral dos joelhos, puxada pela frente, leg press bilateral, flexores do cotovelo
com halteres, cadeira flexora bilateral, supino, extensão do tríceps, adução e
abdução do quadril e abdominal.
Durante as seis primeiras semanas os sujeitos treinaram com 15 – 20 RM;
nas semanas 7 – 10 a intensidade foi de 12- 15 RM; nas semanas 11 – 13 os
sujeitos treinaram em uma intensidade de 10-12 RM; nas semanas 14 – 17 a
intensidade foi de 8-10 RM e nas ultimas três semanas a intensidade foi de 6-8 RM
(RADAELLI E COL, 2014).
Antes e após o fim do programa de treinamento, ambos os grupos realizaram
o teste de força dinâmica máxima (1 RM) na cadeira extensora e na rosca scott.
Também foi avaliada a espessura muscular do reto femural, vasto intermédio, vasto
medial, vasto lateral (quadríceps femural), bíceps braquial e braquial (músculos
flexores do cotovelo) (RADAELLI E COL , 2014) .
Os achados dos autores foram que ambos os grupos melhoraram
significativamente a força nos testes cadeira extensora e rosca scott após as 20
semanas de treinamento e também houve aumento significativo da massa
muscular dos músculos do quadríceps e flexores do cotovelo em ambos os grupos.
No entanto, os ganhos de força e massa muscular foram significativamente
maiores no grupo que treinou em um alto volume de treinamento (HV) após as 20
semanas do estudo . Os autores concluíram que o treinamento de força com maior
volume promove maiores aumentos na força e na massa muscular de idosos
(RADAELLI E COL, 2014).
CANDOW e col (2011) relataram que idosos quando submetidos a um
protocolo de treinamento de força de alta intensidade, obtiveram ganhos similares
no desempenho da força e hipertrofia muscular quando comparados a jovens
fisicamente ativos.
Um detalhe importante do estudo foi que os jovens não participaram do
treinamento, e sim apenas das avaliações, afim de que os valores sejam
comparados com os resultados dos idosos, o qual se mostrou similar.
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5. Considerações finais.
O envelhecimento é marcado por diversas mudanças no organismo humano.
Dentre essas mudanças, podemos destacar as alterações que ocorrem no
tecido muscular, como a perda da força que está relacionada a um declínio de
unidades motoras rápidas e a perda da massa muscular devido a uma diminuição
das fibras do tipo 2 e menor atividade e expressão das células satélites que são
responsáveis pelo crescimento muscular, reparo de dano e regeneração.
A perda da massa muscular e da força estão associadas a um declínio do
desempenho funcional de idosos , dificultando a realização de tarefas funcionais
diárias , no entanto , existem maneiras para tentar minimizar esse processo.
O treinamento de força parece ser uma estratégia eficaz o qual foi muito bem
demonstrado pelas evidências científicas, que com uma boa manipulação de
variáveis do treinamento como, intensidade, frequência de treino, volume de
treinamento e dentre outras, contribui positivamente para melhores adaptações no
tecido muscular esquelético e consequente melhora das tarefas funcionais em
sujeito idosos .
6. Referências bibliográficas.
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