EFEITO DO TREINAMENTO DE FORÇA SOBRE AS ADAPTAÇÕES MUSCULARES E CAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS 1 Maxwell Souza da Silva Licenciado em Educação Física UNAERP – Universidade de Ribeirão Preto-Campus Guarujá [email protected] Rogério Rocha Lucena Professor Mestre do curso de Educação Física, Enfermagem e Fisioterapia UNAERP-Universidade Ribeirão Preto - Campus Guarujá rogé[email protected] Resumo: A população mundial idosa vem sofrendo um crescente aumento nas ultimas décadas. No entanto, embora exista essa ampliação de idosos no mundo, também devem ser levadas em consideração algumas mudanças que ocorrem de acordo com o avanço da idade. Durante o processo de envelhecimento, observa-se uma atenuação da massa muscular, diminuição da capacidade de produção de força, além de um prejuízo no desempenho sobre a capacidade funcional. O treinamento de força vem sendo utilizado como uma estratégia eficaz para melhorar significativamente a força, hipertrofia muscular e desempenho funcional de idosos, contribuindo positivamente para uma melhor capacidade de execução de tarefas vitais diárias. Sendo assim, o objetivo deste presente trabalho foi revisar na literatura o efeito do treinamento de força sobre a capacidade funcional, força e hipertrofia muscular em idosos. Inicialmente será abordado sobre alterações musculares que ocorrem no envelhecimento e sua relação com a capacidade funcional. Logo em seguida, serão apresentados mecanismos que são responsáveis pelo declínio da força e massa muscular em idosos. Finalmente, será relatado o efeito de diferentes protocolos de treinamento de força sobre a força, hipertrofia e capacidade funcional em idosos. Palavras – chave: Treinamento de força, adaptações musculares, idosos. Área do Conhecimento: Saúde. 1. Introdução. A população mundial idosa vem sofrendo um crescente aumento nas ultimas décadas. No entanto, embora exista essa ampliação de idosos no mundo, também devem ser levadas em consideração algumas mudanças que ocorrem de acordo com o avanço da idade. Das diversas alterações que ocorrem modificações que ocorrem no tecido envelhecimento, tais como a perda da desempenho da força as quais levam a execução de tarefas funcionais diárias. no envelhecimento, destacam-se as muscular esquelético durante o massa muscular esquelética e o uma diminuição da capacidade de O treinamento de força vem sendo utilizado como uma estratégia eficaz, a fim de gerar adaptações no tecido muscular esquelético humano, contribuindo para um 1 O presente artigo foi apresentado no SICI 2015 – Simpósio Internacional de Ciências Integradas, realizado na UNAERP – Campus Guarujá, em 2015. 1 melhor desempenho em tarefas vitais diárias. Dessas adaptações, incluem-se o aumento do tamanho e numero das fibras musculares do tipo II, bem como um aumento no desempenho da força. Dessa forma, destaca-se a importância da pratica do treinamento de força durante o processo de envelhecimento o qual induz aumentos significativos da força, massa muscular e capacidade de realizar tarefas diárias em idosos. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi analisar os efeitos do treinamento de força sobre a capacidade funcional, força e hipertrofia muscular em idosos. 2. Objetivo. O Objetivo deste presente trabalho é revisar na literatura o efeito do treinamento de força sobre os parâmetros musculares e capacidade funcional em idosos. 3. Tema /problema. Durante o processo de envelhecimento observam-se declínios na estrutura muscular esquelética no que tange a produção de força, massa muscular e potência bem como uma atenuação no desempenho funcional. Evidências científicas demonstram que o exercício físico, com ênfase ao treinamento de força, é um potente estimulador a fim de gerar melhores adaptações sobre a força e massa muscular e potência. No entanto, será que o treinamento de força , quando aplicado em idosos , poderiam oferecer melhores adaptações na estrutura muscular esquelética? 4. Revisão de literatura. 4.1 Alterações musculares no envelhecimento. O envelhecimento é associado com mudanças na composição corporal (aumento da gordura corporal e diminuição da massa óssea e muscular) que junto com declínios da função cognitiva, visual e auditiva, distúrbios do sono, depressão e aumento da fadiga, levam a uma atenuação da função física e aumenta significativamente o risco para incapacidade e perda da independência. Além disso, a força muscular é uma forte preditora de limitação de mobilidade, queda de velocidade de marcha, aumento do risco de quedas e, da mesma maneira, uma das características do envelhecimento é a presença de fragilidade e atrofia muscular esquelética (MILJKOVIC e col, 2015). A dependência funcional é um dos mais sérios problemas encontrados entre as pessoas idosas. Uma redução significativa da força e massa muscular é associada á um aumento da fragilidade, aumento do risco de quedas e uma eventual incapacidade de executar tarefas vitais diárias (DALEY E SPINKS, 2000). Um estudo interessante realizado por DELMONICO e col (2009), demonstrou que houve uma diminuição significativa de 4,9 % na área muscular da coxa dos homens idosos, além de um decréscimo de 3,2 % na área da coxa das mulheres idosas, além disso, os autores também observaram um declínio significativo da força de 16,1 % nos homens idosos e uma atenuação significativa de 13,4 % na força das mulheres idosas após 5 anos de investigação. Semelhantemente, FRONTEIRA e col (2000) examinaram as mudanças 2 longitudinais sobre a área de secção transversa do musculo do quadríceps e na força dos extensores dos joelhos em um grupo de idosos por 12 anos. Sendo assim foi utilizado à tomografia computadorizada a fim de avaliar a área de secção transversa total da coxa, de todos os músculos, musculo quadríceps femoral, flexores da coxa (semimembranacio, semitendinio e a cabeça longa e curta do bíceps femoral) e o dinamômetro isocinético para avaliar a força dos flexores e extensores dos joelhos nos ângulos de 60 e 240 º/s e dos flexores e extensores do cotovelo esquerdo nos ângulos de 60 e 180º/s. Ao final do estudo, os autores observaram houve uma atenuação significativa na área de secção transversa de todos os músculos, quadríceps femoral e flexores de 14,7%%, 16,1% e 14,9 % respectivamente, além de uma diminuição de 12,5 % da área total da coxa, bem como, uma diminuição significativa na força muscular variando de 23,7 % para 29,8% nos flexores e extensores dos joelhos em cada ângulo testado e a taxa de diminuição de força foram de 2 e 2,5 % ao ano nos extensores e flexores respectivamente. Em 60º/ s, os extensores e flexores do cotovelo mostraram uma perda significativa de 19,4% e 16, 4% respectivamente, enquanto que em 180º/ s a perda da força dos flexores do cotovelo foi de 26, 5 % sendo que os extensores não mostraram mudança e a taxa de perda de força por ano foi de aproximadamente 1,6 % e 1,4–2,2% para os extensores e flexores, de forma respectiva (FRONTEIRA e col, 2000). Resultados interessantes também foram encontrados por NILWIK e col. (2013) que observaram uma menor área de secção transversa muscular da coxa de idosos quando comparados a indivíduos jovens. 4.2. Mecanismos responsáveis pelo declínio da massa muscular e força nos idosos. A contração muscular é iniciada e mantida através de sucessivos recrutamentos de unidades motoras (uma unidade motora é definida como um único neurônio motor e todas as fibras musculares que ele inerva). Com o avanço da idade, observa-se uma perda significativa de unidades motoras rápidas que estão relacionadas à produção de força, podendo em parte explicar o declínio da força com o avanço da idade (RYALL e col. 2008). A perda das unidades motoras com o envelhecimento leva a um declínio da quantidade e tamanho das fibras musculares resultando em um desempenho mecânico debilitado (redução da força, potência e taxa de desenvolvimento de força) que levam a uma redução da capacidade funcional durante tarefas vitais diárias (AAGAARD e col., 2010). NILWIK e col. (2013) observaram que o declínio que ocorre na área de secção transversa muscular nos idosos parece estar diretamente relacionado a uma diminuição tanto do tamanho quanto da quantidade das fibras musculares do tipo II, que poderiam de alguma forma explicar esse declínio da massa muscular no envelhecimento. Dados importantes foram observados por VERDIJK e col. (2006) demostrando uma menor quantidade de fibras do tipo II em sujeitos idosos quando comparado a sujeitos jovens. Além disso, os autores também observaram que houve uma atenuação do conteúdo das células satélites (células responsáveis pelo crescimento, regeneração e reparo muscular e estão localizadas entre a lamina basal e o sarcolema das fibras musculares) nas fibras do tipo II nos sujeitos idosos. Os autores concluíram que a diminuição das fibras musculares está associada a 3 um declínio das células satélites e que seu conteúdo pode ser um importante fator na etiologia da atrofia das fibras do tipo II, que acompanha perda da massa muscular com o envelhecimento. MCKAY e col (2012) sugerem que existe uma maior expressão da miostatina (regulador negativo da massa muscular esquelética) em sujeitos idosos quando comparados a jovens e que esse aumento parece inibir a ativação e proliferação das células satélites, podendo em parte explicar os declínios que são observados no tamanho e quantidade das fibras musculares de contração rápida do tipo II e posterior declínio da massa muscular durante o envelhecimento. SCHAAP e col (2009) propõem que declínios da força e massa muscular associado ao envelhecimento podem estar relacionados a aumentos de marcadores inflamatórios, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF alfa) e a interleucina 6(IL 6) respectivamente, que mostraram-se em altíssimos níveis nos idosos, que foram observados por 5 anos de investigação. Declínios da massa muscular com o envelhecimento, processo chamado sarcopenia, também parecem estar relacionados a mudanças que ocorrem no balanço proteico, por meio de que taxas de degradação proteica excedem a síntese de proteínas (VENNE e col, 2013). Um estudo muito interessante realizado por WELLE e col (1993) demonstrou que a síntese de proteínas miofibrilares nos sujeitos idosos é menor quando comparado a indivíduos jovens e que essa diminuição pode ser um importante mecanismo responsável pela atrofia muscular associada ao envelhecimento. No entanto, embora exista essa atenuação da síntese proteica no envelhecimento, parece que o exercício físico funciona como um potente estimulador para aumentar a taxa de síntese proteica e posterior hipertrofia muscular em idosos (VENNE e col, 2013). Desta maneira, o treinamento de força vem sendo utilizado como uma estratégia a fim de promover melhores adaptações sobre o tecido muscular esquelético, no que tange ao desempenho de força, aumenta de massa muscular e melhora da capacidade funcional em indivíduos idosos (CADORE e col, 2013; HUNTER e col, 2004; BRAD e STRAIGHT, 2014). 4.3 Adaptações musculares e capacidades funcionais induzidas pelo treinamento de força em idosos. O treinamento de força é uma das formas mais praticadas de atividade física, sendo utilizado para melhora do desempenho atlético, aumento da saúde muscular esquelética e estética corporal. Uma exposição crônica a este tipo de treinamento promove aumentos da força e hipertrofia muscular (FOLLAND E WILLIANMS, 2007). BIRD e col (2005) relatam que o design de um programa de treinamento de força é um processo complexo, e que a efetividade de um programa de treinamento de força a fim de promover bons resultados sobre a força e hipertrofia muscular, depende da manipulação de variáveis agudas, tais como, ação muscular, sobrecarga e volume, ordem e seleção do exercício, intervalo de descanso, velocidade de repetição e frequência de treinamento. LATHAM e col (2004) através de uma revisão de literatura sistematizada relataram que o treinamento de força resulta em melhoras da força muscular e 4 alguns aspectos de limitações funcionais, tais como marcha e velocidade em idosos. Partindo desse pressuposto, CORREA e col (2013) avaliaram a força e volume muscular de mulheres idosas com idades em torno de 67 anos submetidas a um protocolo de treinamento de força por 12 semanas. Antes e após o final do protocolo, foram feitas avaliações de força através do teste de 1RM (uma repetição máxima) e volume muscular via ultrassonografia. Ao final do treinamento , os autores observaram que as idosas tiveram aumentos significativos da força no teste de 1 RM (pré 43,60kg – pós 57,90 kg) e no volume muscular pela ultrassonografia (pré 656,86 cm³ – pós 820,14cm³) Resultados interessantes também foram encontrados por LOVELL e col (2010). Os autores submeteram 12 idosos entre 70 e 80anos de idade a um protocolo de treinamento de força por 16 semanas e observaram aumentos significativos da força e massa muscular nos idosos ao final do treinamento. KRYGER e ANDERSEN (2007) avaliaram o efeito do treinamento de força sobre a força, tamanho muscular e tamanho da fibra em idosos de 85 a 97 anos de idade por 12 semanas. Antes e após o final do treinamento, os sujeitos realizaram testes de força, avaliação da área muscular via ressonância magnética. Ao final do estudo, os autores observaram que a força dos idosos aumentou em 137% e a área muscular também aumentou por 9,8%. Similarmente, RABELO e col (2011) investigaram o efeito de um treinamento de força progressivo sobre a força em idosos. Para isto, os autores recrutaram 154 mulheres idosas que foram separadas em dois grupos: grupo RTG que desempenhou o treinamento 3 vezes por semana durante 24 semanas, com a intensidade do exercício aumentando em função do tempo, 3 séries e com intervalo de descanso de 1 minuto e grupo controle que não realizou o treinamento. Antes e após o final do treino, foram realizadas avaliações da força muscular via dinamômetro isocinetico. Ao final do estudo, os autores observaram um aumento de 15,6 % da força nos idosos do grupo RTG e nenhum aumento no grupo controle .Os autores concluíram que o treinamento de força realizado com intensidade progressiva foi eficiente, aumentando a força de mulheres idosas. FARINATTI e col (2013) observaram através de seus estudos, que um protocolo de treinamento de força realizado em apenas uma vez por semana, é o suficiente para ter melhores adaptações no desempenho da força e capacidade funcional em idosos. No entanto, os autores também observaram que treinar em maiores frequências, parece oferecer um desempenho significativamente melhor do que menores frequências semanais de treino. PINTO e Col (2013) avaliaram o efeito do treinamento de força de curto prazo sobre a capacidade funcional, força dinâmica máxima e espessura muscular de 36 idosas sedentárias por volta dos 66 anos de idade. Para isto, as participantes foram randomicamente divididas para o grupo experimental (EG N=19) e grupo controle (CG N = 17). O programa de treinamento de força foi realizado duas vezes na semana durante 6 semanas. A intensidade do treinamento foi controlada pela repetição máxima (RM). O grupo experimental executou os exercícios leg press, extensão dos joelhos e flexão dos joelhos. Durante a primeira e terceira semana elas realizaram duas séries de 15 a 20 repetições máximas (RM), e durante a quarta e sexta semana foram executadas três séries de 12 a 15 repetições máximas (RM) com 2 minutos de intervalo de descanso entre as séries e 5 exercícios. Antes e após o termino do programa de treinamento, os sujeitos de ambos os grupos realizaram testes para mensurar a força dinâmica máxima (1 RM) que foi realizado na maquina extensora do joelho utilizando a perna dominante, teste de espessura muscular dos músculos vasto lateral, vasto medial, vasto intermédio e reto femoral, teste de sentar e levantar por 30 segundos no qual o participante inicia sentado na cadeira e ao sinal do avaliador o sujeito deverá ficar de pé e em seguida retornar a posição inicial executando o máximo de repetições possíveis por 30 segundos e teste de levantar e caminhar por 8 passadas em que o sujeito inicia sentado na cadeira e ao sinal do avaliador ele caminhara por 8 passos e retornara a posição sentada por 8 passos novamente o mais rápido possível. Os sujeitos tiveram 3 tentativas neste teste e foi valido o maior tempo para a analise (PINTO e col,2013) . Os autores observaram que após o final do treinamento, houve aumentos significativos do grupo experimental de 23% na força, e aumentos de 10,5%, 18,1%, 8,7% e 13,2% nos músculos vasto lateral, vasto medial, reto femoral e vasto intermédio, respectivamente. Além disso, também houve aumentos significativos nos testes funcionais ao final do treinamento (PINTO e col, 2013). Resultados interessantes também foram reportados por KALAPOTHARAKOS e col (2007), em que ao submeterem idosos por 12 semanas de treinamento, também observaram importantes adaptações na produção de força dos mesmos. MURLASITS e col (2012) compararam o efeito do treinamento de força em curto prazo realizado tanto 2 vezes na semana quanto 3 vezes na semana sobre a massa muscular, força das extremidades inferiores e superiores de 29 idosos ativos com 60 anos de idade ou mais. Os sujeitos do estudo foram separados em grupo 1 (treinamento de força duas vezes por semana por 8 semanas) e grupo 2 (treinamento de força 3 vezes por semana durante 8 semanas). Os indivíduos de cada grupo realizaram o programa de treinamento nos seguintes exercícios: leg press, elevação do ombro, puxada para baixo, exercício para peito sentado, cadeira flexora sentada ,rosca bíceps e abdominal por oito repetições a 75% de 1RM com um intervalo de descanso de 2 minutos entre as series . Antes e após o final do protocolo do treinamento, ambos os grupos realizaram testes para mensurar a força máxima das extremidades superior e inferior realizando o teste de 1RM (repetição máxima) nos exercícios leg press e chest press (peitoral sentado na maquina), bem como avaliação da massa muscular e tarefas funcionais (MURLASITS E COL, 2012). Ao final do estudo os autores observaram que a força no teste do exercício para peito sentado (seated chest press) aumentou de maneira significativa em ambos os grupos após as 8 semanas de treinamento no entanto , não foi observada diferença significativa entre os grupos. A força no teste leg press também mostrou melhoras significativas em ambos os grupos, mas não foi encontrada diferença significativa entre os grupos. O mesmo ocorreu na massa muscular, e tarefas funcionais, o qual embora ambos os grupos demonstraram aumentos , os ganhos entre eles foram similares .Os autores concluíram que o treinamento de força por curto prazo realizado duas ou três vezes na semana provocou ganhos similares na força muscular em idosos (MURLASITS E COL , 2012). FATOUROS E COL (2005) avaliaram o efeito da intensidade do exercício 6 sobre a força e mobilidade em 52 idosos saudáveis inativos com idades por volta dos 71 anos de idade. Os sujeitos foram separados em grupo controle (CG- N=14), grupo treinamento de baixa intensidade (LIST – N = 18) e grupo treinamento de alta intensidade (HIST- N =20). Os sujeitos treinaram 3 vezes por semana durante 24 semanas nos seguintes exercícios: peitoral sentado na maquina, extensão da perna, elevação do ombro, cadeira flexora, puxada para baixo, leg press, rosca direta e extensão do tríceps realizando series em cada exercício durante a primeira e oitava semana e 3 series em cada exercício nas semanas posteriores. Os sujeitos do grupo LIST realizaram de 14 a 16 repetições máximas em cada serie a 50 – 55 % de 1 RM e o grupo HIST desempenhou de 6 a 8 repetições máximas a 80 e 85 % de 1 RM (FATOUROS E COL, 2005). Antes e após o protocolo do treinamento os sujeitos de ambos os grupos efetuaram o teste de repetição máxima (1RM) no exercício leg press para avaliar a força da extremidade corporal inferior e no exercício peitoral sentado na maquina, para avaliar a força da extremidade corporal superior. Os grupos também fizeram testes para mensurar a mobilidade, que foram: Timed Up and Go, teste de caminhada por 50 passadas e teste de subir e descer escadas por oito degraus (FATOUROS E COL, 2005). Os achados dos autores foram que a força da extremidade corporal superior e inferior aumentou de maneira significativa nos grupos treinamento de baixa intensidade (LIST) e treinamento de alta intensidade (HIST), no entanto, os ganhos de força foram significativamente maiores no grupo que treinou em uma intensidade superior (HIST). O treinamento também provocou melhoras significativas do pré para o pós-teste nos teste Timed Up and GO, testes de caminhada e subir e descer as escadas, mas, o grupo que treinou em uma intensidade superior obteve ganhos significativamente maiores do que o grupo que treinou em uma intensidade inferior. Os autores concluíram que o protocolo de treinamento de força de alta intensidade induziu maiores ganhos da força e desempenho físico em idosos (FATOUROS E COL, 2005). Um estudo bastante curioso realizado por KELLY e col (2014) demonstrou que idosos com doença de Parkinson também tiveram melhoras significativas sobre o desempenho da força e capacidade funcional, além de terem sido observados aumentos significativos das fibras do tipo 2, levando a hipertrofia das mesmas, quando submetidos a um protocolo de treinamento de força de alta intensidade. VERDIJIC E COL (2009) avaliaram o efeito do treinamento de força sobre a força muscular de 14 idosos saudáveis com idades situadas entre 65 a 85 anos de idade. Os idosos realizaram o treinamento 3 vezes por semana durante 12 semanas. Nas 4 primeiras semanas de treinamento a carga aumentou de 60% de 1 RM (10 -15 repetições) para 75 % de 1 RM (8-10 repetições). Ao iniciar a 5ª semana, foram realizados 4 series de oito repetições em 75% - 80% de 1 RM nos exercícios leg press e cadeira extensora com intervalos de descanso de 1 minuto e meio e 3 minutos. Antes e após as 12 semanas de treinamento, os idosos realizaram o teste de repetição máxima (1 RM) no leg press e na cadeira extensora para ser avaliada a força (VERDIJIC E COL, 2009). Os achados dos autores foram que a força dos idosos aumentaram de 7 maneira significativa após as 12 semanas de treinamento em ambos os testes e os autores concluíram que um programa de treinamento de força prolongado aumenta eficazmente a força muscular em idosos saudáveis. Além disso, os autores também observaram um aumento no tamanho das fibras do tipo 2 além de um aumento no conteúdo de células satélites o qual foram correlacionados com os aumentos da massa muscular, podendo em partes explicar essas adaptações induzidas pelo treinamento (VERDIJIC E COL, 2009). RADAELLI E COL (2014) investigaram o efeito do treinamento de força de baixo e alto volume sobre adaptações neuromusculares dos músculos das extremidades corporais superiores e inferiores de 24 idosos saudáveis entre 60 e 74 anos de idade, que não estavam envolvidos em um treinamento de força regular por pelo menos 3 semanas. Os idosos foram randomicamente divididos em grupo baixo volume 1 série (LV -N = 12) e grupo alto volume 3 series (HV-N=12). Os sujeitos de ambos os grupos realizaram o treinamento duas vezes por semana durante 20 semanas. O grupo LV realizou 1 serie de cada exercício e o grupo HV desempenhou 3 series de cada exercício. Os sujeitos de ambos os grupos realizaram os seguintes exercícios: extensão bilateral dos joelhos, puxada pela frente, leg press bilateral, flexores do cotovelo com halteres, cadeira flexora bilateral, supino, extensão do tríceps, adução e abdução do quadril e abdominal. Durante as seis primeiras semanas os sujeitos treinaram com 15 – 20 RM; nas semanas 7 – 10 a intensidade foi de 12- 15 RM; nas semanas 11 – 13 os sujeitos treinaram em uma intensidade de 10-12 RM; nas semanas 14 – 17 a intensidade foi de 8-10 RM e nas ultimas três semanas a intensidade foi de 6-8 RM (RADAELLI E COL, 2014). Antes e após o fim do programa de treinamento, ambos os grupos realizaram o teste de força dinâmica máxima (1 RM) na cadeira extensora e na rosca scott. Também foi avaliada a espessura muscular do reto femural, vasto intermédio, vasto medial, vasto lateral (quadríceps femural), bíceps braquial e braquial (músculos flexores do cotovelo) (RADAELLI E COL , 2014) . Os achados dos autores foram que ambos os grupos melhoraram significativamente a força nos testes cadeira extensora e rosca scott após as 20 semanas de treinamento e também houve aumento significativo da massa muscular dos músculos do quadríceps e flexores do cotovelo em ambos os grupos. No entanto, os ganhos de força e massa muscular foram significativamente maiores no grupo que treinou em um alto volume de treinamento (HV) após as 20 semanas do estudo . Os autores concluíram que o treinamento de força com maior volume promove maiores aumentos na força e na massa muscular de idosos (RADAELLI E COL, 2014). CANDOW e col (2011) relataram que idosos quando submetidos a um protocolo de treinamento de força de alta intensidade, obtiveram ganhos similares no desempenho da força e hipertrofia muscular quando comparados a jovens fisicamente ativos. Um detalhe importante do estudo foi que os jovens não participaram do treinamento, e sim apenas das avaliações, afim de que os valores sejam comparados com os resultados dos idosos, o qual se mostrou similar. 8 5. Considerações finais. O envelhecimento é marcado por diversas mudanças no organismo humano. Dentre essas mudanças, podemos destacar as alterações que ocorrem no tecido muscular, como a perda da força que está relacionada a um declínio de unidades motoras rápidas e a perda da massa muscular devido a uma diminuição das fibras do tipo 2 e menor atividade e expressão das células satélites que são responsáveis pelo crescimento muscular, reparo de dano e regeneração. A perda da massa muscular e da força estão associadas a um declínio do desempenho funcional de idosos , dificultando a realização de tarefas funcionais diárias , no entanto , existem maneiras para tentar minimizar esse processo. O treinamento de força parece ser uma estratégia eficaz o qual foi muito bem demonstrado pelas evidências científicas, que com uma boa manipulação de variáveis do treinamento como, intensidade, frequência de treino, volume de treinamento e dentre outras, contribui positivamente para melhores adaptações no tecido muscular esquelético e consequente melhora das tarefas funcionais em sujeito idosos . 6. Referências bibliográficas. AAGAARD , P ; SUETTA ,C; CASSEROTTI,P; MAGNUSSON , S.P; KJAER,M. Role of the nervous system in sarcopenia and muscle atrophy with aging: strength training as a countermeasure . Scandinavian Journal of Medicine and Science in Sports .v.20, n. [?], 2010. BIRD, P.S; TARPENNING, M. K; MARINO, E.F. 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