Difusão e comunicação PETVet/Ufra Ano 1, número 1. “One Health” Por Rinaldo B. Viana & Walberson Silva Programa de Educação Tutorial em Medicina veterinária Universidade Federal Rural da Amazônia O conceito "One Health" introduzido no início dos anos 2000, de um modo simplista traduz a ideia conhecida há mais de um século: a saúde humana e a saúde animal são interdependentes e vinculadas à saúde dos ecossistemas em que existe. Este conceito é concebido e implementado pela World Organisation for Animal Health (OIE) como uma abordagem global e colaborativa para a compreensão dos riscos para a saúde humana e animal (incluindo animais domésticos e de vida selvagem) e do ecossistema como um todo. A OIE baseia-se nas normas intergovernamentais que publica e na informação mundial sobre a saúde animal que recolhe, bem como na sua rede de peritos e programas internacionais de reforço dos serviços veterinários nacionais. Além disso, colabora de forma sinérgica com mais de 70 outras organizações internacionais, particularmente aquelas que desempenham um papel fundamental na interface homem-animal-ecossistemas (OIE, 2016). As doenças de origem animal que podem ser transmitidas aos seres humanos, como a gripe aviária, raiva, febre do vale do Rift, brucelose, tuberculose, encefalite espongiforme bovina, liesteriose, vírus Nipah (NiV), entre outras, representam riscos mundiais para a saúde coletiva. Outras doenças de transmissão horizontal entre as pessoas também circulam em animais ou podem tê-los como reservatório, causando graves emergências de saúde nas populações, como a recente epidemia de vírus Ebola. Esses riscos aumentam com a globalização, provocando maior migração de pessoas entre as regiões do mundo, mudanças climáticas e mudanças no comportamentais humanas, dando aos patógenos oportunidades para colonizar novos territórios e adaptações para novas formas, muitas vezes mais resistentes. O controle dos agentes patogênicos zoonóticos (patógenos que podem ser transmitidos de animais para humanos e vice-versa) na sua origem animal é a forma mais eficaz e econômica de Difusão e comunicação PETVet/Ufra Ano 1, número 1. proteger as pessoas. Consequentemente, estratégias globais para prevenir e controlar agentes infecciosos devem ser desenvolvidas e coordenados na interface homem-animal-ecossistemas e aplicadas regional, nacional, regional e globalmente, buscando inclusive minimizar custos com políticas públicas integradas para saúde animal e humana. Animais domésticos, animais selvagens e seres humanos enfrentam ameaças semelhantes à saúde A raiva está presente em todos os continentes, exceto na Antártida. Embora mordidas de cães sejam responsáveis por mais de 90% dos casos, transmissão do vírus da raiva para humanos, morcegos - incluindo morcegos hematófagos - e raposas podem atuar como reservatórios e vetores da doença, representando uma ameaça muito real para a saúde animal e coletiva. Animais de fazenda, também podem atuar como transmissores do vírus, sobretudo para trabalhadores rurais. Em muitos países bovinos domésticos podem transmitir doenças tais como tuberculose, brucelose, encefalite espongiforme, listeriose, entre outras, tanto pelo contagio direito como por meio de alimento contaminado (carne, leite e derivados). Os primatas não humanos (macacos, gorilas e chimpanzés) estão frequentemente envolvidos na transmissão do vírus Ebola os seres humanos, mas também são vítimas dela. Morcegos são suspeitos de ser o hospedeiro natural desta zoonose, que é altamente letal para os seres humanos. O vírus Nipah (NiV) é uma zoonose emergente cujos hospedeiros naturais são os morcegos frugívoros. O desmatamento, privando os morcegos do habitat natural e forçando-os a se aproximarem das aldeias pode ser a causa provável da transmissão do vírus aos suínos e, posteriormente, aos seres humanos. A transmissão do vírus a humanos pode ocorrer após contato direto com morcegos, suínos e/ou pessoas infectadas pelo NiV. Na Malásia e Cingapura, os seres humanos foram aparentemente infectados pelo contato próximo com suínos infectados. Nenhuma ocorrência de transmissão horizontal entre pessoas foi relatada neste surto. Por outro lado, a transmissão entre pessoas em Bangladesh e na Índia é relatada regularmente, sobretudo na família e cuidadores de pacientes infectados com vírus Nipah. A transmissão também ocorre pela exposição direta a morcegos infectados. Um exemplo comum é o consumo de sementes de palmeira-prima, contaminadas com excreções de morcegos contaminados. Consulta: https://www.cdc.gov/ http://www.oie.int/ Produção & divulgação: