PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática Rialdo Luiz Rezende UTILIZANDO MATERIAIS MANIPULATIVOS E O GEOGEBRA PARA O ENSINO DA TRIGONOMETRIA Belo Horizonte 2015 Rialdo Luiz Rezende UTILIZANDO MATERIAIS MANIPULATIVOS E O GEOGEBRA PARA O ENSINO DA TRIGONOMETRIA Dissertação apresentada ao programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Matemática. Orientadora: Drª. Eliane Scheid Gazire. Belo Horizonte 2015 FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais R467u Rezende, Rialdo Luiz Utilizando materiais manipulativos e o Geogebra para o ensino da Trigonometria / Rialdo Luiz Rezende. Belo Horizonte, 2015. 173 f.: il. Orientadora: Eliane Scheid Gazire Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. 1. Matemática - Estudo e ensino. 2. Trigonometria - Estudo e ensino. 3. Ensino - Meios auxiliares. 4. Tecnologia educacional. 5. Aprendizagem por atividades. I. Gazire, Eliane Scheid. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título. CDU: 514:37.02 A Deus, por me amparar em mais esta caminhada. AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, a Deus; À minha esposa Andreza e aos meus pais, que me apoiaram nessa caminhada, todos entendendo a minha ausência em função de mais essa fase de minha trajetória acadêmica; Aos meus filhos: Iuri, Ingrid e Iasmin, pelo amor incondicional, sempre esperando meu retorno das viagens que fiz, por conta do mestrado; À Profa. Dra. Eliane Gazire, pela orientação; A todos os professores do Programa de Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, que sempre me trataram com presteza, cordialidade e parceria, consolidando uma saudável e fraterna amizade; A todos, meu sincero: MUITO OBRIGADO! “O conhecimento humano é construído; a aprendizagem significativa subjaz essa construção”. (NOVAK, 1996). RESUMO Esta pesquisa possui, como objeto de investigação, o ensino da trigonometria, tendo como justificativa principal a deficitária compreensão do tema e a presença dela constante no cotidiano escolar. Assim, procurando averiguar quanto uma proposta metodológica complementar de ensino, que emprega a utilização de régua, esquadros, compasso alternados com o uso do software Geogebra, pode contribuir para o aprendizado da trigonometria, buscou-se como metodologia o estudo bibliográfico e documental, além de observações diretas participantes do pesquisador na aplicação de atividades que, mais tarde, compuseram um caderno, produto desta pesquisa, voltado tanto para alunos da Educação Básica e Ensino Técnico quanto para as classes básicas do Ensino Superior e que mescla a utilização de materiais manipulativos (régua, esquadros e compasso) com o uso do software Geogebra, no processo de ensino e aprendizagem da trigonometria. No decorrer da pesquisa observou-se que a compreensão consolidada da trigonometria, fundamentada em conceitos da geometria plana, se mostrou como um processo lento, crescente e gradativo, assemelhando-se à forma de uma espiral, que teve, como contribuição para seu entendimento, a inclusão de situações próximas ao cotidiano vivenciado pelos alunos. Vale, ainda, ressaltar, que os resultados aqui apresentados fazem parte do Projeto: “Objetos de Aprendizagem de Matemática na Educação Profissional Técnica de Nível Médio”, cujo objetivo é criar produtos para as aulas de Matemática do Ensino Técnico Profissional com intermediação das TIC. Palavras-chave: Trigonometria. Materiais manipulativos. Geogebra. ABSTRACT This research has as object of research, teaching trigonometry, the main cause being deficient understanding of the subject and her presence constantly in everyday school life. Thus, seeking to ascertain as a complementary methodological approach to teaching, which employs the use of ruler, squares, alternating step with the use of the Geogebra software, can contribute to the learning of trigonometry, he sought as methodology the bibliographical study and documentary as well direct participants researcher observations on the implementation of activities that later composed a notebook, a product of this research, geared both to students of Basic Education and Technical Education and for the basic classes of Higher Education, which combines the use of manipulative materials (ruler, squares and compass) using the Geogebra software in teaching and learning of trigonometry process. During the survey it was observed that the consolidated understanding of trigonometry, based on concepts of plane geometry, proved to be a slow, growing and gradual process, resembling the shape of a spiral, which had, as a contribution to their understanding, the inclusion of close to everyday situations experienced by the students. It is also worth noting that the results presented here are part of the Project: "Mathematics Learning Objects in the Mid-Level Professional Technical Education", whose goal is to create products for the mathematics classes of Technical Education Professional with intermediation of ICT. Keywords: Trigonometry. Manipulative materials. Geogebra. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Representação da observação feita por Eratóstenes referente ao cálculo do perímetro terrestre ..................................................................................... 18 FIGURA 2 - Tábua de Cordas de Ptolomeu .............................................................. 20 FIGURA 3 – O Jiva ...................................................................................................... 20 FIGURA 4 – Construção gráfica com o Winplot....................................................... 33 FIGURA 5- Razão de semelhança, em Iezzi et al (2010) ........................................... 33 FIGURA 6 – Razão de semelhança, por Diniz e Smole (2010) ................................. 34 FIGURA 7 – Declividade, por Dante (2007)............................................................... 34 FIGURA 8 - Circunferências concêntricas ................................................................ 35 FIGURA 9 – Linearização do ciclo trigonométrico ................................................... 35 FIGURA 10 – Seno e cosseno no ciclo ........................................................................ 36 FIGURA 11 – Tangente no ciclo ................................................................................. 36 FIGURA 12 – Diagrama de Venn ............................................................................... 37 FIGURA 13 – Tabela de valores de senos .................................................................. 37 FIGURA 14 – Gráfico senoide..................................................................................... 37 FIGURA 15 – Variações de sinais nos quadrantes .................................................... 38 FIGURA 16 – Seno no ciclo ......................................................................................... 38 FIGURA 17 – Tabela de senos .................................................................................... 38 FIGURA 18 – Tabelas para construção de gráficos .................................................. 39 FIGURA 19 – Comportamento gráfico ...................................................................... 39 FIGURA 20 – A aprendizagem receptiva e aprendizagem por descoberta ............ 45 FIGURA 21 - Triângulo construído pelos alunos a partir do roteiro ...................... 69 FIGURA 22 - Discente construindo o triângulo da atividade 2 ............................... 70 FIGURA 23 - Alunos participantes da pesquisa no laboratório computacional .... 74 FIGURA 24 – Construção do triângulo com o software ........................................... 77 FIGURA 25 – Triângulo obtido da construção da atividade 4 ................................ 77 FIGURA 26 – Registros para preenchimento da tabela ........................................... 78 FIGURA 27 – Tabela da atividade 4, preenchida pelos alunos M e CH ................. 79 FIGURA 28 – Registros dos cálculos realizados pelos alunos KA e MA ................ 83 FIGURA 29 – Registros realizados pelos alunos KA e MA ...................................... 85 FIGURA 30 – Registros dos cálculos realizados pelos alunos KA e MA; ............... 88 FIGURA 31 – Registros realizados pelos alunos KA e MA ...................................... 88 FIGURA 32 – Registros dos cálculos realizados pelos alunos TI e CA ................... 89 FIGURA 33 – Registros dos alunos OT e LU ............................................................ 90 FIGURA 34 – Registros dos alunos MA e KA ........................................................... 91 FIGURA 35 – Registros dos alunos LE e CA............................................................. 91 FIGURA 36 – Registros dos alunos KA e MA ........................................................... 92 FIGURA 37 – Registros dos alunos MA e MR .......................................................... 95 FIGURA 38 – Registros dos alunos LU e IN .............................................................. 98 FIGURA 39 – Registros da generalização da expressão dos arcos, com especificação da variável e parâmetro ...................................................................... 101 FIGURA 40 – Registros da generalização da expressão dos arcos dos alunos IN e LE ................................................................................................................................. 101 FIGURA 41 – Construção do ciclo trigonométrico dos alunos JÁ e TI ................ 105 FIGURA 42 – Construção do ciclo trigonométrico dos alunos MA e LU ............. 109 FIGURA 43 – Alunos no laboratório de informática realizando a atividade ....... 111 FIGURA 44 – Construção do ciclo trigonométrico com redução ao primeiro quadrante .................................................................................................................... 113 FIGURA 45 – Tabela preenchida pelos alunos JA e CH ........................................ 114 FIGURA 46 – Tabela preenchida pelos alunos IN e TI .......................................... 119 FIGURA 47 – Curva Senoide e Cossenoide construída pelos alunos MA e KA ... 122 FIGURA 48 – Registro dos alunos MA e KA ........................................................... 123 FIGURA 49 – Registro dos alunos MA e OT ........................................................... 124 FIGURA 50 – Registro dos alunos MA e OT ........................................................... 127 FIGURA 51 – Registro dos alunos MA e OT ........................................................... 127 FIGURA 52 – Alunos no laboratório de computação realizando a atividade 10 . 128 FIGURA 53 – Registro sequencial de aluno da construção proposta .................... 129 FIGURA 54 – Registro dos alunos KA e MA ........................................................... 131 FIGURA 55 – Registro dos alunos IN e RA ............................................................. 132 FIGURA 56 – Registro dos alunos IN e RA ............................................................. 133 FIGURA 57 – Registro dos alunos IN e RA ............................................................. 135 FIGURA 58 – Registros dos alunos IN e RA............................................................ 137 FIGURA 59 – Registros dos alunos IN e RA............................................................ 137 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – Obras selecionadas para análise ......................................................... 30 QUADRO 2 – Parâmetros para a análise dos livros didáticos ................................. 31 QUADRO 3 - Assuntos, objetivos e tempo previsto das atividades ......................... 52 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13 2. ASPECTOS HISTÓRICOS DA TRIGONOMETRIA NA EVOLUÇAO DA HUMANIDADE ............................................................................................................ 16 3. O ATUAL ENSINO DA TRIGONOMETRIA ...................................................... 25 3.1 Parâmetros, diretrizes e norteadores .................................................................... 25 3.2 Trigonometria nos livros didáticos ....................................................................... 29 3.3 Algumas pesquisas sobre o Ensino da Trigonometria ........................................ 40 4. CONSTRUINDO AS ATIVIDADES ...................................................................... 45 5. O PERCURSO DA PESQUISA .............................................................................. 50 5.1 A elaboração do produto e sua aplicação ............................................................. 51 5.1.1 Descrição das atividades ....................................................................................... 51 5.2 Teste piloto .............................................................................................................. 55 5.3 Aplicação das atividades ........................................................................................ 55 5.3.1 O Instituto Federal Brasília - Campus Taguatinga ............................................ 56 5.3.2 Os sujeitos da pesquisa ......................................................................................... 57 6. APLICAÇÃO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES .................................................. 59 6.1 Atividades tutoriais 1 e 3 ........................................................................................ 59 6.2 Aplicação e análise da atividade 2 ......................................................................... 68 6.3 Aplicação e análise da atividade 4 ......................................................................... 74 6.4 Aplicação e análise da atividade 5 ......................................................................... 81 6.5 Aplicação e análise da atividade 6 ......................................................................... 92 6.6 Aplicação e análise da atividade 7 ....................................................................... 103 6.7 Aplicação e análise da atividade 8 ....................................................................... 110 6.8 Aplicação e análise da atividade 9 ....................................................................... 119 6.9 Aplicação e análise da atividade 10 ..................................................................... 128 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 139 APÊNDICE A ............................................................................................................. 146 13 1. INTRODUÇÃO Iniciei minha vida acadêmica cursando Engenharia Florestal, de 1991 a 1997, na Universidade de Brasília – UnB. Porém, tomando gosto pela Educação, conclui, na mesma IES, Licenciatura em Matemática, em 2002. Iniciei minha trajetória profissional no magistério, no Ensino Fundamental II (atual 6º ao 9º anos), seguindo para a atuação em instituições de ensino de rede privada na Educação Básica até 2013, ano em que fui aprovado em concurso público, passando a laborar nas redes de ensino públicas federal e distrital, atuando na Educação de Jovens e Adultos, Educação Técnica de nível médio e Ensino Superior. Nessa trajetória, percebi a dificuldade da maioria dos alunos do Ensino Médio em compreender os conceitos da trigonometria envolvidos em: cálculo de distâncias inacessíveis, funções circulares, números complexos, geometria analítica, eletricidade, ondulatória, óptica e outros, sendo, então, uma das minhas preocupações recorrentes, no ambiente de ensino, as flagrantes dificuldades detectadas na maioria dos alunos de Ensino Médio no aprendizado da Matemática. Por sua vez, e da mesma forma como ocorre no Ensino Médio, também no exercício da docência no Ensino Superior, especificamente na componente Cálculo Integral e Diferencial 1, passei a identificar o reflexo dessa lacuna, na insatisfatória compreensão dos conceitos de derivadas ˗ taxa de variação, coeficiente angular da reta e estudo das tangentes. Dessa forma, tentando entender os motivos de tamanho fracasso, procurei fazer cursos de formação continuada para professores, participar de minicursos e simpósios, todos focados na prática docente, buscando subsídios para melhorar minha atuação e, consequentemente, minimizar as frustrações dos discentes. Foi aí que me interessei pelo Programa de Mestrado Profissional no Ensino de Ciências e Matemática da PUCMINAS por abordar, em seu itinerário curricular, o estudo de propostas investigativas na Educação Matemática, metodologias de ensino e o emprego das tecnologias da informação (TIC - computadores, celulares, smartphones, tablets e outros) como recursos pedagógicos. Com essa perspectiva e juntamente com a leitura das obras recomendadas pelo programa de Mestrado Profissional Stricto Sensu, escolhi o foco de estudo em aprendizagem da trigonometria suportada pelos fundamentos geométricos, e, assim, culminando na elaboração dessa dissertação, que busca responder a seguinte questão: 14 Como uma proposta metodológica complementar de ensino, que emprega a utilização de régua, esquadros, compasso, alternados com o uso do software Geogebra, pode contribuir para o aprendizado da trigonometria? Portanto, tem-se, como objetivo principal, desvelar as contribuições de uma sequência didática, que mescla a utilização de materiais manipulativos (régua, esquadros e compasso) e o uso do software Geogebra, no processo de ensino e aprendizagem da trigonometria. Como objetivos específicos dessa pesquisa, podem ser listados: Elaborar e aplicar um conjunto de atividades sobre trigonometria procurando propiciar ao estudante a experimentação de uma metodologia que emprega dois instrumentos distintos; Proporcionar um ambiente no qual o aluno possa vivenciar algumas experiências matemáticas investigativas buscando estimular a prática de conjecturar, abstrair, argumentar, demonstrar e generalizar. Para tanto, esse texto foi organizado em sete capítulos, onde este primeiro, introdutório, descreve, brevemente, a trajetória de formação acadêmica e atuação profissional do pesquisador revelando os motivos de interesse pelo tema, considerando a problemática, a relevância e objetivos desta pesquisa, além de um breve relato sobre cada capítulo apresentado. No capítulo 2, buscou-se conhecer a evolução histórica da trigonometria e relatála numa sequência cronológica. Já no capítulo 3, procurou-se perceber o que é preconizado pelas entidades governamentais de Educação, através da leitura de documentos oficiais relativos ao assunto. Além disso, ainda nesse ínterim, é feita a análise de três livros didáticos como adotados em instituições de Ensino do Distrito Federal. As atividades aplicadas, por sua vez, foram fundamentadas em referenciais teóricos abordados no capítulo quatro e descritas no capítulo quinto, assim como todo o percurso da pesquisa, indicando o seu objetivo principal, a metodologia utilizada e todo caminho trilhado. Já no sexto capítulo, são descritas as aplicações e análises das atividades elaboradas, evidenciando os resultados dessa pesquisa qualitativa, através de elementos e/ou fatores ora previstos, ora não esperados, desvelados ao longo do processo. As considerações finais são pontuadas no sétimo capítulo, no qual são apresentados os fatos relevantes vivenciados pelo pesquisador e revelados na investigação. 15 O produto final é apresentado nos apêndices como um caderno, composto por dez atividades, que busca complementar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos da Educação Básica, no segmento do Ensino Médio, e sendo aplicável em discentes do Ensino Técnico Profissional ou Superior, revelando-se uma opção de abordagem do tema, buscando uma mediação docente por meio da qual os sujeitos possam ser ativos e conscientes da importância de sua mobilização na construção do pensamento. Vale ressaltar, ainda, que a pesquisa, cujos resultados são apresentados nesta Dissertação, faz parte do Projeto: “Objetos de Aprendizagem de Matemática na Educação Profissional Técnica de Nível Médio”, financiado pela FAPEMIG pelo Edital 13/2012. O objetivo desse Projeto é criar produtos para as aulas de Matemática do Ensino Técnico Profissional sempre com intermediação das TIC, ou seja, disponibilizar material de apoio aos professores de Matemática com atividades que ampliem as possibilidades de estratégias metodológicas pelo uso do computador, internet, entre outras mídias. O desenvolvimento deste Projeto se faz pelo Convênio de Professores da área de Matemática do Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da PUC Minas e da instituição de Educação Profissional CEFETMG. 16 2. ASPECTOS HISTÓRICOS DA TRIGONOMETRIA NA EVOLUÇAO DA HUMANIDADE Nesse capítulo procura-se realizar um estudo histórico das contribuições ao tema e seus respectivos colaboradores, sendo organizado ao longo da linha do tempo, mostrando os avanços obtidos em cada época. A Trigonometria não foi construída em um único momento, por um só homem e nem por uma só nação. A composição de sua história ocorreu ao longo de milhares de anos com a participação de grandes civilizações que buscavam fundamentá-la com elementos da Geometria e da Álgebra. Acredita-se que a sua composição inicial esteja associada aos estudos em Astronomia, Agrimensura e Navegações. Conceituar e efetuar medida de ângulo foram decisivos em diversas situações, inclusive nas razões entre os lados de um triângulo retângulo. Costa (1997) afirma sobre a existência de tentativas de medi-los, em datas remotas, pela presença de fragmentos de círculos, que parecem ter feito parte de astrolábios primitivos utilizados para esse fim. De acordo com Bertoli e Schuhmacher (2013), entre 2700 e 2800 a.C., os babilônicos, com grande interesse pela Astronomia, construíram o calendário astrológico motivados por questões religiosas e épocas de plantio. Isso evidencia certos domínios de geometria dos triângulos, unidades de medidas e escalas, pois esses conhecimentos estão vinculados à noção de direção pelos pontos cardeais, às fases da lua e às estações do ano. Esse povo fez, a partir de 747 a.C., uma tábua de eclipses, utilizada até a atualidade. Para Eves (2004, p.202), nesse sentido, “Os astrônomos babilônicos dos séculos IV e V a.C. acumularam uma massa considerável de dados de observações e hoje se sabe que grande parte desse material passou para os gregos. Foi a astronomia primitiva que deu origem à trigonometria esférica”. No Egito, observa-se, no Papiro de Ahmes, conhecido como Papiro de Rhind, datado de aproximadamente 1650 a.C., a presença de 84 problemas, em que quatro deles fazem menção ao seqt de um ângulo. Quando se estuda o Papiro de Ahmes, não há clareza no significado da palavra seqt, mas acredita-se que essa palavra representava a razão entre o afastamento horizontal e a elevação vertical. Por volta de 1500 a.C., surgia o relógio de sol chamado de Gnômon, cuja principal ideia era associar sombras projetadas por uma vara vertical a sequências numéricas, relacionando seu comprimento com as horas do dia. (BERTOLI; SCHUHMACHER, 2013; COSTA, 1997). “A ideia 17 básica era de que uma elevação maior do Sol produzia uma sombra menor” (KENNEDY, 1992, p.42). No oriente, por volta do ano de 1110 a.C., são encontradas algumas referências à trigonometria, quando os triângulos retângulos eram utilizados para medir profundidades, distâncias e comprimentos. Sua importância na literatura chinesa é evidente em uma passagem que, traduzida, diz: “O conhecimento vem da sombra, e a sombra vem do Gnômon” (BERTOLI; SCHUHMACHER, 2013, p.5). Os motivos que levaram os babilônicos a escolherem o sistema sexagesimal de numeração são desconhecidos, mas alguns estudos indicam que a escolha pode ter sido influenciada pela facilidade de dividir o círculo em seis partes iguais usando o raio como corda. Esse sistema pode ser observado na escrita de frações nas quais os denominadores normalmente eram expressos em potências de 60. Para Kennedy (1992): A ideia de 360 partes em um círculo poderia ter resultado de uma estimativa ligeiramente errônea de 360 dias num ano. Todavia parece provável que o sistema sexagesimal moderno tenha precedido a divisão de cada parte em 60 subpartes. Seja como for, independente de que o anterior tenha sido 60 ou 360, os babilônicos estudaram astronomia e usaram um sistema numérico sexagesimal em que as frações eram escritas como denominadores de potências de 60, empregando até certo ponto a mesma noção posicional com que escrevemos frações decimais. (KENNEDY, 1992, p. 34). Eratóstenes de Cirene viveu entre 276 e 196 a.C., trabalhou na biblioteca de Alexandria em 236 a.C. e calculou a medida do perímetro da terra com maior precisão para a época. Ele observou que ao meio-dia, de um dia de solstício de verão, os raios solares atingiam a base de um profundo poço em Siene. No mesmo instante, em Alexandria, ao norte de Siene (distante 5 mil estádios1), o sol lançava uma sombra indicando um determinado ângulo entre os raios e o zênite de um círculo, como ilustrado na figura 1. 1 Unidade de medida utilizada na época. 18 Figura 1 – Representação da observação feita por Eratóstenes referente ao cálculo do perímetro terrestre Fonte: BERTOLI; SCHUHMACHER, 2013, p 6. Assim, utilizando a semelhança de triângulos e razões trigonométricas, ele conseguiu determinar a circunferência da Terra e despertou o início de uma sistematização nas relações entre cordas e ângulos. Contudo, percebeu-se que durante dois séculos e meio, compreendidos entre Hipócrates e Erastóstenes, houve pouco avanço da trigonometria. Dessa forma, para Boyer (1996, p.118), [...] de Hipócrates a Eratóstenes os gregos estudaram as relações entre retas e círculos e as aplicaram na Astronomia, mas disso não resultou uma trigonometria sistemática. Hipsicles, por volta de 180 a.C., estudando a estreita relação entre a astronomia e os ângulos e influenciado pelos babilônicos, foi um dos primeiros astrônomos gregos a dividir o círculo do zodíaco em 360 partes iguais, dando sequência nos trabalhos dos Caldeus, que o dividiram em 12 secções, e cada uma delas 30 e às vezes 60 partes. O astrônomo Hiparco de Niceia (180 a.C. – 125 a.C.), por sua vez, generalizou a segmentação de Hipsicles e Caldeus para outros círculos em 150 a.C. Após a divisão da circunferência em 360 partes, nomeou cada unidade do arco como grau. Seguindo a Astronomia dos babilônicos, ele construiu a primeira tabela trigonométrica, com os valores das cordas de ângulos de 0º a 180º, utilizando interpolação linear. Sua trigonometria utilizava uma função em que cada arco de circunferência de raio arbitrário correspondente ao ângulo central, associado a sua respectiva corda. Isso possibilitou avanços na astronomia, sendo considerado, então, o “Pai da Trigonometria”. Outro nome que merece destaque é a de Ptolomeu da Alexandria, cujas datas de nascimento e morte não são claras. Dentre as contribuições de Cláudio Ptolomeu (Klaudius Ptolemaios) estão os oito livros em geografia, conhecidos na época como a “bíblia dos geógrafos”. Essa obra introduzia o sistema de latitudes e longitudes, 19 utilizado ainda hoje; também descrevia métodos de projeção cartográfica, além de catalogar cerca de 8 mil cidades, rios e outros aspectos relevantes da Terra. Por volta de 150 d.C., ele escreveu a maior obra trigonométrica da antiguidade: Syntaxis Mathematica, com treze livros. Para diferenciar esse trabalho de outros menos notórios, comentadores árabes referiam-se a ele como magiste, “maior”. Subsequentemente antepuseram-lhe o artigo definido al, ficando conhecido como almagest (“o maior”) e, daí, como o Almagesto. Grande parte do Almagesto foi embasada nas obras de Hiparco (180 a 125 a.C.), incluindo cordas num círculo. A relevância desse trabalho foi reconhecida pela clareza e elegância de estilo, sendo considerado trabalho-modelo de Astronomia até os tempos de Nicolau Copérnico e Johann Kepler, com a teoria heliocêntrica do sistema solar. De acordo com Kennedy (1992, p.28): “Para os matemáticos, o Almagesto tem interesse devido às identidades trigonométricas que Ptolomeu divisou para auxiliá-lo a reunir dados para sua tabela de cordas”. Corroborando com as ideias de Kennedy (1992), também Aaboe (1984, p.129) cita a mesma obra afirmando que mais do que qualquer outro livro, “o Almagesto contribuiu para a ideia tão básica nas atividades científicas de que uma descrição quantitativa matemática dos fenômenos naturais, capaz de fornecer predições confiáveis, é impossível e desejável”. O autor ainda cita, em seu livro algumas características do Almagesto, sendo essas “[...] não somente seus modelos astronômicos, mas também as ferramentas matemáticas, além da geometria elementar, necessárias para a Astronomia, entre elas a trigonometria” (AABOE, 1984, p.128). O Almagesto sobreviveu ao tempo, pois ainda utilizamos sua tabela trigonométrica e dados de sua construção, como ilustra a figura 2, sendo, porém, utilizada atualmente a partir de sua tradução. Segundo Boyer (1996), para a construção dessas tabelas, Ptolomeu utilizou o seno da diferença. Nele, os estudos sobre a trigonometria estão descritos no primeiro volume, capítulo dez, onde explica a forma de calcular a tabela de cordas, e no capítulo seguinte, a própria tabela. Vale ressaltar, ainda, que essa tabela é mais completa que a de Hiparco, pois contém ângulos de meio em meio grau, nos limites de 0º a 180º. 20 Figura 2 - Tábua de Cordas de Ptolomeu Fonte: AABOE, 1984, p. 129. Por volta de 400 d.C., com a crise da Europa Ocidental causada pelas invasões bárbaras e declínio do Império Romano, o centro cultural passa a se deslocar para a Índia, e os Hindus influenciaram a trigonometria escrevendo a obra Surya Siddhanta (Sistema do Sol). Surya se diferencia das obras de Ptolomeu, pois existe uma relação entre a metade da corda e a metade do ângulo central correspondente, o que eles nomearam de Jiva. O Jiva possibilita visualizar um triângulo retângulo na circunferência, como mostra a figura 3. Figura 3 – O Jiva Fonte: COSTA, 1997, p.18. Por volta de 500 d.C., o matemático hindu Aryabhata já calculava semicordas e utilizava o atual sistema decimal. Além disso, usava-se a notação para os números 21 inteiros e a introdução de uma rudimentar tábua de senos, como substituta da tabela grega de cordas. Logo em seguida, esse povo introduziu os conceitos de semicorda e de seno, demonstrando algumas identidades. Varahamihira, em 505 d.C., utilizava o equivalente verbal sen2 θ + cos2 θ = 1. Nesse sentido, para Boyer (1996, p.147): “As mais antigas tabelas da função seno que se preservam são as do Siddhantas e do Aryabhata. Nelas, são dados os senos dos ângulos até 90º, para 24 intervalos iguais a º cada um.” Os árabes também agregaram seus trabalhos à geometria e à trigonometria, talvez pelo grande interesse em astronomia. Porém, as maiores contribuições não estavam em grandes descobertas, mais sim nos esforços de tradução e preservação de trabalhos gregos. Segundo Eves (2004): O papel importante desempenhado pelos árabes em geometria foi mais de preservação do que de descoberta. O mundo lhes deve um preito de reconhecimento por seus esforços continuados para traduzir satisfatoriamente os clássicos gregos. [...] Como os hindus, os matemáticos árabes consideravam-se a si mesmos primariamente astrônomos e assim dedicavam interesse considerável em trigonometria. (EVES, 2004, p.264-265). Al Battani (850 d.C. a 929 d.C.), conhecido como Ptolomeu de Bagdad, influenciou a trigonometria hindu adotada pelos árabes, quando foi introduzido o raio unitário validando o Jiva para qualquer triângulo retângulo. Seus estudos se concentraram no Almagesto e no Siddhanta. Em seguida, com considerações dos matemáticos daquela época, Abûl Wêfa, em 980 d.C. iniciou uma sistematização e organização de provas e teoremas de trigonometria e em 1000 d.C., foram calculadas as tábuas da tangente e cotangente, onde apareceram, também, a secante e cossecante como razões trigonométricas. O astrônomo Persa Nasir ed-dên al-tûsî (1201 -1274), foi autor, em 1250, do primeiro trabalho no qual a trigonometria plana foi visualizada como uma ciência, por ela própria, desvinculada da astronomia. O matemático europeu Fibonacci (1170 – 1250), conhecido como Leonardo de Pisa, desempenhou um notório papel no século XIII, publicando, em 1220, sua obra Practica Geometriae, centrada na aplicação da trigonometria árabe na agrimensura. Estudou no norte da África e depois viajou pelo Oriente como mercador, sofrendo influência dos Árabes e Hindus. (BERTOLI; SCHUHMACHER, 2013). 22 Já no século XIV, Peurbach (1460), na Inglaterra, computou uma nova tabela de senos, quando retomou a obra de Ptolomeu que foi difundida entre os estudiosos europeus da época. Por sua vez, Eves (2004) menciona a contribuição histórica de outro ícone matemático: Johann Müler (1436 -1476), também chamado de Regiomontanus, aluno de Peurbach. Ele estabeleceu, por volta do século XV na Europa, a trigonometria como um ramo da Matemática e escreveu um “Tratado sobre triângulos”, cinco livros, contendo a trigonometria completa, sendo reconhecido pelo trabalho realizado, naquele período, na trigonometria plana e esférica. Nesse sentido, para Eves (2004): O mais capaz e influente matemático do século foi Johann Müler (1436 1476) geralmente conhecido por Regiomontanus, nome latinizado de sua cidade natal Königsberg (“montanha do rei”). [...] Seu tratado de triangulis omnimodis, escrito por volta de 1464, mas publicado postumamente em 1553 é a mais importante de suas obras; trata-se da primeira exposição europeia sistemática de trigonometria plana e esférica, num tratamento independente de astronomia. (EVES, 2004, p. 296). Ainda naquele século, as atividades matemáticas: a aritmética, a álgebra e a trigonometria receberam destaques e estavam centradas, em sua maioria, nas cidades italianas e na Europa Central: Nuremberg, Viega e Praga. Esse movimento matemático surgiu nas cidades mercantis em desenvolvimento, por influência do comércio, navegação, astronomia e agrimensura. Movidos pela curiosidade e pelo desejo de desvendar o desconhecido, ocorreram buscas no outro lado do oceano que impulsionaram grandes navegações, o que necessitava de avanços e que, por sua vez, implicaram a necessidade de elaboração de mapas cartográficos e topográficos com exatidão posicional para planejamento do tempo de certas rotas e localização. Já no ano de 1542, Rhaeticus (1514 – 1576), discípulo de Regiomontanus, publica um capítulo de seu De Lateribus et Angulis Triangulorum no livro de Nicolau Copérnico (1473 – 1543), que, com suas obras, se destaca dentro da astronomia e, consequentemente, estreita a relação com a trigonometria. Portanto, para Boyer (1996): Quase todos nós hoje pensamos em Nicolau Copérnico (1473-1543) como um astrônomo que revolucionou a visão do mundo ao conseguir colocar a Terra movendo-se em torno do Sol (o que Aristarco tentara sem sucesso); mas como astrônomo era quase inevitavelmente um trigonômetra também, e devemos a Copérnico também serviços à matemática. (BOYER, 1996, p.199). Assim, tem-se que a Grécia foi referência na antiguidade, o mundo árabe na Idade Média, mas do século XV em diante, com o advento da imprensa e do 23 Racionalismo, a cultura se difunde e, a partir daí, não há bloco de liderança, pois as atividades matemáticas se pulveriza para as mais diversas partes do mundo. Viéte (1540 – 1603) adicionou um tratamento analítico à trigonometria em 1580, sua principal contribuição a aplicação sistemática da álgebra, sendo o primeiro matemático a usar letras para representar coeficientes gerais, o que representou grande progresso no campo da álgebra. Ele também aprimorou as tábuas trigonométricas e calculou o sen 1 com treze casas decimais. Outra decisiva contribuição de Viéte foi o início do desenvolvimento sistemático de cálculo de medidas de lados e ângulos nos triângulos planos esféricos, aproximados até minutos e com a ajuda de todas as seis funções trigonométricas. Em sua obra Canon Mathematicus, ele decompõe triângulos oblíquos em retângulos para determinar todas as medidas de seus lados e ângulos. Bartholomeus Pitiscus (1561 – 1613), em 1595, retoma os trabalhos de Rhaeticus aperfeiçoando suas tábuas, modernizando o tratamento do assunto e inserindo, como título de seu livro, a palavra trigonometria. John Napier (1550-1617) era proprietário escocês de grandes extensões de terras e escrevia sobre vários assuntos. Dentre eles, alguns aspectos da Matemática, particularmente os que se referiam à computação e à trigonometria. Napier criou os logaritmos num trabalho que durou 25 anos, publicando-o aproximadamente em 1594. As tábuas de Napier, também conhecidas como tiras, eram bastões em que itens de tabuadas de multiplicação eram esculpidos numa forma prática de uso. As “analogias de Napier” e a “Regra de Napier das partes circulares” eram regras mnemônicas ligadas à trigonometria esférica. Outro nome de destaque foi John Newton (1622 – 1678), que publicou, em 1658, o tratado Trigonometria Britannica, embasado nas produções de Gellibrand e outros escritores. Newton e Gellibrand lançaram a tendência de introduzir divisões centesimais dos ângulos nas tábuas trigonométricas que se seguem até a atualidade. Isaac Newton (1642 – 1727), paralelamente aos seus estudos de cálculo infinitesimal, apoiado fortemente na geometria do movimento, trabalhou com séries infinitas contribuindo para a trigonometria, pela expansão do arcsen x em séries e deduzido para sen x. Leibniz foi comunicado por ele, da fórmula geral, para sen (nx) e cos (nx), abrindo a perspectiva para surgirem sen x e cos x como números. Dessa forma, incentiva Kastner (1759) a ser o primeiro matemático a definir as funções trigonométricas de números puros. (COSTA, 1997). 24 Em 1748, Euler (1707 -1783) adota a medida de raio unitário da circunferência como unidade e define funções aplicadas a um número e não mais a um ângulo. Assim, ele esboçou a trigonometria mais próxima da atualidade. 25 3. O ATUAL ENSINO DA TRIGONOMETRIA Para perceber parcialmente o panorama atual do ensino da trigonometria, foram realizadas leituras nos Parâmetros Nacionais Curriculares do Ensino Médio –PCNEM (BRASIL, 2000b), na Matriz de referência para o Exame Nacional do Ensino Médio (BRASIL, 2009), no PCN+ Ensino Médio – Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2000a), e nas análises de três livros de Matemática aprovados pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD). Eles foram disponibilizados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento na Educação (FNDE) sendo adotados em algumas instituições do Ensino Médio das redes pública e privada do Distrito Federal. 3.1 Parâmetros, diretrizes e norteadores À medida que se integra uma sociedade de formação, cada vez mais globalizada, necessita-se desenvolver as diversas capacidades: comunicar, resolver problemas, tomar decisões, fazer inferências, criar, aperfeiçoar conhecimentos e valores de trabalho coletivo. A matriz do Exame Nacional do Ensino Médio de 2009 (ENEM-2009) elenca os seguintes eixos cognitivos a serem desenvolvidos nessa etapa, confirmando essa necessidade: EIXOS COGNITIVOS (comuns a todas as áreas de conhecimento) I. Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa. II. Compreender fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas. III. Enfrentar situações-problema (SP): selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema. IV. Construir argumentação (CA): relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente. V. Elaborar propostas (EP): recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. (BRASIL, 2009, p.1). 26 Para tanto, ainda segundo o documento, a Matemática deve ser compreendida como uma parte do conhecimento humano, necessária para a sua formação, contribuindo para a construção de uma visão de mundo, a partir de leituras e interpretações da realidade. Assim, desenvolve-se nas pessoas aquelas capacidades já citadas que serão exigidas ao longo de sua vida social e profissional. As concepções da Matemática do Ensino Médio agregam a ideia de que, no Ensino Fundamental os alunos devem ter se aproximado de vários campos do conhecimento matemático e, agora, estão em condições de utilizá-los e ampliá-los desenvolvendo capacidades tão importantes quanto as abstrações, o raciocínio em todas as suas vertentes, a resolução de problemas de qualquer tipo, a investigação, a análise e a compreensão de fatos matemáticos, interpretando a realidade que o cerca. (PCNEM, BRASIL, 2000b). Portanto, habilidades como filtrar informações, analisá-las, para, a partir disso, tomar decisões, exigirão linguagem, procedimentos e formas de pensar matemáticos que devem ser desenvolvidos ao longo do Ensino Médio, bem como a capacidade de avaliar limites, possibilidades e adequações das tecnologias em diferentes situações. (PCNEM, BRASIL, 2000b). Dessa forma, o papel da Matemática, anteriormente descrito e a presença da tecnologia, permite afirmar que aprender a disciplina deve ser mais do que memorizar resultados. Acredita-se que a construção desse conhecimento deva estar vinculada ao domínio de um saber fazer e um saber pensar matemático. Nesse quadro, a Educação tem de assumir a tarefa de preparar cidadãos para uma sociedade cada vez mais permeada por novas tecnologias e de possibilitar o ingresso de parcelas significativas de seus cidadãos a patamares mais elaborados do saber. O Plano Nacional do Livro didático (PNLD, 2012) detalha que o ensino de Matemática, deve capacitar os estudantes para: 1. Planejar ações e projetar soluções para problemas novos que exijam iniciativa e criatividade; 2. Compreender e expor ideias matemáticas, por escrito ou oralmente, desenvolvendo a capacidade de argumentação; 3. Interpretar matematicamente situações do dia a dia ou do mundo tecnológico e científico e saber utilizar a Matemática para resolver situaçõesproblema nesses contextos; 4. Avaliar os resultados obtidos na solução de situações-problema; 5. Fazer estimativas mentais de resultados ou cálculos aproximados; 6. Saber usar os sistemas numéricos, incluindo a aplicação de técnicas básicas de cálculo, regularidade das operações etc.; 27 7. Saber empregar os conceitos e procedimentos algébricos, incluindo o uso do conceito de função e de suas várias representações (gráficos, tabelas, fórmulas etc.) e a utilização das equações; 8. Reconhecer regularidades e conhecer as propriedades das figuras geométricas planas e sólidas, relacionando-as com os objetos de uso comum e com as representações gráficas e algébricas dessas figuras, desenvolvendo progressivamente o pensamento geométrico; 9. Compreender os conceitos fundamentais de grandezas e medidas, sabendo utilizá-los em situações-problema; 10. Utilizar os conceitos e procedimentos estatísticos e probabilísticos, valendo-se, entre outros recursos, da combinatória; 11. Estabelecer relações entre os conhecimentos nos campos de números e operações, funções, equações algébricas, geometrias, estatística e probabilidades para resolver problemas, passando de um desses quadros para outro, a fim de enriquecer a interpretação do problema, encarando-o sob vários pontos de vista. (BRASIL, 2012, p.16). Dessa forma, tentando atingir tais capacidades citadas, os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (BRASIL, 2000) mencionam que o processo de ensino e aprendizagem da Matemática deve seguir um itinerário curricular composto por variados temas ou tópicos, selecionados a partir de critérios que visam ao desenvolvimento das habilidades almejadas. Para tanto, essa organização precisa abarcar conteúdos mínimos da Base Nacional Comum, assim como fazer algumas indicações sobre possíveis temas para compor um currículo mais flexível. Ressalta-se, ainda, que essa flexibilidade é necessária atendendo às especificidades locais da comunidade em que a escola esteja inserida. Além disso, metodologias de ensino baseadas em informações, definições, exemplos, exercícios de aplicação e/ou fixação dificilmente levam o aprendiz a perceber as inter-relações existentes entre outros campos do conhecimento, assim como suas aplicações, pois, se os conceitos são apresentados de forma fragmentada, mesmo que de maneira completa e profunda, nada garante que o aluno estabeleça alguma significação para as ideias isoladas e desconectadas umas das outras. Acredita-se, nesse caso, que, sozinho, o aprendiz seja capaz de construir as múltiplas relações entre os conceitos e formas de raciocínio envolvidas nos diversos conteúdos, porém o fracasso escolar e as dificuldades apresentadas pelos estudantes frente à Matemática evidenciam o contrário. Assim, sobre esse assunto, o PCNEM (BRASIL, 2000b) preconiza a contextualização e a interdisciplinaridade como potencializadoras das conexões entre diversos conceitos e formas de pensamento matemático. Prossegue, ainda, mencionando sobre a necessidade de considerar a relevância cultural do tema, tanto no que diz 28 respeito às suas aplicações dentro ou fora da disciplina, quanto pela sua importância histórica no desenvolvimento da própria ciência. Dessa forma, acredita-se que abordagens contextualizadas e focadas em aplicações podem auxiliar no processo de ensino e aprendizagem dos discentes, levando-os a observar e relacionar situações propostas com elementos de seu cotidiano que até então não associava. Assim, diante do exposto, percebidos os objetivos a serem atingidos no processo de ensino e aprendizagem da Matemática e considerando a dificuldade dos estudantes em significar a trigonometria, esta pesquisa se dedica a conhecer, também, alguns elementos que contribuem para a mudança dessa problemática, propondo uma metodologia que auxilie na reversão desse cenário Então, como mostrado no histórico, a importância da trigonometria é tradicionalmente reconhecida. Porém, seu ensino é apresentado desconectado das aplicações, investindo-se muito tempo no cálculo algébrico das identidades e equações em detrimento dos aspectos prioritários, como os cálculos das distâncias inacessíveis, a trigonometria no círculo, as funções trigonométricas e a análise de seus gráficos. (PCN+, BRASIL, 2000). Num olhar investigativo, podemos listar alguns fenômenos, presentes na Astronomia, Astrologia, Biologia, Engenharias, Climatologia, Geologia, Física, Química, Medicina e Matemática que podem ser explorados no ensino do tema, entre os quais podem ser citados: Comportamento das batidas do coração; Movimento de subidas e descidas das marés; A dinâmica de enchimento e esvaziamento dos pulmões; A variação do número de indivíduos de uma certa espécie e seu predador que habitam uma mesma região; Taxas de variação de sentido geral; Comportamento das ondas mecânicas e eletromagnéticas; Decomposição vetorial das forças. Com esses entre outros tópicos sendo abordados no processo de ensinoaprendizagem, acredita-se na melhoria da significação dos conteúdos, através de uma metodologia de ensino alinhada com as diretrizes dos documentos oficiais norteadores, procurando distanciar o aluno das memorizações de fórmulas e algorítmicos 29 mecanizados, conduzindo os estudantes à autonomia na resolução de problemas. Nesse sentido, de acordo com os PCN + (2000): O que deve ser assegurado são as aplicações da trigonometria na resolução de problemas que envolvem medições, em especial o cálculo de distâncias inacessíveis e para construir modelos que correspondem a fenômenos periódicos. Dessa forma, o estudo deve se ater às funções seno, cosseno e tangente com ênfase ao seu estudo na primeira volta do círculo trigonométrico e à perspectiva histórica das aplicações das relações trigonométricas. Outro aspecto importante do estudo deste tema é o fato desse conhecimento ter sido responsável pelo avanço tecnológico em diferentes épocas, como é o caso do período das navegações ou, atualmente, na agrimensura, o que permite aos alunos perceberem o conhecimento matemático como forma de resolver problemas que os homens se propuseram e continuam se propondo. (BRASIL, 2000, p.122). 3.2 Trigonometria nos livros didáticos Atualmente, há uma variedade de livros didáticos disponíveis no mercado, e um dos fatores que pode refletir positivamente nos resultados do processo de ensino e aprendizagem é a sua acertada escolha. Essa seleção pode ser guiada pelos seguintes documentos oficiais: Guia de Matemática de Livros didáticos para Ensino Médio 2012 (PNLD- 2012); Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM, BRASIL, 2000b); PCN+ Ensino Médio (BRASIL, 2000a) – Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Para análise do livro didático presente na pesquisa, foram estabelecidos os seguintes critérios de seleção das obras: 1. Obras aprovadas pelo Ministério da Educação no Plano Nacional do Livro Didático (PNLD, 2012) para o triênio 2012, 2013 e 2014; 2. Livros adotados em estabelecimentos de Ensino Médio da rede privada de Brasília; 3. Coleções adquiridas pela rede de ensino pública da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal (SEE-GDF). Assim, foram selecionadas as seguintes coleções organizadas no quadro 01. 30 Quadro 1 – Obras selecionadas para análise Nº 01 02 Coleção Matemática Contexto e Aplicações (2007) Matemática Ciência e Aplicações (2010) 03 Matemática Ensino Médio (2010) Autor Luiz Roberto Dante Editora Ática Instituição de Ensino SEE - GDF e Centro Educacional Sigma. Gelson Iezzi; David Degenszajn; Nilze de Almeida; Osvaldo Dolce; Roberto Périgo Maria Ignez Diniz; Kátia Stocco Smole Saraiva SEE – GDF, Centro Educacional Católica e Centro educacional Leonardo da Vince. Saraiva SEE –GDF. Fonte: Elaborada pelo pesquisador Em Matemática - Contexto e Aplicações, de Luiz Roberto Dante, 2007, Editora Ática, o assunto trigonometria é abordado em dois volumes. A trigonometria no triângulo retângulo é abordada no volume 1, capítulo 11, das páginas 360 até 389. No volume 2, a trigonometria: resolução de triângulos é abordada no capitulo 1, páginas 8 até 21; conceitos trigonométricos básicos, no capítulo 2, páginas 22 até 48; transformações trigonométricas, no capítulo 3, páginas 49 até 67; as funções trigonométricas, no capítulo 4, páginas 68 até 89 e relações trigonométricas, capítulo 5, páginas 90 até 107. Já na obra Matemática - Ciência e Aplicações de Gelson Iezzi, David Degenszajn, Nilze de Almeida, Osvaldo Dolce e Roberto Périgo, 2010, da Editora Saraiva, o assunto é abordado também em dois volumes. A trigonometria no triângulo retângulo, no volume 1, capítulo 13, das páginas 262 até 279. No volume 2, a circunferência trigonométrica é o título do capitulo 1, páginas 8 até 20; razões trigonométricas na circunferência, no capítulo 2, páginas 21 até 41; triângulos quaisquer, no capítulo 3, páginas 42 até 50; as funções trigonométricas, no capítulo 4, páginas 51 até 70 e transformações trigonométricas, capítulo 5, páginas 71 até 78. No livro Matemática - Ensino Médio, de Maria Ignez Diniz; Kátia Stocco Smole, 2010, da Editora Saraiva, a trigonometria é tratada nos volumes 1 e 2. A parte dois do volume 1 foi intitulada de Trigonometria. Trigonometria no triângulo retângulo é o assunto da Unidade 10, das páginas 233 até 257. Relações trigonométricas em um triângulo qualquer é o tema da unidade 11, das páginas 258 até 271. A parte 1 do volume 2 recebe, assim como aconteceu na parte dois do volume anterior, o título de Trigonometria. A unidade 1 traz a trigonometria: arcos de circunferência e círculo 31 trigonométrico, das páginas 9 até 30; a unidade 2 – Funções trigonométricas: definição, periodicidade e gráfico, das páginas 31 até 65; a unidade 3 – Equações trigonométricas e inequações trigonométricas, das páginas 65 até 80 e a unidade 4 – Funções trigonométricas da soma, das páginas 81 até 92. Com o objetivo de analisar os capítulos acima citados, estabeleceu-se os parâmetros elencados no quadro 2, cujos itens foram elaborados após leitura do Guia de Matemática de Livros Didáticos para Ensino Médio 2012 (PNLD, 2012), dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM, BRASIL, 2000b), dos PCN+ Ensino Médio– Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+, BRASIL, 2000a) e da revisão bibliográfica de referenciais teóricos que compõem essa dissertação. Fez-se, assim, uma comparação entre as coleções, procurando perceber e relatar, como cada um desses parâmetros são abordados. Quadro 2 – Parâmetros para a análise dos livros didáticos Contextualização Linguagem adequada e acessível para a faixa etária e nível cognitivo do público-alvo. Uso de mídias convencionais (régua, compasso, esquadros e transferidor) Uso de softwares e calculadoras. Pertinência e relevância das figuras e/ou esquemas. Fonte: Elaborado pelo pesquisador Tentou-se, então, diante do exposto, primeiramente, perceber e relatar como as coleções abordam o contexto nas diferentes perspectivas: no cotidiano, na história da Matemática e nas inter-relações dentro e fora da Matemática. Na obra de Dante (2007), a contextualização é percebida desde a introdução dos capítulos, já que cada um deles é iniciado com textos temáticos, alternando entre as aplicabilidades da trigonometria e a história da Matemática. Ainda na parte introdutória de cada assunto, enunciam-se alguns problemas que, além de tentar mostrar os objetivos a serem atingidos, mostram a possibilidade de exploração do caráter investigativo, podendo, ainda, auxiliar na motivação do estudo daquele tópico. Essa característica também é percebida no desenvolvimento do conteúdo por meio de exemplos, exercícios resolvidos e de fixação. Na coleção de Iezzi et al (2010), os contextos que envolvem a história da trigonometria ou as aplicabilidades em outras áreas da ciência aparecem em textos introdutórios do assunto ou como apêndices, finalizando os capítulos. Percebe-se que os 32 exemplos e exercícios retratam situações-problemas do cotidiano e também abordam tópicos inerentes à Matemática. O livro de Diniz e Smole (2010) apresenta, ao longo do desenvolvimento das unidades, textos de história da Matemática e suas aplicações, o uso de calculadoras científicas, utilização de softwares (Winplot e Geogebra) e projetos práticos2. No final de cada unidade, há textos que envolvem tais inter-relações, classificados como “Matemática e tecnologia”, que evidenciam como a componente está envolvida na câmera fotográfica, na triangulação a laser, na cristalografia e outros. Já com relação à linguagem escrita, as demonstrações matemáticas, as figuras e esquemas, nas três obras, parecem ser adequados e relevantes à faixa etária e ao nível de escolaridade. Acredita-se que essas características proporcionam aos aprendizes acessibilidade, levando-os a desenvolver capacidades abstrativas, de raciocínios e compreensão de fatos matemáticos pertinentes, podendo resultar em melhor significação e interpretação de sua realidade. Também nas três obras, a complexidade dos conceitos e definições seguem uma espiral, necessitando de entendimento consolidado dos anteriores para seguir na compreensão dos posteriores. Os exercícios resolvidos (como apoio ao estudante) são apresentados primeiramente e, em seguida, os propostos, selecionados de exames de vestibulares. Esses últimos foram agrupados por nível de dificuldade, complexidade e tipos de contextualização que abarcam a história da Matemática, procuram fazer interrelações com outros campos do saber exógenos e endógenos da área. Percebe-se em Dante (2007) ausência de atividades empregando as mídias convencionais3. Já em Diniz e Smole (2010) e Iezzi et al (2010) há pouca presença desse uso, assim como de Tecnologias de Informação e Comunicação4, que busque melhorar a significação do processo de ensino e aprendizagem da trigonometria. Diniz e Smole (2010) e Iezzi et al (2010) apresentam textos explicativos sobre o manuseio da calculadora científica no cálculo das razões e montagem das tabelas trigonométricas. Além disso, eles abordam os ajustes de configurações das calculadoras para medidas de ângulos em graus, radianos e grado e auxiliam o estudante na interpretação dos resultados, mostrando que podem ser decimais ou graus, minutos e 2 A autora inclui textos explicativos de construção de instrumentos de medida de ângulo (teodolito ou grafômetro) e procedimentos de cálculo de medidas inacessíveis com o uso desse instrumento que os próprios alunos constroem. 3 Consideramos como mídias convencionais: régua, esquadros, compasso, transferidor, lápis e borracha. 4 Compõem as TICs os softwares de geometria dinâmica e as calculadoras convencionais ou científicas. 33 segundos. Diniz e Smole (2010) explicam, também, como encontrar o ângulo a partir da razão utilizando as funções inversas, disponíveis nas máquinas calculadoras científicas. Na mesma obra descrita, o estudo do comportamento dos gráficos das funções trigonométricas, assim como as translações, inversões, ampliações, reduções e outros são abordados em um apêndice no final do capítulo “Para Saber Mais”. Diniz e Smole (2010) convidam, ali, professor e aluno a utilizarem o Winplot5, com sugestões de atividades, figura 4. Figura 4 – Construção gráfica com o Winplot Fonte: DINIZ; SMOLE, 2010, v.2, p.57. No desenvolvimento dos conteúdos, com relação aos conceitos de razões trigonométricas, as obras de Iezzi et al (2010) e Diniz e Smole (2010) recordam a semelhança de triângulos e mostram que as razões entre seus lados homólogos, não se alteram. Iezzi et al (2010) recorrem à semelhança de triângulos e utilizam a ilustração da figura 5: Figura 5- Razão de semelhança, em Iezzi et al (2010) Fonte: Iezzi, 2010, v 1, p.264. Já na figura 6, entende-se que Diniz e Smole (2010) se utilizaram do mesmo conceito. 5 Software de geometria dinâmica. 34 Figura 6 – Razão de semelhança, por Diniz e Smole (2010) Fonte: DINIZ; SMOLE, 2010, v 1, p.241. Dante, por sua vez, utiliza o conhecimento prévio de declividade para conceituar seno, cosseno e tangente, relacionando-os com: afastamentos horizontal, vertical e deslocamento numa rampa, como mostra a figura 7. Figura 7 – Declividade, por Dante (2007) Fonte: DANTE, 2007, v.1, p.322. Na introdução do conceito de ângulo e arco (elementos básicos da circunferência), Diniz e Smole (2010) contextualizam recorrendo à noção prévia dos alunos sobre radar e relógio analógico. Na obra de Iezzi et al (2010), o tópico é abordado com figuras de circunferências concêntricas mostrando tais elementos, como mostra a figura 8, assim como acontece também em Dante (2007). 35 Figura 8 - Circunferências concêntricas Fonte: IEZZI et al, 2010, v 2, p.11. Os três livros se assemelham no desenvolvimento das definições do ciclo trigonométrico de raio unitário, radianos como unidade de medida e expressão dos arcos côngruos. Como sequência de desenvolvimento desses conteúdos, tem-se a conceituação, apresentação de figuras, exemplificação e, por fim, uma listagem de exercícios resolvidos e outros nomeados como propostos. Iezzi et al (2010), após definirem a medida de ângulo em radiano, apresentam um tópico associando os pontos do ciclo trigonométrico à reta numerada (FIG. 9), explicando o princípio da linearização do arco numa linguagem de função. Figura 9 – Linearização do ciclo trigonométrico Fonte: IEZZI et al, 2010, v.2, p.11. Para definir as razões seno e cosseno no ciclo trigonométrico, os três autores utilizam o princípio das projeções ortogonais sobre o sistema de eixos cartesianos, tomando-se um ponto sobre o ciclo, sendo esse a extremidade de um arco. Eles explicam que esse ponto no plano possui um par ordenado, formado pela abscissa e ordenada que representam cosseno e seno, respectivamente, do arco em questão como ilustra a figura 10. 36 Figura 10 – Seno e cosseno no ciclo Fonte: DANTE, 2007, v.2, p.36. Na conceituação da tangente de um arco, todos os autores acrescentam um terceiro eixo vertical numerado, tangenciando o ciclo trigonométrico em sua origem, agora nomeado como eixo das tangentes. Inclui-se, nesse ciclo, uma semirreta que contenha a origem do plano e passe pelo ponto do ciclo que define a extremidade do arco. Assim, o valor numérico da tangente do arco é definido pelo valor do ponto de encontro entre a semirreta e o eixo das tangentes (FIG. 11). Figura 11 – Tangente no ciclo Fonte: IEZZI et al, 2010, v 2 p.33. As funções seno, cosseno e tangente são definidas pelos três autores por caminhos distintos. Dante (2007) retoma os conceitos de domínio, contradomínio e imagem de função recorrendo ao diagrama de Venn, como mostra a figura 12. 37 Figura 12 – Diagrama de Venn Fonte: DANTE, 2007, v 2, p.72. Em seguida, são apresentadas tabelas de valores de senos para os respectivos arcos em radianos, na figura 13. Figura 13 – Tabela de valores de senos Fonte: DANTE, 2007, v. 2, p.72. Em sequência, mostra os gráficos senoides, cossenoides e tangentoides para cada tabela. Na figura 14 é mostrado um gráfico de senoide, inserido em Dante (2007). Figura 14 – Gráfico senoide Fonte: DANTE, 2007, v 2, p.72. Os autores, ainda em suas obras, definem o período da função, apresentando imagens do ciclo trigonométrico com a variação de sinais das funções para cada quadrante, o que pode ser visto na figura 15. 38 Figura 15 – Variações de sinais nos quadrantes Fonte: DANTE, 2007, v 2, p.73. Especificamente Diniz e Smole (2010), por sua vez, conceituam seno, cosseno e tangente no ciclo trigonométrico apresentando as figuras dos ciclos com alguns ângulos e suas projeções nos respectivos eixos, como indicado na figura 16. Figura 16 – Seno no ciclo Fonte: DINIZ; SMOLE, 2010, v 2, p.33. Nas imagens, evidenciam as projeções das extremidades de vários arcos nos respectivos eixos. As autoras mostram, ainda, uma tabela de domínios (ângulos) e suas respectivas imagens para as funções seno, cosseno e tangente (FIG. 17). Figura 17 – Tabela de senos Fonte: DINIZ; SMOLE, 2010, v 2, p.38. Iezzi et al (2010) nomeiam a unidade 1 do volume 2 como “Funções periódicas”. Eles iniciam mostrando fenômenos como condição do tempo, movimento das marés e fases da lua, presentes no cotidiano do aluno e relacionados ao seu estudo. 39 Nas conceituações, resgatam os conceitos de razões trigonométricas de um arco e propõem que o aluno construa tabelas, partindo de funções mais elementares e, gradativamente, incluem parâmetros na lei de formação, obtendo gráficos semelhantes ao da figura 18. Figura 18 – Tabelas para construção de gráficos Fonte: IEZZI et al, 2010, v. 2, p.58 Em seguida, mostram os gráficos gerados a partir da tabela, evidenciando os comportamentos obtidos quando se alteram determinados valores de parâmetros na função em questão (FIG. 19). Figura 19 – Comportamento gráfico Fonte: IEZZI et al, 2010, v. 2, p.58 A partir da análise dos livros didáticos realizada, é proposta uma metodologia com atividades que busquem auxiliar o processo de ensino e aprendizagem, enriquecendo os livros didáticos, levando o aluno a ser mais ativo, construindo e estreitando suas relações com o conhecimento. Portanto, essa pesquisa propõe tarefas exploratório-investigativas, onde os estudantes possam experimentar uma variabilidade de recursos de manipulação de instrumentos (régua, esquadros e compasso) e uso de software de geometria dinâmica (Geogebra), buscando entender os fundamentos geométricos como consolidadores dos conceitos trigonométricos, elevando o nível de 40 compreensão significativa das definições abarcadas no tema, que serão sedimentadas nas resoluções de situações-problema, em pesquisas futuras. 3.3 Algumas pesquisas sobre o Ensino da Trigonometria Com o objetivo conhecer algumas produções científicas sobre o ensino da trigonometria, serão tecidos alguns comentários a respeito de três obras que aplicam sequência didática, tecnologias da informação e/ou materiais concretos em suas metodologias, buscando melhorar o nível de compreensão dos alunos no processo de ensino e aprendizagem da trigonometria. Nielce Meneguelo Lobo da Costa, em 1997, apresentou sua dissertação de mestrado profissional pela PUC–SP, de título: “Funções seno e cosseno: uma sequência de ensino a partir dos contextos do “mundo experimental” e do computador”, que investigava a influência de dois diferentes contextos - computador e “mundo experimental” na aprendizagem da trigonometria. A escolha do tema pela pesquisadora foi motivada pela deficiente compreensão, por parte dos alunos, de conceitos e definições de funções trigonométricas, já que os discentes não conseguiam perceber a proximidade entre esses e o seu cotidiano. Assim sendo, entende-se que a trigonometria, que é uma das formas matemáticas do ser humano compreender e interpretar a natureza, poder ser, para os alunos, um assunto desconexo e com pouca ou nenhuma aplicabilidade. Ainda nesse trabalho, a autora aborda as funções seno e cosseno, através de uma sequência didática e como um dos objetivos específicos menciona: “identificar em qual ordem de introdução do assunto se apresenta mais eficaz para a aprendizagem significativa: “Mundo Experimental” ou uso do computador com os Softwares Cabri II e Graphmática”. (COSTA, 1997, p.16). Portanto, sua metodologia consistia em abordar o tema em dois grupos de alunos, sendo que em um deles o assunto é iniciado numa abordagem em computador e é dada continuidade em manipulações no “mundo experimental”; e no segundo grupo, a ordem é invertida. Para isso, foram aplicados três testes: um antes de iniciar a aplicação da sequência didática, um ao término das atividades de um contexto e outro no final do estudo. 41 Vale ressaltar que a autora, durante a elaboração e aplicação das atividades, baseou-se no princípio básico do construtivismo de Piaget, buscando promover ao aluno uma postura ativa na construção do seu conhecimento. Tanto que os alunos tiveram contato com alguns fenômenos periódicos e puderam observar a sua modelagem por meio das funções seno e cosseno. Procurou-se também nesse trabalho da autora valorizar a trigonometria evidenciando-a como uma das formas matemáticas de compreensão e interpretação dos fenômenos da natureza. Dentre as conclusões citadas, Costa (1997) menciona que os alunos que obtiveram maior sucesso foram os que passaram primeiro pelas atividades construídas no contexto do “mundo experimental” e, em seguida, pelo computador, sugerindo que o aprendizado no contexto computacional torna-se mais eficiente quando o aluno não teve contato anterior com o assunto e é precedido por manipulações concretas em situações menos comprometidas com o formalismo. A sequência didática desenvolvida para o estudo pôde ser considerada uma contribuição para a Educação Matemática e a utilização de contextos do “mundo experimental” e do computador mostrou-se como uma possibilidade viável para o educador que procura ambientes didáticos, possibilitando a criação de situações que facilitem o entendimento e o processo de construção do conhecimento. Anderson R. T. Góes e Heliza Colaço publicaram, em 2010, o artigo de título: “A geometria dinâmica e o ensino da trigonometria”, publicado na revista Varia Scientia v.09, n.16, p.129-138. Esse artigo relata uma metodologia do ensino da trigonometria por meio da Geometria Dinâmica. Góes e Colaço mencionam o desenho como instrumento facilitador do aprendizado da Matemática nos Ensinos Fundamental e Médio. Assim, para garantir aos alunos uma formação em que o protagonista faça parte da construção do conhecimento, criou-se e aplicou-se em uma Escola Municipal uma metodologia do ensino da trigonometria por meio da Geometria Dinâmica, buscando resgatar a importância da Geometria. Para tanto, os alunos utilizaram o software CaR Metal disponível no site http://db-maths.nuxit.net/CaRMetal. em uma adaptação do Régua e Compasso (CaR Compas and Ruler) que oferece as mesmas apresentações que o CaR, porém com mais agilidade, pois elimina alguns passos intermediários no processo de construção do 42 desenho. Além disso, a versão do software utilizada nesta atividade permite realizar cálculos matemáticos e construção de funções. Assim os alunos seguiram um roteiro de construção, que pôde ter intervenções do professor, quando esse achava conveniente, resgatando conceitos e consolidando a compreensão das relações trigonométricas do triângulo retângulo. Após construírem o previsto pelo roteiro, os alunos passaram a preencher tabelas e fazer análises, realizando as etapas da investigação, quer sejam: observar, conjecturar, testar e generalizar, sempre assistidos pelo educador matemático. Durante a aplicação das atividades, verificou-se a motivação dos alunos em realizá-las, explorando a construção e compartilhando resultado. A criatividade e a empolgação pela construção do conhecimento se manifestaram em todos os alunos, que participaram ativamente das etapas do processo. Com o desenrolar da metodologia, percebeu-se que o emprego do software de Geometria Dinâmica pode e deve ser inserido na disciplina de Matemática, não só para o ensino de Geometria, mas para suporte de todos os conteúdos possíveis. Os pesquisadores utilizaram o termo “pode e deve”, pois, segundo eles, apesar de a maioria das escolas possuírem laboratório de informática, a maioria absoluta dos professores não usava esta tecnologia em suas aulas. Com o desenrolar da pesquisa, comprovou-se, portanto, que os softwares de Geometria Dinâmica devem ser inseridos no processo de ensino e aprendizagem da disciplina de Matemática como alternativa à metodologia tradicional. Além disso, com as análises dos seus resultados, conclui-se que a melhoria da qualidade do ensino e, consequentemente, sua prática estão relacionadas diretamente com o envolvimento do corpo docente na busca de novas metodologias. Para tanto, porém, os educadores precisam ter clareza de suas obrigações e assumirem suas responsabilidades como cidadãos, enfrentando os desafios futuros. Uma pesquisa realizada por Maria Maroni Lopes concluída em 2010 e transportada para sua dissertação de mestrado de programa de Pós-Graduação em ensino de Ciências exatas e Matemática, com título: “Construção e aplicação de uma sequência didática para o ensino da trigonometria usando o software Geogebra”, buscava investigar para responder a pergunta norteadora: “Poderíamos utilizar as condições atuais presentes na escola e os recursos do software Geogebra para otimizar a situação referente ao ensino e aprendizagem da trigonometria?” (LOPES, 2010, p.12). 43 Segundo a autora, motivou essa investigação o hábito dos professores das escolas da rede pública de ensino Natal, RN trocarem os assuntos trigonometria, logaritmos e números complexos, por revisões de tópicos já abordados, acreditando que os conteúdos acima elencados, seriam demasiadamente difíceis para os alunos. Portanto, o objetivo da pesquisa foi analisar as potencialidades e limitações do software Geogebra na aprendizagem dos conceitos básicos da trigonometria. Foi percebido, através da experiencial profissional e da análise de questionários realizados que as dificuldades avançavam com os discentes que ingressavam para os curso superior nas disciplinas de Cálculo diferencial e Integral I e Matemática I para a os cursos de Engenharia, Estatística, Geofísica e Matemática. Para isso, a pesquisa realizou um levantamento das dificuldades dos alunos por meio de entrevistas e análises de provas aplicadas. Confirmadas em diversos estudos, essas dificuldades no ensino e na aprendizagem de trigonometria têm sido objeto de atenção em diversas publicações, podendo citar, por exemplo, Briguenti (1994), Nacarato (2007), Brito e Morey (2004). Lopes (2010) menciona, ainda, que o Geogebra reúne as características de um software de geometria dinâmica, pois permite construir vários objetos, como pontos, vetores, segmentos, retas, secções cônicas, gráficos de funções e curvas parametrizadas, os quais podem, depois, serem modificados dinamicamente. Ele permite, ainda, a introdução de equações e coordenadas, promovendo a visualização de um lugar geométrico ao se traçar a trajetória de um ponto escolhido. Ela conclui, então, que essa é uma das características do software de grande relevância para o estudo da trigonometria, visto que o aluno pode observar o comportamento das funções seno, cosseno e tangente ponto a ponto. No caso da pesquisa de Lopes (2010), os assuntos abordados nas atividades da sequência foram razões trigonométricas no triângulo retângulo, ciclo trigonométrico e funções trigonométricas. Essas atividades foram inicialmente aplicadas em um minicurso de formação de professores, com objetivo de evidenciar aos estudantes de Licenciatura em Matemática sobre os potenciais de exploração do Geogebra no processo de ensino e aprendizagem da trigonometria. Num segundo momento, tentou-se aplicar essas atividades em alunos do Ensino Médio da rede pública, mas por problemas técnicos de instalação do software e de trabalho com o mesmo na versão on-line, não houve condições de avanço na pesquisa. 44 Apesar dos problemas apresentados, a autora recomenda uma atividade de preparação prévia dos alunos, buscando promover familiridade com o software, para que, no momento seguinte, possam cosntruir o que é indicado, passando a observar, conjecturar, testar e generalizar de maneira orientada. Alguns licenciandos, no caso da pesquisa da autora, observaram que seria interessante se os alunos pudessem trabalhar com réguas, compassos e esquadros antes de realizarem atividades no software, assim, dessa forma, esse último momento seria um reforço conceitual do tópico estudado. 45 4. CONSTRUINDO AS ATIVIDADES Num objetivo de elaborar atividades que proporcionem ao aluno uma melhor compreensão do tema, iniciou-se essa fase, baseando-se na teoria da aprendizagem significativa de David Ausubel (1918-2008), proposta em 1963 e confirmada por Moreira, em 2011, propõe-na como uma tendência a incorporar novas informações à estrutura cognitiva do aprendiz. Para Moreira (2011): Aprendizagem significativa é aquela em que as ideias expressas simbolicamente interagem de maneira substantiva e não arbitrária com aquilo que o aprendiz já sabe. Substantiva quer dizer não literal, não ao pé da letra, e não-arbitrária significa que a interação não é com qualquer ideia prévia, mas sim com algum conhecimento especificamente relevante já existente na estrutura cognitiva do sujeito que aprende. A este conhecimento, especificamente relevante à nova aprendizagem, o qual pode ser, por exemplo, um símbolo já significativo, um conceito, uma proposição, um modelo mental, uma imagem. David Ausubel (1918 – 2008) chamava de subsunçor ou ideia-âncora. (MOREIRA, 2011, p.13-14). Nesse sentido, Ausubel (1963) afirma que a aprendizagem em sala de aula geralmente acontece em duas dimensões independentes: automática até significativa e a receptiva até descoberta, como mostra a figura 20. Figura 20 – A aprendizagem receptiva e aprendizagem por descoberta Fonte: AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, p. 21. 46 Na aprendizagem receptiva ou por recepção, os conteúdos são meramente apresentados aos alunos e exige-se deles que os relacionem de modo ativo ou significativo com aspectos relevantes. Espera-se que o estudante retenha, então, tais conteúdos para posterior recordação ou reconhecimento em esquema referencial básico para aprendizagem associada a novas informações. Já na aprendizagem por descoberta, o conteúdo principal daquilo que está para ser aprendido deve ser revelado independentemente, antes mesmo que possa ser assimilado pela estrutura cognitiva. Entretanto, aconteceram equívocos, pois acreditavase que toda aprendizagem receptiva (baseada no ensino expositivo) seria automática e toda a descoberta seria significativa. Porém, nenhuma das duas pode ser tomada como absolutas. Pelo contrário, cada uma delas pode ser localizada sobre uma base: automático-significativa ou receptiva – descoberta. (AUSUBEL, 1963). Nas atuais salas de aula percebe-se a predominância de uma aprendizagem receptiva onde a postura do discente é passiva, reproduzindo uma transmissão de conhecimento no sentido professor-aluno. Agravando essa situação, há dois pontos: no primeiro, ocorre o isolamento de diferentes áreas do conhecimento, que não se dialogam, cabendo ao estudante, receber as informações expostas, armazená-las e aguardar o momento oportuno para que aquelas informações sejam aplicadas. Segundo, pouco se acrescentam, no cotidiano escolar, tarefas de aprendizagem com potencial significativo, movimentando o aluno para uma postura ativa no processo e, assim, promovendo uma aprendizagem significativa proporcionada pela descoberta autônoma. Ausubel, Novak e Hanesian (1980) definem as tarefas de aprendizagem potencialmente significativas como aquelas que geralmente partem de um acervo de conceitos e definições já sedimentados na estrutura cognitiva do aprendiz (subsunçores) e que utilizam materiais plausíveis ou sensíveis, relacionando-se a uma forma não arbitrária, e essencial a essa estrutura. Para os autores: [...] a tarefa de aprendizagem em si mesma for potencialmente significativa (Se ela própria consiste de material plausível ou sensível e se pode estar relacionada de uma forma não arbitrária e essencial à estrutura cognitiva de um estudante em particular). (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980, p. 3). Além disso, o potencial significativo das tarefas pode ser ampliado se se acrescentar a elas, os conceitos e fundamentos de sequência didática. Zabala (1999) afirma que, para tanto, elas precisam ser estruturadas, organizadas e ordenadas com o propósito de articular definições, conceitos e propriedades do tema estudado. De acordo com o autor, 47 [...] é o conjunto ordenado de atividades estruturadas e articuladas para a consecução de um objetivo educacional em relação a um conteúdo concreto. Esta unidade de análise, como as sequências didáticas, está inserida num contexto em que se deverá identificar, além dos objetos didáticos e do conteúdo objeto da sequência, as outras variáveis metodológicas: relações interativas, organização social, materiais curriculares, etc. (ZABALA, 1999, p.78). Nesse caminho, para incrementar o nível de potencial significativo, deve-se incluir nas atividades: a manipulação, a experimentação e a observação de materiais concretos que proporcionem ao estudante um aumento do nível de aprendizado significativo por descoberta e também a afetividade (autoestima), geralmente sinalizada pela satisfação, envolvimento e prazer no crescente desenvolvimento intelectual, levando-o a um enriquecimento cognitivo, através da inserção no mundo da cultura e da ciência. Gaspari e Gerônimo (2011) mostram que, cada vez mais, o aluno é conduzido a uma maior compreensão dos conceitos, definições, propriedades, processos, cálculos e análises, conectando todo esse conjunto a situações de aplicabilidades e, por fim, sendo instigado à pesquisa pela característica investigativa. Além disso, Góes e Colaço (2009) afirmam que o desenho, de maneira geral, facilita o aprendizado da Matemática, pois insere os aprendizes em situações-problemas de seu cotidiano. No ensino da geometria, o aprendiz se comprova como um formador do pensamento, pois conhecer um objeto ou situação-problema lhe permite agir sobre ele e transformá-lo, mobilizando conhecimentos já ancorados, apropriando-se dos mecanismos dessa transformação e vinculando-os às ações transformadoras. Goes e Colaço (2009) indicam que o manuseio de materiais manipulativos6 agregado à utilização de softwares de geometria dinâmica no estudo dos conceitos geométricos envolvidos na trigonometria tende a contribuir na clivagem cognitiva das definições inter-relacionadas nas duas áreas. Já Borba e Penteado (2012) mostram a importância da inserção de tarefas de aprendizado de escrita, leitura, entendimento de gráficos, compreensão de textos, desenvolvimento de noções espaciais e leitura de novas mídias, utilizando como instrumento o computador na sala de aula, buscando promover, assim, dois estratégicos processos: a alfabetização tecnológica e a garantia do direito ao acesso à informática. Conhece-se a dificuldade na geração de diversos desenhos e gráficos num ambiente em que predomina o uso do lápis e do papel, mas o emprego do computador associado a 6 Os materiais manipulativos utilizados nesse contexto são: par de esquadros, régua e compasso. 48 aplicativos educacionais com esse propósito podem melhorar a significação. Ainda para Borba e Penteado (2012, p.38), “O importante a destacar, aqui, é que as mídias informáticas associadas a pedagogias que estejam em ressonância com essas tecnologias podem transformar o tipo de matemática abordada em sala de aula.” Uma pesquisa apresentada por Gravina no VII Simpósio Brasileiro de Informática na Educação (1996) ressalta que nos livros didáticos são percebidas duas ausências: a primeira sobre atividades, projetos ou tarefas que levem os alunos à construção de elementos, sejam eles vinculados à geometria ou que extrapolem esse universo. A segunda, sobre situações investigativas raramente abordadas, sendo ambas confirmadas pela autora: O aspecto de construção de objetos geométricos raramente é abordado; Dificilmente encontramos no livro escolar a instrução “construa”, e no entanto esta é uma das atividades que leva o aluno ao domínio de conceitos geométricos. Mais difícil ainda é encontrar questões do tipo “o que podemos dizer nesta situação?” ou “que regularidades percebemos?”, onde estratégias de investigação devem ser estabelecidas. (GRAVINA, 1996, p.2). Gravina (1996) ainda aponta uma nova forma de ensinar e aprender geometria, a partir da exploração experimental em ambientes informatizados. Nessa instância, os alunos conjecturam e, com o feedback constante oferecido pelo computador, as refinam ou as corrigem, chegando a resultados que nos desenhos a lápis seriam mais difíceis de atingir, mas que nesse novo ambiente virtual, com o “desenho em movimento”, passam, então, mais facilmente, para uma fase abstrata de argumentação. A mesma autora menciona, ainda, o princípio norteador dos softwares de geometria dinâmica como ferramentas de construção de desenhos de objetos e configurações geométricas obedecendo suas propriedades. Assim, para um certo objeto, obtém-se família de desenhos, mantendo-se invariantes suas características geométricas intrínsecas. As configurações geométricas passam, então, a ser representadas por suas variantes e não por um ícone único, como o desenho tradicional, e as invariabilidades das propriedades dos objetos acabam por sobressair no movimento. Acredita-se, portanto, diante do exposto, que a significação de conceitos, definições e propriedades se consolidam na resolução de problemas com aplicabilidades e contextualizações, pois, ao buscar soluções, mobilizam-se e aplicam-se instrumentos matemáticos disponíveis e adequados, levando o aluno a desenvolver sua estrutura cognitiva e aprender. Nesse sentido, para Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p.553), “a Resolução de Problemas refere-se a qualquer atividade na qual tanto a representação 49 cognitiva de experiência prévia e os componentes de uma situação problemática apresentada são reorganizados a fim de atingir um determinado objetivo”. 50 5. O PERCURSO DA PESQUISA Neste capítulo será descrito o caminho trilhado pela pesquisa seguindo uma ordem cronológica, buscando ressaltar os elementos presentes nessa trajetória, tais como: teorias, literaturas e percepções do pesquisador que o influenciaram na aproximação da pergunta principal dessa investigação. Assim, o estudo iniciou por uma busca de pesquisas anteriores em repositórios de bibliotecas sobre investigações com o tema de ensino da trigonometria. Após essa fase, procurou-se entender a importância histórica do assunto, as suas aplicações em diferentes áreas do conhecimento e as atuais propostas de ensino presentes nos livros didáticos. A partir daí, esta dissertação passou a limitar o objeto de estudo, com uma proposta metodológica que complementasse o ensino de trigonometria, para que esse pudesse se tornar uma ferramenta útil ao educador matemático, na tentativa de elevar o desempenho dos estudantes, buscando atingir níveis de aprendizado satisfatórios. A partir dessas motivações iniciais, procurou-se entender a evolução da construção matemática da humanidade através de Costa (1997), Bertoli e Schuhmacher (2013), Eves (2004), Kennedy (1992), Boyer (1996) e Aaboe (1984), procurando perceber as influências contextuais da época que direcionavam as contribuições e tecendo a trigonometria atual. Logo em seguida, investigou-se a teoria de aprendizagem significativa em Ausubel (1963), um dos pilares da psicologia de ensino, e Moreira (2011). Nelas, os conceitos de assuntos subsunçores são amplamente discutidos, com o propósito de analisar a influência dessa teoria na atual proposta curricular do Ensino Médio. Já em Zabala (1998), buscou-se os conceitos e discussões sobre sequência didática e atividades potencialmente significativas. Para perceber o cenário atual do ensino da trigonometria preconizado pelos documentos oficiais, leu-se: Guia do Professor do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD, 2012), Matriz do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM, 2009), Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM, BRASIL, 2000b) e PCN+ Ensino Médio – Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+, BRASIL, 2000a). Inclui-se, aí, ainda, a análise de três livros didáticos, quer sejam: Dante (2007), Diniz e Smole (2010) e Iezzi et al (2010), aprovados pelo PNLD 2012 e adotados nas redes privada e pública do Distrito Federal. 51 5.1 A elaboração do produto e sua aplicação As leituras realizadas auxiliaram na montagem do produto final, um caderno de atividades, que emprega o uso de material manipulativo (régua, esquadros e compasso) e o software de geometria dinâmica Geogebra. Nessa proposta, portanto, as atividades elaboradas buscam conceitos de trigonometria fundamentados na geometria. Assim, cada tópico é abordado em dois momentos sequenciais e distintos: primeiramente, utilizando material manipulativo (régua, compasso, esquadro e transferidor) na construção das figuras, cujas vantagens do uso de material concreto no ensino da trigonometria são defendidas por Gaspari e Gerônimo (2011) e Góes e Colaço (2009). Num segundo momento, as construções são realizadas em computador, com o uso do programa Geogebra, quando os possíveis avanços da utilização do computador em sala de aula são debatidos por Borba e Penteado (2012), Gravina (1996) e Masini e Moreira (2008). Ressalta-se, ainda, que as atividades foram elaboradas focando-se no Ensino Médio, porém, com possibilidade de utilização tanto no Ensino Fundamental II quanto nas classes básicas de cursos superiores afins. 5.1.1 Descrição das atividades A partir dessas ideias aqui discorridas, esta dissertação apresenta uma proposta metodológica complementar com tarefas potencialmente significativas disponibilizando-as àqueles educadores matemáticos que buscam inovar em sua mediação. Além disso, as atividades procuram suprir carências dos livros didáticos de atividades, tarefas, exercícios e/ou projetos, empregando mídias manipulativas e softwares de geometria dinâmica. Tais atividades, como já dito anteriormente, são apresentadas como um produto, reunidas em um caderno, que buscam complementar o desenvolvimento dos conteúdos. Nele, é oportunizado ao estudante o contato com o assunto de maneira diferenciada e, numa postura investigativa, envolvendo-o com a manipulação de instrumentos (materiais manipulativos) e com o ambiente informatizado. Para tanto, as tarefas iniciam resgatando os elementos subsunçores da vida escolar pregressa do sujeito, não-arbitrários e essenciais para o desenvolvimento cognitivo do pensamento matemático, aplicáveis à trigonometria. Dessa maneira, buscase preencher as possíveis lacunas pedagógicas existentes, para, em seguida, aprofundar 52 no assunto, procurando respeitar a temporalidade e a singularidade do sujeito presente no processo de aprendizado, oportunizando uma crescente autonomia do saber fazer. Procurou-se, assim, ao longo das atividades, apresentar aos discentes situações desafiadoras, objetivando o desencadeamento de sua postura reflexiva na composição do conhecimento matemático. As tarefas elaboradas envolvem a trigonometria do triângulo retângulo, do círculo trigonométrico e as funções trigonométricas, alicerçado pelas construções, interpretações e fundamentações geométricas. As atividades 1 e 3 são tutoriais, elaboradas para auxiliar e familiarizar os discentes no manuseio dos instrumentos e do software Geogebra. Incluíram-se, ainda, nesse manual, traçados com elementos básicos que preparam para as tarefas seguintes. Cada assunto foi abordado em dois momentos, onde nas atividades 2, 5, 7 e 9 são empregados materiais manipulativos e nas 4, 6, 8 e 10 utilizam o software Geogebra. Na montagem do quadro 3 com os assuntos e objetivos previstos para cada atividade, pautou-se na análise dos livros didáticos e na Matriz de Referência para o Enem 2009, procurando oportunizar o desenvolvimento das respectivas competências e habilidades. Quadro 3 - Assuntos, objetivos e tempo previsto das atividades (Continua) Tutoriais 1 Ativ. Assuntos Manual do material de desenho geométrico. Paralelismo. Perpendicularismo; 3 Tutorial do software Geogebra. 2 Triângulo retângulo. Razões trigonométricas. Leitura de texto. Interpretação de texto. Objetivos Conhecer e manusear os instrumentos. Traçar retas paralelas. Traçar retas perpendiculares. Tempo previsto do encontro e mídias utilizadas. 100 minutos. Régua, compasso e esquadros. Software Geogebra. Conhecer a apresentação do Geogebra. Manusear a partir de comandos básicos. Familiarizar com o software. Reconhecer um triângulo retângulo. Identificar os elementos do triângulo retângulo. Montar razões trigonométricas. Calcular as razões trigonométricas. 100 minutos. Régua, compasso e esquadros. 53 Ativ. Assuntos 4 Razões e proporções. Semelhança de triângulos. Reconhecer um triângulo retângulo. Identificar os elementos do triângulo retângulo. Montar razões trigonométricas. Calcular as razões trigonométricas. Reconhecer triângulos semelhantes. 5 Medidas de arco central. Unidades de medidas de arcos. Linearização do arco. Relacionar diferentes unidades de medidas de ângulo. Compreender a representação de arcos em circunferências de arcos distintos. 100 minutos Régua, compasso e esquadros. 6 Expressão geral dos arcos. Determinar uma expressão geral dos arcos. 100 minutos. Software Geogebra. 7 Redução ao primeiro quadrante. Perceber o círculo trigonométrico como campo de estudos dos triângulos retângulos em seus quadrantes. Generalizar expressões de redução ao primeiro quadrante. 100 minutos Régua, compasso e esquadros. 8 Calculo do seno e cosseno de um ângulo agudo do triângulo retângulo inscrito no círculo trigonométrico. Representação do seno, cosseno e tangente no plano cartesiano. Reconhecer a equivalência de ângulos no ciclo em quadrantes diferentes. Generalizar expressões de redução ao primeiro quadrante. Representar a razão seno e cosseno e tangente no círculo trigonométrico. 100 minutos. Software Geogebra. 9 Construir o gráfico da função seno e cosseno no plano cartesiano, a partir do círculo trigonométrico. Análise do comportamento do gráfico da senoide e cossenoide. Identificar o comportamento das funções seno e cosseno, representando-o algébrica e graficamente. Familiarizar com o comportamento da função seno e cosseno. Identificar regularidade em situações semelhantes, relacionando padrões a algoritmos e propriedades a partir do comportamento dos gráficos das funções trigonométricas seno e cosseno. 100 minutos Régua, compasso e Construir o gráfico da função tangente no plano cartesiano, a partir do círculo trigonométrico. Análise do comportamento do gráfico da tangentoide, gerado a partir do círculo trigonométrico. Identificar o comportamento de valores trigonométricos com o da função tangente, representando-o algébrica e graficamente. Familiarizar com o comportamento da função tangente. Identificar padrões de regularidade em situações gráficas, percebendo algoritmos e propriedades da função trigonométrica tangente e como são suas representações. Fonte: Elaborado pelo autor 100 minutos. Software Geogebra. 10 Objetivos Tempo previsto do encontro e mídias utilizadas. 100 minutos Software Geogebra esquadros. 54 Vale ressaltar que, culturalmente, a maioria dos alunos está acostumada com aulas expositivas, cuja postura em sala pouco extrapola a de assistir. Como reflexos desse modelo, têm-se poucas interações entre os colegas de sala e, inclusive, com o próprio professor sobre os assuntos, exercícios e tarefas propostas. Comumente, essa prática dificulta ao docente perceber o nível de significações construídas pelos estudantes, devido ao baixo nível de feedbacks, impedindo ou retardando os possíveis ajustes nas mediações pedagógicas. Para tanto, Zabala (1999) afirma que, para dialogar sobre uma determinada ideia, exigem-se habilidades de organização concatenada do pensamento, assim como o domínio de um vocabulário com palavras específicas de significados próprios. Mas ler, interpretar, conjecturar, propor, negar ou aceitar determinada tese ou hipótese é um labor enriquecedor nesse processo de ensino e aprendizagem, que favorece a socialização e a cooperação, atendendo aos diferentes níveis e ritmos de aprendizagem. Por isso, as atividades foram elaboradas procurando estimular essas interações verbalizadas entre alunos e aluno-professor, num ambiente favorável de aprendizagem, livre de constrangimentos em proposições quaisquer, sejam elas simples, complexas, corretas, errôneas ou infundadas. Deseja-se, assim, que os estudantes sejam convidados a exporem os seus pontos de vista e/ou escrever suas conjecturas, seja em papel ou no quadro, testando e esclarecendo-as, de preferência, verbalmente, permitindo, inclusive, uma melhor panorâmica do processo pelo professor e esse, em uma constante avaliação da mediação, poderá optar por manter ou redirecionar os encontros seguintes. Dessa forma e visando oportunizar o confronto de ideias entre os estudantes, que requer uma organização concatenada e estruturada do pensamento, sugere-se pelas duplas flexíveis de trabalho, tanto nas pranchetas da sala de desenho como no laboratório de informática. Portanto, para realizar as atividades, os aprendizes têm a liberdade de se agruparem em duplas e, num constante diálogo, confirmarem, rebaterem e/ou solicitarem explicações, respondendo as atividades e, assim, construírem o seu conhecimento, refinando-o através de um constante ir e vir ideológico. Nessa proposta, portanto, cada dupla recebe uma ficha contendo um roteiro de construção da figura e questões a serem respondidas, com cálculos a executar e/ou quadros para completar. Durante o encontro, o professor transita entre as duplas de trabalho acompanhando e mediando, ora esclarecendo questionamentos, ora fazendo observações sobre o que é produzido, mas sempre respeitando o ritmo do grupo e procurando estimular a autonomia. Em casos quando a dúvida ou impasse se fazem 55 presentes na maioria, há uma chamada para socialização com a turma. No final de cada encontro, os alunos enviam os arquivos digitais para o endereço eletrônico do professor e/ou entregam seus desenhos, além das fichas devidamente preenchidas e, então, os principais conceitos e conclusões do grupo são expostos e generalizados. 5.2 Teste piloto Elaboradas as atividades, foi, então, realizado o teste piloto nos voluntários (professores doutores e mestrandos) integrantes do Grupo de Pesquisa em Educação Matemática (Grupimem), da Universidade Pontifícia Católica de Minas Gerais (PUCMG) vinculados ao Programa de Pós-Graduação stricto sensu. Esse teste auxiliou os ajustes necessários, para posterior aplicação nos alunos. 5.3 Aplicação das atividades As atividades foram aplicadas nos meses de agosto e setembro de 2014. No primeiro encontro, foi esclarecido que aquelas tarefas faziam parte de uma pesquisa, procurando resgatar e aprofundar os conhecimentos em trigonometria. Seus conceitos e definições estavam associados aos tópicos da matéria, e a compreensão do assunto poderia promover melhores condições na aprendizagem dos tópicos abordados em Cálculo Diferencial e Integral 1. Buscando transparência e compromisso com a ementa do curso, foi informado da existência de um calendário especial por conta do evento da Copa do Mundo de Futebol 2014 e devido ao excedente de carga horária no planejamento do semestre, a aplicação das atividades não traria prejuízo no desenvolvimento do conteúdo. O Professor Pesquisador foi o observador participante na aplicação das atividades aos alunos, sendo realizados registros desses encontros na forma de gravação de áudio, fotografias, anotações descritivas, realizadas juntamente com a monitora disponibilizada ao docente pela Instituição de Ensino. As transcrições dos diálogos ocorreram geralmente no mesmo dia, para uma ficha de registro do encontro, tentando assegurar a totalidade e fidelidade dos fatos ocorridos, procedimento necessário pela caracterização qualitativa da investigação. Para a aplicação das atividades elaboradas, contou-se com a escola em que o professor 56 pesquisador atuava na época: o Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Brasília (IFB) e um grupo de dezoito alunos. O Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Brasília foi criado em 2008 pela lei federal 11.892/08, incluindo as Escolas Técnicas Federais e os Centros de Ensino Federal Tecnológicos (Cefets) à Rede Federal de Educação Profissional. De acordo com o documento: Lei 11.892/08 - Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Capítulo I Da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica Art. 1º Fica instituída, no âmbito do sistema federal de ensino, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada ao Ministério da Educação e constituída pelas seguintes instituições: I - Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia - Institutos Federais; Art. 2º Os Institutos Federais são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei. (BRASIL, 2008, p.1). Essa lei também estabelece os objetivos prioritários dos Institutos que buscam diminuir a escassez de recursos humanos qualificados atuando em diversos níveis, inclusive nos técnicos de nível médio e licenciaturas. Nele, portanto, é preconizado que: Art. 7º - Observadas as finalidades e características definidas no art. 6º desta Lei, são objetivos dos Institutos Federais: I - Ministrar educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na forma de cursos integrados, para os concluintes do ensino fundamental e para o público da educação de jovens e adultos; VI - Ministrar em nível de educação superior: b) Cursos de licenciatura, bem como programas especiais de formação pedagógica, com vistas na formação de professores para a educação básica, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, e para a educação profissional; Art. 8º - No desenvolvimento da sua ação acadêmica, o Instituto Federal, em cada exercício, deverá garantir o mínimo de 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para atender aos objetivos definidos no inciso I do caput do art. 7o desta Lei, e o mínimo de 20% (vinte por cento) de suas vagas para atender ao previsto na alínea b do inciso VI do caput do citado art. 7º. (BRASIL, 2008, p.4-5). 5.3.1 O Instituto Federal Brasília - Campus Taguatinga O Campus Taguatinga, foi inaugurado em 2010 e atua em três eixos: Eletromecânica, Informática e Vestuário. A estrutura física, naquela época, era composta por um bloco administrativo, um auditório com duzentos lugares, um ginásio 57 poliesportivo e uma edificação com quinze salas de aula (equipadas com projetor e computador), sala de criação e arte (sala de pranchetas) e os seguintes laboratórios: Corte e modelagem; Eletricidade; Informática; Metrologia; Pneumática; Usinagem e Soldagem. Como recursos humanos, o campus contava com um quadro de 82 servidores e 30 terceirizados. Os 60 professores e 22 técnicos ingressaram na carreira pública mediante aprovação em concurso público e eram regidos pelo regime estatutário. A totalidade dos docentes era de mestres, doutores, mestrandos ou doutorandos. No segundo semestre de 2014, data da aplicação das atividades da pesquisa, a escola tinha 560 alunos matriculados, nos seguintes cursos: Técnicos Subsequentes em: Manutenção, Informática, Eletromecânica e Vestuário; Formação Inicial e Continuada (FICs); Área Básica de Informática (ABI7) (Licenciatura e Bacharelado em Ciência da Computação). 5.3.2 Os sujeitos da pesquisa Os dezoito estudantes que contribuíram com a pesquisa faziam parte da primeira turma do Curso Superior em ABI e estavam regularmente matriculados na componente Cálculo Integral e Diferencial 1, sendo o professor pesquisador o responsável pela disciplina naquele semestre. A maioria era proveniente de escolas públicas do Distrito Federal, da modalidade de Educação de Jovens e Adultos e ingressaram no curso superior do IFB pela nota do Enem. Resolveu-se aplicar os experimentos nesses estudantes, tendo em vista as lacunas apresentadas por eles no entendimento dos 7 Área Básica em Computação(ABI) é um curso superior de graduação em que os discentes, após cumprirem as componentes básicas comuns, podem optar por Licenciatura ou Bacharelado em Ciência da Computação. 58 conceitos da trigonometria, o que, por sua vez, poderia dificultar a compreensão das definições a serem desenvolvidas no decorrer do curso. Nesse sentido, para Garnica (2004): (a) a transitoriedade de seus resultados; (b) a impossibilidade de uma hipótese a priori, cujo objetivo da pesquisa será comprovar ou refutar;(c) a não neutralidade do pesquisador que, no processo interpretativo, vale-se de suas perspectivas e filtros vivenciais prévios dos quais não consegue se desvencilhar; (d) que a constituição de suas compreensões e também os meios de obtê-las podem ser (re)configuradas; e (e) a impossibilidade de estabelecer regulamentações, em procedimentos sistemáticos, prévios, estáticos e generalistas. (GARNICA, 2004, p. 86). Confirmando essa categoria, a pesquisa realizada prioriza procedimentos descritivos explicitando a visão de conhecimento e admitindo uma certa subjetividade do pesquisador. Além disso, Fiorentini e Lorenzato (2012) mencionam que, quando a coleta acontece em sua fonte de forma descritiva, o pesquisador é o observador participante. Bogdan e Biklen (1994) e Lüdke e André (1986) reforçam essa tipologia acrescentando o fato da diversificação das fontes de informação, a acessibilidade, a fluidez e a facilidade da linguagem utilizada e a ênfase dada à interpretação de um contexto, buscando revelar, durante o processo, elementos e fatos que apontam os rumos do trabalho. Após essa trajetória, passou-se a analisar os dados da pesquisa obtidos na aplicação, evidenciando fatos relevantes durante o processo, para, então, compor as considerações finais do trabalho. 59 6. APLICAÇÃO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES Nesse capítulo pretende-se expor sobre a aplicação das atividades realizadas e os fatos que aconteceram no decorrer dessa aplicação. Para tanto, a fim de localizar melhor o leitor, procurou-se inserir, no decorrer da análise, a parte da atividade realizada pelo pesquisador quando foram feitas as observações e ocorreram aqueles diálogos escritos. 6.1 Atividades tutoriais 1 e 3 A ideia inicial da elaboração dessas atividades tutoriais era a de que elas fossem introdutórias e que tivessem a principal função de instruir os alunos, que nos diálogos foram nomeados por letras maiúsculas escolhidas aleatoriamente. Os primeiros contatos com os instrumentos e software visavam, então, desenvolver habilidades de manuseio e comandos, respectivamente. Para tanto, na atividade tutorial 1, foram propostas construções simples, com emprego de materiais manipulativos (régua, compasso e esquadros) para traçados de segmento, retas paralelas ou perpendiculares, arcos e para a execução de medidas de segmentos e ângulos. Na atividade tutorial 3, por sua vez, foram apresentadas algumas instruções introdutórias, deixando o aluno à vontade, por alguns instantes, para experimentar os recursos disponíveis do programa. Propunham-se, naquele momento, construções com elementos básicos da geometria (ponto, reta e segmento de reta), incentivando a manipulação de comandos através de experimentação e da observação em ambiente informatizado, como demonstrado a seguir: ATIVIDADE 1 - TUTORIAL DE MANUSEIO DOS INSTRUMENTOS MANIPULATIVOS OBJETIVOS A atividade visa à familiarização do aluno com os instrumentos manipulativos de desenho, em construções futuras, atentando para certos cuidados como medições corretas, posicionamento adequado das mãos e instrumentos, de forma a desenvolver uma habilidade básica. 60 MATERIAIS Régua flexível transparente, esquadro isósceles, esquadro escaleno, compasso, folha A4, lápis, lapiseira com grafite, lápis de cor e borracha. CONHECENDO OS INSTRUMENTOS ESQUADRO ESCALENO – Trata-se de um triângulo RETÂNGULO escaleno, onde dois ângulos internos são agudos, com medidas de 30o e 60o. O terceiro ângulo é reto (90o), conforme mostra a figura abaixo. Figura 1 ESQUADRO ISÓSCELES - Trata-se de um triângulo retângulo isósceles, cujos dois ângulos internos são agudos com medidas iguais de 45o. O terceiro ângulo é reto (90o) conforme mostra a figura abaixo. Figura 2 POSIÇÃO DA FOLHA – A folha de A4 pode estar em uma das duas posições, retrato (em pé) ou paisagem (deitada). COMPASSO – Instrumento utilizado para traçar arcos e circunferências, com medidas de raios diversos. Formado por duas hastes, com grafite em uma das pontas. A ponta seca é metálica e serve para fixar o compasso na folha, evitando que ele escorregue no momento de traçar. Figura 3 61 LÁPIS OU LAPISEIRA – Esses instrumentos são bem conhecidos por todos. Porém, poucos sabem que a dureza do grafite recebe uma classificação de 2H, H, HB, B, 2B e outros. Essa categorização parte do mais duro (2H), para os mais macios (2B), como mostra a figura abaixo. Os grafites mais duros (2H e H) são indicados para as pessoas que possuem uma maior força no traço, enquanto os mais macios (2B e B) são para os que forçam menos ao traçar. O lápis ou lapiseira devem ser posicionados levemente inclinados e rotacionados8 ao longo do traçado. Esses procedimentos melhoram o conforto e mantêm o grafite apontado, refletindo diretamente na precisão do desenho. Figura 4 TRAÇANDO ELEMENTOS BÁSICOS TRAÇANDO UMA RETA HORIZONTAL – Para a construção proposta, leia as orientações abaixo, observando as imagens 5 e 6. Com a folha A4, na posição paisagem, alinhe o menor lado do esquadro escaleno com a borda esquerda da folha. Assim, o lado graduado do esquadro estará na posição horizontal. Trace uma linha horizontal no centro da folha, com o lápis levemente inclinado e, preferencialmente, da esquerda para direita. Imagem 5 Imagem 6 Após explicação aos alunos, sobre os objetivos desse tutorial, pediu-se que eles traçassem uma reta horizontal na folha. CA e L – O que é uma reta horizontal, professor? Professor - Imaginem comigo! Vamos num passeio à torre de televisão, aqui em Brasília. Ao chegarmos ao mirante e olharmos para o Congresso Nacional, 8 A rotação do lápis no próprio eixo deverá ser feita entre os dedos polegar e indicador. 62 observaremos, no fundo, o encontro entre o céu e a terra. Qual o nome dessa linha de encontro? L – Horizonte. CA – Linha horizontal tem a ver com linha do horizonte, né, professor? Professor – Isso! Entendeu a origem do nome da posição absoluta da reta? TRAÇANDO UMA RETA VERTICAL - Para a construção, leia as orientações abaixo, observando as imagens 7 e 8. Na mesma folha A4 e posição que você utilizou para traçar a reta horizontal, alinhe o menor lado do esquadro escaleno com a borda superior da folha. Com o lado graduado (perpendicular ao primeiro), trace uma linha vertical imaginária no centro da folha. Imagem 7 Imagem 8 CR e M – O que é reta vertical, professor? Professor – Agora, vamos descer da torre pelo elevador panorâmico. Porém, um observador nos vê lá no estacionamento. Qual a trajetória do elevador descrita pelo observador em nossa descida? M – Eu imagino uma linha que cruza a linha do horizonte, sendo igual ao caminho da queda de uma pedra. Professor – Perfeito! CR e M – Linha vertical é em pé, e a horizontal é deitada! Professor – Perfeito! Os alunos prosseguiram, então, na atividade: TRAÇANDO RETAS PARALELAS HORIZONTAIS – Nessa mesma folha A4, alinhe o lado graduado do esquadro escaleno na reta horizontal, que 63 você já traçou. Apoie o maior lado do esquadro isósceles no menor lado do menor esquadro, conforme imagem 9. Firme o esquadro isósceles e deslize o escaleno para a posição de interesse e trace a paralela. Sem soltar o esquadro isósceles, reposicione o escaleno e trace novas retas paralelas. Observe as imagens 9, 10 e 11 para facilitar o manuseio. Imagem 9 Imagem 10 Imagem 11 Nesse momento, surge um comentário: Aluno L – Ah professor! Vamos desenhar retas, uma do lado das outras, né? Mas com qual distância entre elas? O professor percebe a oportunidade de verificar o nível de significação do conceito de retas paralelas e questiona a turma: Pessoal, o que são retas paralelas? Os alunos J, M, L e C respondem simultaneamente: – Retas que nunca se encontram! Professor – Então, quantos pontos comuns elas possuem? J e L – Nenhum! Professor – Mesmo se prolongássemos infinitamente? L – Sim. Nenhum é nenhum! Professor – Muito bom! Mas qual pode ser a distância entre elas? J e C – Qualquer, desde que nunca se toquem? Professor – Certo! 64 TRAÇANDO RETAS PARALELAS PERPENDICULARES Com o esquadro isósceles, alinhe o lado igual à reta vertical que você já traçou. Assim, o lado graduado estará na posição horizontal, onde você apoiará o maior lado do esquadro escaleno, conforme imagem 12. Firme o esquadro escaleno, que será o apoio, para o isósceles deslizar e, assim, coloque-o na posição de interesse e trace um reta paralela perpendicular. Sem soltar o esquadro escaleno, reposicione o isósceles e trace nova reta perpendicular. Observe as imagens 12, 13 e 14 para facilitar o manuseio e traçado. Imagem 12 Imagem 13 Imagem 14 TRAÇANDO CIRCUNFERÊNCIAS E ARCOS COM O COMPASSO Marque um ponto no centro da folha A4. Abra as hastes do compasso com uma abertura qualquer. Pegando no ponto de apoio do compasso, coloque a ponta seca nesse ponto para firmá-lo e incline-o levemente. Com cuidado, rode-o traçando a circunferência ou arco desejado, como é demonstrado nas imagens 15, 16 e 17. 65 Imagem 15 Imagem 16 Imagem 17 Depois de traçar a circunferência, o aluno C pergunta: – Qual é o nome da distância entre esse ponto (referindo-se ao ponto que fixou o compasso para girar) e a circunferência? O professor resolveu investigar o nível de significação conceitual dos elementos de circunferência, perguntando à turma: – Qual é o nome desse ponto que vocês firmaram a ponta seca do compasso? M e L: – Centro! Professor – E o nome da distância que o colega perguntou? Com intervenções tumultuadas, percebeu-se que alguns responderam: diâmetro e outros, raio. Percebida a pouca ou ausente significação do conceito, o professor resolveu socializar, com todos as definições de raio e diâmetro, mostrando suas relações. 66 ATIVIDADE 3 - TUTORIAL DE MANUSEIO DO SOFTWARE GEOGEBRA O programa Geogebra é um software gratuito de geometria dinâmica, que permite construções geométricas com fundamentos algébricos. Ele pode ser instalado em várias plataformas (Windows, Mac, Linux e outros) e on-line, necessitando de acesso à internet. Para iniciar, clique no ícone do programa Geogebra . Ele abrirá e aparecerá a primeira tela representada pela imagem 18. Observe as escritas em vermelho, como barra de menu, barra de ícones, janela de álgebra, eixos ortogonais e barra de entrada. Imagem 18 Na barra de ícones, há vários deles, e em cada um existe uma seta, que está na parte inferior direta, como mostra a imagem 19. Quando você clicar nessa seta, vários outros ícones internos abrirão, conforme a imagem 20. Imagem 19 67 Imagem 20 Quando sobrepuser a seta na caixa diálogo de cada ícone selecionado, aparecerá o comando a ser realizado na área de trabalho, conforme mostra a imagem 20. A visualização da tela pode ser ajustada, tornando-a mais confortável para você. Para isso, selecione o ícone “Deslocar eixos” ou “Ampliar” (observe a imagem 21) ou com o scroll do mouse (Imagem 22), ajuste a tela. Imagem 21 Imagem 22 Por alguns instantes, os alunos manipularam o programa, tentando criar algo livre. J – Professor, posso construir um triângulo aqui na tela? Professor – Sim! J – Como faço isso? CA – Tem um quadradinho escrito “ponto”. Aperte nele e coloque três pontos na tela. Depois, aperte o quadrado escrito polígono e leia o que ele pede para construir. Fiz assim, bem fácil! J – Ah, consegui! Simples mesmo! 68 6.2 Aplicação e análise da atividade 2 Essa atividade tentava resgatar os conceitos básicos de trigonometria no triângulo retângulo, possivelmente já estudados em dois momentos pregressos da vida escolar do estudante: no 9º ano do Ensino Fundamental e/ou no 1º ano do Ensino Médio. Nessa proposta, então, os alunos construíram, seguindo o roteiro, um triângulo retângulo utilizando os materiais manipulativos. Logo em seguida, a partir dessa construção, passaram a identificar e reconhecer os elementos do triângulo retângulo, montando e calculando as razões trigonométricas dos ângulos agudos internos. Para tanto, foram disponibilizados os esquadros, compasso, transferidor e uma ficha impressa contendo o roteiro e as tarefas a serem realizadas. O professor explicou, inicialmente, a importância de seguirem a sequência proposta, evitando possíveis erros na construção das figuras. Como sugestão do trabalho da dupla, propôs-se que, enquanto um dos membros lia o roteiro em voz alta, o segundo construía o solicitado. Depois de construído, ambos realizavam as devidas medições, montavam as tabelas e respondiam as perguntas, enquanto o professor transitava pelas mesas. Porém, quando ele percebia alguma dificuldade da maioria dos alunos, decidia por socializar a todos, esclarecendo a dúvida. ATIVIDADE 2 – TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO Construção de triângulo retângulo com o uso de esquadros, régua e compasso MATERIAIS – Régua flexível transparente, esquadro isósceles, esquadro escaleno, compasso, folha A4, transferidor, lápis, lapiseira com grafite, lápis de cor e borracha. ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO – Siga os passos abaixo: 1. No centro da folha A4, em posição retrato, trace um segmento horizontal AB de 10 cm; 2. Encontre o ponto médio M do segmento AB; 3. Coloque a ponta seca do compasso no ponto M, abra a haste grafitada até A e trace a semicircunferência AB; 4. Em qualquer local do arco AB, marque um ponto C; 5. Trace os segmentos AC e BC obtendo o triângulo ABC; 6. Nomeie os ângulos α = CÂB, β = ABC e θ = ACB. 69 7. Nomeie os três lados a, b, c opostos respectivamente aos ângulos α, β e θ. A partir da construção desse triângulo, responda as atividades seguintes. Acredita-se que as dificuldades percebidas durante a construção podiam estar associadas à pouca prática de leitura, à falta de habilidade com os instrumentos manipulativos, ao hábito de resolução de questões de listas e avaliações, sem seguir uma sequência ordenada, e à não adaptação a um diferente tipo de aula, onde o aluno é ativo e não passivo, demonstrado pelos diálogos abaixo: O aluno L argui – Professor, precisa seguir esse roteiro, nessa sequência? Professor – Sim! Isso é um roteiro de construção, com sequência numerada! L: E se não seguir essa ordem? Professor – Sua construção pode ficar incorreta, vocês podem preencher a tabela erroneamente e, consequentemente, responder as perguntas de forma equivocada. Por esses motivos, é fundamental seguir o roteiro, na ordem em que foi proposto. Mesmo sendo questionado somente pelo aluno L, notou-se que outros seguiam sem dar importância à instrução inicial e perceberam, depois, o erro na construção. Após esse diálogo, várias duplas refizeram seus triângulos obtendo desenhos próximos ao da figura 21. Figura 21 - Triângulo construído pelos alunos a partir do roteiro Fonte: Dados da pesquisa Acredita-se que a resistência de seguir a ordem do roteiro pode ser proveniente da similaridade que os alunos enxergam entre esse e a resolução de questões em listas e avaliações. É comum a orientação aos estudantes de iniciar por questões mais fáceis, deixando para um segundo momento as mais difíceis, não havendo uma obrigatoriedade 70 de seguir a ordem em que se apresentam em avaliações. Com isso, eles podem se tranquilizar, melhorar a autoestima e voltar a resolver questões, anteriormente não resolvidas, e, possivelmente, melhorar o índice de acertos. Figura 22 - Discente construindo o triângulo da atividade 2 Fonte: Dados da pesquisa A necessidade de atividades de resgate desses conceitos subsunçores para esse grupo de alunos ficou evidente, pois mesmo cursando o Ensino Superior, após serem selecionados pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), eles demonstraram um precário entendimento dos conceitos básicos de geometria plana, conforme se demonstrou nos diálogos a seguir: Ao ler o item 2 do roteiro: J – Ponto médio é a metade da reta? O professor, depois de ser questionado por outras duplas, percebeu que, para a maioria dos alunos, o conceito estava fragmentado e parcialmente correto, resolvendo socializar com todos. Professor – O que é ponto médio, mesmo? Aluno L – Metade. Professor – Então, ponto médio tem a ver com metade? M e K – Sim. Professor – Metade do quê? J – Do segmento. Professor – Da medida do segmento! Percebendo, ainda, a fragmentação do conceito, o professor escreveu no quadro o conceito completo: “Ponto médio é o ponto equidistante das extremidades, ou seja, é aquele ponto que está na metade da medida do segmento de reta”. L – O que é segmento de reta? 71 O professor, investigando o nível de significação desse conceito, socializou pedindo para alguém responder. M, imediatamente: – Parte da reta! Professor – Qual o início e o fim, no caso do segmento AB? M – Início no ponto A e término no ponto B! L se desespera e fala: – Não sei de nada! O professor pediu, então, para o aluno L seguir trabalhando com calma, na sua dupla, e explicou que esses e outros conceitos seriam revistos, conforme fossem surgindo. B) Os seus lados recebem nomes especiais? Quais e por quê? Para responder esse item, os alunos precisavam saber identificar o ângulo reto e o nomear os lados do triângulo retângulo. Não houve problemas para identificar a hipotenusa, mas o professor decidiu investigar: – Como vocês identificam a hipotenusa? M e J: O maior lado. O lado oposto ao ângulo reto! Professor – Então, qual é o nome dos outros lados do triângulo retângulo? M, J, CA, L, K e C respondem, apesar de ser percebida insegurança: – Cateto oposto, cateto adjacente e hipotenusa. Professor: Mas oposto e adjacente são qualidades! Antes disso, quais são os nomes dos lados? (Passado um minuto...) J e C: – Cateto ou hipotenusa! Professor – Isso! CA e L – Quem é o cateto oposto e cateto adjacente? Professor – Pessoal, como é que eu identifico o cateto oposto e o adjacente? (Silêncio) Professor – Qual é o sinônimo da palavra oposto? M e J – De frente! Professor – E adjacente? M e J – Do lado! 72 Os alunos entenderam a questão, mas C e L se mostraram inseguros. O professor, então, resolveu questioná-los: – Qual é o cateto oposto e cateto adjacente do triângulo construído em relação aos ângulos α e β? Eles respondem corretamente, mostrando que compreenderam o conceito. C) Existe alguma relação entre os ângulos α e β? Qual? Nesse item desejava-se que os estudantes conceituassem ângulos complementares. Uma boa parte não entendeu essa definição e, consequentemente, qual a relação entre α e β. Portanto, o professor resolveu socializar tal dúvida: Professor – No triângulo ABC, retângulo em C, qual é a soma dos ângulos α + β + θ? M – 180º! Professor – Por quê? CA e J – Eles são ângulos de dentro do triângulo! M – Ângulos internos. E nos triângulos, a soma dos ângulos de dentro é sempre 180º! Professor – OK! E qual o valor de θ? K – 90º! Professor – Então, qual o valor da soma de α + β, se θ = 90º? M, K, J, CA e CR – 90º!. Professor – Por quê? Os mesmos alunos responderam num tumulto. O professor pediu para que somente um falasse, e eles, rapidamente, elegeram o M: – Se os três juntos dão 180º, e um deles já é 90º, então, a soma de α e β só pode ser 90º. Investigando a noção de ângulo, o professor questionou: – Quais seriam os possíveis valores de α e β? M – 45 º e 45º. Professor – Somente? Nesse momento, percebe-se a significação do conceito de ângulos complementares, pois eles passam a dar vários exemplos: 30º e 60º, 50º e 40º, 20º e 70º... 73 J e C chegaram a generalizar: – Basta que a soma seja 90º! D) Como se calcula seno, cosseno e tangente de um ângulo, em um triângulo retângulo? Para responderem o item D, os discentes precisavam lembrar as definições de razões trigonométricas seno, cosseno e tangente, porém, a maior parte da turma não conseguia relembrar. Nesse momento, o professor achou, então, conveniente socializar e rever tais definições, registrando no quadro. E) A partir da construção que você fez e com os conceitos relacionados, complete corretamente a tabela a seguir. Obs.: A partir das razões trigonométricas encontradas, calcule as medidas dos ângulos pesquisando ou utilizando uma calculadora científica. Compr. lado “a” (cm) Compr. lado “b” (cm) Sen α = Cos α = Tg α = Med.do Âng. α= Sen β = Cos β = Tg β = Med. do Âng. β= Compr. lado “c” (cm) “c”(cm) Med. Âng θ= No item E, eles mediram o que era solicitado rapidamente. Para encontrar os valores dos ângulos α e β, a partir das razões trigonométricas, disponibilizou-se uma tabela com os valores de ângulos e seus respectivos senos, cossenos e tangentes. Para obter o valor do ângulo θ, esperava-se que os alunos pudessem seguir caminhos distintos e possíveis. O primeiro seria recorrer ao uso do transferidor para medir a abertura do arco ACB. Uma segunda opção seria utilizar os conceitos e propriedades de arcos na circunferência. Outra possibilidade, ainda, seria testar a relação de Pitágoras confirmando que o lado AB é a hipotenusa e, por consequência, ter-se-ia o ângulo θ, como reto. Porém, nenhum estudante recorreu, nesse momento, a esses dois últimos caminhos. Contudo, surgiu outra forma, não prevista e válida, para certificar a medida do ângulo em questão, pois alguns alunos sobrepuseram os catetos do esquadro, nos lados AC e BC do triângulo e perceberam, por comparação, que o ângulo C era reto, assim 74 como o do esquadro. Observa-se que esse método se mostra válido para esse contexto e induziu alguns pensamentos dos alunos como, por exemplo: C – Eu nunca tinha entendido sobre o que era cateto oposto e cateto adjacente. Agora sim, isso faz mais sentido! Finalizado o tempo previsto, a maioria da turma já tinha concluído, sendo proposta, então, a atividade 4, no encontro seguinte, com o uso do software Geogebra, buscando consolidar a significação desses conceitos. 6.3 Aplicação e análise da atividade 4 Essa atividade foi aplicada com a participação de dezesseis alunos, em uma tentativa de melhorar a significação dos conceitos envolvidos na trigonometria no triângulo retângulo, utilizando, como recurso de construção, o software Geogebra. Figura 23 - Alunos participantes da pesquisa no laboratório computacional Fonte: Dados da pesquisa ATIVIDADE 4 - CONSTRUÇÃO DE TRIÂNGULOS RETÂNGULOS COM O USO DO GEOGEBRA ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO – Siga os passos abaixo: 1. Abra o programa; 2. Na barra de entrada (parte inferior esquerda da tela), entre com o ponto A, digitando o seguinte comando: A=(0,0). Agora aperte a tecla enter e observe que aparecerá o ponto A sobre o eixo horizontal; 3. Da mesma forma, entre com o ponto B=(10,0); 4. Da mesma forma, entre com o ponto C=(10,3); 5. Selecione o ícone ponto médio e encontre D, ponto médio de AB; 75 6. Repetindo a etapa anterior, encontre o ponto E, médio de BD; 7. Localize o ícone: segmento definido por dois pontos , trace os segmentos AB, BC e AC. No final, você terá construído o triângulo ABC; 8. Localize o ícone: retas perpendiculares e trace duas perpendiculares ao segmento AB, uma passando por D e outra por E; 9. Com a ferramenta ponto de interseção entre objetos , identifique o encontro entre a reta perpendicular que passa por E e o segmento AC, obtendo o ponto F; 10. Com a mesma ferramenta, ponto de interseção entre objetos , identifique o encontro entre a reta perpendicular que passa por D e o segmento AC, obtendo o ponto G sobre AC. 11. Agora, selecione o ícone, medida de comprimento e identifique as medidas de todos os lados dos triângulos ABC, AEF e ADG e a medida do ângulo Â. Observe que as medidas dos segmentos informadas pelo programa estão em centímetros; 12. Selecione a ferramenta ângulo e encontre a medida do ângulo BÂC, clicando nos pontos B, A e C, na seguinte sequência: primeiro no B, depois no A e, por último, no C. Observe que aparecerá um ângulo α, com a medida em graus. Os alunos, logo que começaram a leitura, estabeleceram a semelhança entre as atividades 2 e 4, devido a ambas seguirem roteiros sequenciados de construção: M ˗ Professor, esse roteiro é igual aquele da outra atividade em que desenhamos o triângulo, usando o compasso e esquadro? Professor ˗ Como assim, igual? M – Aquele, professor, que não pode pular etapa! Professor ˗ Perfeito! Lembrem-se de que precisam seguir a ordem do roteiro! Observou-se, nos diálogos dos discentes, a ausência de significação em vários conceitos geométricos básicos da geometria plana, o que foi igualmente percebido na atividade 2. Porém, alguns conceitos foram resgatados ao longo dessas duas atividades: CA e L – Professor, esses pontos A, B e C, são pontos do plano? Professor ˗ Como é o nome desse plano? CA ˗ Ah, professor! Não lembro! Só sei que tem o eixo x e o eixo y! 76 Professor ˗ Ele se chama: plano cartesiano, e seus eixos são: abscissas (x) e ordenadas (y). L e M ˗ Esses números dentro dos parênteses significam o quê? Professor ˗ O primeiro é o valor da abscissa (x) e o segundo é o valor da ordenada (y). L e M ˗ Então, no ponto C = (10,3), o x é 10 e o y é 3? Professor ˗ Sim! Isso mesmo! M e CA ˗ Ah! Agora lembrei! CL – Esse eixo horizontal, do segundo passo, é o mesmo da reta horizontal que desenhamos na atividade passada? Professor – Quase! Você quer dizer que eles estão na mesma posição? CL – É professor! CA – Ah! Esse ponto médio daqui é igual àquele que está no meio do segmento? O mesmo da atividade passada? Professor – Perfeito! L e C – Professor! Na etapa 8, a reta perpendicular aqui é uma vertical, já que o segmento AB é horizontal, né? É aquela mesma trajetória do elevador da torre de TV, que o senhor nos contou? Professor – Sim! M, CA e L – Professor, o que é interseção? (E tentando buscar exemplo na própria geometria) Professor – Pense em várias retas paralelas. Elas possuem pontos comuns? Percebendo que outros paralisaram, o professor resolveu socializar e refez a pergunta a todos: Professor – Hein, gente! Retas paralelas possuem pontos comuns? Muitos respondem: Não! Paralelas não se cruzam! Logo, não há interseção entre elas! Professor - Isso mesmo! Entenderam o que significa interseção? Eles respondem e confirmam: Sim! No caso da etapa 10, é o ponto de cruzamento. K e LU – Consegui professor, são três triângulos? Professor: Já? E as medidas, obtiveram? Alguns estudantes respondem rapidamente: Só falta isso! A figura 24 mostra a construção de um aluno, do triângulo, no Geogebra. 77 Figura 24 – Construção do triângulo com o software Fonte: Dados da pesquisa Já a figura 25 mostra a construção completa do triângulo retângulo proposto a partir do software. Figura 25 – Triângulo obtido da construção da atividade 4 Fonte: Dados da pesquisa Logo que os discentes construíram os triângulos, passaram a preencher a tabela com o cálculo das razões trigonométricas do ângulo solicitado para relembrar as relações. 78 Agora, com a construção que você fez no Geogebra, complete a tabela abaixo corretamente. Os alunos calcularam, primeiramente, as razões trigonométricas, de acordo com os registros da figura 26, para verificar a medida do ângulo Â, informada pelo software. Para tanto, eles pesquisaram em livros que continham a tabela de senos, cossenos e tangentes dos ângulos de 0º a 90º e, por aproximação, certificaram se o valor informado estava coerente. Figura 26 – Registros para preenchimento da tabela Fonte: Dados da pesquisa Com base nos triângulos construídos e nos cálculos realizados, as oito duplas de trabalho preencheram a tabela, como mostra a figura 27: 79 Figura 27 – Tabela da atividade 4, preenchida pelos alunos M e CH Fonte: Dados da pesquisa Finalizado o preenchimento da tabela, os alunos passaram a refletir, questionar e conjecturar sobre as propriedades envolvidas nos triângulos construídos. A partir de uma pergunta de uma dupla, o professor percebeu que podia promover uma exploração investigativa sobre semelhança e congruência de triângulos, não prevista, mas cabível para o momento. Assim, pediu que os membros daquela dupla anotassem os seus questionamentos, enquanto aguardavam, por alguns poucos minutos, para que outros colegas finalizassem e contribuíssem no debate. Assim que a maioria dos alunos finalizou, iniciou-se a socialização: Professor – Gente, agora que já construíram e preencheram a tabela, vamos explorar um pouco mais! Vamos ouvir a pergunta de MA? MA – Professor, esses triângulos que construímos, são semelhantes ou iguais (referindo-se a congruentes)? KA - Congruentes não podem ser, por causa de suas medidas de lados diferentes! CH – Acho que semelhantes, pois são triângulos retângulos! Professor – Porque podemos afirmar isso! JA – Por causa das perpendiculares! Elas formam 90º em AB! CH, LU, M - Então, todos os triângulos são retângulos! E porque não são iguais (referindo-se a congruentes)? (Um silêncio paira na turma). CA – E aí Professor, por quê? 80 Professor – Será que triângulos, quadriláteros ou outros polígonos só podem ser congruentes? MA e LU – E se a forma for mantida, e eles se diferenciam pelas medidas dos lados? Nesse nosso caso, todos os ângulos são de medidas iguais. Então podemos dizer que eles são congruentes? CH e JA - Não! Mas, então como podemos chamá-los? Novamente, a turma silencia. KA e CA – E ai? Professor – Vamos lá! Vocês têm uma ótima ferramenta de pesquisa, bem aí! Sugerindo que eles realizem uma pesquisa na internet para resolver a situação. LU – Professor, eles são proporcionais? Professor – Por quê? A e L – São triângulos com ângulos iguais, e as medidas não são iguais, mas os lados homólogos foram multiplicados por um mesmo valor! LU – Concordo! Professor - Isso! No caso de vocês, qual foi o valor? A e L - Professor, no meu caso, os lados do triângulo ABC medem o dobro do triângulo ADI. Professor – Perfeito! Então, o que podemos afirmar sobre esses dois triângulos? Vários alunos respondem juntos – Semelhantes! Professor – Então, o que difere triângulos semelhantes, dos congruentes? M, LU, JA e KA – Os congruentes têm mesma medida de ângulos e lados. Nos semelhantes, os ângulos são iguais, mas as medidas de todos os lados são multiplicadas ou divididas por um mesmo valor. Professor – E os triângulos que vocês construíram, o que são, afinal: congruentes ou semelhantes? CA e CH – Congruentes eles não são, porque as medidas dos lados são diferentes. Mas, pelo que calculamos, são semelhantes. Os lados dos triângulos retângulos, de mesma posição, estão sendo multiplicados pelo mesmo valor! Professor – Muito bom! Todos entenderam? Ficou claro o que são triângulos semelhantes? E por que não se altera o valor das relações trigonométricas para o mesmo ângulo em triângulos retângulos? MA e LU: Porque o resultado da divisão é o mesmo! Professor – Todos concordam? 81 Sim! (vários respondem ao mesmo tempo) Professor – Alguma dúvida, prezados? Não! (vários respondem ao mesmo tempo) Ao término desse diálogo, percebeu-se que a maioria da turma passou a significar melhor a semelhança entre os três triângulos construídos, a igualdade entre as suas razões trigonométricas de mesmo ângulo, além dos conceitos de congruência e semelhança. Assim, entendeu-se que essa atividade possibilitou a exploração de abordagens investigativas e um bom potencial significativo. Ficou clara, também, uma facilidade de ambientação dos estudantes no manuseio do programa, possivelmente por três fatores: a presença quase ininterrupta de recursos computacionais no cotidiano da maioria desses alunos, o perfil do grupo de estudantes do curso de ciência em computação e o caráter autoexplicativo do software. 6.4 Aplicação e análise da atividade 5 Nesta atividade, os estudantes utilizaram o material manipulativo para construir e significar as diferentes unidades de medida de arcos, tanto no ciclo trigonométrico como em sua linearização na reta numerada. Esperava-se que os estudantes reconhecessem a relação existente entre distintas unidades de medidas de ângulos, melhorando a compreensão da representação de arcos. A sua aplicação previu um tempo de 100 minutos para sua execução, e contou com a participação de sete duplas e um trio de estudantes presentes. ATIVIDADE 5 - ARCOS CÔNGRUOS e CICLO TRIGONOMÉTRICO construindo o significado de radianos com o uso de régua e compasso Materiais necessários – Régua flexível, esquadro isósceles e escaleno, compasso, folha A3, lápis, transferidor e borracha. Para construirmos esse conceito, temos que entender o que é linearizar o ciclo trigonométrico. Observe a figura 1 e perceba que o processo consiste em tornar a curva da circunferência, uma reta. O zero (0) da reta real e a origem do ciclo coincidem, e é necessário “rolar” o ciclo sobre a reta real. Assim, para a construção da atividade seguinte, oriente-se pelos passos do 82 roteiro de construção. Como reflexão, fica a pergunta: Qual a necessidade de linearizar o ciclo trigonométrico? Figura 1 ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO – Siga os passos abaixo: 1. Coloque a folha A3 na posição paisagem. Na parte superior esquerda, trace um sistema de eixos ortogonais, em que cada eixo terá, aproximadamente, 24 cm e a origem, esteja 12 cm das duas bordas da folha. 2. Nomeie a origem do sistema cartesiano como ponto O; 3. Considerando o centímetro como unidade de medida, marque com a régua o ponto A de coordenada (10,0); 4. Trace com o compasso, uma circunferência centrada em O, partindo de A, no sentido anti-horário. Chamaremos essa circunferência de círculo trigonométrico. 5. No sistema cartesiano, marque os pontos B(0,10), C (-10,0) e D(0,-10). Observe que teremos a circunferência dividida em quatro partes, chamadas de quadrantes. 6. Assumindo como o sentido positivo dos arcos, o anti-horário e a origem do ciclo trigonométrico, o ponto A, nomeie os quadrantes na sequência como 1º, 2º, 3º e 4º. 7. Com a medida do segmento OA, centre o compasso em A, gire-o no sentido anti-horário, encontrando o círculo trigonométrico no 1º quadrante. Marque somente esse encontro e nomeie-o como ponto E. 8. Sem alterar a abertura do compasso, repita o processo centrando-o em E e obtendo o ponto “F” no segundo quadrante. 9. Novamente, com a mesma abertura do compasso, repita o processo centrando-o em F e obtendo o ponto G que coincidirá com C. 10. Escolha um local abaixo do círculo trigonométrico que você construiu e trace uma reta horizontal - h. Em sua extremidade esquerda, marque um ponto e nomeie-o de Ah, como o ponto A da reta h. 83 11. Iniciaremos o processo de linearização do círculo trigonométrico: Posicione a régua flexível SOBRE o círculo, meça o comprimento do arco AE e transfira-o para a reta h, iniciando a medida a partir do ponto Ah e finalizando na reta, com o ponto Eh da reta. 12. Obtenha a medida do arco EF e transfira-o para a reta h, iniciando a transferência de medida a partir do ponto Eh e finalizando em Fh. 13. Obtenha a medida do arco FG e transfira-o para a reta h, iniciando a transferência de medida a partir do ponto Fh e finalizando em Gh. 14. Com a régua flexível, obtenha o comprimento do raio e transfira-o para o círculo trigonométrico. Essa transferência de medida, será SOBRE o círculo, iniciará pelo ponto A (origem do ciclo) e finalizará no ponto H, que estará no primeiro quadrante do círculo. 15. Repita a transferência da medida iniciando por H e obtendo o ponto I. 16. Repita a transferência da medida iniciando por I e obtendo o ponto J. 17. Num processo semelhante ao passo 11, posicione a régua flexível SOBRE o círculo, transferindo a medida do arco AH para a reta h, a partir do ponto Ah e marque o ponto Hh na reta; 18. Repita a transferência a partir de Hh, obtendo o ponto Ih na reta. 19. Repita a transferência a partir de Ih, obtendo o ponto Jh na reta. Aqui houve um maior cuidado dos estudantes na leitura, com mais critério com o roteiro de construção, cumprimento ordenado dos passos e precisão de medidas, que resultaram em melhoria na construção proposta pelo roteiro, conforme pode ser constatado na figura 28. Figura 28 – Registros dos cálculos realizados pelos alunos KA e MA Fonte: Dados da pesquisa 84 Os diálogos evidenciavam dois aspectos relevantes: o resgate de conceitos e definições de tópicos pregressos necessários para o aprofundamento no estudo da trigonometria e o entrelaçamento entre os fundamentos da geometria e álgebra envolvidos no assunto. Já na etapa 1 do roteiro de construção, surgiu um questionamento dos estudantes: LU, KA, CH: Professor, o que são eixos ortogonais? O aluno JA olha para o professor e sinaliza com os braços e antebraços um sinal, que parecia o da cruz, mostrando o conceito de perpendicularidade aparentemente correto. Professor - Acho que você está pensando certo, mas me explica o que é isso? Sentindo-se inseguro para responder, prefere calar-se e ouvir, mesmo depois de o professor o tranquilizar e tentar incentivá-lo, através da seguinte fala: Professor – JA, aqui é o lugar que podemos errar, corrigir, acertar. Não se preocupe! Pode falar! Mas ele prefere não falar. A pergunta, então, é devolvida para a turma tentando conduzi-la ao conceito que fora visto anteriormente, mas não com o mesmo nome. Professor – Pessoal, na atividade anterior, trabalhamos com dois eixos. O que cada um deles representa? CA e LU – X e Y. Professor – Como assim? Expliquem melhor? LU - Abscissa, que é o x, está representada no eixo horizontal! E completa outro: LE - Os valores de Y na ordenada. Professor – Isso! Muito bom! Buscando investigar o nível de significação desse conceito, já visto na atividade 4, é feita uma inquirição: Professor – E qual a medida do ângulo formado pelos eixos? LU – 90º! A gente não viu que quando uma linha horizontal se cruza com a vertical eles não são perpendiculares entre si? Então eles formam 90º! MA – Isso mesmo! Professor – Concordam pessoal? Vários respondem – Sim! 85 Professor – Mas esses eixos perpendiculares, também podem ser chamados por outro nome? Alguém sabe? (A turma se cala, temporariamente). LE: Professor, repete a pergunta? Professor – Como é o outro nome dos eixos que formam entre si 90º! LE – ortogonais! Professor – Entendeu, turma, o que são eixos ortogonais? CH – Então, eixos perpendiculares podem também ser chamados de ortogonais! Professor – Perfeito. Percebendo que a turma havia entendido o que significavam eixos ortogonais, o professor registrou no quadro o conceito formal de eixos ortogonais: “São dois eixos reais, perpendiculares entre si, cuja interseção entre eles é chamada de origem dos eixos”. Mas resumidamente, alguns alunos fizeram seus registros, como o da figura 29, mostrando o entendimento do conceito abordado. Figura 29 – Registros realizados pelos alunos KA e MA Fonte: Dados da pesquisa Já sobre as coordenadas do ponto A (10,0), surgiram comentários: CH, LU e KA - Professor, esses números que estão dentro dos parênteses no A, também é igual ao da outra atividade, onde o x =1 e o y=0?. Professor – Sim, perfeito. Ao tentarem realizar a etapa 11, muitos alunos perguntaram o que significava “medir sobre”. A questão foi, então, socializada: Professor – Pessoal, o que significa esse medir sobre o círculo, na etapa 11? MA e LE – É medir em cima da linha? JA e MR – É medir acompanhando o círculo? Professor – Se isso for verdade, como que vocês medirão? OT – É por isso que a régua é flexível! Para medir acompanhando a curva! 86 Professor – Concorda, turma? CH e JA – Ah, então esse SOBRE é o mesmo que medir em cima da linha da curva! Acompanhando, né, professor? Professor – Isso mesmo! Entenderam? (Logo em seguida, todos voltaram a realizar a atividade). NA – Professor, por que há diferença entre a medida do segmento AO (10 cm) e a medida do Arco AE (10,5 cm), já que o compasso estava com a mesma abertura (medida do raio AO)? Questionou um aluno. O professor percebe que aquele pode ser um debate para entendimento sobre o conceito de radiano e pede para que todos ouçam a pergunta e, juntos, passem a construir uma resposta. Professor – Pessoal, parem um pouco e prestem atenção na pergunta do AN. Repete, por favor! O aluno refaz a pergunta e complementa: NA - Porque há diferença entre a medida do segmento AO (10 cm) e a medida do Arco AE (10,5 cm), já que o compasso e a régua estavam com a mesma medida (AO)? Ou seja, por que os pontos E e H não coincidem no ciclo? JA – Quando medimos a AO, estamos medindo em linha reta (se referindo a segmento de reta) e quando medimos o arco AE medimos uma curva. Uma mesma medida na reta parece ser maior que na curva. Mas é só uma impressão! KA, CA e NA – Como assim? Não entendi! LU e MA – Gente, a medida de AO não é 10 cm? No ciclo, com o compasso, a medida toca em E, mas na régua flexível, contornando a curva, a medida termina antes, pois a curva é mais longa, por isso que o ponto H é antes do ponto E. LU vai ao quadro e desenha uma linha tortuosa, dizendo: Se pegarmos essa régua flexível e dobrarmos assim (desenha algo, parecendo uma senoide), o 10 cm na curva vem antes que em uma reta. Por isso, que é só uma impressão! Na verdade, a medida é a mesma, porém, na curva ela termina antes, que na reta! AN – Ah, então no compasso é tipo um segmento de reta, pois ele fixa a distância em linha reta entre dois pontos! MA e KA – Sim, isso mesmo! CH – Professor, é isso mesmo, porque na régua flexível, se dobrarmos em curva, o ponto H estará no 10, mas, agora colocando a régua reta e partindo de A, o E marca 10,5 cm. 87 MA, KA e CL – Isso mesmo, CH! Por isso que na reta, o H vem antes do E! Professor – Entenderam? Alguma dúvida? Não! – Resposta geral Professor – Então, mãos à obra! Em aproximadamente 45 minutos de desenvolvimento da atividade, surgiu uma nova dúvida, mas agora sobre a origem dos eixos e origem do ciclo. CA – Professor, onde é a origem do ciclo? Não pode ser na origem dos eixos, né? LE (de pronto): A origem dos eixos cartesianos é o cruzamento deles, o ponto O! Professor – De acordo. E a origem do ciclo trigonométrico? MA e KA – O ponto A, porque está no ciclo, e começamos a medir os ângulos por ele! Professor – Entendido, CA? O Aluno só balança a cabeça fazendo um sinal positivo. Logo em seguida, os alunos finalizam a construção do ciclo e a linearização, passando para as questões: A) O que é a medida de um radiano? Pesquisem, utilizando a internet de seu celular ou os livros disponibilizados! A instrução a seguir era que eles realizassem uma pesquisa sobre o que é radiano, podendo utilizar, para isso, a internet (através do próprio smartphone) e/ou os livros de Matemática do segundo ano do Ensino Médio disponibilizados em sala, buscando confrontar conceitos encontrados nas duas fontes. Mas o resultado foi de que não ocorreu significação do conceito, por isso, se tornou necessária a socialização: Professor – Pessoal, o que vocês encontraram como resposta a essa questão? OT – É uma medida de ângulo! E KA complementa: Achei o seguinte, aqui no livro! É um arco de comprimento igual ao do raio da circunferência. A partir de respostas isoladas, o professor avançou na investigação: Professor – No ciclo que vocês construíram, qual o ponto que indica um radiano? TI – H, professor! Professor – E se adicionarmos mais um radiano, em que ponto estaremos? 88 JA, AN e OT – No ponto I. Professor – Entendido o que é uma medida de ângulo em radiano? – Sim, professor! A figura 30 mostra o registro da correta definição de radiano, realizado por dois alunos: Figura 30 – Registros dos cálculos realizados pelos alunos KA e MA Fonte: Dados da pesquisa B) Complete a tabela corretamente: Arcos Medida em radianos AH AI AJ No preenchimento dessa tabela, não houve questionamentos, talvez pelo fato de o conceito ter sido debatido e, consequentemente, compreendido por todos. Figura 31 – Registros realizados pelos alunos KA e MA Fonte: Dados da pesquisa C) Com o raio do círculo trigonométrico que você construiu, calcule o comprimento dos arcos em centímetros e sua medida em radianos. 89 Arcos Comprimento dos arcos Medida em radianos AB AC AA Para o preenchimento dessa tabela, os alunos precisariam entender que a medida do ângulo em radiano é calculada pela razão entre a medida do comprimento do arco e o raio da circunferência que o contém, ocorrendo o seguinte diálogo: TI e CA sugerem: – Professor, como um radiano é a divisão entre o comprimento do arco AH ou AI ou AJ pelo raio que é 10 cm. Então, para encontrar AB, é só pegar a medida e dividir por 10? Professor – Dividir por 10, por quê? TI (de imediato): Porque 10 é o raio! Professor – Perfeito! Assim, nos registros o entendimento da questão fica claro, como mostra a figura 32. Figura 32 – Registros dos cálculos realizados pelos alunos TI e CA Fonte: Dados da pesquisa D) Utilizando o transferidor, complete a tabela com as medidas dos arcos pedidos: 90 Arcos Medida em Graus Medida em radianos AE AB AF AC AD Nesse item, foi preciso ensinar o uso do transferidor para toda a turma. Após a explicação, eles obtiveram os dados para, posteriormente, preencherem a tabela. Todos os alunos utilizaram esse conceito para completar a coluna de medida em radianos, como mostram seus registros na figura 33. Figura 33 – Registros dos alunos OT e LU Fonte: Dados da pesquisa E) Complete a tabela abaixo da seguinte maneira: olhe para a reta onde você linearizou a circunferência. Na coluna central, coloque os pontos mais próximos, à direita e à esquerda, da extremidade do arco em radiano e na coluna da direita informe a equivalência da medida do arco em graus mostrando as etapas do cálculo. Observe o exemplo. Arco em Entre quais pontos do ciclo Medida em Graus a Radiano trigonométrico está o arco? partir de A 0,5 1,3 1,6 2,5 4,2 5,2 AeH 28,66o 91 TI propõe: – Professor, para preencher a segunda coluna, com os pontos, eu prefiro fazer no ciclo, já que a reta representa a circunferência esticada. Posso? Professor – Você acha melhor? É mais fácil desse jeito? TI – Sim, prefiro! Professor – Tudo bem! Para o preenchimento dessa tabela esperava-se que os alunos calculassem a medida do arco em radianos, medissem-no com régua flexível no ciclo, posicionassem cada ponto e obtivessem os pontos vizinhos. Alguns fizeram o planejado, mas outros utilizaram outra via de resolução, transformando a medida do arco em radiano para comprimento de arco, preenchendo a primeira coluna, e registrando as razões na própria tabela, pois depois precisariam somente multiplicar a medida por 10 (raio da circunferência construída), como mostra a figura 34. Figura 34 – Registros dos alunos MA e KA Fonte: Dados da pesquisa Contudo, outros recorreram à regra de três para obter essa medida de comprimento de arco (FIG. 35), e, a partir daí, alocaram o ponto em questão. Figura 35 – Registros dos alunos LE e CA Fonte: Dados da pesquisa F) Marque os locais da reta h, onde temos os primeiros quatro valores de radianos da tabela do item E. 92 Nessa tarefa, praticamente não houve intervenções, e os alunos acertaram o solicitado, como mostra a figura 36. Eles simplesmente marcaram na reta o comprimento do arco em questão, linearizando-o. Figura 36 – Registros dos alunos KA e MA Fonte: Dados da pesquisa G) Qual a finalidade de linearizarmos o ciclo? Esse questionamento foi incluído com o objetivo de provocar uma reflexão sobre a temática, esperando-se que alguns deles tivessem a iniciativa de pesquisar a necessidade de linearizar um arco ou circunferência. Mas, com a ausência de respostas, esse tópico foi abordado em outro momento mais propício ao aprendizado significativo, o que pode ser visto na atividade 9, descrita mais adiante neste capítulo. 6.5 Aplicação e análise da atividade 6 Nesse encontro, os alunos se agruparam em duplas. Nesse ínterim, foi estabelecida a seguinte dinâmica: enquanto um dos membros lia o roteiro de construção em voz alta, o outro manipulava o software Geogebra realizando a construção e, posteriormente, ambos debateram sobre o preenchimento da ficha. No caso de dúvidas, eles poderiam requerer esclarecimentos ao professor a qualquer momento. Com esse conjunto de tarefas, buscou-se consolidar os conceitos e definições sobre unidades de medida de arcos e seu processo de linearização, reconhecendo a relação existente entre as distintas unidades de medidas de arcos e a generalização dos arcos côngruos. ATIVIDADE 6 – USANDO E GEOGEBRA PARA CONSOLIDAR O CONCEITO DE RADIANO ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO – Siga os passos abaixo: 1. Abra o programa; 2. Na barra de entrada, entre com o ponto O=(0,0); 93 3. Entre com o ponto A=(1,0); 4. Selecione a ferramenta compasso e trace uma circunferência centrada em O, com o raio sendo do segmento AO; 5. No ícone de interseção entre dois objetos , marque a circunferência e o eixo das ordenadas (vertical) obtendo os pontos B na parte positiva do eixo e C na parte negativa. Caso seja necessário, renomeie os pontos, clicando sobre eles com o botão direito do mouse e selecionando a opção renomear; 6. Com o mesmo ícone, interseção entre dois objetos , encontre o ponto D, interseção entre a parte negativa do eixo das ordenadas e a circunferência (encontro da circunferência com o eixo das abscissas); 7. Caso apareça um ponto não mencionado, na barra de ferramentas, selecione exibir janela de álgebra. Nessa janela, clique o círculo azul do ponto indesejado, então, ele se apagará da tela. 8. Usando novamente a ferramenta compasso, trace outra circunferência de raio AO centrada em A. 9. Marque a interseção entre essa circunferência e a primeira traçada, obtendo o ponto E no primeiro quadrante; 10. Clique com o botão direito do mouse, sobre essa última circunferência traçada, clique em propriedades e mude sua cor, para cinza claro. Assim, teremos uma construção com visual mais limpo e visualização menos carregada. 11. Apague da tela o ponto do quarto quadrante, que surgiu dessa última interseção e o círculo trigonométrico. 12. Usando novamente a ferramenta compasso, trace outra circunferência de raio AO centrada em E; 13. Marque a interseção entre essa circunferência e a primeira traçada obtendo o ponto F, no segundo quadrante; 14. Altere a cor da circunferência que passa no ponto F, repetindo o passo 10; 15. Usando novamente a ferramenta compasso, trace outra circunferência de raio AO centrada em F; 16. Marque a interseção entre essa circunferência e a primeira traçada obtendo o ponto G, que coincidirá com o ponto C do eixo das abscissas; 17. Altere a cor da circunferência que passa no ponto G, repetindo o passo 10; 94 18. Com a ferramenta polígono , trace o polígono OAE; 19. Com a ferramenta polígono , trace o polígono OEF; 20. Com a ferramenta polígono , trace o polígono OFG; 21. Utilizando a ferramenta medida do ângulo , clique sequencialmente nos pontos A, O e E, obtendo a medida o ângulo agudo AOE referido anteriormente; 22. Repita o processo do passo 20, obtendo a medida dos ângulos internos dos três triângulos de vértice em O. Esteja atento na sequência de cliques sobre os pontos, para obter o ângulo correto (o segundo clique, deverá ser no vértice do ângulo). 23. Você poderá alternar a medida do ângulo entre graus e radianos, abrindo a janela OPÇÕES; “avançado” e “unidade de medida de ângulo”, escolhendo a unidade desejada. Poucos alunos ainda não estavam ambientados com o programa, mesmo sendo o terceiro encontro em que utilizavam o Geogebra. Isso pode ser explicado pela dinâmica de duplas de trabalho, e acredita-se que aqueles que apresentavam as dúvidas pudessem ser os que tivessem lido o roteiro nas atividades passadas, enquanto o (a) outro (a) colega manuseava o computador. A alternância de atividades com o material manipulativo e o Geogebra poderia ser mais uma vantagem em toda a dinâmica, desde que a orientação às duplas fosse de alternância de atuação entre os membros, nas leituras ou nos manuseios. Essa situação fica evidente, logo no início da etapa 3 do roteiro, no diálogo, abaixo: CH (em tom de reclamação) - Professor, esse negócio de entrar com o ponto O e A não está dando certo. Não aparece nada na tela! Professor – lá na barra de entrada, digite letra O igual, abre parênteses, zero, vírgula e zero, fecha parênteses e aperte a tecla enter. Exatamente assim! CH – Ah, bom! Agora sim, apareceu! A maioria dos alunos conseguiu construir o que se pedia (FIG. 37), como o previsto nas 22 etapas do roteiro, em aproximadamente cinquenta minutos. 95 Figura 37 – Registros dos alunos MA e MR Fonte: Dados da pesquisa No desenvolver desse item, percebeu-se um crescente envolvimento dos alunos elevando o nível de concentração e a ausência de acessos a sites de redes sociais, uma forma de distração que normalmente ocorre em atividades não envolventes. Deu para notar que os alunos passaram a realizar conexões com conceitos e definições já vistos e necessários nas tarefas, demonstrando compreensão. Os questionamentos se tornaram, com o passar das atividades, mais reflexivos e analíticos, dentro dos tópicos analisados, afastando-se dos procedimentos e/ou algoritmos mecânicos e memorizados. Chamou a atenção, ainda, nesse momento, uma menor solicitação de intervenções o que levou o pesquisador a acreditar num crescente nível de autonomia e participação no processo de ensino-aprendizagem, com respeito ao tempo de cada um e elevando a condição do professor em um mediador. Foi perceptível, também, uma maior habilidade com o programa Geogebra, pois os alunos CA e JA, em determinada etapa da construção, perdiam o que já tinham feito, mas conseguiam reconstruir com rapidez e exatidão, dando sequência e respondendo às atividades em tempo hábil. A) Qual o raio do círculo trigonométrico que você construiu? Nesse item, apenas o aluno LU requisitou uma intervenção: LU – Professor, lembro dessa palavra raio, mas não lembro do que é! Professor – LU, você já andou de bicicleta, não já? LU – Sim! Professor – Já observou a roda? LU – Sim! Ela tem uns arames que brilham! 96 Professor – Perfeito! Como é o nome deles? LU – Ah!! São os raios! Mas é o mesmo daqui do ciclo? Professor – Vamos ver? O que eles ligam? LU – O centro (eixo) até a roda! Professor – Perfeito. LU – Ah! Lembrei! Raio é esse pedaço que vai do centro até a roda! Professor – Como é o nome dessa roda na geometria? LU – Não lembro! Professor – Circunferência! E fazendo associação entre contextos e conceitos: LU -Ah, sim! Então, a roda da bicicleta é a circunferência? Professor – Perfeito! E o raio é aquele arame, que no nosso caso é o segmento AO. LU – Certo! Entendi! Professor – E qual a sua medida? LU – 1. Professor – Entendeu? LU – Agora sim, professor! B) Qual o comprimento desse círculo trigonométrico linearizado? Percebendo que os alunos estavam respondendo o item mecanicamente, o professor resolveu investigar e chamou a turma para um debate. Professor - Pessoal, qual foi o comprimento do círculo trigonométrico linearizado que vocês preencheram no item B? JA – . Por quê? - Arguiu o professor. (A turma se calou momentaneamente. Ali se confirmou a hipótese de que a maioria dos alunos não sabia a origem do valor, sinalizando que esse conceito foi simplesmente, memorizado). Professor – Olhem para a construção de vocês e me respondam, qual o ângulo de volta inteira? Em um tumulto, ouve-se – , 360º. 97 Vários complementam dizendo que a meia-volta tinha Professor – Mas por que a volta inteira tem ou 3,14. radianos ou a meia-volta ? LE – Por que o raio é 1! Professor – Como assim LE? LE – Professor! Por que o comprimento de uma circunferência é calculado pela seguinte fórmula C = , e como o raio do ciclo é 1, substituindo, temos que o comprimento para a volta inteira é . Resistentes à proposta de mudança para outro tipo de aula, alguns alunos pediram: - Professor, você pode explicar no quadro. Professor – LE, explica novamente, por favor! O aluno vai ao quadro e escreve a expressão do comprimento de arcos. E demonstra que, quando o raio é unitário, seu comprimento resulta em ou 6,28. Professor – Entendido, turma? – Sim. Alguns respondem, mas a maioria se concentra na tela do computador e volta para a atividade. C) Qual o comprimento do arco AC? Nesse item, os alunos não apresentaram dúvidas, possivelmente pela discussão anterior, quando o conceito foi esclarecido. D) Qual a medida, em radianos, do ângulo α, β e γ? Nesse item também não restou dúvidas, já que o programa possui a opção de medida de ângulos em graus ou radianos. Nesse caso, bastava o aluno observar a figura e responder. Mas, mesmo assim, o professor achou interessante investigar a significação dos alunos sobre as propriedades dos triângulos: Professor – Pessoal, vocês construíram uma figura que tem 3 triângulos, que podem ser classificados como? LU e JA – Equiláteros! Professor – Por quê? 98 MA e LE – Porque as medidas de todos os lados dos triângulos são iguais à medida do raio AO. Logo, esses triângulos têm medidas de lados iguais. Professor – Somente os lados são congruentes? CL – Não professor, os ângulos também! Professor – E qual a sua abertura? MA – Em graus ou radianos? Professor – Os dois! CL – 60º e 1,05 rad. Professor – Perfeito! Mas por que eles são classificados assim? LE – Se o triângulo é equilátero, as medidas dos lados são iguais, e a medida dos ângulos também. Iguais a 60º, pois sua soma deve ser 180º. O valor de 1,05 rad é só observar a figura da construção (FIG. 38), pois o programa já dá o valor! Figura 38 – Registros dos alunos LU e IN Fonte: Dados da pesquisa Professor – Mas esse valor está coerente? LA, MA, JA e KA – Sim, é só fazer regra de três que dá certo! Percebendo o entendimento, o professor elogia: – Muito bom! Sigam! E) Observando a figura 1 e sua construção, complete a tabela abaixo corretamente. Na coluna do centro, informe o valor do arco com extremidade no ponto e com uma casa decimal, em radianos. Na coluna da direita, a extremidade do arco se encontrará em algum local da reta. Na coluna da direita, escreva os extremos do intervalo numérico, com uma casa decimal, onde se encontrará cada ponto do referido arco, quando linearizarmos o círculo trigonométrico, sobre o eixo das abscissas coincidindo as origens. Siga o exemplo: 99 Pontos Valor Intervalo A do 0arco numérico, 0 – 0,1 de (origem E em 1,05 extremidades 1,0 – 1,1 do B radiano com ciclo) F ,a intervalo G partir máximo de C da 0,1 u.m. D origem A do (volta ciclo, e inteira) em seu sentido positivo No item E, a dificuldade apresentada pelos alunos não estava na trigonometria . nem nos fundamentos geométricos, mas, sim, na interpretação do comando da questão. Após perceber que a maioria respondia errado, o professor resolveu socializar, explicando o enunciado. Após essa intervenção coletiva, eles continuaram e logo concluíram a atividade com êxito. F) Escolha um ponto qualquer do círculo trigonométrico, em seguida informe o arco côngruo para o número de voltas pedido e a medida do arco. Por fim, escreva uma generalização para os arcos côngruos do ângulo escolhido. 100 Escolha um ponto no ciclo- Medida do arco do ponto escolhido, a partir da origem do ciclo e no sentido positivo Número de voltas 0 1 2 Expressão dos arcos Medida do arco côngruos “n” Socialize com o grupo da sala e veja como se generaliza uma expressão geral dos arcos. No item F, as duplas de trabalho passaram a escolher pontos distintos do ciclo, após a seguinte explicação: LU e CA – Professor, o que é essa expressão geral dos arcos? Professor - Vamos tentar fazer a seguinte analogia: imaginem que a circunferência que você construiu seja uma roda gigante! Sua amiga só conseguiu embarcar quando você se encontrava no ponto B de sua construção. As voltas serão contadas a partir do assento de sua amiga, que inicialmente está no ponto D, e o ângulo inicial é marcado pelo seu assento! Qual é o ângulo inicial? 180º! – Responde o aluno. Professor – Certo! Se a roda gigante der uma volta, qual o total do ângulo que a sua cadeira abriu? CA – 180º mais 360º. Professor – Isso! E para duas voltas? IN - 180º mais 2 vezes 360º CA – Já entendi Professor! Outros observaram, perceberam o erro, apagaram o que faziam, e responderam novamente. Logo em seguida, percebeu-se que a maioria generalizou a expressão do arco côngruo. O professor, investigando o nível de significação perguntou: –Qual a expressão para “n” voltas? IN - n vezes 6,28, mais o arco inicial! 101 A figura 39 mostra que os alunos fizeram a generalização sem a necessidade de preenchimento total da tabela, evidenciando a compreensão do assunto. Figura 39 – Registros da generalização da expressão dos arcos, com especificação da variável e parâmetro Fonte: Dados da pesquisa Percebendo o potencial investigativo da atividade, a partir dos registros da generalização da expressão dos arcos (FIG.40), o professor iniciou, então, um novo debate. Figura 40 – Registros da generalização da expressão dos arcos dos alunos IN e LE Fonte: Dados da pesquisa. Professor – E esse n? Quais os seus possíveis valores, será que só positivos? (Momentaneamente os estudantes se calaram) MA – Ele não pode assumir valor negativo? 102 E aí pessoal? - O professor pede participação dos outros alunos. L – Ué, a roda só pode girar para um lado? Tá errado! E se gira para o outro? O que muda? Nesse momento, percebeu-se uma possibilidade de conceituação sobre arco positivo e negativo. LE – Lógico que pode! No anti-horário é o positivo e no horário negativo! Professor - Negativo? O quê? JA – O ângulo! Professor – Mas observem, na expressão, quem fez ele ficar negativo? (A turma se calou). MA, LU e LE – Ahhh! O “n” da expressão, professor! Se girar no anti-horário, será positivo e se girar no horário, será negativo! Professor – Está certo, povo? Percebendo a insegurança, o professor explicou: – Gente, a variável pode assumir valores positivos ou negativos. Isso só muda o sentido da ou das voltas. Tudo Bem? CH – Certo, professor! KA – Mas como garantimos que a roda vai parar em um determinado ponto, independente do número de voltas e o sentido, professor? CA e LU – Gente, na tabela só temos valores de n inteiros! Será que tem a ver? LE – Sim, tem tudo a ver! Porque n é número de voltas e, para garantirmos que pare no mesmo ponto, o n só pode dar inteiro, senão, ele para em algum local no meio do caminho! IN e CH – Como assim? Nesse momento, o professor foi até o quadro e mostrou que substituindo n por valores inteiros positivos ou negativos, a extremidade do arco será a mesma. JA – Ah professor, então se n for quebrado (decimal), ele não para no mesmo lugar. Por isso n é inteiro! Professor – Concordam? Sim! - Vários respondem. LU – Pelo que estou entendendo, n só pode ser inteiro! Professor – Por quê? MA - O ponto precisa parar no mesmo lugar, não pode dar meia volta ou um pedaço de volta, precisa dar a volta inteira! 103 LU – Ah, sim! Mesmo com as tabelas preenchidas, generalizações de expressões sendo construídas pelas duplas e formalizadas com a participação de todos, esses conceitos foram abordados novamente na próxima atividade para melhor compreensão dos alunos. 6.6 Aplicação e análise da atividade 7 Nessa atividade, os estudantes utilizaram o material manipulativo na construção do ciclo trigonométrico. Para estabelecer a equivalência entre arcos dos quadrantes, os aprendizes aplicaram os conceitos e propriedades de triângulos retângulos, generalizando expressões de redução ao primeiro quadrante. ATIVIDADE 7 - REDUÇÃO AO PRIMEIRO QUADRANTE COM O USO DE RÉGUA E COMPASSO Materiais necessários – Régua flexível, transferidor, esquadros isósceles e escaleno, compasso, folha A3, lápis e borracha. ATENÇÃO - O retângulo inscrito ao círculo a ser construído será mais preciso de acordo como seu rigor nos traçados. Portanto, observe bem as fotos e siga os passos do tutorial ao traçar as retas paralelas solicitadas. TUTORIAL DO TRAÇADO DE RETAS PARALELAS – Alinhe o lado numerado do esquadro escaleno com a reta que deseja traçar a paralela. Apoie o maior lado do esquadro isósceles no lado esquerdo do esquadro escaleno, que permite o deslocamento vertical, conforme as figuras. Firme o esquadro isósceles e deslize o escaleno para a posição de interesse e trace a paralela. Observe as imagens para facilitar o manuseio dos instrumentos. 104 Figura 1 Figura 2 Figura 3 ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO – Siga os passos abaixo: 1. Coloque a folha A3 na posição paisagem. Na parte superior esquerda, trace um sistema de eixos ortogonais, onde a origem esteja a 12 cm das duas bordas (vertical e horizontal) e cada eixo com aproximadamente 24 cm. 2. Nomeie a origem do sistema cartesiano como ponto O; 3. Considerando o DECÍMETRO como unidade de medida, marque com a régua o ponto A de coordenada (1,0); 4. Trace com o compasso, o círculo trigonométrico centrado em O e origem em A, no sentido anti-horário. 5. No sistema cartesiano, marque os pontos B (0,1), C (-1,0) e D (0,-1). Observe que teremos a circunferência dividida em quatro partes, chamadas de quadrantes. 6. Assumindo, como o sentido positivo dos arcos, o anti-horário, e a origem do ciclo trigonométrico, o ponto A, nomeie os quadrantes na sequência como 1º, 2º, 3º e 4º. 7. Com o transferidor, marque o ponto E, sobre o círculo trigonométrico com abertura de 30º em relação a origem A, no sentido positivo. 8. Utilizando os esquadros, trace uma reta paralela ao eixo das ABSCISSAS partindo do ponto E, chegando no ciclo, no 2º quadrante, no ponto F (observe o tutorial no início da atividade). 105 9. Nomeie o cruzamento do segmento EF, com o eixo das ordenadas como ponto M; 10. Com um processo semelhante à etapa 8, trace o segmento FG, paralelo ao eixo das ORDENADAS partindo de F e tocando o círculo trigonométrico em G, no 3º quadrante. 11. Nomeie o cruzamento do segmento FG, com o eixo das abscissas como ponto N; 12. Com um processo também semelhante à etapa 8, trace uma reta paralela ao eixo das abscissas partindo do ponto G, chegando ao ciclo no ponto H, no 4º quadrante. 13. Nomeie o cruzamento do segmento GH, com o eixo das ordenadas, como ponto R; 14. Com um processo semelhante à etapa 10, trace o segmento HE, paralelo ao eixo das ordenadas partindo de H e tocando o círculo trigonométrico em E, no 1º quadrante. 15. Nomeie o cruzamento do segmento HE, com o eixo das abscissas, como ponto S; OBSERVAÇÃO – Se os procedimentos e traços foram precisos, ao traçar o segmento EG e FH, eles passarão pelo ponto O. As sete duplas presentes não apresentaram dificuldades na proposta de construção dessa atividade, mesmo havendo necessidade de certa habilidade no manuseio dos esquadros para traçar retas paralelas e perpendiculares. Acredita-se que, a inclusão do tutorial, agregada à explicação coletiva sobre o manuseio dos esquadros e compasso, contribuíram para a construção correta do ciclo, como mostra a figura 41. Figura 41 – Construção do ciclo trigonométrico dos alunos JÁ e TI Fonte: Dados da pesquisa 106 Observou-se uma maior facilidade dos estudantes no resgate dos conceitos subsunçores, como mostram os diálogos seguintes, com o esclarecimento da relação entre as unidades de medida decímetro e centímetro: Professor - Um decímetro equivale a quantos centímetros? JA – Dez centímetros! Professor – Alguma dúvida sobre essa equivalência? JA – Não! Não havendo mais nenhuma dúvida, o professor passou a caminhar entre as duplas de trabalho, enquanto observava o desenvolver da atividade. A) Em sua construção há oito triângulos retângulos, cujas hipotenusas estão sobre os segmentos EG e FH. Encontre os ângulos internos (em graus) de todos os triângulos retângulos. Marque os valores em sua construção e justifique seus cálculos. Algumas interlocuções foram feitas em relação ao nível de abstração em geometria: Professor – Quantos triângulos retângulos foram encontrados como resposta da letra A? Respostas simultâneas - 8! CA (discordando): – Eu vejo mais! Professor: – Quantos? CA – Esse e esse aqui! Apontando acertadamente para os triângulos GFE e GEH. Outros – É mesmo, temos mais de 8! Para calcular os ângulos internos dos triângulos do item A, os alunos precisariam entender e relembrar as propriedades de ângulos internos suplementares e complementares de um triângulo. Surgiram, então, várias intervenções: Professor – Quanto mede o ângulo Ê do triângulo SÊO? Vários alunos rapidamente respondem: – 60º. Professor – Por quê? JA, CA, MA e LU– Por que 60º é complementar de 30º. 107 Buscando rever ou conceituar as propriedades dos ângulos centrais da circunferência, o professor socializou à turma: – Pessoal, por que um arco da circunferência e ângulo central de extremidades coincidentes têm o mesmo valor? (A turma se calou). Professor – E aí pessoal! Vocês entenderam a pergunta? (Ninguém respondeu). Professor – Vou desenhar aqui no quadro! Percebendo o desconhecimento do assunto, o professor explanou, então, sobre a propriedade do ângulo central da circunferência. Assim, citou e desenhou no quadro, mostrando que, quando as extremidades do ângulo central coincidem com a do arco de circunferência, suas medidas são congruentes. Nesse mesmo instante, abordou, também, a propriedade entre arco e ângulo da circunferência. Nela, quando se tem as extremidades do arco e ângulo da circunferência coincidentes, o ângulo da circunferência é a metade da medida do arco. Terminada a explanação das propriedades, o professor solicitou que todos continuassem. B) Em sua construção, com a origem do ciclo trigonométrico no ponto A e o sentido positivo dos arcos (anti-horário), complete a tabela corretamente: Arcos AE AB AF AC AG AS AH AA Medida em Graus Medida em radianos C) O ângulo AÔE tem a mesma medida de abertura que o arco AE? Por quê? Isso se repete para EOM e a abertura do arco EB? Explique. D) Em sua construção, com a origem do ciclo trigonométrico no ponto A e o sentido positivo dos arcos, complete a tabela corretamente. 108 Arcos Med. em graus AOE AOB BOF AOF AOC AOH Arcos Med. em graus Soma da medida dos dois ângulos EOB BOC FOC FOC COG HOA Nos itens B, C e D, os alunos não solicitaram atendimentos, possivelmente devido às explanações ocorridas anteriormente, evidenciando boa compreensão dos conceitos já vistos na atividade 6 e aqui reforçaram a sua consolidação. E) Generalize uma expressão de redução ao primeiro quadrante, para cada parte do círculo trigonométrico: 2º Quadrante 3º Quadrante 4º Quadrante - Já no desenvolvimento do item E, os alunos apresentaram muitas dúvidas, não conseguindo generalizar. Portanto, foi necessário um momento de exposição, e, em seguida, uma solicitação para que eles dissessem as propostas de generalizações da expressão para cada quadrante. Ressalta-se, aqui, que o resultado da expressão foram ângulos do primeiro quadrante, ou seja, ângulos agudos, porém, o valor da variável na expressão representava ângulos do 2º, 3º ou 4º quadrantes, e, para isso, os alunos deveriam observar o ciclo construído. MA e LU logo explanaram suas propostas, como visto na figura 42: 109 Figura 42 – Construção do ciclo trigonométrico dos alunos MA e LU Fonte: Dados da pesquisa LE e IN – Mas quem é o x de sua expressão? LU – X é um ângulo do quadrante em questão! A dupla CH e CL percebeu algo de estranho na proposta e pediu ao professor: – Coloca a nossa proposta também! Professor – Diga! O professor escreveu no quadro, ao lado da primeira: “Segundo quadrante - (180 – x), terceiro quadrante - (x +180); quarto quadrante (360 – x)”. Professor – Mais alguém? Ao escrever no quadro as duas propostas, ele solicitou aos alunos que as analisassem. LU e MA logo se colocaram contrários à segunda proposta, respondendo: – Não, não concordo, professor! Professor – Por quê? MA – Olhe para a expressão do segundo quadrante (referindo-se à expressão da outra dupla), o resultado tem que dar até 90º! Qualquer valor de ângulo que some 180º já fura essa condição! LU – De zero a 90º é o máximo que o grau pode dar (referindo-se a ângulo). Como os resultados ultrapassam 90º, então, podemos desconsiderar essa segunda proposta e voltarmos para a nossa! Professor – Então, vamos testar a sua proposta LU! Vamos tomar um ângulo do segundo quadrante, para ser o valor de x. Qual? CL – 120º. LE e NA – Dá 300º, realmente não dá certo. Mas na primeira dá 60º, e pelo triângulo retângulo que fizemos, parece coerente! 110 Professor – Percebem isso que ele falou? Testem outros valores, dois de cada quadrante e percebam se as respostas estão corretas para cada expressão. Logo em seguida, todos realizaram os outros testes e confirmaram que as primeiras expressões reduziam os ângulos ao primeiro quadrante. CH, LU, KA e JA disseram: Perfeito, professor! As corretas são as expressões da primeira proposta! Professor – Alguma dúvida? Houve uma concordância em uníssono: - Não, professor, tudo certo! Pelos diálogos e registros nas fichas dessas atividades, percebeu-se que os alunos tiveram dificuldades em conseguir elaborar generalizações de expressões para ângulos de qualquer quadrante, reduzindo-os para o primeiro. Também ficou claro que esse foi um assunto que pode não ter sido abordado no Ensino Médio ou que sua compreensão tinha sido insatisfatória. Salienta-se, aqui, portanto, a importância da inclusão de atividades com generalizações que promovam o exercício de conjecturar, hipotetizar e testar buscando desenvolver essa habilidade nos estudantes e, assim, agregando significativamente na formação de seu pensamento matemático. 6.7 Aplicação e análise da atividade 8 Essa atividade foi aplicada com a presença de oito duplas de trabalho. As tarefas realizadas no laboratório de informática (FIG.43) buscavam consolidar as equivalências entre os arcos do 1º, 2º, 3º e 4º quadrantes no círculo trigonométrico e a generalização de expressões de redução ao primeiro quadrante. Foram introduzidos alguns tópicos que levaram os estudantes a familiarizar com a representação das razões seno e cosseno no ciclo trigonométrico. 111 Figura 43 – Alunos no laboratório de informática realizando a atividade Fonte: Dados da pesquisa ATIVIDADE 8 - CONSTRUINDO O CICLO TRIGONOMÉTRICO COM O USO DO GEOGEBRA E GENERALIZANDO A REDUÇÃO AO PRIMEIRO QUADRANTE ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO – Siga os passos abaixo: 1. Abra o programa Geogebra; 2. No campo exibir, habilite a janela de álgebra, caso ela já esteja sendo visualizada. 3. Entre com os pontos O=(0,0) e A=(1,0) na barra de comando; 4. Aproxime a tela girando o scroll do mouse; SCROLL 5. Habilite o ícone mover e centralize os eixos, visualizando-os confortavelmente no centro da tela. Se precisar de novos ajustes proceda da mesma maneira. 6. Com a ferramenta compasso , clique no ponto O, abra a circunferência até o ponto A e centralize-a em O; 7. Com o ícone ponto , crie B, clicando sobre o primeiro quadrante da circunferência. Renomeie-o se for necessário. 8. Selecione o ícone segmento entre dois pontos BO. e trace o segmento 112 9. Selecionando a ferramenta ângulo , clique nos pontos A, O e B nessa sequência. Caso na janela de álgebra não esteja aparecendo o ângulo α, habilite-o na barra de ferramentas no campo exibir. 10. Com a ferramenta girar em torno de um ponto , clique em O e depois, arraste B, girando o segmento BO sobre a circunferência dentro do primeiro quadrante. 11. Com a ferramenta arco circular , clique em O e depois nos pontos A e B. 12. Clique com o botão direito do mouse sobre o arco AB, selecione a propriedade e depois altere a cor, para outra de sua preferência. 13. Utilizando o ícone reflexão com relação a uma reta , clique em B e logo em seguida no eixo das ordenadas, obtendo ponto B’ no segundo quadrante. 14. Renomeie B’ como C, clicando com o lado direito do mouse sobre ele e selecionando renomear. 15. Utilizando o ícone reflexão com relação a uma reta , clique em C e logo em seguida no eixo das abscissas, obtendo ponto C’ no terceiro quadrante. 16. Renomeie C’ para D. 17. Reflita D, em relação ao eixo das ordenadas, obtenha D’ no quarto quadrante e renomeie para E. 18. Trace os segmentos BC, CD, DE e EB; 19. Com a ferramenta interseção entre objetos , obtenha essa interseção entre o segmento BC e o eixo das ordenadas, nomeando esse ponto como J. 20. Repita o processo do passo 18, criando o ponto N, para o cruzamento do segmento EB com o eixo das abscissas e renomeie-o. 21. Crie o segmento ON, com a ferramenta segmento de reta e nas propriedades, altere sua cor, dando um destaque para o segmento. 22. Crie o segmento OJ, com a ferramenta segmento de reta e nas propriedades, altere sua cor, dando um destaque para o segmento. 23. Com a ferramenta girar em torno de um ponto , clicando no ícone, depois no ponto O e arrastando B, movimente o conjunto construído. Observe a janela de álgebra para as solicitações das atividades posteriores. 113 Constatou-se maior autonomia dos estudantes na construção da proposta dessa atividade, obtendo como resultado o ciclo da figura 44. Essa construção durou aproximadamente 25 minutos, mesmo após as 23 etapas do roteiro, revelando familiaridade dos alunos com o Geogebra. Figura 44 – Construção do ciclo trigonométrico com redução ao primeiro quadrante Fonte: Dados da pesquisa A diminuição de questionamentos sobre conceitos e definições de fundamentos elementares da geometria, tais como segmento de reta, raio de circunferência, eixos do plano cartesiano, interseções entre elementos e outros presentes nessa atividade revelou as boas significações dos alunos após todas as discussões realizadas anteriormente. Além disso, a rápida adaptação ao programa e a facilidade de manuseio mostraram duas evidências: a característica autoexplicativa do software e a proximidade desse público com mídias computacionais. Ratificou-se isso pela construção dos alunos LU e MA de uma estrela de seis pontas com vários polígonos inscritos, enquanto aguardavam as socializações em conjunto. A) Em sua construção, rotacione o ponto B, observe e generalize as expressões de redução ao primeiro quadrante. 114 Quadrantes Expressão Segundo Terceiro Quarto Para preencher essa tabela, alguns alunos rapidamente resgataram as generalizações da atividade anterior, conforme diálogos abaixo: RA – Professor, essas expressões são aquelas da atividade 6 e 7? Professor – Isso mesmo! Mas agora, ao rotacionar o ponto B, você observa a medida dos ângulos correspondentes nos quatro quadrantes. RA – Interessante, pois quando B muda, os outros mudam também! Mesmo alguns deles errando inicialmente a generalização, notou-se que o acréscimo no pensamento matemático estava no desenvolvimento do processo investigativo que envolveu conjecturar, hipotetizar e testar, reformulando nova proposta de expressão e repetindo o ciclo. Percebeu-se esse caminho pelas rasuras no preenchimento da tabela, conforme é pontado na figura 45. Figura 45 – Tabela preenchida pelos alunos JA e CH Fonte: Dados da pesquisa Contudo, em um determinado momento foi dito: DI - Eu ainda não sei o é que eu vou calcular, quando o exercício pede para generalizar uma expressão. Esse questionamento aponta para a distinta temporalidade de significação de cada aprendiz. O professor, então, interveio na dupla DI e RA, tentando conduzi-la ao entendimento sobre a generalização da expressão solicitada. Professor – DI! Gire o ponto C para qualquer ângulo no segundo quadrante. DI – Tudo bem, professor! Já girei! Professor – Qual o valor dos ângulos β, γ, δ, respectivamente? 115 RA – O que é respectivamente mesmo, professor? Professor – Na mesma ordem que aparecem! RA – Ah, lembrei! 150º; 210º e 330º! Professor – Será que eles têm alguma relação com o α que aparece no primeiro quadrante? (Depois de ficar calada um tempo). DI - Espera aí, professor! (Pensando...) DI – Esse 150º é o x daquelas expressões da atividade passada? Professor – Depende, em qual quadrante? DI – No segundo. Professor – Sim! DI – Então, entendi! DI– Se eu colocar 150º no lugar do x, na expressão 180º – x, o resultado é 30º, exatamente o ângulo α do primeiro quadrante. Professor – E como ele passa de 180º, no lugar do x entra o 210º! Desse jeito, fica 210º – 180º, para dar o resultado de α. Por isso que a expressão era x - 180º! Professor – E no quarto? RA – 330º é 30º, que é o do primeiro quadrante Professor - Agora que entenderam, mudem a posição de C para outro ângulo e veja se dá certo para os outros quadrantes, ok? Por volta de cinco minutos depois, o professor retorna à dupla: Professor - E aí, as expressões que vocês colocaram na tabela estão corretas? – Sim, professor! Respondem. Professor – Então, qual o equivalente de 100º? Rapidamente eles fazem conta em um rascunho e respondem: - 80º no primeiro, 260º no terceiro e 280º no quarto! Professor – Então! Agora entendem a expressão! DI – Sim. Agora eu sei que é o x da expressão. Seu resultado faz mais sentido, agora! B) Em sua construção, tomemos como origem do ciclo trigonométrico o ponto A e o sentido positivo. Movimente o ponto O e, observando a janela da álgebra, escolha vários ângulos completando corretamente a tabela abaixo a partir do exemplo e confirme ou reformule as expressões da tabela do item A. 116 Ângulo α 10º CORRESPONDENTE No segundo No terceiro No quarto quadrante quadrante quadrante 170º 190º 350º Esse item foi planejado para que os alunos confirmassem as conjecturas de suas expressões a partir de várias experimentações. Inclusive, o aluno CA sugere: – Professor, essa atividade tinha que ser a A (referindo-se ao item A), porque depois de preencher a tabela, fica muito mais fácil de montar as expressões! Professor – Mas, e para verificar; fica ruim? – Não! Mas o negócio é que o difícil é montar a expressão! Testar é fácil! Responde CH. Professor – Certo, concordo com você! Mas você pode mudar a expressão também. Por isso que é uma tabela que vem depois: para você refletir e comparar. Se houver necessidade, você muda a expressão! O que acha? CA – É, não tinha pensado assim. Mas tem razão. C) Rotacione B, escolha três ângulos para cada quadrante, e complete a tabela corretamente, observando a janela de álgebra de sua construção. Como auxilio, siga o exemplo: Quadrante Ângulo α 1º 10º Valor da abscissa de B 0,98 Comprimento do segmento ON 0,98 Valor da ordenada de B 0,18 Comprimento do segmento OJ 0,18 2º 3º 4º O aluno LU, logo que iniciou o preenchimento dessa tabela com sua dupla, disse: 117 – Professor, a abscissa está no eixo x - horizontal e ordenada no eixo y - vertical, né? Professor – Por quê? LU – Porque naquele dia, a gente conversou e você me disse que no par ordenado de um ponto, o eixo x representa os valores das abscissas, e o eixo y representa os valores das ordenadas! Professor – E como você tem colocado os valores dos pontos no gráfico? LU – O primeiro é x e segundo no eixo y. Professor – Qual o nome do primeiro e do segundo número que aparecem no par ordenado? LU – Abscissa e ordenada. Professor – Esses valores são representados em quais eixos? LU – O eixo x, a abscissa, e o eixo y, a ordenada! Professor – Perfeito, realmente você entendeu! No preenchimento da tabela, a partir da movimentação e observação da tela do computador os alunos não apresentaram dúvidas nessa questão. D) Reposicione o ponto B no primeiro quadrante para montar a tabela abaixo. Informe a fórmula de cálculo e segmento representativo em cada situação pedida. Fórmula de cálculo Expressão matemática Segmento representativo Seno de α Cosseno de α Logo que começaram essa atividade, os alunos NA, JA e LU questionaram: – Professor, essa fórmula de cálculo do seno e cosseno é aquela mesma que vimos na atividade 1? Professor – Sim. O cálculo dessas razões não muda no triângulo retângulo. RA e IN questionam: – Mas o triângulo OBN é retângulo? Percebendo que a turma parou e ficou aguardando resposta, o professor decidiu socializar com todos: – Vamos lá! Afinal, temos um triângulo retângulo na figura? 118 – Sim, professor! - Vários respondem juntos. Professor – Qual? KA – O triângulo ONB! Professor – E por que ele é retângulo? – Por que BN é vertical, e ON é horizontal, e o ângulo BNO é reto! Respondem LU e MA Professor – Sim! E qual a medida do raio desse círculo? LE e LU: – 1. Professor – Por quê? LE – Porque a medida do segmento AO é 1, e esse é o raio da circunferência. Professor – Todos concordam? – Sim! Respondem vários juntos. Por esse diálogo, percebeu-se que as razões trigonométricas era um assunto com boa compreensão, promovido pelas abordagens em atividades anteriores. Assim, continuando a socialização: Professor – Pessoal, no caso da tabela do item d, qual expressão do seno do ângulo α? KA e CA – Como assim, professor? Professor – Como vocês fariam para calcular o seno de α nesse triângulo? LE e MA – Seria BN sobre BO! Professor – Isso! MA – É isso que é para colocar aqui nessa linha (referindo-se à célula)! Professor – Perfeito! E o cosseno? LE e NA – BO sobre O Professor – Pessoal, e quanto mede o segmento ON? – 1. Respondem vários alunos. Professor – Então, nesse caso, quem estaria representando o seno e cosseno de α? JA – Repete a pergunta, professor! Professor – Nessa situação da figura que vocês construíram, que segmento estaria representando, o seno e cosseno de α? LE – O seno seria BN, e o cosseno ON! Professor – Todos concordam? Ou seja, o segmento ON representa o cosseno, no eixo das abscissas e o segmento BN o seno de α. Entendido turma? Generalizou o professor, mas esperando que algum aluno perguntasse sobre o seno de α. 119 IN e TI – Mas, professor, se o cosseno está sendo representado pelo segmento ON, que está no eixo das abscissas, e seno pelo BN, será que podemos dizer que o seno está no eixo das ordenadas? LE e MA – Isso mesmo! Veja que JO está no eixo y (ordenadas) e tem o mesmo comprimento de BN, pois no primeiro quadrante tem o retângulo ONBJ, e OJ está sobre o eixo Y. – Não entendi! Falam três alunos simultaneamente. Dessa forma, recorrendo à experiência de didática e de alternância de recursos, o professor resolveu mostrar a situação relatada pelos alunos LE e MA a todos, através de projeção da figura construída pelos dois alunos. Dessa maneira, conforme ele repetia a explicação, destacava com cores fortes, na figura projetada, os segmentos em questão. Professor – Pessoal, todos entenderam? – Sim! Alguns respondem, mas a maioria já estava preenchendo a tabela do item d, como mostra a figura 46. Figura 46 – Tabela preenchida pelos alunos IN e TI Fonte: Dados da pesquisa Observou-se nos diálogos e no preenchimento das tabelas o bom nível de conceituação das razões seno e cosseno no círculo trigonométrico. Portanto, com essas definições consolidadas, esperava-se que os alunos conseguissem realizar a atividade seguinte de montagem do gráfico da função seno e cosseno. Essa montagem alinhava com a literatura que tratava da formação do pensamento matemático, que segue uma forma de espiral, ora avançando, ora resgatando conceitos, mas sempre tecendo o conhecimento. 6.8 Aplicação e análise da atividade 9 120 Essa atividade foi aplicada com a presença de oito duplas de trabalho. Pelo planejamento, o alunos deveriam construir os gráficos da função seno e cosseno a partir de medidas de ângulos realizadas em uma volta completa no círculo trigonométrico, levando-os a compreender a necessidade de linearizar o ciclo e o comportamento da senoide e cossenoide, em gráficos. ATIVIDADE 9 - CONSTRUINDO O GRÁFICO DA FUNÇÃO SENO E COSSENO Materiais necessários – Régua flexível, esquadros isósceles e escaleno, transferidor, compasso, folha A3, lápis, lápis de cor e borracha. 1. Na folha entregue pelo professor, com o círculo trigonométrico e eixos já impressos, marque dois pontos no primeiro e outros dois no segundo quadrante. Nomeie esses pontos, como E, F, G e H, onde o primeiro é o E, o segundo é o F e assim sucessivamente; 2. Reflita ortogonalmente ao eixo das abscissas esses pontos para o terceiro e quarto quadrantes seguindo a ordem: ponto E gera o ponto L, ponto F gera o ponto K, G gera J, e H gera I; 3. Nomeie o cruzamento dos segmentos com a reta numerada da seguinte maneira: EL - M, FK – N; GJ – P e IH – Q. 4. Utilizando a mesma régua flexível, inicie a linearização do ciclo, transferindo o comprimento do arco AE (sobre a circunferência), para o eixo horizontal, em que o início dessa transferência será o ponto A (origem dos eixos ortogonais), e o final o ponto E’; 5. Continue a linearização transferindo o arco EF para o eixo, obtendo o ponto F’ e dando sequência até chegar em A’, quando se lineariza completamente o círculo; 6. Meça o comprimento do segmento ME e transfira essa medida vertical sobre o ponto E’. Prossiga da seguinte forma: NF sobre F’; OB sobre B’; PG sobre G’; QH sobre H’, QI sobre I’; PJ sobre J’; OD sobre D’; NK sobre K’, ML sobre L’; 7. Partindo do ponto A, una as extremidades dos segmentos obtendo uma curva chamada senoide; 8. No mesmo sistema de eixos ortogonais e ciclo, transfira o segmento OA, para o eixo vertical sobre A. 121 9. Repita o passo 8 para OM, porém, transferindo-o verticalmente sobre o ponto E’. Prossiga da seguinte forma: ON sobre F’; OP sobre G’; OQ sobre H’; OC sobre C’, OQ sobre I’; OP sobre J’; OD sobre D’; ON sobre K’, OM sobre L’ e OA sobre A’. 10. Partindo da extremidade do segmento OM marcada sobre o eixo vertical em A, una as extremidades dos segmentos obtendo uma curva chamada cossenoide. No momento inicial da construção dessa atividade, alguns alunos apresentaram dúvidas sobre a etapa 2, que trata da reflexão ortogonal: CH e CA – Professor, nós vimos numa das atividades anteriores, mas não lembramos o que é refletir ortogonalmente! Professor – Você sabe o que significa a palavra ortogonal? CH – Tem a ver com 90º? Professor – É por aí! Mas e a reflexão? O que significa? CA – Ahhh! É por que está do outro lado do eixo, onde a linha cruza perpendicularmente até atingir o ciclo, né? Professor – Isso mesmo! Entendeu agora? CA – Entendi! Professor – E você CH? CH – Também! Logo em seguida, houve outro resgate de conceito, quando na etapa 4, pedia-se que iniciasse o processo de linearização: OT – Professor, essa linearização é aquela da atividade que fomos medindo os arcos sobre o círculo e transferindo a medida para uma reta horizontal? Os próprios alunos que estavam próximos responderam prontamente: – É OT! Exatamente isso! Professor – E para que precisamos linearizar o ciclo? IN – Simples professor, para saber em que pontos do eixo AA’, que é o ciclo linearizado, deveremos colocar as medidas verticais obtidas no ciclo trigonométrico para formar a curva da senoide? CA e KA – Como assim? Professor – Atenção, turma! Explique novamente IN, sobre a necessidade do processo de linearização. 122 IN – Posso ir no quadro? Professor – Sim. IN – Vamos medir o segmento ME no ciclo! Como saberei onde colocar essa medida sobre o eixo AA’? MA e LU – Tem que ser sobre o ponto E! IN – Isso! Por esse motivo que precisamos linearizar o ciclo, senão, a gente não sabe onde colocar a medida do segmento ME, assim como o FN, que estará sobre o ponto F e assim sucessivamente. Professor – Muito bom IN, Obrigado! Entenderam, turma? DI e CH – Agora entendi a pergunta daquela atividade lá de trás! Esperava-se que alguns alunos pudessem apresentar outras dúvidas sobre como plotar os valores negativos de senos e cossenos no sistema de eixos cartesianos, mas não houve questionamentos no desenvolver dos itens dessa atividade. Enquanto caminhava por entre as duplas de trabalho, o professor observou a construção dos alunos proposta no roteiro, que resultou na figura 47. Figura 47 – Curva Senoide e Cossenoide construída pelos alunos MA e KA Fonte: Dados da pesquisa No processo de ensino e aprendizagem, a descoberta e a autoestima agruparam-se solidarizando para potencializar a vontade de aprender. Percebeu-se isso nitidamente em situações nas quais o aprendizado proporcionava conexões anteriormente não estabelecidas, como nos comentários dos alunos: KA e JA – Essa é a curva do seno e cosseno! Por isso que o nome do gráfico é senoide ou cossenoide! OT – Muito louco isso, professor! 123 LU (que sempre tinha muita dificuldade), quando percebeu a curva senoide em sua construção, comentou: A matemática é linda, né, professor? Professor - Que bom que você acha! Eu sou suspeito para falar! Esses comentários demonstraram o reforço positivo da autoestima, quando os sujeitos ativos passaram a ter o contato com a descoberta em atividades ou tarefas que traziam sentido ao que era estudado. A) No ciclo que você recebeu há dois eixos, um vertical e outro horizontal. Qual deles REPRESENTA o eixo dos senos? Qual deles REPRESENTA o eixo dos cossenos? Explique. As figuras 48 e 49, obtidas dos registros das atividades, revelaram a boa compreensão dos alunos, quando eles associaram as razões trigonométricas senos e cossenos com os eixos das ordenadas e abscissas, respectivamente. Ressalta-se, ainda, que essa era uma tarefa inicial visando resgatar esses conceitos já abordados na atividade 8. Figura 48 – Registro dos alunos MA e KA Fonte: Dados da pesquisa Enquanto na figura 48 os alunos demonstraram, através da linguagem matemática, utilizando a manipulação algébrica, que o seno do ângulo corresponde ao segmento EM, que está no eixo das ordenadas, enquanto o cosseno do mesmo ângulo corresponde ao segmento OM no eixo das abcissas, na figura 49, eles se utilizam da demonstração por meio do registro em língua portuguesa. 124 Figura 49 – Registro dos alunos MA e OT Fonte: Dados da pesquisa B) Sobre a senoide, qual o máximo e o mínimo valor que o seno admite, indicando os pontos (abscissas) onde isso acontece? Agora, qual o máximo e o mínimo valor do cosseno, indicando o ponto onde isso acontece? Valor MÁXIMO Valor MÍNIMO Valor MÁXIMO Valor MÍNIMO SENOIDE Ponto(s) do EIXO Ponto(s) do onde o gráfico CICLO atinge o valor linearizado (no máximo eixo horizontal) Abertura do ARCO em GRAU (a partir da origem) SENOIDE Ponto(s) do EIXO Ponto(s) do onde o gráfico CICLO atinge o valor linearizado mínimo (no eixo horizontal) Abertura do ARCO em GRAU (a partir da origem) COSSENOIDE Ponto(s) do EIXO Ponto(s) do onde o gráfico CICLO atinge o valor linearizado máximo (no eixo horizontal) COSSENOIDE Ponto(s) do EIXO Ponto(s) do onde o gráfico CICLO atinge o valor linearizado máximo (no eixo horizontal) Abertura do ARCO em GRAU (a partir da origem) Abertura do ARCO em GRAU (a partir da origem) 125 C) Complete a tabela com os pontos onde a curva senoide e cosssenoide CRUZAM O EIXO DA ABSCISSA. Logo em seguida, informe o grau de abertura do ângulo que esse ponto faz a partir da origem do ciclo? Ponto SENOIDE Arco COSSENOIDE Ponto Arco Nos itens b e c, os alunos não recorreram ao professor para esclarecimentos, possivelmente pelo fato de a atividade requerer observação do gráfico construído, fazendo com que os alunos passassem a elaborar respostas baseadas em conceitos de seno e cosseno de ângulos no ciclo trigonométrico já vistos anteriormente. D) Observando sua construção, a origem do ciclo trigonométrico no ponto A e o ciclo positivo do arco, complete a tabela corretamente, colocando se o seno e cosseno são POSITIVOS, NEGATIVOS OU NULOS, no ponto que é extremidade do arco em questão. Arcos AA AE AF AB AG AH AC AI AJ AD AK AL AA Quadrante seno cosseno Agora, generalizando o comportamento do sinal das funções seno e cosseno a partir do gráfico que você construiu: Quadrante I II III IV seno cosseno 126 Nesse item, duas duplas apresentaram dúvidas em relacionar o sinal do seno e cosseno para a extremidade do arco em questão, mas um breve diálogo fez com que eles entendessem e preenchessem as tabelas corretamente: CA, LU, RA e MA – Professor, onde é que o eixo x é negativo? Professor – Vocês sabem onde está o zero, nesse eixo? MA – No cruzamento! Na origem dos eixos. Professor – E onde estão os valores positivos desse eixo? LU e CA – Do lado direito do zero! Professor – Perfeito! E do outro lado? LU – Ah, sim. Os negativos! É lógico, isso aqui é uma reta numérica (referindo-se à reta real). Professor – E o eixo y? MA e CA – É um eixo numerado, igual ao x! Professor – Então, onde está o zero? LU – Na origem também! Professor – E acima dele estão os números com quais sinais? LU, MA e CA– Positivos e abaixo dos negativos. Professor – Essa é análise que vocês farão ao observar os pontos do ciclo para preencher as tabelas do item D. CA – Show, professor! Deixa com a gente agora! No final dessa atividade, procedeu-se à generalização das tabelas, conforme a figura 50, ficando nítida a participação de todos nesse debate, bem como os entendimentos necessários para sua resolução. 127 Figura 50 – Registro dos alunos MA e OT Fonte: Dados da pesquisa A partir do preenchimento, pelo aluno, da tabela apresentada no item D, como indica a figura 50, foi possível completar a outra tabela do mesmo item, conforme demonstrado na figura 51. Figura 51 – Registro dos alunos MA e OT Fonte: Dados da pesquisa Nessa atividade chamou a atenção o bom nível de satisfação com que os alunos finalizaram esse encontro, conforme comentários deles, descritos abaixo: JA e CH – Professor, isso deveria ser dada numa matéria de pré-cálculo. Iria nos ajudar a entender direito aquelas questões de taxa de inclinação das derivadas e outras coisas! KA – Professor, se eu tivesse aprendido assim, eu estava em Harward!! 128 6.9 Aplicação e análise da atividade 10 Essa atividade contou com dezessete alunos que se agruparam em oito duplas de trabalho e mais um que preferiu produzir sozinho. Nela, o educando teve acesso a um arquivo do programa Geogebra previamente montado, e as orientações do roteiro direcionavam o seu manuseio. Optou-se por essa forma de condução, devido aos discentes já estarem hábeis na manipulação do software, priorizando o tempo do encontro para as análises gráficas e para as investigações matemáticas, promovidas por questionamentos, perguntas e preenchimentos de tabelas. Figura 52 – Alunos no laboratório de computação realizando a atividade 10 Fonte: Dados da pesquisa ATIVIDADE 10 - CONSTRUINDO O GRÁFICO DA FUNÇÃO TANGENTE NO GEOGEBRA 1. Abra o programa Geogebra; 2. No ícone ARQUIVO, abra o ATIV. 10 - tangente; 3. Com a ferramenta girar em torno de um ponto , clique em O e depois no ponto B; 4. Gire o ponto B sobre a circunferência até obter α próximo de 90º; 5. Se o ponto T não estiver traçando o rastro, habilite, clicando com o botão direito do mouse no ponto no T e clique em exibir rastro; 6. Gire o ponto B sobre a circunferência para qualquer valor de α, observe o gráfico gerado para realizar as atividades propostas. 129 Após os alunos manusearem o mencionado arquivo e observarem a dinâmica proposta, o professor solicitou que eles gravassem a tela na forma de uma imagem e a enviassem para o seu endereço virtual. Essas imagens estão na figura 53. Figura 53 – Registro sequencial de aluno da construção proposta Fonte: Dados da pesquisa Explorando a parte de observação e investigação, o professor pediu: – Pessoal, observando a tela, girem o ponto B do ciclo aumentando o arco α e habilitem a ferramenta rastro, do ponto T. O que vocês observam? LU e CA – Professor, o rastro de T vai formar uma reta? Professor – Abram mais o ponto B, de modo que o ângulo α aumente seu valor até perto de 180º. Mas há contraposição. CA – Ah, parece uma perna da parábola! Professor – Mais ou menos! Pelo menos não é uma reta! Mas como é o nome dessa curva? Eles não respondem, abrindo a chance de um debate com oportunidade de questionamentos e observações: Professor – Pessoal, quando vocês rotacionam o ponto B, o ângulo α abre, e temos um ponto que movimenta no eixo x. Certo? Alunos – Sim, professor. Professor – O que esse ponto ou esse segmento representa nessa situação? LE, JA e KA – Esse é o arco linearizado! Professor – Como vocês têm certeza? 130 LE – É só olhar o valor da abscissa do ponto H na janela de álgebra do lado. Quando se abre B até perto de E, α se aproxima de 180º, e o valor de H de 3,1, que é o comprimento do arco do ciclo trigonométrico. CH – Ah, é mesmo! Inclusive, professor, é por isso que teve aquela atividade de linearização do arco. Linearizar o arco é para sabermos onde a ponta do arco está no eixo x! Não é? Professor – O que vocês acham? Ajudem! Opinem! LE – Sim, professor! Percebemos isso na atividade passada, que tínhamos que montar a senoide e cossenoide! AN – Como assim? LE – Quando a gente pegava a medida de segmento vertical no ciclo, só podíamos colocá-lo na reta no ponto de equivalente. Ou seja, que o comprimento do arco estivesse esticado na reta. Não era? Então, a linearização servia para isso! Para sabermos que ponto do ciclo tinha equivalência na reta. – Entendi! Alguns exclamam! Isso mesmo! Mas repete! LE – Professor, posso desenhar no quadro? Professor – Lógico! O aluno foi ao quadro e repetiu toda a dinâmica da atividade 9. Outros alunos solidarizaram, passando a consolidar o conceito de linearização de arcos mostrando sua aplicabilidade na construção gráfica. Professor – Alguma dúvida? Todos se calam. Finalizada essa primeira parte, o professor propôs uma nova pergunta: Professor – Gente, esse ponto T que está sobre um eixo vertical, que eixo é esse? E essa figura que o ponto T está traçando? O que é isso? OT – Esse eixo é o eixo da tangente, professor! DI – Como você sabe? OT – Vamos lá! Abre B até ter α =45º! Todos foram para a máquina e fizeram o que ele propunha. DI – Eita! É difícil! . CA – É só aumentar a tela com o scroll do mouse! – Consegui! E daí? (fala coletiva). OT – Olhem para o ponto T, qual o valor de sua ordenada? – 1! (fala coletiva). 131 Professor – Não é o mesmo de D? Olhem para o triângulo OAC, como é o nome dele? JA – Retângulo Isósceles! OT – Então, qual o valor da tangente de α? CA – 1. OT – Por quê? LU – Porque tangente calcula pela divisão entre cateto oposto e cateto adjacente. Como no triângulo retângulo isósceles, os catetos têm a mesma medida, a tangente de 45º é 1. Logo, o eixo vertical é o eixo das tangentes, e T representa o valor numérico da tangente de α. LU – Muito bom! (elogios gerais). Professor – Pessoal, agora vocês podem seguir preenchendo os itens da atividade. A) Posicione o ponto B no primeiro quadrante. Observando a figura gerada, qual a razão entre segmentos do triângulo OAC que representa a tangente de α? B) Monte essa razão e mostre qual o segmento que equivale à tangente de α? Explique seu raciocínio. Nesse item, o professor não foi chamado para nenhuma intervenção. Isso pode ter ocorrido devido à socialização inicial do encontro, que resgatou os conceitos subsunçores, mostrando que sua boa significação deve ser indispensável para responder esses dois itens. Toda a turma acertou as respostas, como mostra a resposta da figura 54. Vale a pena ressaltar que após a análise das respostas dadas à questão, observou-se que as respostas e registros passaram a ser mais elaborados, assemelhando-se às demonstrações formais, conforme o aprendizado ia acontecendo. Figura 54 – Registro dos alunos KA e MA Fonte: Dados da pesquisa 132 C) Para o ângulo α no PRIMEIRO quadrante, qual é o menor e maior valor da tangente? D) Para o ângulo α no SEGUNDO quadrante, qual é o menor e maior valor da tangente? E) Para o ângulo α no TERCEIRO quadrante, qual é o menor e maior valor da tangente? F) Para o ângulo α no QUARTO quadrante, qual é o menor e maior valor da tangente? Sobre esses quatro itens, esperava-se que os alunos percebessem que os pontos das as tangentes se anulavam, assim como sua tendência ao infinito quando se aproximavam da extremidade maior nos arcos do primeiro e terceiro quadrantes. Essas conclusões surgiriam após uma simples movimentação do ponto B no ciclo e observação dos valores da ordenada de T. Nos registros, percebeu-se que os alunos estabeleceram conexões com os conceitos estudados na componente Cálculo Diferencial e Integral 1, que não eram previstas. Isso pode ser convalidado pelo contexto, revelando um alto nível de significação das definições de limites laterais aplicadas às tendências de valores das tangentes nos extremos de cada quadrante, como mostra a figura 55 do registro das fichas. Figura 55 – Registro dos alunos IN e RA Fonte: Dados da pesquisa G) Complete a tabela com os pontos do círculo trigonométrico, onde a curva tangentoide cruza o eixo da abscissa. Logo em seguida, informe o grau de abertura do ângulo α 133 Ponto Graus rad Nesse item, também não houve pedido de atendimento para esclarecimento de dúvidas, da mesma forma como ocorrido anteriormente, possivelmente devido ao assunto ter sido debatido, esclarecido e compreendido na socialização inicial do encontro, como mostram os diálogos anteriores e o registro da figura 56. Figura 56 – Registro dos alunos IN e RA Fonte: Dados da pesquisa H) Observando sua construção com a origem do ciclo trigonométrico no ponto A e sentido positivo do arco, complete a tabela corretamente: QUADRANTE I II III IV SINAL POSITIVO/NEGATIVO COMPORTAMENTO CRESCENTE/DECRESCENTE Logo que os alunos começaram a responder esse item, procedeu-se o seguinte diálogo: 134 IN e RA – Professor, esse eixo vertical, que chamamos de eixos das tangentes, também é um eixo real? Igual ao eixo do seno que vimos na atividade do encontro passado, né? Professor – Perfeito! E onde está o zero desse eixo? IN – No ponto A, que é onde ele toca o ciclo! Professor – Certo. E os números negativos e positivos onde estão localizados? RA – Negativos abaixo do zero e positivo acima dele! Professor – Perfeito! IN e RA – Agora já entendemos! Na análise de crescente e decrescente da tangente, algumas duplas solicitaram intervenção, apresentando dúvidas. Por isso, o professor resolveu socializar: Professor – Pessoal, como sabemos qualificar se uma função é crescente ou decrescente? JA – Se os valores aumentam é crescente, se os valores diminuem ela é decrescente. Professor – Mas e os valores de ângulos, precisamos tomar algum cuidado? LE – O ângulo já está aumentando quando giramos o ponto B no sentido positivo no ciclo. É só observar! Professor – Correto! Então, se os ângulos aumentarem e os valores das tangentes aumentarem também, temos uma função crescente. Certo? – Sim! - Vários afirmam. Professor – Mas como se dá isso do lado negativo do eixo? Por exemplo, se para certo ângulo do segundo quadrante o valor da tangente for -10, e outro ângulo maior, dentro do mesmo quadrante, for -5, então, nesse quadrante, a tangente terá qual comportamento? LU – Ela é decrescente professor! CH – Não, está errado! Por quê, LU? LU – Porque -10 é maior que -5. De imediato vários alunos refutam: RA – Não! -10 é menor que -5. Ele é mais negativo! Professor – Alguém sabe explicar por quê? RA – Pessoal, vamos imaginar na reta real. Do lado positivo, quando um número está mais à direita, ele é maior e quando está à esquerda ele é menor. Certo! CA – Explica lá no quadro! 135 O aluno foi ao quadro e representou na reta real os valores positivos 3 e 7 e também os negativos -10 e -5, repetindo a explicação dada, mostrando que o comportamento dos números negativos é semelhante ao do lado positivo da reta, simplificando que essa comparação está associada à posição do número na reta real, que quanto mais à direta o número se posicionar, maior será. E quanto mais à esquerda, menor será. Assim, entre eles bastava perceber que quem estava à direta era maior, e à esquerda, menor. Esse momento foi essencial para rever esses conceitos de comparação entre números negativos, pois era percebida essa lacuna nos erros de preenchimentos das fichas dessa atividade, quando se comparavam os números negativos, acreditando-se que poderia ser originária de dificuldades ainda no Ensino Fundamental II. O diálogo, portanto, prosseguiu: DI – Então a função tangente será sempre crescente? Professor – O que vocês acham? DI – Espera aí, professor! Os alunos voltaram para as máquinas, manipularam o arquivo, observaram ângulos e ordenada do ponto T. Logo em seguida, responderam, muitos com a coluna do item que abordava o comportamento da função tangente já preenchida. Reação coletiva - Perfeito, professor, ela é sempre crescente. Professor – Ótimo! Podem seguir! Eles seguiram, então, preenchendo a tabela da figura 57. Figura 57 – Registro dos alunos IN e RA Fonte: Dados da pesquisa I) Quando a medida do arco AB se aproxima muito da medida do arco AD e AF, o que acontece com a reta w? 136 J) Quais os valores das tangentes dos ângulos de 90º e 270º? Quando estavam respondendo o item I, as duplas de trabalho formadas por JA, CH, NA e LU chamaram o professor com a seguinte dúvida: – Professor, por que quando aproximados o ponto B do ponto D, a reta centrada em O dá um salto para o segundo quadrante? Consciente da importância da consolidação desse conceito para desenvolvimento de atividades futuras, o professor resolveu, então, socializar, pedindo para uma das duplas repetir a pergunta. Professor – Alguém sabe explicar isso? MA – É por que não existe tangente de 90º! Professor – Certo, mas por quê? KA – Porque quando o ponto B se aproxima de D, a reta que gira em O fica paralela! Professor – Sim! É por aí! Mas não está completa a explicação! (A turma se cala). Professor – E o que acontece com o valor da ordenada do ponto T quando B se aproxima de D? MA – O valor cresce muito, e dizemos que o valor da ordenada de T tende para o infinito. Professor – Mas qual o valor da tangente de 90º? CA – Não existe. Professor – Mas tender ao infinito é diferente de dizer que o valor não existe. KA – Professor, a reta que gira quando se aproxima de D ficará paralela, e não há ponto comum entre duas paralelas, por isso que a tangente de 90º não existe. Professor – Isso! Todos entenderam? – Sim! Respondem vários. Professor – Essa foi uma explicação gráfica. Mas existe a explicação algébrica. Afinal, podemos calcular a tangente por outra razão diferente daquela entre cateto oposto sobre adjacente. Alguém se lembra? LE – Seno sobre o cosseno do mesmo ângulo! Professor – Perfeito! Vamos pensar nisso, então! Propõe o professor, registrando no quadro essa razão. 137 Professor – Quando aproximamos B de D, α se aproxima de 90º, e para quais valores tendem o seno e cosseno de α? MA, LU e RA – Seno se aproxima de 1, e o cosseno de zero! Professor- Então? (Instiga). CH – Professor, existe a divisão por zero? Professor – Nesse caso, quanto que dá a divisão de 1 por zero? JA e CA – Não existe, pois não tem como dividir por zero. Professor – Sim, mas podemos explicar isso de uma forma melhor! Existe um número que multiplicado por zero, resulta em 1? IN – Não! Multiplicação por zero é zero! TI – Ah, por isso que não existe a tangente de 90º. Caí em uma divisão por zero. Professor – Isso! Então, existem essas duas formas de pensar, quando uma auxilia a outra: a primeira no gráfico, a segunda na álgebra. Todos entenderam? – Sim. Respondem. Professor – Continuem, por favor! O registro da figura 58 mostra como o debate contribuiu para a compreensão do conceito de gráfico e da inexistência da tangente para os ângulos de 90º e 270º. Figura 58 – Registros dos alunos IN e RA Fonte: Dados da pesquisa K) Para quais ângulos a tangente vale zero? Poucos minutos após o debate, os alunos concluíram esse item, podendo ser percebida uma boa significação do conceito da tangente, explicado pelo alto índice de acerto dos alunos, entre os quais o registro da figura. Figura 59 – Registros dos alunos IN e RA Fonte: Dados da pesquisa 138 Em toda essa atividade ficou claro o quanto os alunos avançaram no raciocínio matemático utilizando os fundamentos de geometria para embasar a trigonometria. Além disso, o exercício de conjecturar, verificar hipóteses, validar ou refutar se tornou cada vez mais natural, auxiliando as generalizações o que revela o potencial significativo das tarefas. 139 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta pesquisa, foi definido como objeto de investigação, o ensino da trigonometria, tendo como justificativa principal a deficitária compreensão do tema e da presença dela constante no cotidiano, não percebida pelos alunos, mas verificada pela trajetória de prática docente do pesquisador e confirmada nas leituras de outras investigações e autores. Os estudos foram iniciados por meio de pesquisas bibliográfica e documental, seguidos de um levantamento histórico na trigonometria, mostrando contribuições na linha do tempo. Dessa forma, o referencial teórico baseou-se na Teoria da Aprendizagem, de David Ausubel (1963), e, ainda, procurou-se situar esse tema dentro do ensino atual, o que foi possibilitado por uma pesquisa documental, por meio da leitura de documentos oficiais preconizados pelo Ministério da Educação, além da análise de três livros didáticos aprovados pelo Plano Nacional do Livro Didático, adotados por algumas escolas públicas e privadas do Distrito Federal. Percebido esse panorama, foi, então, apresentada uma proposta de ensino da trigonometria a ser utilizada de modo complementar aos livros didáticos, com o objetivo de auxiliar a compreensão do assunto por alunos do Ensino Médio, da Educação Profissional ou de classes básicas do Ensino Superior, que procuram resgatar e/ou compreender seus conceitos e definições, além de retomar os fundamentos da geometria plana como pré-requisitos. As aplicações das atividades permitiram perceber os níveis de defasagem de conceitos e definições de geometria plana que impactavam na compreensão da trigonometria. Por isso, foram elaboradas propostas de atividades por meio das quais os aprendizes, no estudo do mesmo assunto, construíam o solicitado, empregando, alternadamente, materiais manipulativos (régua, esquadros e compasso) e o software Geogebra. Além disso, pôde-se verificar, no decorrer dos trabalhos, que a opção pelo agrupamento dos estudantes em duplas se mostrou como uma estratégia facilitadora da aprendizagem, pois, na execução das tarefas, percebeu-se que a verbalização dos raciocínios desencadeou um confronto ideológico, promovendo o exercício de organização de ideias de forma concatenada. As práticas investigativas, que envolviam os alunos nas ações de observar, refletir, discutir, argumentar, propor, conjecturar e testar indicaram que as descobertas realizadas 140 por eles se mostraram favoráveis na melhoria da argumentação, registros e autoestima. Portanto, as atividades planejadas e estruturadas motivaram os alunos para a produção de seu conhecimento. Para tanto, tendo como base a busca por uma aprendizagem significativa, na elaboração dos itens das atividades, optou-se pelo uso de uma metodologia que procurasse resgatar ou rever os conceitos anteriores, a fim de alicerçar a compreensão dos posteriores. Com isso, tornou-se possível: uma contínua revisão de conceitos subsunçores; que a ausência de qualquer participante em algum encontro, não o impossibilitasse de continuar aprendendo, pois o entrelaçamento das definições procurou oportunizar o resgate dos conceitos, ora não vistos, promovendo a compreensão do todo; uma adequação na temporalidade da significação dos conceitos e definições, presentes no processo de aprendizagem, singular de cada sujeito. Vale ressaltar, ainda, que frequentemente os alunos extrapolaram o que fora previsto na pesquisa, mostrando variabilidades de resoluções e estabelecendo novas e diferenciadas conexões que evidenciaram e legitimaram as hipóteses deste trabalho, pois o exercício contínuo de comunicar-se, o estímulo à formalização do raciocínio através das falas e, consequentemente, dos registros escritos, demonstrando caminhos e apresentando resultados, contribuíram para a formação de uma postura reflexiva e investigativa dos sujeitos. Entendeu-se, ainda, que o emprego dos materiais manipulativos na construção dos desenhos se caracterizou como uma fase concreta da formação conceitual, enquanto as construções que utilizaram o software promoveram um dinamismo que buscou romper a barreira do estático, e ambas se aliaram no processo de construção do conhecimento. Nesse sentido, a pesquisa revelou, ainda, que a formação do pensamento matemático com o uso dessas mídias, requer rigor nos planejamentos, preparação prévia, objetivos bem-estabelecidos e uma mediação diferenciada, pela promoção de aulas com atividades envolventes e que oportunizem genuinamente o aprendizado significativo. Foi constatado, no decorrer da pesquisa, que o emprego das mídias manipulativos e software Geogebra materiais em ambiente de aprendizagem, se tornou favorável pela variabilidade de recursos pedagógicos experimentados e que, quando bem fundamentados e conduzidos, auxiliam na clivagem dos significados. 141 Observou-se, portanto, que a compreensão consolidada da trigonometria, fundamentada em conceitos da geometria plana, se mostrou como um processo lento, crescente e gradativo, assemelhando-se à forma de uma espiral, que teve, como contribuição para seu entendimento, a inclusão de situações próximas ao cotidiano vivenciado pelos alunos. Portanto, recomendam-se alguns aspectos que precisam ser atentados no ensino desses temas, quais sejam: evitar abordagens estanques, desconectadas e isoladas; integrar o ensino da álgebra, geometria plana e trigonometria e priorizar estudos contextualizados mostrando as aplicabilidades em diversas áreas do conhecimento sem a recorrência de memorizações, pouco significativas e extremamente voláteis no campo do saber, o que é preconizado pelos princípios PCNEM (BRASIL, 2000b): Numa outra direção, as habilidades de visualização, desenho, argumentação lógica e de aplicação na busca de soluções para problemas, podem ser desenvolvidas com um trabalho adequado de Geometria, para que o aluno possa usar as formas e propriedades geométricas na representação e visualização de partes do mundo que o cerca. (BRASIL, 2000b, p.44). Acredita-se que esse tema possibilita diversas investigações e estudos, mas não é propósito desta pesquisa arrolar todas elas, senão uma restrita contribuição às práticas de ensino-aprendizagem e subsídios ao fazer docente, propondo um caderno de atividades que pode trazer contribuições na área de Educação Matemática. 142 REFERÊNCIAS AABOE, A. Episódios da história antiga da matemática. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática, 1984. AUSUBEL, D.P. The psychology of meaningful verbal learning. New York: Grune and Stratton, 1963. AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D.; HANESIAN, H. Psicologia educacional. Trad. Eva Nick et al. 2.ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. BERTOLI, V.; SCHUHMACHER, E. Retrospectiva Histórica sobre a Trigonometria no Ensino da Matemática. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENSINO DA MATEMÁTICA, 4., 2013, Canoas, RS. Anais... UFRS, 2013. BICUDO, M. A. V. Pesquisa em educação matemática. Proposições. Campinas; FE/Unicamp, v. 4, n. 1, mar. 1993. p.18-23. 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APÊNDICE A PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática CADERNO DE ATIVIDADES UMA PROPOSTA PARA O ENSINO SIGINIFICATIVO DA TRIGONOMETRIA Rialdo Luiz Rezende Orientadora: Profª Drª Eliane Scheid Gazire Belo Horizonte 2015 141 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................... 142 ATIVIDADE 1 – TUTORIAL DO MANUSEIO DOS ESQUADROS, COMPASSO E RÉGUA .......... 146 ATIVIDADE 2 - TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO ............................................. 150 CONSTRUÇÃO DE TRIÂNGULO RETÂNGULO COM O USO DE ESQUADROS, RÉGUA E COMPASSO .............................................................................................................................................. 150 ATIVIDADE 3 – TUTORIAL DO MANUSEIO DO SOFTWARE GEOGEBRA ................................. 151 ATIVIDADE 4 - CONSTRUÇÃO DE TRIÂNGULOS RETÂNGULOS COM O USO DO GEOGEBRA153 ATIVIDADE 5 - ARCOS CÔNGRUOS e CICLO TRIGONOMÉTRICO .............................................. 155 CONSTRUINDO O SIGNIFICADO DE RADIANOS COM O USO DE RÉGUA E COMPASSO ...... 155 ATIVIDADE 7 - REDUÇÃO AO PRIMEIRO QUADRANTE COM O USO DE RÉGUA E COMPASSO .............................................................................................................................................. 161 ATIVIDADE 8 - CONSTRUINDO O CICLO TRIGONOMÉTRICO COM O USO .............................. 164 DO GEOGEBRA E GENERALIZANDO A REUÇÃO AO PRIMEIRO QUADRANTE ...................... 164 ATIVIDADE 9 - CONSTRUINDO O GRÁFICO DA FUNÇÃO SENO E COSSENO .......................... 167 ATIVIDADE 10 - CONSTRUINDO O GRÁFICO DA FUNÇÃO TANGENTE NO GEOGEBRA ...... 171 142 APRESENTAÇÃO O presente produto é proveniente de uma pesquisa no Mestrado de Ensino de Ciências e Matemática da PUC-Minas e tem como objetivo apresentar ao educador uma possibilidade complementar de intervenção pedagógica no ensino da trigonometria com atividades preparadas, definidas e testadas sob uma linha metodológica voltada para a construção do fazer matemático. Este caderno é composto por dez atividades complementares que se destinam a melhorar a compreensão do tema pelos alunos da Educação Básica e/ou Ensino Superior, abordando os seguintes tópicos: triângulo retângulo, círculo trigonométrico e funções trigonométricas, envolvendo construções, interpretações e fundamentações geométricas. A consolidação de cada um desses conceitos poderá ocorrer ao final de dois momentos: no primeiro, eles constroem o solicitado manipulando régua, compasso e esquadros, aqui designados como materiais manipulativos, para, depois, responder perguntas, preencher tabelas e realizar cálculos. Num segundo momento, mas abordando o mesmo conceito, empregam o software Geogebra e seguem preenchendo os itens de cada ficha, baseando-se nas suas construções realizadas. Visando oportunizar o confronto de ideias entre os estudantes, que requer uma organização concatenada e estruturada do pensamento, sugerimos as duplas flexíveis de trabalho, tanto nas carteiras ou cadeiras de sala de aula como no laboratório de informática. Assim, enquanto um aluno lê em voz alta o roteiro, o outro manipula os instrumentos ou opera o computador. Porém, vale enfatizar que é desejável que eles se alternem de funções, com o decorrer dos encontros, procurando dar condições a todos de manipularem. Logo em seguida, ambos discutem e preenchem os itens. Culturalmente, a maioria de nossos alunos está acostumada com aulas expositivas, cuja postura em sala pouco extrapola a de assistir. Como reflexos desse modelo, percebem-se poucas interações entre os colegas de sala e inclusive com o próprio professor sobre os assuntos, exercícios e tarefas propostas. Comumente, essa prática dificulta a percepção do docente no processo de significações construídas pelos estudantes, devido ao baixo nível de feedbacks, retardando os possíveis ajustes nas mediações pedagógicas. Portanto, procura-se, também, estimular as interações verbalizadas entre alunos e aluno-professor, buscando criar um ambiente favorável de aprendizagem, livre de constrangimentos, quando externadas proposições quaisquer, sejam elas simples, complexas, corretas, equivocadas ou infundadas. Portanto, o 143 estudantes devem ser estimulados a expor os seus pontos de vista e/ou escreverem suas conjecturas, seja em papel ou no quadro, testando e esclarecendo-as verbalmente, de preferência. Nesse formato apresentado, os aprendizes precisam ter a liberdade de se agruparem em duplas e, num constante diálogo, confirmarem, rebaterem e/ou solicitarem explicações para responderem as atividades e construírem o seu conhecimento, refinando-o através de um constante ir e vir ideológico. Durante as atividades, exigem-se habilidades de organização concatenada do pensamento, assim como o domínio de um vocabulário com palavras específicas de significados próprios, reafirmando que ler, interpretar, conjecturar, propor, negar ou aceitar determinada tese ou hipótese é um labor enriquecedor nesse processo de ensino e aprendizagem. Portanto, o trabalho em equipe pode favorecer a socialização e a cooperação, atendendo aos diferentes níveis e ritmos de aprendizagem. (ZABALA, 1999, p.112). Sugere-se, ainda, que na aplicação das atividades, cada dupla receba uma ficha contendo um roteiro de construção, com questões a serem respondidas, cálculos a executar e/ou quadros para completar. O professor, então, inicia o encontro com uma explicação dos objetivos almejados para aquela aula. No decorrer, faz-se mister que ele transite acompanhando e mediando, ora esclarecendo certas dúvidas, ora realizando observações sobre o que está sendo produzido, mas sempre respeitando o ritmo do grupo e procurando estimular a autonomia dos alunos. A prática investigativa também deverá ser exercitada por meio de observações, comparações, procurando direcionar, levando os alunos a estabelecerem hipóteses e a proporem generalizações nas frequentes discussões socializadas, que finalizam em sistematizações de todo o grupo. O professor poderá realizar intervenções diretamente nas duplas, caso as dúvidas ou entraves sejam específicos, mas, numa situação generalizada, o mediador poderá socializar os esclarecimentos necessários, procurando conduzir o grupo para uma direção do caminho almejado. As tarefas aqui apresentadas procuram resgatar os elementos subsunçores da vida escolar pregressa e no cotidiano do sujeito, não-arbitrários e essenciais para o desenvolvimento cognitivo do pensamento matemático aplicáveis à trigonometria. Dessa maneira, busca-se preencher as possíveis lacunas pedagógicas existentes, para, em seguida, aprofundar no assunto, procurando respeitar a temporalidade e a singularidade do sujeito, presentes no processo de aprendizado, oportunizando uma crescente autonomia do saber fazer. As atividades 1 e 3 são tutoriais, elaboradas para auxiliar e familiarizar os discentes ao manuseio dos instrumentos e do software Geogebra. Para tanto, foram incluídos traçados com elementos básicos que os preparam para tarefas seguintes. 144 Diante disso, acredita-se que os estudantes desenvolvam as respectivas competências e habilidades, de acordo com o quadro 1, que esclarece os tópicos abordados, objetivos previstos e tempo estimado para execução das atividades 2, 5, 7 e 9, que empregam material manipulativo, e das atividades 4, 6, 8 e 10, que utilizam o software Geogebra. Quadro 1 - Tópicos, objetivos e tempo previsto das atividades Tópicos Ativ. Objetivos Tempo previsto do encontro e Mídias utilizadas Conhecer e manusear os instrumentos. Traçar retas paralelas. Traçar retas perpendiculares. 100 minutos. Régua, compasso e esquadros. Conhecer a apresentação do Geogebra. Manusear a partir de comandos básicos. Familiarizar com o software. 100 minutos. Software Geogebra. 2 5. 6. 7. 8. 100 minutos. Régua, compasso e esquadros. 4 9. Razões e proporções. 10. Semelhança de triângulos. 5 11. Medidas de arco central. 12. Unidades de medidas de arcos. 13. Linearização do arco. Reconhecer um triângulo retângulo. Identificar os elementos do triângulo retângulo. Montar razões trigonométricas. Calcular as razões trigonométricas. Reconhecer um triângulo retângulo. Identificar os elementos do triângulo retângulo. Montar razões trigonométricas. Calcular as razões trigonométricas. Reconhecer triângulos semelhantes. Relacionar diferentes unidades de medidas de ângulo. Compreender a representação de arcos em circunferências de arcos distintos. 6 14. Expressão geral dos arcos. 7 15. Redução ao primeiro quadrante. 8 16. Calculo do seno e cosseno de um ângulo agudo do triângulo retângulo inscrito no círculo trigonométrico. 17. Representação do seno, cosseno e tangente no plano cartesiano. 3 Tutoriais 1 1. Manual do material de desenho geométrico. 2. Paralelismo. 3. Perpendicularismo. 4. Tutorial do software Geogebra. 9 Triângulo retângulo. Razões trigonométricas. Leitura de texto. Interpretação de texto. 100 minutos Software Geogebra 100 minutos Régua, compasso e esquadros. Determinar uma expressão geral dos arcos. 100 minutos. Software Geogebra. Perceber o círculo trigonométrico como campo 100 minutos de estudos dos triângulos retângulos em seus Régua, compasso e quadrantes. esquadros. Generalizar expressões de redução ao primeiro quadrante. Reconhecer a equivalência de ângulos no ciclo em quadrantes diferentes. Generalizar expressões de redução ao primeiro quadrante. Representar a razão seno e cosseno e tangente no círculo trigonométrico. 18. Construir o gráfico da função seno e Identificar o comportamento das funções seno cosseno no plano cartesiano, a partir do e cosseno, representando-o algébrica e círculo trigonométrico. graficamente. 19. Análise do comportamento do Familiarizar com o comportamento da função gráfico da senoide e cossenoide. seno e cosseno. Identificar regularidade em situações 100 minutos. Software Geogebra. 100 minutos Régua, compasso e esquadros. 145 10 semelhantes, relacionando padrões a algoritmos e propriedades a partir do comportamento dos gráficos das funções trigonométricas seno e cosseno. 100 minutos. 20. Construir o gráfico da função Identificar o comportamento de valores Software Geogebra. tangente no plano cartesiano, a partir do trigonométricos com o da função tangente, círculo trigonométrico. representando-o algébrica e graficamente. 21. Análise do comportamento do Familiarizar com o comportamento da função gráfico da tangentoide, gerado a partir do tangente. círculo trigonométrico. Identificar padrões de regularidade em situações gráficas, percebendo algoritmos e propriedades da função trigonométrica tangente e como são suas representações. 146 ATIVIDADE 1 – TUTORIAL DO MANUSEIO DOS ESQUADROS, COMPASSO E RÉGUA MATERIAIS Régua flexível transparente, esquadro isósceles, esquadro escaleno, compasso, folha A4, lápis, lapiseira com grafite, lápis de cor e borracha. Essa atividade visa à familiarização mínima necessária com os instrumentos de desenho para as construções futuras. A precisão necessária será atingida quando alguns cuidados forem atendidos como medidas corretas, posicionamento das mãos em cada situação e utilização de instrumentos adequados para cada ocasião. CONHECENDO OS INSTRUMENTOS ESQUADRO ESCALENO – Trata-se de um triângulo escaleno, onde dois ângulos internos são agudos com medidas de 30o e 60o. O terceiro ângulo é reto (90o), conforme mostra a figura abaixo. ESQUADRO ISÓSCELES - Trata-se de um triângulo isósceles, onde dois ângulos internos são agudos com medidas iguais de 45o. O terceiro ângulo é reto (90o), conforme mostra a figura abaixo. POSIÇÃO DA FOLHA – A folha de A4 pode estar em uma das duas posições, retrato (em pé) ou paisagem deitada. COMPASSO – Instrumento utilizado para traçar arcos e circunferências, com medidas de raios diversos. Formado por duas hastes, com grafite em uma das pontas e ponta seca na outra. A ponta seca é metálica e serve para fixar o compasso na folha, evitando que o mesmo escorregue no momento de traçar. LÁPIS OU LAPISEIRA – Esses instrumentos são bem conhecidos por todos. Porém, poucos sabem que a dureza do grafite recebe uma classificação de 2H, H, HB, B, 2B e outros. Essa categorização parte do mais duro- 2H, para os mais macios 2B, como mostra a figura abaixo. É importante lembrar que o lápis ou lapiseira precisam ficar levemente inclinados, ao traçar, por conta do conforto e da precisão no desenho. 147 TRAÇANDO ELEMENTOS BÁSICOS TRAÇANDO UMA RETA HORIZONTAL – Para o traçado dessa reta, observe as imagens abaixo e siga as instruções. Com a folha A4 na posição paisagem, alinhe o menor lado do esquadro escaleno com a borda esquerda da folha e com o outro lado do esquadro, obtenha uma linha horizontal imaginária no centro da folha. Agora incline o lápis, confortavelmente e trace a horizontal da esquerda para direita. TRAÇANDO UMA RETA VERTICAL - Na mesma folha A4 que você utilizou para traçar a reta horizontal, na posição paisagem, alinhe o menor lado do esquadro escaleno, com a borda superior da folha. Com o outro lado do esquadro, obtenha uma linha vertical imaginária no centro da folha. Trace a vertical de cima para baixo. TRAÇANDO RETAS PARALELAS – Alinhe o lado do esquadro escaleno na reta horizontal da folha A4 que você já traçou, obtendo o outro lado do esquadro na posição vertical. Apoie o maior lado do esquadro isósceles naquele lado que está na vertical. Firme o esquadro isósceles e deslize o escaleno para a posição de 148 interesse e trace a paralela. Sem soltar o esquadro isósceles, reposicione o escaleno e trace novas retas paralelas. Observe as imagens para facilitar o manuseio. TRAÇANDO UMA RETA PERPENDICULAR – Com o esquadro isósceles, alinhe um dos lados iguais na reta vertical que você já traçou. Assim, o outro lado estará na posição horizontal, onde você apoiará o maior lado do esquadro escaleno. Firme o esquadro escaleno (servindo de apoio), deslize o isósceles para a posição de interesse, e trace qualquer reta perpendicular. Sem soltar o esquadro escaleno, reposicione o isósceles e trace novas retas perpendiculares. As imagens ajudaram no manuseio. 149 TRAÇANDO CIRCUNFERÊNCIAS E ARCOS – Marque um ponto no centro de uma folha A4. Abra as hastes do compasso com uma abertura de raio qualquer. Pegue no apoio do compasso, coloque a ponta seca no ponto marcado, e levemente inclinado, rode-o traçando a circunferência ou arco desejado. 150 ATIVIDADE 2 - TRIGONOMETRIA NO TRIÂNGULO RETÂNGULO CONSTRUÇÃO DE TRIÂNGULO RETÂNGULO COM O USO DE ESQUADROS, RÉGUA E COMPASSO MATERIAIS – Folha A4, régua flexível transparente, esquadros isósceles e escaleno, compasso, lápis e borracha. ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO Siga os passos abaixo, na sequência em que são apresentados: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. No centro da folha A4, em posição retrato, trace um segmento horizontal AB de 10 cm; Encontre o ponto médio M do segmento AB; Coloque a ponta seca do compasso no ponto M, abra a haste grafitada até A e trace a semicircunferência AB; Em qualquer local do arco AB, marque um ponto C; Trace os segmentos AC e BC obtendo o triângulo ABC; Nomeie os ângulos α = CÂB, β = ABC e θ = ACB. Nomeie o lado “a” como oposto ao ângulo α, o lado “b” oposto ao ângulo β e o lado “c” como oposto ao θ; A partir de sua construção, responda as questões seguintes: ITENS a) Como é classificado o triângulo ABC quanto aos ângulos? Por quê? b) Os seus lados recebem nomes especiais? Quais? c) Qual é a soma dos ângulos α e β? d) Como você fez para descobrir a soma do item anterior? e) De uma maneira geral, como se calcula seno, cosseno e tangente de um ângulo, em um triângulo retângulo? f) Complete corretamente a tabela a seguir utilizando o triângulo que você construiu. OBSERVAÇÃO - A partir das razões trigonométricas obtidas, encontre as medidas dos ângulos. Comprimento do lado “a” (cm) Comprimento do lado “b” (cm) Seno α = Seno β = Cosseno α = Cosseno β = Tangente α = Tangente β = Medida do Ângulo α = Medida do Ângulo β = 151 ATIVIDADE 3 – TUTORIAL DO MANUSEIO DO SOFTWARE GEOGEBRA O programa Geogebra é um software de Matemática dinâmica, gratuito, que permite construções geométricas, auxiliando no processo de ensino e aprendizagem de Matemática. Pode ser instalado em várias plataformas (Windons, Mac, Linux e outros). Também há a possibilidade de manuseá-lo diretamente online, quando conectado à internet. Clicando no ícone do programa Geogebra , ele abrirá e aparecerá a primeira tela representada pela figura 1. Observe as escritas em vermelho como barra de menu, barra de ícones, janela de álgebra, eixos ortogonais e barra de entrada. Figura 1 Na barra de ícones, há vários ícones e em cada um deles existe uma seta, que está na parte inferior direta, como mostra a figura 2. Figura 2 Quando você clicar nessa seta, vários outros ícones internos abrirão, conforme a figura 3. Na caixa diálogo, em cada ícone selecionado, aparecerá o comando a ser realizado na área de trabalho. 152 Figura 3 A visualização da tela pode ficar mais confortável para você. Para isso, selecione o ícone deslocar eixos ou ampliar (observe a figura 4) ou com o scroll do mouse (figura 5) ajuste a tela. Figura 4 Figura 5 153 ATIVIDADE 4 - CONSTRUÇÃO DE TRIÂNGULOS RETÂNGULOS COM O USO DO GEOGEBRA ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO Siga os passos abaixo: 1. Abra o programa; 2. Na barra de entrada (parte inferior esquerda da tela), entre com o ponto A, digitando o seguinte comando: A= (0,0). Agora, aperte a tecla enter e observe que aparecerá o ponto A sobre o eixo horizontal; 3. Da mesma forma que anteriormente descrito, entre com o ponto B= (10,0); 4. Agora entre com o ponto C= (10,3); 5. Selecione o ícone ponto médio 6. Repetindo a etapa anterior, encontre o ponto E, médio de BD; 7. Localize o ícone: segmento definido por dois pontos e encontre D, ponto médio de AB; , trace os segmentos AB, BC e AC. No final, você terá construído o triângulo ABC. 8. Localize o ícone: retas perpendiculares e trace duas perpendiculares ao segmento AB, sendo uma passando por D e outra por E; 9. Com a ferramenta: ponto de intersecção entre objetos , identifique o encontro entre a reta perpendicular que passa por E e o segmento AC, obtendo o ponto F; 10. Com a mesma ferramenta: ponto de intersecção entre objetos , identifique o encontro entre a reta perpendicular que passa por D e o segmento AC, obtendo o ponto G sobre AC; 11. Agora, selecione o ícone: medida de comprimento , e identifique as medidas de todos os lados dos triângulos ABC, AEF e ADG e a medida do ângulo Â. Observe que as medidas informadas pelo programa estão em centímetros; 12. Selecione a ferramenta: ângulo , e encontre a medida do ângulo BAC, clicando nos pontos B, A e C, na seguinte sequência: primeiro no B, depois no A e, por último, no C. Observe que aparecerá um ângulo α, com a medida em graus. Agora com a construção que você fez no Geogebra, complete a tabela abaixo corretamente. 154 Triângulo Triângulo ABC Triângulo AEF Triângulo ADG Medida do cateto menor Medida do cateto maior Medida da hipotenusa Seno A = Seno A = Seno A = Cosseno A = Cosseno A = Cosseno A = Tangente A = Tangente A = Tangente A = Medida do Ângulo A Medida do Ângulo A Medida do Ângulo A 155 ATIVIDADE 5 - ARCOS CÔNGRUOS e CICLO TRIGONOMÉTRICO CONSTRUINDO O SIGNIFICADO DE RADIANOS COM O USO DE RÉGUA E COMPASSO MATERIAIS Régua flexível, esquadros isósceles e escaleno, compasso, folha A3, lápis, transferidor e borracha. Para construirmos esse conceito, temos que entender, primeiramente, o que é linearizar o ciclo trigonométrico. Observe a figura 1 e perceba que o processo consiste em tornar a curva da circunferência uma reta. O zero (0) da reta real e a origem do ciclo coincidem e é necessário “rolar” o ciclo sobre a reta real. E assim faremos em nossa atividade seguinte, nos orientando pelos passos do roteiro de construção. Porém, como reflexão fica pergunta: Qual a necessidade de linearizar o ciclo trigonométrico? Figura 1 ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO Siga os passos abaixo: 1. Coloque a folha A3 na posição paisagem. Na parte superior esquerda, trace um sistema de eixos ortogonais, em que cada eixo terá aproximadamente 24 cm, e que a origem esteja 12 cm da duas bordas da folha; 2. Nomeie a origem do sistema cartesiano como ponto O; 3. Considerando o centímetro como unidade de medida, marque com a régua o ponto A de coordenada (10,0); 4. Trace com o compasso uma circunferência centrada em O, partindo de A, no sentido anti-horário. Chamaremos essa circunferência de círculo trigonométrico; 5. No sistema cartesiano, marque os pontos B (0,10), C (-10,0) e D (0,-10). Observe que teremos a circunferência dividida em quatro partes, chamados de quadrantes; 156 6. Assumindo como o sentido positivo dos arcos o anti-horário e como a origem do ciclo trigonométrico o ponto A, nomeie os quadrantes na sequência como 1º, 2º, 3º e 4º; 7. Com a medida do segmento OA, centre o compasso em A, gire-o no sentido anti-horário, encontrando o círculo trigonométrico no 1º quadrante. Marque somente esse encontro e nomeie-o como ponto E; 8. Sem alterar a abertura do compasso, repita o processo centrando-o em E e obtendo o ponto “F” no segundo quadrante; 9. Novamente, com a mesma abertura do compasso, repita o processo centrando-o em F e obtendo o ponto G que coincidirá com C; 10. Escolha um local abaixo do círculo trigonométrico que você construiu e trace uma reta horizontal - h. Em sua extremidade esquerda, marque um ponto e nomeio-o de Ah, como o ponto A da reta h; 11. Iniciaremos, então, agora, o processo de linearização do círculo trigonométrico. Posicione a régua flexível SOBRE o círculo, meça o comprimento do arco AE e transfira-o para a reta h, iniciando a medida a partir do ponto Ah e finalizando na reta, com o ponto Eh da reta; 12. Obtenha a medida do arco EF e transfira-o para a reta h, iniciando a transferência de medida a partir do ponto Eh e finalizando em Fh; 13. Obtenha a medida do arco FG e transfira-o para a reta h, iniciando a transferência de medida a partir do ponto Fh e finalizando em Gh; 14. Com a régua flexível, obtenha o comprimento do raio e transfira-o para o círculo trigonométrico. Essa transferência de medida será SOBRE o círculo, e iniciará pelo ponto A (origem do ciclo) e finalizará no ponto H, que estará no primeiro quadrante do círculo; 15. Repita a transferência da medida iniciando por H e obtendo o ponto I; 16. Repita a transferência da medida iniciando por I e obtendo o ponto J; 17. Num processo semelhante ao passo 11, posicione a régua flexível SOBRE o círculo, transferindo a medida do arco AH para a reta h, a partir do ponto Ah e marque o ponto Hh na reta; 18. Repita a transferência a partir de Hh, obtendo o ponto Ih na reta; 19. Repita a transferência a partir de Ih, obtendo o ponto Jh na reta. A partir dessas construções, investigue, pesquise e responda os questionamentos seguintes: 157 ITENS 1. Pesquise o que é um radiano? 2. Complete a tabela corretamente Arcos Medida em radianos AH AI AJ 3. Com o raio do círculo trigonométrico que você construiu, calcule o comprimento dos arcos em centímetros e sua medida em radianos. Arcos Comprimento dos arcos Medida em radianos AB AC AA 4. Utilizando o transferidor, complete a tabela com as medidas dos arcos pedidos: Arcos AE AB AF AC AD 5. Medida em Graus Medida em radianos Complete a tabela abaixo. Na coluna central, complete entre quais pontos do ciclo está cada medida de arco em radiano e na coluna da direita, informe a equivalência da medida do arco em graus, mostrando as etapas do cálculo. Observe o exemplo: Arco em Radiano Entre quais pontos do ciclo trigonométrico está o arco? Medida em Graus a partir de A 0,5 AeH 28,66o 1,3 1,6 2,5 4,2 5,2 6. Marque os locais da reta h, onde temos os primeiros quatro valores de radianos da tabela do item E. 7. Agora responda: Qual a finalidade de linearizarmos o ciclo? 158 ATIVIDADE 6 – USANDO E GEOGEBRA PARA CONSOLIDAR O CONCEITO DE RADIANO ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO Siga os passos abaixo: 1. Abra o programa; 2. Na barra de entrada, entre com o ponto O= (0,0); 3. Entre com o ponto A= (1,0); 4. Selecione a ferramenta: compasso , e trace uma circunferência centrada em O, com o raio sendo do segmento AO; 5. No ícone: intersecção entre dois objetos , marque a circunferência e o eixo das ordenadas (vertical) obtendo os pontos B na parte positiva do eixo e C na parte negativa. Caso seja necessário, renomeie os pontos, clicando sobre eles com o botão direito do mouse e selecionando a opção renomear; 6. Com o mesmo ícone: intersecção entre dois objetos , encontre o ponto D, intersecção entre a parte negativa do eixo das ordenadas e a circunferência (encontro da circunferência com o eixo das abscissas); 7. Caso apareça um ponto não mencionado na barra de ferramentas, selecione: exibir e janela de álgebra. Nessa janela de álgebra, clique o círculo azul do ponto indesejado, então ele apagará da tela; 8. Usando novamente a ferramenta: compasso, trace outra circunferência de raio AO centrada em A; 9. Marque a intersecção entre essa circunferência e a primeira traçada, obtendo o ponto E no primeiro quadrante; 10. Clique com o botão direito do mouse, sobre essa última circunferência traçada, clique em propriedades e mude sua cor, para cinza claro. Assim, teremos uma construção com visual mais limpo e visualização menos carregada; 11. Apague da tela o ponto do quarto quadrante, que surgiu dessa última intersecção e o círculo trigonométrico; 12. Usando novamente a ferramenta: compasso, trace outra circunferência de raio AO centrada em E; 13. Marque a intersecção entre essa circunferência e a primeira traçada obtendo o ponto F, no segundo quadrante; 14. Altere a cor da circunferência que passa no ponto F, repetindo o passo 10; 15. Usando novamente a ferramenta: compasso, trace outra circunferência de raio AO centrada em F; 159 16. Marque a intersecção entre essa circunferência e a primeira traçada obtendo o ponto G, que coincidirá com o ponto C do eixo das abscissas; 17. Altere a cor da circunferência que passa no ponto G, repetindo o passo 10; 18. Com a ferramenta: polígono , trace o polígono OAE; 19. Com a ferramenta: polígono , trace o polígono OEF; 20. Com a ferramenta: polígono , trace o polígono OFG; 21. Utilizando a ferramenta: medida do ângulo , clique sequencialmente nos pontos A, O e E, obtendo a medida o ângulo agudo AOE referido anteriormente; 22. Repita o processo do passo 20, obtendo a medida dos ângulos internos dos três triângulos de vértice em O. Esteja atento na sequência de cliques sobre os pontos, para obter o ângulo correto (o segundo clique, deverá ser no vértice do ângulo). 23. Você poderá alternar a medida do ângulo entre graus e radianos, abrindo a janela OPÇÕES; avançado e unidade de medida de ângulo, escolhendo a unidade desejada. Agora, responda os itens. ITENS 1. Qual o raio do círculo trigonométrico que você construiu? 2. Qual o comprimento desse círculo trigonométrico linearizado? 3. Qual o comprimento do arco AC? 4. Qual a medida, em radianos, do ângulo α, β e γ? 5. Observando a figura 1 e sua construção, complete a tabela abaixo corretamente. Na coluna do centro, informe o valor do arco com extremidade no ponto e com uma casa decimal, em radianos. Como a extremidade do arco se encontrará em algum local da reta, na coluna da direita, escreva os extremos do intervalo numérico, com uma casa decimal, onde se encontrará cada ponto do referido arco, quando linearizarmos o círculo trigonométrico sobre o eixo das abscissas, coincidindo as origens. Siga o exemplo: 160 Pontos Valor do arco em radiano, a partir da origem do ciclo, e em seu sentido positivo. Intervalo numérico, de extremidades com intervalo máximo de 0,1 u.m. A (origem do ciclo) 0 0 – 0,1 E 1,05 1,0 – 1,1 B F G C D A (volta inteira) 6. Escolha um ponto qualquer do círculo trigonométrico. Em seguida, informe o arco côngruo para o número de voltas pedido e a medida do arco. Por fim, escreva uma generalização para os arcos côngruos do ângulo escolhido. Ponto do ciclo Número de voltas Expressão dos arcos côngruos Medida do arco (a partir da origem do ciclo e no sentido positivo) Medida do arco 0 1 2 “n” Socialize com o grupo da sala seus resultados e veja como se generaliza uma expressão geral dos arcos. 161 ATIVIDADE 7 - REDUÇÃO AO PRIMEIRO QUADRANTE COM O USO DE RÉGUA E COMPASSO MATERIAIS Régua flexível, transferidor, esquadros isósceles e escaleno, compasso, folha A3, lápis e borracha. ATENÇÃO - O retângulo inscrito no círculo a ser construído será mais preciso de acordo como seu rigor nos traçados. Portanto, observe bem as fotos e siga os passos do tutorial ao traçar as retas paralelas solicitadas. TUTORIAL DO TRAÇADO DE RETAS PARALELAS Alinhe o lado numerado do esquadro escaleno maior lado do esquadro isósceles com a reta que deseja traçar a paralela. Apoie o no lado esquerdo do esquadro escaleno, permitindo o deslocamento vertical e, assim, o traçado de qualquer paralela, conforme as figuras. Firme o esquadro isósceles e deslize o escaleno para a posição de interesse e trace a paralela. Observe as imagens para facilitar o manuseio dos instrumentos. Figura 1 Figura 2 Figura 3 162 ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO Siga os passos abaixo: 1. Coloque a folha A3 na posição paisagem. Na parte superior esquerda, trace um sistema de eixos ortogonais, onde a origem esteja a 12 cm das duas bordas (vertical e horizontal) e cada eixo com aproximadamente 24 cm; 2. Nomeie a origem do sistema cartesiano como ponto O; 3. Considerando o DECÍMETRO como unidade de medida, marque com a régua o ponto A de coordenada (1,0); 4. Trace com o compasso, o círculo trigonométrico centrado em O e origem em A, no sentido antihorário; 5. No sistema cartesiano, marque os pontos B (0,1), C (-1,0) e D (0,-1). Observe que teremos a circunferência dividida em quatro partes, chamados de quadrantes; 6. Assumindo como o sentido positivo dos arcos o anti-horário, e a origem do ciclo trigonométrico o ponto A, nomeie os quadrantes na sequência como 1º, 2º, 3º e 4º; 7. Com o transferidor, marque o ponto E sobre o círculo trigonométrico com abertura de 30º em relação a origem A, no sentido positivo; 8. Utilizando os esquadros, trace uma reta paralela ao eixo das ABSCISSAS partindo do ponto E, chegando ao ciclo no 2º quadrante, no ponto F (observe o tutorial no início desta atividade); 9. Nomeie o cruzamento do segmento EF com o eixo das ordenadas como ponto M; 10. Com um processo semelhante à etapa 8, trace o segmento FG, paralelo ao eixo das ORDENADAS partindo de F e tocando o círculo trigonométrico em G, no 3º quadrante; 11. Nomeie o cruzamento do segmento FG com o eixo das abscissas como ponto N; 12. Com um processo semelhante à etapa 8, trace uma reta paralela ao eixo das abscissas partindo do ponto G, chegando no ciclo no ponto H, no 4º quadrante; 13. Nomeie o cruzamento do segmento GH com o eixo das ordenadas como ponto R; 14. Com um processo semelhante à etapa 10, trace o segmento HE, paralelo ao eixo das ordenadas partindo de H e tocando o círculo trigonométrico em E, no 1º quadrante; 15. Nomeie o cruzamento do segmento HE com o eixo das abscissas como ponto S. OBSERVAÇÃO – Se os procedimentos e traços foram precisos, ao traçar o segmento EG e FH eles passaram pelo ponto O. 163 ITENS 1. Em sua construção há 8 triângulos retângulos, onde as hipotenusas estão sobre os segmentos EG e FH. Encontre os ângulos internos (em graus) de todos os triângulos retângulos, marque os valores em sua construção e justifique seus cálculos. 2. Em sua construção, com a origem do ciclo trigonométrico no ponto A e o sentido positivo dos arcos o anti-horário, complete a tabela corretamente: Arcos Medida em Graus Medida em radianos AE AB AF AC AG AS AH AA 3. O ângulo AÔE tem a mesma medida de abertura que o arco AE? Por quê? Isso se repete para EOM e a abertura do arco EB? Explique. 4. Em sua construção, com a origem do ciclo trigonométrico no ponto A e o sentido positivo dos arcos, complete a tabela corretamente: Arcos 5. Medida em graus Arcos AOE EOB AOB BOC BOF FOC AOF FOC AOC COG AOH HOA Medida do em graus Soma da medida dos dois ângulos Generalize uma expressão de redução ao primeiro quadrante, para cada parte do círculo trigonométrico: 2º Quadrante 3º Quadrante 4º Quadrante - 164 ATIVIDADE 8 - CONSTRUINDO O CICLO TRIGONOMÉTRICO COM O USO DO GEOGEBRA E GENERALIZANDO A REUÇÃO AO PRIMEIRO QUADRANTE ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO Siga os passos abaixo: 1. Abra o programa Geogebra; 2. No campo exibir, habilite a janela de álgebra, caso essa já esteja sendo visualizada; 3. Entre com os pontos O= (0,0) e A= (1,0) na barra de comando; 4. Aproxime a tela girando o scroll do mouse; 5. Habilite o ícone: mover e centralize os eixos, visualizando-os confortavelmente no centro da tela. Se precisar de novos ajustes, proceda da mesma maneira; 6. Com a ferramenta: compasso centralize-a em O; 7. Com o ícone: ponto se for necessário; 8. Selecione o ícone: segmento entre dois pontos 9. Selecionando a ferramenta: ângulo , clique no ponto O, abra a circunferência até o ponto A e , crie B, clicando sobre o primeiro quadrante da circunferência. Renomei-o e trace o segmento BO; , clique nos pontos A, O e B nessa sequência. Caso a janela de álgebra não esteja aparecendo o ângulo α, habilite-a na barra de ferramentas no campo: exibir; 10. Com a ferramenta: girar em torno de um ponto , clique em O e, depois, arraste B, girando o segmento BO sobre a circunferência, dentro do primeiro quadrante; 11. Com a ferramenta: arco circular , clique em O e, depois, nos pontos A e B; 165 12. Clique com o botão direito do mouse sobre o arco AB, selecione propriedade e, depois, altere a cor para outra de sua preferência; 13. Utilizando o ícone: reflexão com relação a uma reta , clique em B e, logo em seguida, no eixo das ordenadas, obtendo ponto B’ no segundo quadrante; 14. Renomeie B’ como C, clicando com o lado direito do mouse sobre ele e selecionando renomear; 15. Utilizando o ícone: reflexão com relação a uma reta , clique em C e, logo em seguida, no eixo das abscissas, obtendo ponto C’ no terceiro quadrante; 16. Renomeie C’ para D; 17. Reflita D, em relação ao eixo das ordenadas, obtenha D’ no quarto quadrante e renomeie para E. 18. Trace os segmentos BC, CD, DE e EB; 19. Com a ferramenta: intersecção entre objetos , obtenha essa intersecção entre o segmento BC e o eixo das ordenadas, nomeando esse ponto como J. 20. Repita o processo do passo 18, criando o ponto N para o cruzamento do segmento EB com o eixo das abscissas e renomei-o. 21. Crie o segmento ON com a ferramenta: segmento de reta , e nas propriedades altere sua cor, dando um destaque para o segmento; 22. Crie o segmento OJ com a ferramenta: segmento de reta , e nas propriedades altere sua cor, dando um destaque para o segmento; 23. Com a ferramenta: girar em torno de um ponto , clicando no ícone, depois no ponto O e arrastando B, movimente o conjunto construído. Observe a janela de álgebra para as solicitações das atividades seguintes. ITENS 1. Em sua construção, após rotacionar o ponto B, observe e generalize as expressões de redução ao primeiro quadrante. Quadrantes Segundo Terceiro Quarto Expressão 166 2. Em sua construção, tomemos como origem do ciclo trigonométrico o ponto A e o sentido positivo. Movimente o segmento BO e, observando a janela da álgebra, escolha vários ângulos, completando a tabela corretamente, a partir do exemplo: Ângulo α 10º 3. No segundo quadrante 170º CORRESPONDENTE No terceiro quadrante 190º No quarto quadrante 350º Rotacione o segmento BO, escolha três ângulos para cada quadrante, e complete a tabela corretamente, observando janela de álgebra de sua construção. Como auxilio, siga o exemplo: Quadrante Ângulo α 1º Valor da Comprimento do Valor da Comprimento do abscissa de B segmento ON ordenada de B segmento OJ 10º 2º 3º 4º 4. Reposicione o ponto B no primeiro quadrante para montar a tabela abaixo. Informe a fórmula de cálculo e segmento representativo em cada situação pedida. Fórmula de cálculo Seno de α Cosseno de α Expressão matemática Segmento representativo 167 ATIVIDADE 9 - CONSTRUINDO O GRÁFICO DA FUNÇÃO SENO E COSSENO MATERIAIS Régua flexível, esquadros isósceles e escaleno, transferidor, compasso, folha A3, lápis, lápis de cor e borracha. ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO 1. Na folha entregue pelo professor com o círculo trigonométrico e eixos já impressos, marque dois pontos no primeiro e outros dois no segundo quadrante. Nomeie esses pontos como E, F, G e H, onde o primeiro é o E, o segundo é o F e assim sucessivamente; 2. Reflita ortogonalmente ao eixo das abscissas esses pontos para o terceiro e quarto quadrantes seguindo a ordem: Ponto E gera o ponto L, Ponto F gera o ponto K, G gera J e H gera I; 3. Nomeie o cruzamento dos segmentos com a reta numerada da seguinte maneira: EL - M, FK – N; GJ – P e IH – Q; 4. Utilizando a mesma régua flexível, inicie a linearização do ciclo, transferindo o comprimento do arco AE (sobre a circunferência), para o eixo horizontal, onde o início dessa transferência será o ponto A (origem dos eixos ortogonais) e o final o ponto E’; 5. Continue a linearização transferindo o arco EF para o eixo, obtendo o ponto F’ e dando sequência até chegar em A’, quando lineariza-se completamente o círculo; 6. Meça o comprimento do segmento ME, e transfira essa medida vertical sobre o ponto E’; Prossiga da seguinte forma: NF sobre F’; OB sobre B’; PG sobre G’; QH sobre H’, QI sobre I’; PJ sobre J’; OD sobre D’; NK sobre K’, ML sobre L’; 7. Partindo do ponto A, una as extremidades dos segmentos obtendo uma curva chamada senoide; 8. No mesmo sistema de eixos ortogonais e ciclo, transfira o segmento OA, para o eixo vertical sobre A; 9. Repita o passo 8 para OM, porém, transferindo-o verticalmente sobre o ponto E’. Prossiga da seguinte forma: ON sobre F’; OP sobre G’; OQ sobre H’; OC sobre C’, OQ sobre I’; OP sobre J’; OD sobre D’; ON sobre K’, OM sobre L’ e OA sobre A’; 10. Partindo da extremidade do segmento OM marcada sobre o eixo vertical em A, una as extremidades dos segmentos obtendo uma curva chamada cossenoide. Agora responda as questões a seguir: 168 ITENS 1. No ciclo que você recebeu há dois eixos, um vertical e outro horizontal. Qual deles REPRESENTA o eixo dos senos? Qual deles REPRESENTA o eixo dos cossenos? Explique. 2. Sobre a senoide, qual o máximo e mínimo valor que o seno admite , indicando os pontos (abscissas) onde isso acontece? Agora qual o máximo e mínimo valor do cosseno, indicando o ponto onde isso acontece? SENOIDE Valor MÁXIMO Ponto(s) do EIXO Ponto(s) do onde o gráfico CICLO linearizado atinge o valor máximo (no eixo horizontal) Abertura do ARCO em GRAU (a partir da origem) SENOIDE Valor MÍNIMO Ponto(s) do EIXO onde o gráfico atinge o valor mínimo Ponto(s) do CICLO linearizado Abertura do ARCO em GRAU (no eixo horizontal) (a partir da origem) 169 COSSENOIDE Valor MÁXIMO Ponto(s) do EIXO onde o gráfico atinge o valor máximo Ponto(s) do CICLO linearizado Abertura do ARCO em GRAU (no eixo horizontal) (a partir da origem) COSSENOIDE Valor MÍNIMO 3. Ponto(s) do EIXO onde o gráfico atinge o valor máximo Ponto(s) do CICLO linearizado Abertura do ARCO em GRAU (no eixo horizontal) (a partir da origem) Complete a tabela com os pontos onde a curva senoide e cosssenoide CRUZAM O EIXO DA ABSCISSA. Logo em seguida, informe o grau de abertura do ângulo que esse ponto faz a partir da origem do ciclo. SENÓIDE Ponto 4. Arco COSSENÓIDE Ponto Arco Observando sua construção, a origem do ciclo trigonométrico no ponto A, e o ciclo positivo do arco, complete a tabela corretamente colocando se o seno e cosseno são POSITIVOS, NEGATIVOS OU NULOS. Arcos AA AE AF AB AG Quadrante seno cosseno 170 Arcos Quadrante seno cosseno AH AC AI AJ AD AK AL AA Generalizando o comportamento do sinal das funções seno e cosseno a partir do gráfico que você construiu: QUADRANTE SENO COSSENO I II III IV 5. Observando o ciclo trigonométrico e os gráficos que você construiu, complete o quadro corretamente: SENO Quadrante I II III IV Sinal Crescente/Decrescente COSSENO Sinal Crescente/Decrescente. 171 ATIVIDADE 10 - CONSTRUINDO O GRÁFICO DA FUNÇÃO TANGENTE NO GEOGEBRA ROTEIRO DE CONSTRUÇÃO 1. Abra o programa Geogebra; 2. No ícone: ARQUIVO, abra o ATIV. 10 - tangente; 3. Com a ferramenta: girar em torno de um ponto 4. Gire o ponto B sobre a circunferência até obter α próximo de 90º; 5. Se o ponto T não estiver traçando o rastro, habilite, clicando com o botão direito do mouse no ponto T e clique em exibir rastro; 6. Gire o ponto B sobre a circunferência para qualquer valor de α. Observe o gráfico gerado para realizar as atividades propostas a seguir: , clique em O e depois no ponto B; ITENS 1. Posicione o ponto B no primeiro quadrante. Observando a figura gerada, qual razão entre segmentos do triângulo OAC que representa a tangente de α? 2. Monte essa razão e mostre qual o segmento que equivale a tangente de α? Explique seu raciocínio. 3. Para o ângulo α no PRIMEIRO quadrante, qual é o menor e maior valor da tangente? 4. Para o ângulo α no SEGUNDO quadrante, qual é o menor e maior valor da tangente? 5. Para o ângulo α no TERCEIRO quadrante, qual é o menor e maior valor da tangente? 6. Para o ângulo α no QUARTO quadrante, qual é o menor e maior valor da tangente? 7. Complete a tabela com os pontos do círculo trigonométrico, onde a curva tangentoide cruza o eixo da abscissa. Logo em seguida, informe o grau de abertura do ângulo α. PONTO GRAUS RAD 172 8. Observando sua construção com a origem do ciclo trigonométrico no ponto A e sentido positivo do arco, complete a tabela corretamente. SINAL COMPORTAMENTO QUADRANTE POSITIVO/NEGATIVO CRESCENTE/DECRESCENTE I II III IV 9. Quando a medida do arco AB se aproxima muito da medida do arco AD e AF, o que acontece com a reta w? 10. Quais os valores das tangentes dos ângulos de 90º e 270º? 11. Para quais ângulos a tangente vale zero? 173 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ZABALA, Antoni. Como trabalhar os conteúdos procedimentais em aula. Trad. Ernani F. da Rosa. Porto Alegre: Artmed, 1999.