Pré-história, Antiguidade e Grécia Antiga

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Pré-história, Antiguidade e Grécia Antiga
Texto escrito em junho de 2006.
Pré-História: Paleolítico foi marcado vida nômade, domínio do fogo, economia predadora. Mesolítico foi
um período de transição. Já no Neolítico ocorre um desenvolvimento agrário, da cerâmica, aparece a produção
de utensílios de pedra polida, inicia-se o processo de sedentarização (que teve conseqüências como maior
complexidade cultural facilitando a transmissão de experiências mas também possibilitou a divisão social do
trabalho e deu aos homens mais tempo para pensar, desenvolvendo por exemplo artes e conhecimentos),
ocorre a consolidação de instituições como a família, o estado desenvolve-se (sociedade organizada dentro de
um território, dotada de soberania, monopólio da violência, este último um conceito de Max Weber).
A revolução do neolítico (comparável com a revolução industrial e a revolução francesa) foi dada por volta
de 10.000 a. C. na região do Oriente Médio, mais especificamente numa região chamada Crescente Fértil (que
engloba o rio Eufrates, o Tigre, e o Jordão e que pode também ser somada ao Egito, apesar deste não fazer
parte desta região). Milhares de anos após esta revolução inicial surgiram às cidades (desenvolvimento da
metalurgia, técnicas de construção, calendários, escrita), os primeiros documentos escritos são de 3200 a. C
(Hieróglifos egípcios).
História: Os marcos do início da história humana são basicamente dois (Um marco profundamente
tradicional, como se não houvesse história antes da escrita, o conceito de pré-história igualmente é
profundamente tradicional): a utilização de metais (inicialmente cobre e bronze depois o ferro) e o
aparecimento da escrita.
Periodização comum das épocas históricas: 3200 a.C – 476 d. C – antiguidade; 476-1453 (tomada de
Constantinopla e fim da guerra dos cem anos) – Idade Média, 1453-1789 – Época Moderna; 1789 – atualidade
– Época contemporânea.
Antiguidade: Periodização central da Antiguidade – Antiguidade Oriental e Clássica. Um dos traços mais
interessantes da antiguidade está em sua imensa diversidade de povos. A primeira centra-se nos egípcios,
Mesopotâmia, persas, hebreus e fenícios. A Clássica foca-se nos gregos e romanos.
Primeiras civilizações: Surgiram sempre perto da água (Sejam rios no oriente ou mares no ocidente. Isto
mostra não apenas a enorme dependência da água para a agricultura e mais do que isso a importância da
agricultura para a sobrevivência do homem neste período e mesmo nos períodos subseqüentes. Mas além
disso este elemento geográfico que pode ser um mar ou rio facilita principalmente a locomoção e transporte
facilitando as comunicações e capacitando um maior desenvolvimento cultural). Estas civilizações foram
marcadas por governos teocráticos em que não há clara distinção entre poder divino e temporal. Foram
civilizações de regadio baseadas materialmente em rios, as populações trabalhavam em regimes compulsórios,
havia o controle estatal sobre as terras.
Egito: A expedição de Napoleão em 1809 teve uma grande importância para o entendimento do Egito Antigo
(em 1822 foram decifrados os hieróglifos, que permaneceram obscuros por centenas de anos). Os egípcios
valorizavam o culto aos mortos, explicado a partir da arte de mumificar e a construção de enormes
monumentos como as pirâmides, que não passam de sepulturas gigantescas (o enterro de mortos é uma prática
histórica de grande importância arqueológica, já que quando alguém é sepultado todos seus pertences também
o são. Os vestígios mais antigos desta prática são de 60 mil anos). Foram 30 dinastias e cerca de 190
monarcas. No período de entressafra os camponeses eram empregados na construção dos mais variados tipos,
de templos a pirâmides (O termo camponês é genérico e serve para definir uma infinidade de coisas distintas.
Provavelmente um camponês da China era muito diferente de um camponês indiano ou asteca. Seria
interessante fazer uma distinção dos camponeses ao longo da história, além de definir sua essência). Pesca e
pecuária eram atividades secundárias. O faraó era considerado um intermediário entre deuses e os homens em
todo período de existência do Egito antigo. Egípcios tiveram uma medicina muito desenvolvida para seu
tempo. A construção das pirâmides supunha conhecimentos precisos de geografia, física e matemática, houve
um importante desenvolvimento intelectual. A religião egípcia era politeísta, centrada no culto a animais ou
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figuras que misturavam humanos e animais, como Anúbis cuja cabeça era de um chacal; Um dos pontos
centrais desta religião era a preservação do corpo (daí a importância da mumificação) para que a alma pudesse
sobreviver no pós-vida.
Mesopotâmia: O termo significa entre rios em grego, ou seja nunca existiu um estado único mesopotâmico
assim como não existiu uma Grécia unificada, estamos falando de uma área geográfica (Interessante notar esta
característica das populações da antiguidade cuja definição cultural era dada principalmente não por um
grande estado fixo, muito menos uma nação, mas sim por unidades políticos administrativas menores ou mais
instáveis, como uma série de impérios que duraram pouco tempo como o macedônico ou os impérios
babilônicos). Havia a alta mesopotâmia mais árida e a baixa, que formava uma grande planície irrigável.
Primeiras civilizações agrícolas nasceram nesta área, menos isolada do que o Egito, ainda que fosse cercada
por desertos. A revolução neolítica deu-se entre oito a sete mil anos antes de Cristo nesta região. Abaixo
seguem alguns povos que viveram nesta área: Sumérios chegaram por volta de 3000 a região, formam a base
cultural de todas as populações seguintes. Os acadianos eram semitas (povos oriundos da Ásia ocidental como
árabes ou assírios) que se estabeleceram no mesmo período que os sumérios ao norte da Babilônia e os
dominaram. O primeiro império babilônico nasceu por volta de 1900 a. C., neste império que viveu Hamurabi,
que fez um famoso código jurídico que regulamentou direito a propriedade, heranças, salários e posses de
escravos, com forte influência dos sumérios. Assíros eram vassalos dos sumérios e chegaram a constituir um
império; criaram um exército poderoso, violento e extremamente ágil; como se se baseavam em conquistas
formaram um império frágil e instável, o apogeu deste império se deu no reinado de Assurbanipal de 668 a
626 a. C; nasceram da alta Mesopotâmia. O império Caldeu ou Neobabilônico surgiu dos escombros do
império assírio, foi neste império que reinou Nabucodonosor. A base cultural de todo os povos
mesopotâmicos são os sumérios, a escrita cuneiforme, a religião, o sistema jurídico, as práticas científicas e
comerciais são heranças suméricas. Os povos babilônicos lograram um grande saber em astrologia e
anatomia. Havia maior espaço para a atividade particular do que no Egito, em que as terras eram todas
controladas pelo estado.
Persas: São descendentes de povos indo-europeus ou arianos. Em 549 a. C. ocorre a unificação persa
mediante a ação de um chefe de clã chamado Ciro, que forma um império conquistando todo o Antigo
Oriente. O império persa de Ciro respeitava as culturas dos povos que conquistava, sendo considerado por
muitos como um libertador. Por volta de 499 a. C ocorrem as guerras médicas, quando cidades estados gregas
da Jônia rebelam-se contra seus dominadores persas. A administração persa conciliava unidade e
descentralização, a unidade de governo eram as satrapias, que por sua vez eram governados por sátrapas,
espécie de província que respondia ao governo central. Havia uma padronização do uso de moedas. Os povos
submetidos possuíam um certo grau de autonomia. A religião politeísta persa baseava-se numa luta constante
entre bem e mal.
Hebreus: Povo monoteísta (passaram do politeísmo para o monoteísmo na viagem de Ur em direção a Síria,
guiados pelos patriarcas: Abraão, Isac e Jacó) cuja história confunde-se com seus mitos e crenças religiosas,
esta característica os afasta das crenças de outros povos do mesmo período. A ação de muitos povos como os
assírios e os babilônicos de Nabucodonosor fez com que se iniciasse a chamada diáspora, que dispersou
etnicamente e politicamente este povo, que passou a ser unido principalmente pela identidade religiosa,
perdendo a unidade hebraica e assumindo a unidade judaica. Os persas permitiram o retorno dos hebreus à
Palestina. Em 322 a. C a região da Palestina foi dominada por Alexandre e depois passou para a mão dos
romanos, que esmagariam a rebelião judaica de 70 d. C. A grande contribuição dos hebreus é o Antigo
Testamento escrito a partir de tradições orais, começou a ser escrito em 1200 a. C., documento que
influenciou toda a cultura ocidental, de forma similar por exemplo aos poemas homéricos. Deu origem ao
cristianismo, que inicialmente era uma dissidência do judaísmo.
Fenícios: Nunca formaram um reino centralizado, mas eram baseados em cidades estados. Estavam
localizados entre o Egito e a Mesopotâmia. Possuíam entrepostos comerciais em todo o mediterrâneo, ficaram
conhecidos pela habilidade na navegação e comércio. Não formavam colônias como os gregos, mas
entrepostos comerciais. Eram politeístas, Afrodite por exemplo foi uma adaptação de uma deusa fenícia.
Criaram o alfabeto com vinte e dois caracteres, diferente das escritas egípcias ou mesopotâmicas com
centenas de caracteres. Sua mais importante colônia foi Cartago, que mais tarde iria ser esmagada pelos
romanos.
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Grécia: As colônias gregas eram fundadas em pontos estratégicos como bases de operação militar e/ou
comercial ou por motivos migratórios. A formação do povo grego foi dada a partir de aqueus, jônios, eólios e
dóricos. O intervalo entre 1200 e 800 é considerado o período homérico, que relata episódios famosos como a
guerra de Tróia e as viagens de Ulisses. É chamada também de idade das trevas.
Cidades estados: Nunca houve um estado grego unificado, mas sim um grande número de cidades estados
independentes. Esta foi a principal unidade político-administrativa da Grécia antiga, que resultava da
congregação de diversas famílias. A acrópole, cidade fortificada instalava-se em pontos altos que facilitavam
ataque e defesa, fruto da sedentarização dos gregos. Existiam formas de organização oligárquicas, despóticas
e democráticas (este último vigorou na Atenas clássica).
Esparta: Situava-se na península do Peloponeso, numa região chamada Lacônia. Baseava-se em instituições
de caráter militar e aristocrático. A população aristocrática era educada pensando-se unicamente na guerra, os
cidadãos desde muito cedo eram treinados buscando o aperfeiçoamento físico e conseqüentemente militar. A
estratificação social básica de Esparta era fundada em três estratos: Espartanos, periecos e ilotas. Os
espartanos deviam trabalhar pensando na manutenção do estado, possuíam as melhores herdades, eram
obrigados a servir militarmente durante toda a vida. Periecos dedicavam-se a atividades comerciais, foram
subjugados pelos dóricos que formariam mais tarde Esparta, não possuíam cidadania. Os ilotas eram servos
que cultivavam as terras dos espartanos, podiam sob certas circunstâncias ganhar liberdade, não eram
protegidos pelas leis espartanas. O governo baseava-se na diarquia (dois reis) que era hereditária, os reis
concentravam poderes religiosos, militar e judiciários. Éforos (cinco membros) realizavam a fiscalização geral
sobre a cidade, eleitos durante um ano. A gerúsia (Senado ou conselho de anciãos) era composta por anciões
com mais de sessenta anos e opinava sobre diversas questões, era presidida pelos dois reis. Havia um último
órgão administrativo a Apelá, que era uma assembléia popular composta por cidadãos com mais de trinta
anos, mantinha basicamente um poder consultivo.
Atenas: Diferente da intensa atividade militar de Esparta, Atenas possuía uma intensa atividade mercantil. No
topo da escala social de Atenas estavam os Eupátridas que compunham a aristocracia. Havia os metecos que
se dedicavam a atividades artesanais e mercantis; eram estrangeiros, sem direito a cidadania. Na base da
sociedade estavam os escravos, como em outras partes da Grécia e também em toda a antiguidade, seja ela
oriental ou ocidental. Demiurgos eram trabalhadores comuns, que na Grécia arcaica constituíam de artesões
livres, que realizavam tarefas manuais ou intelectuais.
Atenas estava localizada na Ática, sul da Grécia continental, que primordialmente era governada por um rei
(Basileu) que acumulava funções civis, militares e religiosas. Mais tarde este poder foi repassado para a
aristocracia (baseada numa série de instituições como os arcontes). Houve revoltas populares em razão de tais
governos aristocráticos.
A Educação ateniense era muito diferenciada da educação espartana, os alunos aprendiam muitas coisas
além de atividades guerreiras, havendo uma preocupação intelectual muito mais intensa. Havia aulas de
música, estudos de geometrias, desenho. Os filhos das famílias mais ricas podiam permanecer estudando
eloqüência ou política, ou assistindo palestras de filósofos.
As reformas de Dracon (há dúvidas se tal personagem é verdadeiros ou não passa de simples mito) serviram
para a criação de leis escritas (626 a. C), que até então eram orais. Os cidadãos passaram a ser classificados de
acordo com suas rendas, critério que passou a servir como critério para uma redistribuição dos cargos em
Atenas. Sólon criou o Conselho dos 400 (Bulé) cuja função era preparar a Assembléia popular, a Heliléia.
Inicialmente o critério de classificação mudou de ser espécie para o dinheiro.
A tirania de Psítrato foi uma espécie de transição entre aristocracia e democracia. Este nobre foi o mais
notável de todos os tiranos, reinando entre 560-529. Procurou beneficiar estratos sociais desfavorecidos,
confiscando terras da nobreza. Muitas de suas medidas foram posteriormente incorporadas nas instituições
democráticas.
Clístenes é considerado o pai da democracia, completando a obra de Sólon. Sua reforma baseava-se na
Demo, uma circunscrição territorial, onde todos os atenienses eram inscritos de acordo com seu domicílio. O
número de membros do Conselho foi ampliado de 400 para 500. O comando do exército foi dado a
comandantes eleitos pelo povo. As guerras greco-pérsicas consolidaram a democracia na Grécia. Péricles
completou a transição democrática, ao introduzir o pagamento de salários para o exercício de funções
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públicas. De 476 a 444 lutou contra os aristocratas. A obra destes reformadores foi responsáveis pela
consolidação da democracia em Atenas, num processo lento. Parece haver, de forma similar a situação
roamana, uma tensão entre aristocracia e democracia.
A democracia era baseada na igualdade dos cidadãos perante a lei, direito de receber honras por méritos
pessoais e não por hereditariedade (diferente da oligarquia espartana), direito de apelar para tribunais e
assembléias, o direito de votar e participar do governo. Mas alguns poucos eram cidadãos, libertos, escravos,
mulheres, estrangeiros, metecos nunca foram considerados cidadãos. Era uma democracia direta, em que a
população reunida decide questões de grande importância, diferente da democracia representativa.
Período de guerras: As guerras médicas (490-479) resultaram da tributação persa do rei Dario sobre as
colônias gregas na Jônia, que se revoltaram e terminou com a vitória dos gregos sob os persas. Uma das
batalhas mais famosas desta guerra é a Batalha das Termópilas (490 a.C), em que trezentos guerreiros
espartanos são derrotados pelos persas e logo depois a Ática é invadida e Atenas incendiada.
As guerras do Peloponeso (431-404) aconteceram por razão da tentativa de Atenas de formar uma liga
marítima chamada Confederação de Delos, em contrapartida Esparta se vê ameaçada e cria a liga do
Peloponeso, que resultou numa longa guerra em que Atenas perdeu, sendo subjugada por um governo
aristocrático. Inicia-se a hegemonia espartana, que passa a exerce grande influência sobre as demais cidades
estados gregas. Persas voltam a interferir na Grécia. De 378-360, ocorre uma curta hegemonia tebana, em que
Atenas buscou recuperar seu grande poder aliando-se a Tebas. Todo este período de guerras, enfraqueceu
profundamente as cidades estados gregos, que não conseguiram juntar forças suficientes para conter a
expansão macedônica. A união inicial de Atenas para conter os persas a longo prazo acabou enfraquecendo as
cidades estados gregas, que perderam seu esplendor no desenrolar de todas estas guerras, conflitos e jogos de
aliança. Este é um belo exemplo de como toda a Hélade, apesar de manter uma série de características comuns
nunca manteve qualquer tipo de unidade política, a não ser quando centrada em certas cidades e suas
respectivas zonas de influência.
Império de Alexandre: A batalha de Queronéia (338 a. C) foi um ponto de virada do domínio macedônico,
que aproveitando a fraqueza das cidades estados. Nesta batalha o exército de Filipe II derrotou a aliança entre
Tebas e Atenas, a primeira foi tomada e destruída e foi nomeado general contra a ameaça persa. Seu sucessor,
Alexandre, após consolidar seu poderio na Grécia volta-se para o império persa e a mesopotâmia, mais tarde
domina o Egito e cidades fenícias, fundando Alexandria. Com a morte prematura de Alexandre em 323, há
um imenso desmembramento do império de Alexandre, com uma luta dos generais pelo poder. Roma iria
surgir do império macedônico. Um dos traços marcantes da atuação de Alexandre está em sua atitude de
buscar conhecer os valores dos povos que conquistou, mesclando tais costumes com valores da cultura grega.
Esta característica, que resultou numa mescla entre valores ocidentais e orientais ficou conhecida como
civilização helenística (diferente de helenismo, ligado aos gregos)
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