Cursinho Triu – História / Professores: Léo e Julie Aula 2: Grécia O modo de pensar dos gregos, pautado por princípios que pudessem explicar a natureza e os acontecimentos de um ponto de visto mais racional e lógico, marcou culturalmente as sociedades ocidentais desde a antiguidade até os dias de hoje. A civilização grega nasceu no mar mediterrâneo, mais precisamente na península balcânica – marcada por seu litoral recortado e grande quantidade de ilhas. Essas condições geográficas favoreceram a autonomia entre as cidades e fortaleceu o sistema de cidades-estados (independentes administrativa, econômica e politicamente, embora mantenham características comuns). Para que entendêssemos melhor toda a história da civilização grega, estudiosos a dividiram em quatro períodos. O primeiro deles é o período homérico (séc. XII a.C. até séc.VIII a.C.), que corresponde ao período entre a chegada dos dórios e colonização de áreas no mar Egeu, Ásia Menor, Sicília e no Mediterrâneo. Essa denominação do período advém das principais fontes que temos sobre ele: as obras e relatos do poeta Homero. Suas grandes obras são a Ilíada (na qual ele narra a Guerra de Tróia) e a Odisseia (que narra a epopeia de Ulisses de volta a sua ilha, Ítaca). Os princípios heroicos – e morais - da virtude e da honra são celebrados nas obras de Homero, nas quais o guerreiro sempre luta com coragem e respeito. O período arcaico (entre os séculos VIII e VI a.C.) é caracterizado, principalmente, pela transformação das alianças e uniões entre os genos (clãs) em cidades-estados, ou póleis, que se consolidaram em tal período, além das intensas navegações pelos mares Negro e Mediterrâneo em busca de terras férteis. Essa expansão também foi acentuada pela migração daqueles que não tinham acesso à terra (detida pela aristocracia e herdada apenas pelo filho primogênito). Tal forma de poder exercido pelos aristocratas configurava uma oligarquia, ou seja, um governo de poucos. Esses grandes donos de terras detinham o poder a ponto de sobrepor, por muitas vezes, o Rei, através do chamado conselho de Eupátridas. Os séculos V e IV a.C. delimitaram o período clássico. Nele se deu o apogeu da democracia ateniense e sucessivas guerras, levando ao enfraquecimento da antiga Grécia. Para melhor entendê-lo é preciso saber um pouco mais sobre as duas principais cidadesestados: Esparta e Atenas. Esparta se tornou famosa por sua sociedade altamente militarizada, com altos níveis de organização e disciplina. Além disso, sua localização – na península do Peloponeso – lhe proporcionava grande desenvolvimento da agricultura (diferente de outros lugares da Grécia, nos quais a atividade econômica principal era o comércio e a navegação). Desde o século VI a.C. Esparta havia se isolado de outras cidades-estados, proibindo a entrada de estrangeiros e a saída de seus cidadãos, o que só reforçou sua hierarquia social e seu modo de vida, preservado por um longo tempo. A sociedade espartana era dividida em três camadas: esparciatas (ou espartanos), descendentes dos dórios – fundadores de Esparta – configuravam a aristocracia local; periecos, que eram livres, mas não tinham direitos políticos; e hilotas, que representava a camada da população submetida à servidão (não possuíam direitos políticos e eram explorados e humilhados pelos espartanos). Entretanto, o número de hilotas era muito superior ao de espartanos, o que fazia com que revoltas de hilotas fossem sempre eminentes. Esse medo da aristocracia só reforçou o aspecto militar e disciplinar da sociedade espartana. Atenas, localizada na região da península Ática, surgiu de uma ocupação dos jônios. Sua economia era movida principalmente pelo comércio marítimo (dada a quantidade de portos) e a agricultura (apesar das terras atenienses não serem tão férteis quando as espartanas). Os principais grupos sociais eram os cidadãos, que se dividiam em eupátridas (“bem nascidos”), georgóis (pequenos proprietários) e demiurgos (comerciantes enriquecidos); os escravos (inicialmente por dívidas, mas posteriormente e maior fonte de escravos passaram a ser as guerras); e os metecos, estrangeiros sem direitos políticos. Atenas foi marcada principalmente pelo desenvolvimento da noção de democracia, entretanto é necessário entender como se deu tal processo e como essa noção se diferencia do que entendemos como democracia hoje. No século VI a.C. Clístenes (considerado o “pai da democracia ateniense”) distribuiu o poder que estava concentrado na Assembleia entre todos os cidadãos, baseados nos chamado demos – menor divisão populacional e territorial. Os demos eram, por sua vez, agrupados em tribos e estas deveriam escolher representantes para participar da Bulè (órgão que agregava representantes dos cidadãos atenienses). O ponto mais importante deste sistema é que todo cidadão deveria participar da discussão dos rumas da cidade. Porém, a democracia não permitia a participação de todos na vida política, apenas daqueles que tinham condições de ter esse direito: era necessário ser filho de pais atenienses, de condição livre e ser maior de 18 anos (o que excluía estrangeiros, escravos, mulheres e crianças). A consolidação de Atenas como polo cultural e comercial da Grécia se dá no período clássico com o êxito nas guerras médicas – os persas também eram conhecidos como medos (ou pérsicas). Os motivos dessa guerra foram o expansionismo dos dois povos (gregos em direção à Ásia Menor e persas em direção ao ocidente). Inicialmente os atenienses se uniram aos miletos para barrar o domínio persa, e foram bem sucedidos (primeira guerra médica). Na segunda guerra, o risco da ocupação persa uniu os gregos, que formaram a Liga de Delos, que conseguiu derrotar o Império Persa, forçado a deixar a Ásia Menor. O fim desse período de glória da sociedade ateniense se deu com a famosa Guerra do Peloponeso, no conflito com Esparta. O início do confronto se deu pelo uso do dinheiro arrecadado na Liga de Delos por Atenas, para sua fortificação. Com a vitória sobre os persas, essa liga foi desfeita e Esparta passou a liderar a Liga do Peloponeso (composta também pela cidade-estado de Corinto – rival comercial de Atenas). A partir disso foram sucessivos os embates e confrontos das duas cidades buscando hegemonia no cenário grego da época. A fragilidade grega tornou-se evidente, o que facilitou a ação de conquistadores, como os macedônios. O último dos períodos, o helênico, foi marcado pela invasão e domínio macedônico (inicialmente pelo rei Filipe II, da Macedônia, e depois por seu filho, Alexandre). Na batalha de Queronéia (em 338 a.C.) os gregos não resistiram as ameaças macedônicas (tendo em vista o enfraquecimento de suas cidades-estados, como já comentado) e se submeteram aos invasores, pondo fim a autonomia de suas cidades-estados. O plano de Filipe II de conquistar o império persa só fora realizado por seu filho, Alexandre, que organizou um exército de gregos e macedônios que venceu os persas e libertou os gregos que estavam sob seu domínio. Porém a vitória absoluta sob os persas só veio em 331 a.C. quando dominou os domínios persas no Egito e fundou Alexandria – que se tornou o centro comercial mais importante do mediterrâneo. Além dessa importância política, Alexandre ainda fez com que surgisse e se consolidasse a cultura helenística. O helenismo é a designação dada a uma cultura de caráter universal, que incorporava traços predominantes do mundo grego e aspectos de culturas orientais após a ascensão de Alexandre Magno. O mundo grego e a difusão do helenismo deixaram grandes contribuições à tradição ocidental: desde a política – com a democracia e a noção de cidadania – até as artes, ciências e filosofia.