INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS METAIS Considerações “É de responsabilidade do dentista, a indicação de ligas para a confecção de peças protéticas, e não função do protético, pois será o dentista quem fará a instalação deste material na boca do paciente.” Introdução ► O que são os metais? Opacos Brilhantes Bom condutores de calor Bom condutores de eletricidade Bom refletores de luz (se polidos) ► Dos 103 elementos ~ 81 são metais METAL “É UMA SUBSTÂNCIA QUÍMICA, BOA CONDUTORA DE CALOR E ELETRICIDADE E, QUANDO POLIDA, BOA REFLETORA DE LUZ” (Metals Handbook, 1992) CARACTERÍSTICAS DOS METAIS - Sólidos cristalinos; - Brilho quando polido; - Ruído próprio quando percutido; - Bons condutores térmicos e elétricos; - Alta resistência à fratura - Os elétrons da última camada podem ser facilmente liberados (camada de valência) Metal Básico: Metal que se oxida ou dissolve facilmente, liberando íons. Metal Nobre: Metais do grupo do ouro e da platina (platina, paládio, ródio, rutênio, irídio e ósmio) que são altamente resistentes à oxidação e dissolução em ácidos orgânicos. ANUSAVICE, K. J. Phillips’ Science of Dental Materials, 11a ed. 2005. USOS EM ODONTOLOGIA ► Metais na Odontologia Laboratório ► próteses Restaurações ► diretas ► indiretas Instrumentos União metálica e microestrutura ► A ligação metálica pode ser simplificada como uma coleção de íons positivos “cimentados” por uma nuvem de elétrons móveis. ► A estrutura dos metais difere da estrutura de outras substâncias, pelo fato de elétrons de valência dos átomos metálicos não estarem localizados em cada átomo Ligas Metálicas O que são ligas metálicas? “Material sólido formado pela combinação de um metal com um ou mais metais ou com um ou mais não metais, e que são solúveis entre sí quando em estado líquido 2 componentes binária (Cromo/Cobalto) 3 componentes ternária (Ouro/Prata/Cobre) 4 componentes quaternária (amálgama) CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAS Classificação de acordo com: – Uso – Componente principal – Nobreza – Três elementos principais – Sistema de fase dominante Uso: – – – – – – Inlays de metal Coroas e pontes Restaurações metalocerâmicas Próteses parciais removíveis Implantes Outros Componente principal: – Ouro – Paládio – Prata – Níquel – Cobalto – Titânio Nobreza: – Altamente nobre – Nobre – Predominantemente de metais básicos Classificação das ligas odontológicas para fundição - ADA Tipo de liga Conteúdo total de metal nobre Metal altamente nobre Contém ≥40% de Au e ≥60% dos elementos metálicos nobres (Au + Ir + Os + Pa + Pt + Rh + Ru) Metal nobre Contém ≥ 25% de elementos metálicos nobres Predominantemente de metais básicos Contém < 25% de elementos metálicos nobres CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAS Três elementos principais: – Ouro-prata-paládio – Paládio-prata-estanho – Níquel-cromo-berílio – Cobalto-cromo-molibdênio – Titânio-alumínio-vanádio – Ferro-níquel-cromo Sistema de fase dominante – Isomorfo - Fase Única – Eutética – Peritética – Intermetálica Números de elementos: – Binária – Ternária – Quaternária SOLUÇÃO SÓLIDA Solvente - Soluto – Solvente: » Metal cujo arranjo espacial persiste » Metal cujos átomos ocupam mais da metade da grade espacial – Soluto: » Metal que se dispersa na grade do outro » Metal cujos átomos ocupam menos da metade da grade espacial CONDIÇÕES DE SOLUBILIDADE DOS SÓLIDOS Tamanho do átomo: – deve diferir em apenas 15% ou outras fases aparecerão Valência: – Metais de mesma valência são mais próprios Afinidade química: – se apresentarem alta afinidade química, tendem a formar um composto intermetálico Tipo de grade: – Somente metais com o mesmo tipo de grade formam soluções sólidas Propriedades dependem: % dos componentes ► quantidade de soluto dureza e ductilidade ► Ex.: Ouro endurecido com cobre Tempo de resfriamento ► Mais rápido dureza e ductilidade ► Segregação de fases homogeneização Temperatura de uso ► Propriedades micro-estruturais Ligas Eutéticas - Metais solúveis (miscíveis) no estado líquido e insolúveis no estado sólido. Ex: prata e cobre - Menor temperatura de fusão. Líquido = solução sólida α + solução sólida β Ligas Peritéticas: - São incomuns em odontologia – Exceção para o sistema Prata-Estanho – Líquido + solução sólida β = solução sólida α Corrosão ► O que é corrosão? - Processo químico ou eletroquímico pelo qual o metal é atacado por agentes externos (ar, saliva, etc.), resultando em dissolução, deteriorização ou enfraquecimento de substâncias sólidas. Ex.: ferrugem ► Boca meio propício à corrosão Úmida, quente, sujeita à mudança de pH Produtos da corrosão nocivos à saúde? ► Ligas nobres Baixa susceptibilidade à corrosão ► Ligas contendo ouro, paládio, platina, irídio, ósmio, ródio e/ou rutênio. Obs.: prata reage com o ar, água e enxofre = não-nobre ► Manchamentos Não é corrosão, pois não decompõe o metal ► Obs.: é, porém, uma indicação precoce de corrosão acúmulo de elementos/compostos ► Tipos de corrosão mais comuns Química (seca) Eletroquímica (úmida) ► Corrosão química Oxidação, halogenização ou sulforação Ex.: formação de sulfetos na prata ► Corrosão eletroquímica Transferência de elétrons através de um meio condutor Ex.: amálgama/ouro pela saliva ► Corrosão Eletroquímica Corrosão Galvânica ► Pilha galvânica ► Na boca obturações feitas de metais diferentes Composição heterogênea Corrosão por Tensão Corrosão devida à célula de concentração ► Corrosão de fenda Acúmulo de resíduos Obs.: polir a restauração HISTÓRICO: – Mudanças tecnológicas das próteses – Avanços metalúrgicos – Variações dos preços dos metais nobres a partir de 1968 – Anos 50: introdução do recobrimento por cerâmica – Introdução das ligas de metais básicos – Introdução de metais nobres livres de ouro PROPRIEDADES DESEJÁVEIS DAS LIGAS DE FUNDIÇÃO - Compatibilidade - Pouca contração de solidificação - Mínima reatividade com o material de revestimento - Boa resistência ao desgaste - Alta dureza - Resistência à deflexão PROPRIEDADES DESEJÁVEIS DAS LIGAS DE FUNDIÇÃO Excelente resistência ao manchamento e corrosão Facilidade de: » Fusão » Fundição » Soldagem » Polimento LIGAS DE OURO TIPO II E III CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAS PARA FUNDIÇÃO Tipo I: Macia (baixas tensões: inlays) Tipo II: Média (tensões moderadas: onlays) Tipo III: Dura (altas tensões: onlays, coroas, PPR de pouca extensão) Tipo IV: Extradura (tensão extrema: núcleos e pinos intracanais, coroas veneer, PPF de longa extensão e PPR) QUILATE - PERMILAGEM - Quilate: partes de ouro puro em 24 partes da liga - Permilagem: partes de ouro puro em 1000 partes de liga METAIS NOBRES São 8 os metais nobres: - Ouro - Platina - Palátio - Prata - Ródio - Rutênio - Irídio - Ósmio Prata: na cavidade oral é mais reativa, deste modo não é considerada nobre TRATAMENTO TÉRMICO PARA LIGAS DE OURO Tratamento térmico amaciador: - 700°C por 10 min resfriamento brusco – – – Conseqüências Fases intermediárias transformam-se em soluções sólidas desordenadas Diminuição da resistência à tração, limite proporcional e dureza Aumento da ductilidade Tratamento térmico endurecedor: – Armazenamento à temperatura específica (200-450°C) durante 15 a 30 minutos antes do resfriamento brusco. – – Conseqüências Aumentar da resistência à tração, limite proporcional e dureza Diminuir da ductilidade CONTRAÇÃO DE SOLIDIFICAÇÃO Ocorre em 3 estágios: – Contração térmica do metal líquido entre a temperatura em que foi aquecido e a temperatura do liquidus – Contração inerente as suas alterações do estado líquido para sólido – Contração térmica do metal sólido que ocorre até a temperatura ambiente, Ligas a base de Metais Nobres • Componentes mais utilizados como ligação as ligas de ouro: – Prata – Cobre – Platina – Paládio – Zinco • Ouro – alta resistência a corrosão – Proporciona boa ductibilidade – alta da densidade – Cor dourada • Prata – Embranquecedor da liga – alta ductibilidade – baixa resistência a corrosão • Cobre – aumenta resistência e a dureza – baixo ponto de fusão – Permite o tratamento térmico endurecedor – Quantidade máxima de 16% – Colocação avermelhada da liga • Platina – Endurecedor – alta resistência – alta temperatura de fusão – Embranquecedor da liga (3 a 4%) • Paládio – Substitui a platina pelo custo – alta dureza – alta zona de fusão – Embranquecedor (5%) • Zinco – Purificador - Impede a oxidação - Melhora a fusibilidade do metal • Vantagens: – Dureza – Estável e inerte a altas temperaturas – Baixo custo • Desvantagens: – Técnica complexa – Alta temperatura de fusão – Equipamento especial para polimento Ligas de Metais predominantemente Básicos • Composição: 75% de metais básicos - custo - Influência no peso - Influência na resistência - Influência na rigidez - Influência na formação de óxidos Ligas de Metais predominantemente Básicos • Cobalto – Cromo • Níquel - Cromo • Ligas de titânio • Titânio comercialmente puro • Ligas de titânio – alumínio - vanádio Ligas de Metais predominantemente Básicos Ligas de COBALTO – CROMO – Surgiram (1930) para substituir as ligas de ouro tipo IV • Indicações: – P.P.R. – Coroas – Próteses Fixas Ligas de Níquel-Cromo • Substituição do cobalto pelo níquel • Alta resistência mecânica • Baixo módulo de elasticidade • Baixa dureza • Baixa temperatura de fusão • Alta ductibilidade Ligas de Metais Ligas de Titânio Puro (Ti C.P.) • Não se inclui em metais básicos • Excelente biocompatibilidade • Alta Resistência • Baixa Densidade • Baixo coeficiente de expansão térmica Ligas Nobres 1 - Liga de Prata / Paládio É uma boa liga alternativa ao uso do ouro. Essas ligas tem sido empregadas em restaurações metálicas unitárias, tais como: MOD, Coroas totais, 4/5, pinos intra canais e próteses fixas pouco extensas. Ex: Palliag, Albacast, etc. 2 – Liga de Prata/Estanho Essas ligas inicialmente eram compostas de estanho e prata, depois foram incorporados, à elas, outros elementos como cobre e zinco, com finalidade de melhorar suas propriedades físico-quimicas. O resfriamento dessa liga após a fundição deve ser lento para não haver precipitação do estanho e assim, evitar processos de oxidação e corrosão da restauração. Essas ligas são indicadas para as restaurações metálicas tipo MOD, Coroa total e 4/5. Não devem ser usadas em próteses parciais fixas.São ligas macias de fácil brunimento. Ex: Primalloy, DFL Alloy, Pratalloy, etc. Ligas Básicas 1 - Liga de Cobre/Alumínio/Zinco Essas ligas foram introduzidas no mercado com a finalidade de baratear o custo das RMFs e são indicadas para restaurações unitárias, pinos intra-canais e próteses fixas metaloplásticas. Apesar de seus problemas inerentes: contração de fundição, oxidação e corrosão, continuam sendo usadas pela maioria dos protéticos. Ex: Duracast, Goldent, Idealloy, etc. 2 - Liga de Níquel/Cromo São ligas de alta fusão utilizadas como alternativa às ligas de ouro para cerâmica (Tipo V), em trabalhos metalocerâmicos, e para confecção de PPRs. Basicamente o níquel, entra na formulação entre 67 a 80 % e o cromo entre 12 a 23 %, outros metais podem fazer parte da formulação, tais como o alumínio, manganês e titânio. Ex: Durabond, Resistal P, Nicrodent, etc. 3 - Liga de Cromo/Cobalto São ligas de alta fusão, constituída de 53% a 67% de cobalto e 25% a 32% de cromo e 2 a 6% de molibdênio, possuindo a mesma indicação das ligas de níquel/cromo. Perigos Biológicos ao protético • Pó de berílio e níquel • Vapor de berílio - Disfunções pulmonares; - Pneumonia grave; Riscos aos pacientes • Níquel - Hipersensibilidade - Potencial carcinogênico BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA Materiais dentários – editora interamericana – autor: O’brien. Materiais dentários restauradores – ed. Santos – autor: Robert g. CRAIG e John m. Powers. ANUSAVICE, Kenneth J.; PHILLIPS, Ralph W. Phillips materiais dentários. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. ANUSAVICE, Kenneth J.; PHILLIPS, Ralph W. Phillips materiais dentários. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. PHILLIPS, Ralph W. Materiais dentários. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1993