FREQUÊNCIA DO NÚMERO DE CASOS, FAIXA ETÁRIA E GÊNERO DA POPULAÇÃO DA CIDADE DE PIRIPIRI-PI COM SOROLOGIA POSITIVA PARA HIV/AIDS. Edrielle Gonçalves Lustosa1; Francielle de Castro Silva1; Joselanda da Costa Sousa Oliveira1; Juliana Oliveira Brito1; Maria dos Remédios de Sousa Custódio1; Marina Mendes Ribeiro Sousa1; Orientadora: Francisca Miriane Araújo Batista 2 Co-orientadora: Jussara Ribeiro Chaves 3 RESUMO Uma vez que está ocorrendo uma mudança no perfil das pessoas vivendo com AIDS, que inicialmente era restrita aos grandes centros urbanos e marcadamente masculina, enquanto que atualmente esta epidemia caracteriza-se pelos processos de heterossexualização, feminização e interiorização, diante dessa realidade o presente trabalho objetiva identificar o número de sorologias positivas, faixa etária e gênero predominante para HIV/AIDS na cidade de Piripiri-PI. Para tanto, realizou-se um estudo retrospectivo, com abordagem quantitativa, desenvolvido no Centro de Testagem e Aconselhamento do município de Piripiri-PI, através da coleta de dados em históricos de clientes que passaram pelo CTA, no período de janeiro de 2004 a outubro de 2010. O CTA cumprem a importante função de intermediação entre a prevenção e a assistência, centradas na abordagem dialógica, promovendo o acolhimento e o aconselhamento. Serviram de referencias para este trabalho: CARVALHO e GALVÃO (2008), CARVALHO, et al (2007), GERMANO, et AL ( 2008). Verificou-se que o número de testes HIV reagentes ainda é reduzido, 52 casos apenas; que a incidência de AIDS no _________________ 1 Acadêmicos de Enfermagem da Christus Faculdade do Piauí. ² Professora Orientadora da Christus Faculdade do Piauí ³ Professora Co-orientadora da Christus Faculdade do Piauí 2 sexo feminino (52,8%) é mais acentuada que no masculino (45,2%) e que o grupo etário de 24 a 31 anos tem sido o mais atingido por esta patologia. Atribui-se a isto o fato de que a maioria dos homens e adolescentes, em geral, não procuram se testar e a falta de informação e preconceito da sociedade. Desenvolver estratégias que favoreçam conhecimentos e a participação dos jovens e adultos na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis entre si e no seu contexto social constitui, cada vez mais, um desafio para o Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/Aids. PALAVRAS-CHAVE: AIDS. Testagem. Centro de Testagem e Aconselhamento. ABSTRACT Once a shift is occurring in the profile of people living with AIDS, which was initially restricted to large cities and mainly in males, whereas currently this epidemic is characterized by heterosexualization, feminization, when faced with this reality this studyaims to identify the number of positive tests, age and gender prevalent HIV / AIDS in the city of Piripiri-PI. To this end, we carried out a retrospective study with a quantitative approach, developed at the Center for Counseling and Testing in the city of Piripiri-PI, by collecting data on customer histories that have passed the CTA from January 2004 to October 2010. CTA fulfill the important role of intermediary between prevention and care, focusing on the dialogic approach, promoting acceptance and advice. Served as references for this job: Carvalho and Galvão (2008), Carvalho, et al (2007), Germano, et al (2008). It was found that the number of HIV testing reagents is still small, only 52 cases, whereas the incidence of AIDS among females (52.8%) is more pronounced than in males (45.2%) and that the age group of 24 to 31 years has been the most affected by this disease. This is attributed to the fact that most men and teenagers in general do not seek to test and lack of information and prejudice from society. Develop strategies that enhance knowledge and participation of young people and adults in the prevention of sexually transmitted diseases among themselves and in their social context is increasingly a challenge for the Centre for Testing and Counseling onSTD/AIDS. KEYWORDS: AIDS. Testing. Counseling and Testing Center. 3 INTRODUÇÃO A AIDS, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é o estágio mais avançado da doença que ataca o sistema imunológico, é causada pelo vírus HIV. Como o HIV, está presente no sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno, a transmissão desta doença se dá de várias formas: relações sexuais sem preservativo, de mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação, compartilhamento de seringas ou objetos cortantes, transfusão de sangue. Um portador do vírus HIV pode ficar até 10 anos sem desenvolver a doença e apresentar seus principais sintomas, são eles: febre alta, diarréia constante, crescimento dos gânglios linfáticos, perda de peso e erupções na pele. (CARVALHO; GALVÃO, 2008). Entretanto, o que leva o soropositivo a uma morte rápida são as doenças oportunistas que surgem devido à queda da imunidade, como: pneumonia, câncer, problemas neurológicos, perda de memória, dificuldades de coordenação motora, sarcoma de Kaposi, entre outras. A prevenção desta patologia é feita evitando-se todas as formas de contágio citadas acima. A medicina ainda não encontrou a cura para a doença, o que existe são medicamentos, como o AZT (zidovudina) que fazem o controle do vírus, altamente mutável, melhorando a qualidade de vida do paciente e aumentando a sobrevida. (CARVALHO; MORAIS; KOLLER; PICCININI, 2007) O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito por meio de testes, realizados a partir da coleta de uma amostra de sangue. Nos CTA, Centro de Aconselhamento e Testagem, o teste anti-HIV pode ser feito de forma anônima e gratuita. Nesses Centros, além da coleta e da execução dos testes, há um processo de aconselhamento, antes e depois do teste, chamado SAE, Serviço de Atendimento Especializado. (GERMANO; SILVA; MENDOZA-SASSI; MARTINEZ, 2009) A investigação deste estudo se justifica pela mudança no perfil das pessoas vivendo com AIDS, que inicialmente era restrita aos grandes centros urbanos e marcadamente masculina, enquanto que atualmente esta epidemia caracteriza-se pelos processos de heterossexualização, feminização e interiorização. O aumento dessa epidemia vem preocupando e põem em discussão como definir ações em saúde pública 4 que possam atenuar o crescimento do gráfico da doença na cidade de Piripiri. O presente trabalho tem como objetivos identificar o número de sorologias positivas, faixa etária e gênero predominante para HIV/AIDS na cidade de Piripiri-PI. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo retrospectivo, com abordagem quantitativa, desenvolvido no Centro de Testagem e Aconselhamento do município de Piripiri. Os dados foram colhidos através de históricos de clientes que passaram pelo centro, no período de janeiro de 2004 a outubro de 2010, contemplando os itens relativos ao número de sorologias positivas, faixa etária e gênero predominante para HIV/AIDS na cidade de Piripipi-PI. RESULTADOS A extrema necessidade de pesquisa a qual fundamenta este trabalho, foi devido a necessidade eminente e imediata para educação sobre o HIV/Aids, e informações sobre a intervenção, e serviços que atendem indivíduos e grupos vivendo com essa deficiência no município de Piripiri. Para isso utilizou-se dados coletados no CTA (Centro de Aconselhamento e Testagem) do respectivo município. Inicialmente é realizado o teste anti-HIV que pode ser feito de forma anônima e gratuita. No CTA, além da coleta e da execução dos testes, há todo um processo de aconselhamento, antes e depois do teste. De acordo com os dados coletados sobre os números de testes HIV reagentes realizados no período de janeiro de 2004 a outubro de 2010 no município de Piripiri, foi evidenciado um total de 52 casos, sendo que 25 casos foram do sexo masculino, 27 do sexo feminino (dentre gestantes e não gestantes), demonstrando que a faixa etária de maior incidência foi a de 24 a 31 anos de idades com 14 casos. Para uma maior compreensão, os dados obtidos na pesquisa foram distribuídos em tabelas e gráficos como demonstrado a seguir. 5 Tabela 01: Números de testes HIV reagentes realizados no período de janeiro de 2004 a outubro de 2010 no município de Piripiri. Ano Número de casos 2004 6 casos 2005 4 casos 2006 5 casos 2007 8 casos 2008 9 casos 2009 10 casos 2010 10 casos TOTAL 52 casos Fonte: CTA Tabela 02: Freqüência de teste HIV reagente por sexo no período de janeiro de 2004 a outubro de 2010 no município de Piripiri. ANO MASCULINO 2004 FEMININO TOTAL NÃO GEST GESTANTE 01 03 02 06 2005 02 - 02 04 2006 03 01 01 05 2007 03 05 - 08 2008 04 03 02 09 6 2009 06 03 01 10 2010 06 03 01 10 TOTAL 25 18 09 52 27 Fonte: CTA . Gráfico 01: Freqüência de pessoas por faixa etária vivendo com HIV/AIDS no período de janeiro de 2004 a outubro de 2010 no município de Piripiri. Fonte: CTA DISCUSSÃO No Brasil, a propagação da infecção pelo HIV vem sofrendo transformações significativas no seu perfil epidemiológico, com tendência de pauperização da população infectada e aumento de casos em heterossexuais – principalmente mulheres, crianças e jovens. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010) 7 É possível observar na Tabela 01 que o número de testes HIV reagentes encontrados no CTA ainda é reduzido, 52 casos, diante de uma população de 62.107 habitantes, segundo dados do IBGE de 2009. Atribuísse a este reduzido índice a falta de importância a este teste e a indiferença dada ao resultado pelos clientes por medo, discriminação e preconceito da sociedade, acarretando o acumulo de resultados, já que no centro não se tem informações de endereço e dados pessoais de quem esta se testando e nem autorização para fazer entrega dos mesmos. No cenário nacional observa-se que desde a identificação do primeiro caso, em 1980 até junho de 2009, foram notificados 544.846 casos de AIDS, dos quais, 65,4% entre homens e 34,6% em mulheres (Fonte: MS/SVS/Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais). Já na Tabela 02, onde dispomos de dados do município de Piripiri observa-se que a incidência de AIDS no sexo feminino (52,8%) é mais acentuada que no masculino (45,2%). A explicação que obtemos do CTA sobre esta inversão é que lá chegam muitas mulheres gestantes para se testarem por encaminhamento médico obrigatório no pré-natal e pela maior conscientização por parte das mulheres em buscar maior qualidade de vida. Os jovens são um segmento vulnerável em todas as sociedades do mundo globalizado. Segundo a publicação de um relatório do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP)4, a cada 14 segundos, um jovem entre 15 e 24 anos é infectado pelo HIV; cerca da metade ocorre nessa faixa etária. Entretanto, segundo dados do gráfico 01, o grupo etário de 24 a 31 anos tem sido o mais atingido no município de Piripiri, tendo em conta que uma pessoa infectada pelo HIV leva cerca de dez anos para manifestar sintomas e evoluir para AIDS, pode-se inferir que esses adultos tenham-se infectado quando adolescentes ou adultos jovens. Visto que a AIDS é uma realidade presente em Piripiri é de extrema importância a existência de serviços de saúde especializados no diagnóstico, orientação sobre transmissão e prevenção do HIV, como o CTA que cumprem a importante função de intermediação entre a prevenção e a assistência, centradas na abordagem dialógica, promovendo o acolhimento e o aconselhamento. A realização de programas de prevenção voltados para jovens, antes que eles iniciem práticas comportamentais que aumentem o risco de transmissão do HIV tornam-se imprescindíveis, entretanto há resistência por parte da direção das escolas de Piripiri em abrir suas portas para atividades educativas sobre DST’s; distribuição de material informativo e de insumos de prevenção. 8 CONCLUSÃO Conclui-se com esta pesquisa que o número de testes realizados pelo CTA no município de Piripiri ainda é reduzido devido à falta de conscientização e medo da discriminação e preconceito da sociedade. O CTA disponibiliza ainda aos que vivem com o vírus HIV um Serviço de Atendimento Especializado (SAE) que visa proporcionar conhecimento sobre a doença, o tratamento e a necessidade de buscar apoio. Este atendimento pelo SAE proporciona aconselhamento coletivo e individual para os clientes, a fim de incentivar os mesmos a se testarem, e procurarem ajuda especializada em casos de HIV reagente, mostrando que é possível conviver com o vírus HIV e ter qualidade de vida. Desenvolver estratégias que favoreçam conhecimentos, oportunidades, opções e a imprescindível participação dos jovens na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis entre si e no seu contexto social constitui, cada vez mais, um desafio para o Centro de Testagem e Aconselhamento em DST’s/Aids. REFERÊNCIAS 1. CARVALHO, C.M.L; GALVÃO, M.T.G. Enfrentamento da AIDS entre mulheres infectadas em Fortaleza – CE. Rev Esc Enferm USP 2008; 42(1): 907. 2. CARVALHO, Fernanda Torres de. et al. Fatores de proteção relacionados à promoção de resiliência em pessoas que vivem com HIV/AIDS. Cad. Saúde Pública [online]. 2007, vol.23, n.9, pp. 2023-2033. 3. Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 196, de 10 de outubro de 1996. Dispõe sobre diretrizes e normas regulamentadoras sobre pesquisas envolvendo seres humanos. Bioética. 1996; 4(2):15-25. 9 4. Fondo de Población de las Naciones Unidas. Estado de la población mundial 2003: inversiones en su salud e sus derechos. Nova York: UNFPA, 2003. 5.GERMANO, Fabiana Nunes. et al. Alta prevalência de usuários que não retornam ao Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) para o conhecimento do seu status sorológico: Rio Grande, RS, Brasil. Ciênc. saúde coletiva [online]. 6. Ministério da Saúde. Coordenação Nacional de DST e Aids. AIDS Boletim Epidemiológico [periódico on-line] 2001; 15(1). Disponível em: http://www.aids.gov.br. Acesso em: 24 out 2010. 7. NATASHA PITTS. HIV/Aids: Direitos humanos e acesso ao tratamento são principais pendências, 2010. Disponível na internet em: http://www.adital.com.br. Acesso em: 26 out 2010. 8. Notiese, 2007. Manual sobre o HIV/Aids apresenta os números do vírus. Disponível na internet em: http://www.adital.com.br. Acesso em: 26 out 2010. 9. Paiva V, Peres C, Blessa C. Jovens e adolescentes em tempos de aids – reflexões sobre uma década de trabalho de prevenção. Psicologia USP 2002;13(1):55-78. 10. REIS, Renata Karina and GIR, Elucir. Vulnerabilidade ao HIV/AIDS e a prevenção da transmissão sexual entre casais sorodiscordantes. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2009, vol.43, n.3, pp. 662-669. 11. Xavier IM, Leite JL, Braga GM, Nunes PHS. Enfermagem e aids: saber e paradigma. Rev Lat Am Enferm. 1997;5(1): 65-73.