Unidade 9: Arthropoda

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Unidade 9: Arthropoda
I. Introdução
II. Evolução de Arthropoda
1. Características básicas do filo
2. Adaptações dos artrópodes
3. Trilobitomorpha
4. Relações filogenéticas entre os artrópodes
III. Classificação zoológica
1. Subfilo Chelicerata
2. Subfilo Crustacea
3. Subfilo Hexapoda
4. Subfilo Myriapoda
IV. Caracteres gerais
V. Importância econômica
VI. Glossário
Pense em TODOS os animais que você conhece...
Responda rapidamente:
Qual é o grupo animal com o maior número de espécies?
Qual o grupo reúne os animais mais admirados, temidos, e conhecidos do
homem?
E, quais são os animais encontrados em todos os cantos do planeta e com a
maior diversidade de formas e hábitos de vida???
Estamos falando dos ARTHROPODA, um dos mais fascinantes grupos de
animais, com os mais diversos sistemas morfológicos, fisiológicos e comportamentais!
As variações dos artrópodes, suas especializações e a maneira como estes caracteres
evoluíram e suas relações com os outros grupos de invertebrados são temas que ocupam
os zoólogos desde a época de Darwin, e muitas questões ainda permanecem obscuras...
I.
Introdução
Há mais de 600 milhões de anos alguns animais invadiram os ambientes aquáticos e
terrestres, no período Pré-Cambriano. Estes animais passaram por uma enorme irradiação
evolutiva e atualmente ocupam todos os ambientes do planeta, com os mais diversos estilos de
vida e aparência. De minúsculos ácaros e crustáceos menores que 1mm de comprimento aos
caranguejos-gigantes do Japão com diâmetro de mais de 3m (com as pernas abertas), os
artrópodes são encontrados em todas as variações de tamanho, com um número estimado de
mais de um milhão de espécies descritas!
Das belas borboletas aos temidos aracnídeos, escorpiões, lacraias e marimbondos,
passando pelas saborosas lagostas, em qualquer lugar do planeta podemos encontrar artrópodes.
O nome tem origem grega, arthron=articulação e podos=pés, e significa a característica
que os diferenciou de invertebrados como anelídeos e nematóides, e permitiu a esses animais o
domínio do planeta: pés ou pernas articulados.
Os artrópodes são invertebrados protostômios1 celomados com organização interna bem
desenvolvida e metaméricos2.
Finalmente, artrópodes são os conhecidos, respeitados e úteis insetos, aracnídeos,
miriápodes e crustáceos, estes últimos de grande importância econômica para o homem, sendo
utilizados como alimento!
O texto irá a seguir irá abordar a evolução do filo, sua classificação zoológica,
características dos grupos viventes e a importância econômica e ambiental dos artrópodes.
Bem vindo ao mundo dos inventores do atletismo!
II.
EVOLUÇÃO DE ARTHROPODA
Sobre a evolução dos artrópodes a afirmação corrente é que estes compartilham com os
anelídeos um ancestral comum, com características como a metamerização, encontrada nos dois
filos. Estudos recentes, incluindo resultados de biologia molecular indicam outra origem para os
artrópodes: os nematóides, ou ainda uma linhagem antiga semelhante aos atuais crustáceos.
Morfologicamente, os artrópodes são muito próximos aos animais dos filos Onycophora
e Tardigrada. Juntos, esses três filos (Figura 1) são agrupados como Panarthropoda3. Como
caracteres comuns aos Panarthropoda, podemos citar:
-A realização de ecdise (muda) mediada pelo hormônio ecdisona;
-O celoma reduzido em uma hemocele;
-Segmentação teloblástica;
-Expressão do gene engrailed (en) que define os limites
Onicóforos – Um grupo originado
dos segmentos.
há mais de 500Ma, inicialmente
Os laços evolutivos íntimos entre esses quatro filos
marinhos, o filo Onycophora têm
(anelídeos, artrópodes, onicóforos e tradígrades), sugerem que
espécies que invadiram com
eles compartilham um clado derivado de um ancestral
sucesso o ambiente terrestre com
poucas modificações. As 110
segmentado comum originado no Pré-Cambriano (Figura 2).
espécies atuais são terrestres
Anelídeos e artrópodes têm metamerização do corpo,
vivendo em ambientes úmidos. São
desenvolvimento
embrionário e arquitetura geral do sistema
segmentados como os anelídeos e
nervoso similares, e estes filos se diferenciaram a partir do
artrópodes, e apresentam caracteres
intermediários a esses grupos como
aparecimento do exoesqueleto rígido dos artrópodes.
a cefalização discreta, a natureza
carnosa e não segmentada dos
apêndices da cabeça, a estrutura
das mandíbulas, o corpo coberto
por uma fina cutícula quitinosa que
realiza mudas, e o sistema nervoso
e órgãos dos sentidos.
Tardígrades - O filo Tardigrada
compreende animais conhecidos
como “ursos d’água”; foram
descobertos no século 18. A partir
daí 800 espécies foram descritas,
com poucos registros fósseis. A
maioria delas vive em hábitats
semi-aquáticos ou no solo e
serrapilheira das florestas. Outras
são encontradas em hábitats
marinhos e de água doce, de águas
profundas ou rasas, alimentando-se
do conteúdo de células vegetais,
detritos, partículas orgânicas, ou
podem ser ainda parasitas de
holotúrias
ou
cracas.
Compartilham com os onicóforos
caracteres como o corpo coberto
por uma cutícula fina não
calcificada que sofre ecdise
periodicamente,
uma
fraca
cefalização, e com os artrópodes o
celoma reduzido e a organização
do sistema nervoso; somente com
os artrópodes compartilham os
músculos estriados.
II.1 Algumas características básicas dos artrópodes:
-Bilaterais, triploblásticos, protostômios.
-Corpo segmentado interna e externamente, dividido em
no mínimo duas regiões, cabeça e tronco; tipicamente com um
escudo cefálico ou carapaça.
-Cutícula que forma um exoesqueleto bem
desenvolvido, geralmente com grossas placas esclerotizadas
(escleritos) consistindo em tergitos (dorsais), pleuritos (laterais)
e esternitos (ventrais); cutícula com quitina e proteínas com
vários graus de calcificação, sem colágeno.
-Cada segmento do corpo primitivamente com um par
de apêndices articulados, ligados na região ventral, com alta
gama de especialização entre os táxons.
-Cabeça com um par de olhos laterais facetados
(compostos) e com um a vários ocelos simples; alguns grupos
perderam os olhos compostos e/ou ocelos.
-Celoma reduzido às porções do sistema reprodutor e
excretor; a cavidade do corpo é uma hemocele aberta.
-Sistema circulatório aberto; o coração dorsal é uma
bomba muscular com óstios laterais para o retorno do sangue.
-Trato digestivo completo, complexo e bem
regionalizado, com um estomodeu e um proctodeu bem
desenvolvidos.
-Sistema nervoso com gânglios dorsais (cerebrais),
conectivos e cordões nervosos ventrais ganglionados pares que
se fundem até determinado ponto.
-Crescimento através de ecdises (mudas) mediadas por ecdisona.
-Maioria dióica com desenvolvimento direto, indireto ou misto; algumas espécies são
partenogenéticas.
3
2
1
Figura 1: Representantes do agrupamento Panarthropoda: (1) Onycophora, (2)
Tardigrada e (3)Arthropoda.
As sinapomorfias dos artrópodes são:
-Exoesqueleto duro e articulado subdividido em placas;
-Apêndices articulados;
-Olhos compostos laterais (um par no mínimo) formados por unidades fotorreceptoras
independentes, os omatídios;
-Com exceção dos espermatozóides de alguns grupos, as células são desprovidas de
cílios e flagelos.
Mollusca
Annelida
Articulata
Onycophora
Euarticulata
Panarthropoda
Tardigrada
Arthropoda
Figura 2: Relações fiogenéticas Panarthropoda e filos vizinhos
II.2 Como essas características atuaram na adaptação desse grupo de animais?
Diferentes dos anelídeos, com corpo mole, os artrópodes desenvolveram um
exoesqueleto4 rígido. O aparecimento deste caractere restringiu o crescimento do corpo e a
locomoção. Este problema foi resolvido pelo desenvolvimento de articulações do corpo e dos
apêndices e pela regionalização da musculatura. O resultado foi a perda da musculatura circular
e da cavidade celomática ancestral. Esta se tornou a hemocele ou câmara sanguínea, na qual os
órgãos ficam banhados diretamente dos fluidos corpóreos. Como era preciso movimentar o
sangue pelo corpo o vaso dorsal do tipo anelídeo permaneceu, tornando-se uma estrutura
altamente musculosa - o coração. Os órgãos excretores fecharam-se internamente para assegurar
a permanência do sangue no corpo.
A transmissão dos impulsos sensoriais até o sistema nervoso realiza-se agora a partir de
órgãos sensoriais diferenciados, e estruturas para trocas gasosas desenvolveram-se diversamente
para ultrapassar o limite imposto pelo exoesqueleto.
O crescimento agora não é mais gradual e para que este aconteça, um processo
complexo mediado por hormônios desenvolveu-se: é a ecdise, um caractere comum aos
Panarthropoda. O exoesqueleto é eliminado sistematicamente para que possa acontecer
crescimento corporal. O processo de eliminação do exoesqueleto é um fenômeno característico
de artrópodes e de poucos invertebrados que apresentam cutícula5.
Além desses eventos houve a invasão dos ambientes terrestres e dulcícolas6, que exigiu
diversas adaptações para o equilíbrio do estresse osmótico e iônico, da reprodução e de um
suporte estrutural.
A cutícula sofre um processo de endurecimento por esclerotização, que ocorre em todos
os artrópodes. Nos crustáceos acontece o fenômeno da mineralização, a deposição de carbonato
de cálcio numa das camadas da cutícula.
As modificações sofridas pelos apêndices foram um dos mais importantes passos na
evolução dos artrópodes. Alterações nos apêndices combinadas com a segmentação do corpo
significaram diferentes modos de locomoção e alimentação que ficaram disponíveis a esses
animais.
Primitivamente, cada segmento do corpo possuía um par de apêndices. Com a adaptação
de um corpo com exoesqueleto, os músculos tiveram de alterar sua organização para garantir as
funções de locomoção e sustentação nos artrópodes. Estes se organizaram em feixes curtos que
se estendem entre um segmento do corpo e o próximo, ou através das articulações dos apêndices
e outras regiões de articulação, nas áreas onde a cutícula é fina e flexível. Os artrópodes
desenvolveram diversos dispositivos para locomoção por terra, na água e no ar, e esses métodos
refletem a plasticidade evolutiva e qualidades adaptativas associadas à segmentação do corpo e
dos apêndices. A diversidade morfológica dos apêndices locomotores dos artrópodes pode ser
observada na figura 3.
Figura 3: Diversidade de apêndices locomotores dos artrópodes.
A evolução da fisiologia dos artrópodes pode ser assim resumida:
Sistema circulatório - O sistema de hemocele aberta é resultado da imposição do
exoesqueleto e da perda do celoma; daí a necessidade de um sistema circulatório aberto, assim
adaptado devido também à mudança da musculatura, que exigiu um sistema no qual o sangue
seja impulsionado até a hemocele, onde banha os órgãos internos. Esse é o cenário para o
aparecimento de um sistema circulatório aberto com um coração musculoso com óstios
(perfurações da parede cardíaca), vasos curtos e um seio pericárdico.
Trocas gasosas - A aquisição do exoesqueleto relativamente impermeável trouxe
problemas para os artrópodes terrestres como dificuldades para a realização de trocas gasosas e
na manutenção de água no organismo. O desafio é: romper a integridade do exoesqueleto de
maneira que as trocas gasosas possam se realizadas sem afetar a sobrevivência do animal.
As estruturas envolvidas nas trocas gasosas evoluíram de maneira diferente nos
artrópodes aquáticos e nos terrestres. Os aquáticos realizam as trocas gasosas através da
superfície geral do corpo ou em áreas de cutícula fina. Porém a maioria dos crustáceos
desenvolveu brânquias com morfologia variável em função do grupo.
Os mais bem-sucedidos artrópodes terrestres – insetos e aracnídeos- desenvolveram
estruturas para trocas gasosas na forma de invaginações da cutícula, ao invés das evaginações
dos crustáceos. Essas estruturas são os pulmões, traquéias e espiráculos.
Excreção - Diante da impossibilidade de drenar o sangue diretamente de uma hemocele
aberta para fora do corpo os artrópodes desenvolveram diversas estruturas excretoras muito
eficientes que compartilham uma mesma característica adaptativa que é a de ser fechada
internamente. Também houve uma redução no número total dessas estruturas. Os produtos são
compostos de 70-90% de amônia; o restante é excretado na forma de uréia, ácido úrico,
aminoácidos e outros compostos. Os artrópodes terrestres excretam predominantemente ácido
úrico, e conseguem conservar água; essa adaptação muito contribuiu para o seu sucesso no
ambiente terrestre. Para os crustáceos não houve mudanças nos produtos excretados; somente as
espécies terrestres (isópodes) mostram um ligeiro aumento na excreção do ácido úrico em
relação aos grupos marinhos.
Sistema nervoso e órgãos dos sentidos – O plano geral do sistema nervoso dos
artrópodes é muito semelhante ao dos anelídeos, com algumas homologias. Os artrópodes são
dotados de gânglios cerebrais PROTOCÉREBRO-anterior, DEUTOCÉREBRO-dorsal (nem sempre
presente) e TRITOCÉREBRO-posterior. Esse sistema forma conectivos em volta do esôfago em
direção ao gânglio ventral, e cada região do gânglio cerebral origina um par de nervos que vão
para os apêndices da cabeça. Assim existem: gânglios cerebrais, gânglio ventral, cordão nervoso
ventral e pares de nervos para os apêndices específicos. Os gânglios do cordão nervoso
apresentam vários graus de fusão linear em diferentes grupos de artrópodes, refletindo
internamente a tagmose7.
O exoesqueleto teve um efeito mais importante na natureza dos receptores sensoriais
que na estrutura do gânglio cerebral e do cordão nervoso. A maior parte dos mecano8 e
quimiorreceptores9 é externa, estes representam modificações de processos da cutícula e estão
todos ligados ao sistema nervoso central de maneira semelhante.
Os olhos compostos foram perdidos ou modificados por vários grupos, mas são
encontrados em todos os subfilos de artrópodes. São basicamente compostos de omatídios com
facetas e especialmente apropriados para detecção de movimento. Nas espécies subterrâneas,
naquelas de grandes profundidades oceânicas ou nas intersticiais a perda dos olhos compostos é
um caminho evolutivo comum.
Depois de uma visão sobre como as diversas características dos artrópodes evoluíram a
partir de adaptações às suas sinapomorfias e antes de discutir as relações filogenéticas entre os
artrópodes e grupos externos e dentro do filo, é necessário abrir um parêntese para falar de um
filo de artrópodes extinto, mas que deixou um legado que muito contribuiu para a compreensão
da evolução dos artrópodes: os Trilobitas.
II.3 Trilobitomorpha
O mais conhecido filo extinto, Trilobita, inclui quase 4000 espécies conhecidas apenas
do registro fóssil. Foram restritos aos mares do Paleozoico, dominaram o registro fóssil marinho
dos períodos Cambriano e Ordoviciano (440-550Ma) e foram importantes componentes da
fauna marinha até sua extinção em massa que ocorreu no Permiano-Triássico (250-290Ma) e
que marcou o final da era Paleozoica. Embora tenham sido exclusivamente marinhos,
exploraram uma variedade de hábitats e estilos de vida. O tamanho variava de 1-70cm de
comprimento. A maioria era detritívora, embora algumas espécies possam ter sido predadoras
que ficavam enterradas em sedimentos moles agarrando as presas que passavam por perto. O
corpo era oval e achatado dorso-ventralmente, com dois sulcos longitudinais dorsais dividindo o
corpo em um lobo mediano e dois lobos laterais-daí o nome “trilobita” (Figura 4). Dividido em
três tagmas: céfalo, tórax e pigídio, cada região do corpo tinha um determinado número de
apêndices. Através de mudas subseqüentes, o animal acabava tomando a forma de um trilobita
em miniatura e uma nova série de mudas transformava a larva de último estágio em juvenil
através da adição de segmentos e do aumento de tamanho.
2
3
1
4
Figura 4: Um fóssil de Trilobita. As setas indicam os tagmas ou divisões do corpo: 1cabeça; 2- tórax; 3- abdômen. Observe os apêndices articulados (4)
II.4 Relações filogenéticas entre os artrópodes
Das diversas árvores propostas nos últimos anos para a evolução dos artrópodes as
quatro mais populares são as seguintes:
Chelicerata
Chelicerata
Crustacea
Myriapoda
Myriapoda
Crustacea
Hexapoda
Hexapoda
Chelicerata
Chelicerata
Myriapoda
Crustacea
Crustacea
Myriapoda
Hexapoda
Hexapoda
Estas árvores apontam uma origem monofilética para os artrópodes, e uma posição
basal para os Chelicerata, com variações na evolução dos subfilos.
Com o aparecimento de novas informações resultantes de paleontologia, biologia
molecular, biologia do desenvolvimento e filogenia, uma nova árvore filogenética pode ser
proposta para os artrópodes. Essa árvore não está completa, nem há detalhes suficientes que
completem a história evolutiva do grupo, mas o modelo ilustrado na figura 5 é o que melhor
representa o pensamento atual.
Figura 5: Uma hipótese da evolução dos artrópodes,com todas as linhagens de artrópodes
surgindo de uma linhagem crustaceomorfa do Paleozóico (adaptado de Brusca & Brusca,
2007).
Essa quinta hipótese se diferencia das árvores anteriores principalmente por considerar
que todos os artrópodes surgiam de um ancestral crustaceomorfo no Paleozóico (290Ma), e
considera também o subfilo Crustacea parafilético. As árvores mostradas anteriormente
consideram os artrópodes monofiléticos e os subfilos Chelicerata, Myriapoda, Crustacea e
Arthropoda também monofiléticos, apresentando variações nos clados grupos-irmãos.
Nesse modelo, diversas criaturas com características de crustaceomorfo (corpo, olhos e
desenvolvimento típicos de crustáceos) estavam presentes no Pré-Cambriano e início do
Cambriano, quando essa linhagem originou os trilobitas. Estes sofreram irradiação tornando-se
os artrópodes mais abundantes nos mares do Paleozóico, mas desapareceram abruptamente
durante a extinção do Permiano-Triássico (290-250 Ma). Aparecem depois os Cheliceriformes
com formas marinhas gigantes. No Siluriano (439 Ma) os quelicerados invadem o ambiente
terrestre e começam a deixar um registro fóssil composto por aracnídeos terrestres. No final do
Ordoviciano e início do Siluriano (500-439 Ma) os primeiros miriápodes apareceram como
criaturas marinhas, e 15 milhões de anos mais tarde eles surgem no registro fóssil. O último
grupo de artrópodes a surgir foi provavelmente o dos hexápodes, durante o Devoniano (409 Ma)
irradiando-se rapidamente até dominar o mundo terrestre qualificando o Cenozóico (65 Ma)
como sendo a “era dos insetos”.
Este modelo é bem diferente das visões anteriores de evolução de artrópodes, e ainda
faltam muitos detalhes. De qualquer forma, muitas informações atuais suportam essa visão –
Crustacea como um agrupamento parafilético antigo, “mãe dos artrópodes modernos”.
Sobre a evolução dos Arthropoda: Considerações finais
Indiscutivelmente, o filo Arthropoda é o grupo animal mais bem-sucedido da Terra. As
espécies comportam uma impressionante diversidade estrutural e taxonômica, apresentam um
registro fóssil rico e são os animais preferidos para estudos sobre a biologia do
desenvolvimento, com diversos “sistemas-modelo” (Drosophila, por exemplo). Porém ainda
não é possível definir claramente como estes animais relacionam-se entre si, e só podemos
discutir acerca da evolução do filo a partir de modelos hipotéticos.
Sobre a diversidade dos artrópodes é possível afirmar:
*A superioridade numérica não é recente. Registros fósseis mostram que a
diversificação dos artrópodes começou provavelmente durante o Pré-Cambriano, e já no
Cambriano os artrópodes talvez fossem o filo mais diverso da Terra.
*Sua grande variação de tamanho os torna adaptáveis a uma grande variedade de nichos
ecológicos. Os artrópodes diminutos são encontrados em sedimentos marinhos, recifes de coral,
folhagem de algas, sobre musgos e sobre corpos de qualquer tipo de animal. Todos os
microhábitats terrestres são explorados por insetos e ácaros.
*A coevolução com as plantas no ambiente terrestre e com as algas nos aquáticos foi
uma força poderosa na irradiação dos artrópodes, com insetos e crustáceos envolvidos.
*A habilidade do voo nos insetos levou-os a nichos não explorados por outros
invertebrados.
A importância dos artrópodes pode ser medida também pelas contribuições biológicas
que esses animais trouxeram no seu processo evolutivo. Nunca é demais lembrar as seguintes
características, tão comuns hoje em diferentes grupos animais, que foram diferenciadas a partir
dos artrópodes:
- Cefalização pronunciada, os gânglios cerebrais se fundem e se tornam centralizados e
aparecem definitivamente os órgãos sensoriais na cabeça.
- Metâmeros mais especializados, com uma variedade de especialidades, definindo a
tagmose.
- Os apêndices articulados, o grande diferencial dos artrópodes, são pareados,
diversificados para cumprirem diversas funções, e são também responsáveis pela adaptação das
espécies do filo.
- A locomoção acontece através da musculatura extrínseca dos apêndices, ao contrário
da musculatura associada à parede do corpo típica dos anelídeos. Os músculos estriados
conferem rapidez aos movimentos.
- A quitina é bem desenvolvida entre os artrópodes e o exoesqueleto cuticular é A
INOVAÇÃO, permitindo uma gama de adaptações.
-As traqueias representam um mecanismo de respiração mais eficiente que o da maioria
dos invertebrados.
- O trato digestivo é muito especializado, com dentes quitinosos, compartimentos e
ossículos gástricos.
- Os artrópodes exibem padrões comportamentais extremamente complexos, quando
comparados com a maioria dos outros invertebrados, incluindo diversos casos de organização
social.
- As espécies deste filo desenvolveram mecanismos de proteção eficientes, como
coloração e padrão de imitação, características que se “repetiram” em vertebrados como
anfíbios e répteis.
III.
CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ARTHROPODA
Agrupados em 4 subfilos e 13 classes, os artrópodes representam o mais diverso filo de
animais, constituem 85% das espécies do reino animal com estimativas de 1.097. 289 espécies
viventes e entre 30-50 milhões de espécies não descritas. Estão agrupados aqui os camarões,
lagostas, escorpiões, centopeias, ácaros e insetos, entre outros grupos. Os artrópodes são
invertebrados protostômios celomados com organização interna bem desenvolvida e
metaméricos. Os grupos viventes são os seguintes:
Subfilo CHELICERATA
É um grupo antigo de artrópodes que inclui ácaros, aranhas, caranguejo ferradura,
opiliões, escorpiões, pseudoescorpiões e aranhas do mar, entre outros grupos (figura 6). São
caracterizados por possuírem seis pares de apêndices incluindo um par de quelíceras, um par de
pedipalpos e quatro pares de apêndices locomotores (exceção nos límulos: cinco pares de
apêndices locomotores). Não possuem mandíbulas nem antenas. A maioria suga alimento
líquido de suas presas. O corpo é geralmente dividido em cefalotórax (cabeça + tórax) e
abdômen. O primeiro par de apêndices é modificado em quelíceras, usados para alimentação.
Figura 6: Diversidade de Chelicerata. No sentido horário: Acari, Scorpionida,
Pycnogonida, Xiphosura e Araneae.
É composto pelas classes:
Classe Arachnida – Com a maioria das espécies terrestres, usualmente tem quatro
pares de pernas quando adultos. Estão agrupados aqui as aranhas, escorpiões, ácaros, carrapatos
e outros.
Classe Merostomata – Animais marinhos, representados atualmente pelos xifosuros,
conhecidos como caranguejo ferradura, do gênero Limulus.
Classe Pycnogonida – Abdômen reduzido, sem estruturas especiais para respiração e
excreção. Possuem 4-6 pares de pernas, e vivem em todos os oceanos. São as aranhas do mar.
Classe Arachnida: Com uma variedade anatômica maior que a dos insetos, os
aracnídeos formam um grupo com cerca de 70.000 espécies descritas. Estes foram os primeiros
artrópodes a colonizar a o ambiente terrestre, com fósseis conhecidos de escorpiões, aranhas e
ácaros datados de cerca de 400 milhões de anos atrás (Período Siluriano).
A maioria desses animais é inofensiva para os seres humanos, e muitos deles realizam
controle biológico, alimentando-se de insetos daninhos. Algumas espécies são especialmente
peçonhentas, como a aranha-marrom, aranha-armadeira, escorpiões. Também, ácaros e
carrapatos são transmissores de doenças e causam facilmente reações alérgicas e dolorosas.
Serão apresentadas aqui informações relativas a algumas das onze ordens conhecidas da
classe.
ORDEM ARANEAE: Cerca de 35.000 espécies, distribuídas em toda a Terra, representam
esta ordem de quelicerados. O corpo é dividido em duas partes: cefalotórax (prossomo) e
abdômen (opistossomo), não-segmentados e unidos por um fino pedicelo.
Os apêndices anteriores são um par de quelíceras que possuem garras terminais através
das quais passam os dutos provenientes das glândulas de peçonha, e um par de pedipalpos com
partes basais com as quais trituram os alimentos. Os quatro pares de pernas locomotoras
terminam em garras (figura 7).
Figura 7: Representação esquemática da morfologia externa de Araneae.
Todas as aranhas são predadoras, alimentando-se principalmente de insetos. Este é um
grupo de artrópodes que desenvolveu estratégias de caça muito eficientes, imobilizando as
presas através da peçonha liberada pelas garras de suas quelíceras. Algumas aranhas perseguem
as presas, outras caçam de tocaias, e muitas aprisionam suas presas em teias de seda. Depois de
imobilizadas, as presas têm seus tecidos liquefeitos pelo veneno e estes são sugados pelas
aranhas. As espécies que têm dentes na base das quelíceras quebram e trituram suas presas,
auxiliando a digestão efetuada pelas enzimas eliminadas pela boca.
A respiração é realizada por pulmões foliáceos, traqueias ou ambos. Estes consistem em
bolsas de ar paralelas que se estendem dentro de uma cavidade preenchida de sangue.
As aranhas possuem usualmente oito olhos simples, usados principalmente para a
percepção de objetos em movimento, e em algumas espécies podem formar imagem. A detecção
ambiental é feita por meio de cerdas sensoriais em forma de pêlos. As informações captadas são
correntes de ar, mudanças na tensão da teia, chegada de parceiro sexual.
A fecundação é interna. O macho, antes de acasalar, tece uma teia e libera uma gota de
esperma e armazena-o em cavidades localizadas no pedipalpo. Quando acasala, insere os
pedipalpos na abertura genital da fêmea para armazenar o esperma nos receptáculos seminais da
parceira. Antes do acasalamento há a realização de um comportamento de corte. Os ovos
fecundados são transportados pela fêmea numa ooteca13, durante um período de
aproximadamente duas semanas. Antes de chegarem à fase adulta os jovens sofrem diversas
ecdises.
ORDEM SCORPIONIDA – Os escorpiões são animais discretos, que se escondem em tocas
ou abrigos durante o dia e saem para caçar durante a noite. Alimentam-se de insetos e aranhas,
que capturam com seus pedipalpos e dilaceram com as quelíceras.
Cerca de 2.000 espécies são descritas, encontradas mais comumente nas regiões
tropicais e subtropicais, com poucas espécies nas zonas temperadas. Apenas em alguns lugares
da Oceania e na Antártida não são encontradas espécies de escorpiões. Vivem em terrenos
arenosos e localizam suas presas sentindo as ondas da superfície geradas pelos movimentos dos
insetos sobre ou dentro da areia. Essas vibrações são captadas por estruturas sensoriais
localizadas na base das pernas. Um escorpião pode localizar uma barata enterrando-se a 50cm
de distância e alcançá-la através de três ou quatro movimentos rápidos de orientação.
Acredita-se que estes foram os primeiros artrópodes a conquistar o ambiente terrestre,
há cerca de 400 milhões de anos
Os tagmas incluem um cefalotórax bem curto, que apresenta os apêndices, um par de
olhos medianos grandes e de dois a cinco pares de olhos laterais pequenos; um pré-abdomen de
sete segmentos e um pós-abdômen longo e delgado, ou cauda, de cinco segmentos, que termina
em aguilhão. As quelíceras são pequenas e possuem três artículos; os pedipalpos são grandes,
em forma de pinça, e possuem seis artículos; os quatro pares de pernas locomotoras possuem
oito artículos (figura 8).
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http://www.tolweb.org/Vaejovidae/6224
Figura 8: Scorpionida
1: Cefalotórax (Prossomo); 2: Pré-abdômen (Mesossomo); 3: Pós-abdômen (Metassomo);
4: Pedipalpos
O reconhecimento do substrato e do parceiro sexual é realizado pelo pécten, um órgão
tátil localizado na face ventral do abdômen. O aguilhão do último segmento consiste em uma
base bulbosa e um aponta curva que injeta a peçonha. A maior parte das espécies produz
peçonha inofensiva aos seres humanos, que provoca somente um inchaço doloroso. Porém
algumas espécies dos gêneros Adroctonus (África) e Centuroides (México) produzem peçonha
que pode ser fatal ao homem.
As espécies da ordem apresentam um complexo comportamento reprodutivo, com um
ritual de acasalamento que consiste numa dança: o macho segura os pedipalpos da fêmea
enquanto caminha para frente e para trás. Enquanto isso ele dá repetidos toques com seus
pedipalpos na área genital da fêmea e também dá picadas no pedipalpo da fêmea. Finalmente o
macho deposita um espermatóforo15 e puxa a fêmea para cima dele, enquanto a massa de
espermatozóides é capturada pelo orifício genital feminino. Os escorpiões podem ser
ovovivíparos ou verdadeiramente vivíparos. Nos dois casos os embriões se desenvolvem dentro
do trato reprodutor das fêmeas. O desenvolvimento dos jovens dura de vários meses a um ano, e
entre seis a noventa imagos emergem, dependendo da espécie. Os jovens, com apenas alguns
milímetros de comprimento, escalam a fêmea até atingir seu dorso, onde permanecem até depois
da primeira ecdise. Esse é um comportamento conhecido como cuidado parental, um início de
socialidade. Em aproximadamente um ano os jovens se tornam adultos, e tem longevidade que
pode alcançar vinte e cinco anos.
ORDEM ACARI – Está agrupado nesta ordem o grupo de aracnídeos com maior
importância médica e econômica. É também a ordem mais diversa, com aproximadamente
30.000 espécies descritas e uma estimativa que varia de 500.000 a um milhão de espécies!
São os conhecidos ácaros e carrapatos, que se distribuem em todos os cantos do planeta,
nos ambientes terrestres e aquáticos, com diversos estilos de vida, livre, parasitas temporários
ou obrigatórios. Esses últimos são ectoparasitos principalmente de humanos e animais
domésticos.
Os ácaros se diferenciam de todos os aracnídeos por apresentar uma fusão completa
entre o cefalotórax e o abdômen, sem nenhum sinal de segmentação (figura 9). Suas peças
bucais estão localizadas numa pequena projeção anterior, o capítulo, que consiste
principalmente em apêndices usados para a alimentação, posicionados em volta da boca. Em
cada lado da boca existe uma quelícera, que funciona para perfurar, dilacerar ou agarrar o
alimento. Os adultos possuem quatro pares de pernas, como a maioria dos aracnídeos. Os ácaros
de vida livre podem ser herbívoros ou escavadores.
Figura 9: Acari, vista frontal e ventral (http://www.tolweb.org)
A fecundação é interna, com a transferência de espermatozóides via direta ou por meio
de um espermatóforo. Do ovo eclode uma larva que possui seis pernas, seguida de um ou mais
estágios ninfais, com oito pernas, até atingir a idade adulta. As espécies que são ectoparasitas
obrigatórias copulam no hospedeiro.
Há espécies de vida livre ou parasitas, habitando ambientes terrestres, e até aquáticos,
marinhos ou de água doce (a maioria dos aquáticos).
Dentre os ácaros mais comuns podemos citar Demodex folliculorum, comum nos
folículos pilosos da maior parte dos leitores deste texto. Também Sarcoptes scabei, ectoparasito
de humanos; este ácaro cava túneis na epiderme humana, nos quais as fêmeas ovipositam cerca
de 20 ovos/dia. As secreções dos ácaros irritam a pele, e infecções são adquiridas pelo contato
com indivíduos afetados.
Classe Merostomata: Representada por euriptéridos, hoje extintos, e xifosuros, um
grupo antigo, também chamado de fósseis vivos.
Os xifosuros são marinhos, e apresentam a mesma forma do corpo desde o período
Triássico (figura 10). São três gêneros e cinco espécies atuais: Limulus, que vive em águas
rasas ao longo da América do Norte; Carcinoscorpius, ao longo da costa sul do Japão; e
Tachypleus, no leste das índias e ao longo da costa sul da Ásia. Podem atingir até 50cm.
Figura 10: Xiphosura, conhecidos como caranguejo-ferradura, representantes da
classe Merostomata.
Possuem uma carapaça não-segmentada em forma de ferradura (daí o nome vulgar,
caranguejo ferradura), e um abdômen largo, que termina num longo télson12. O cefalotórax
possui cinco pares de pernas locomotoras e um par de quelíceras, e o abdômen possui seis pares
de apêndices largos e delgados fundidos na linha mediana do corpo (figura 10). Em alguns
apêndices abdominais aparecem brânquias foliáceas. Há dois pares de olhos: um par de olhos
compostos e um par de olhos simples. Os límulos nadam usando as placas abdominais e podem
caminhar usando as pernas locomotoras. Alimentam-se à noite de vermes e pequenos moluscos,
que capturam com as quelíceras.
Durante a época reprodutiva os límulos encaminham-se à costa durante a maré alta para
acasalar. A fêmea escava na areia onde deposita os ovos, enquanto um ou mais machos, de
tamanho menor, acompanham de perto para liberar seus espermatozóides no ninho antes que a
fêmea o cubra com areia: a fecundação é externa. Depois da eclosão as larvas retornam ao mar
durante a maré alta. Estas são morfologicamente semelhantes aos extintos trilobitas, com os
quais os xifosuros podem estar aparentados.
Classe Pycnogonida: Composta exclusivamente por artrópodes conhecidos como
aranhas do mar. Cerca de 1000 espécies distribuídas em 84 gêneros são descritas, com tamanho
variando de alguns milímetros até 75cm de envergadura (figura 11). O corpo é fino com quatro
pares de pernas locomotoras longas. Somente esses artrópodes (alguns grupos) possuem
metâmeros duplicados, o que lhes confere um ou dois pares de pernas a mais, diferentes dos
aracnídeos.
Alimentam-se de fluidos de cnidários e animais de corpo mole. A maioria das espécies
possui quatro olhos simples. O sistema circulatório limita-se a um coração dorsal simples, e os
sistemas excretor e respiratório estão ausentes, pois o corpo e as pernas estreitas e longas
promovem o surgimento de uma grande superfície, suficiente para a difusão de gases e excretas.
Ocorrem em todos os oceanos, mas são mais abundantes em águas polares.
Figura 11: Pycnogonnida, as aranhas do mar.
III.2 Subfilo CRUSTACEA: Caranguejos, camarões, lagostas, siris, pulgas d’água, etc.
Os crustáceos somam mais de 70.000 espécies descritas, são familiares aos humanos e são os
invertebrados dominantes nos meios aquáticos. Com exceção dos isópodes (tatuzinhos de
jardim) e caranguejos, todos os grupos são aquáticos. Os menores crustáceos têm
aproximadamente 100µm de comprimento e vivem nas antênulas de copépodos, e o maior é o
caranguejo gigante da Tasmânia, com 4m de comprimento, carapaça de 46 cm de diâmetro e até
20kg de peso. A diversidade do subfilo está ilustrada na figura 12.
Figura 12: Diversidade de Crustacea. No sentido horário: Isopoda, Branchiopoda,
Cirripedia e Malacostraca
O nome deriva do envoltório resistente que a maioria dos crustáceos apresenta (do
latim crusta = concha)
Os crustáceos diferem dos outros artrópodes em dois caracteres: eles têm dois pares
de antenas, enquanto os outros artrópodes possuem somente um ou nenhum, e possuem também
apêndices birremes, cada um deles consistindo de um segmento basal, o propodito com dois
ramos (forma de Y) presos.
São características gerais do subfilo:
-Corpo composto de cabeça c/5 segmentos, ou céfalo, e uma longa região póscefálica; tronco
dividido em dois ou mais tagmas distintos.
-Apêndices multiarticulados, unirremes ou birremes.
-Carapaça geralmente presente, reduzida em anostracos, amfípodes e isópodes.
-Mandíbulas usualmente multiarticuladas que funcionam quebrando, cortando ou mastigando,
com dentes.
-Trocas gasosas por difusão aquosa entre superfícies branquiais.
-Excreção por verdadeiras estruturas nefridiais (glândulas antenais, glândulas maxilares, etc).
-Olhos e ocelos simples e compostos ocorrem na maioria dos taxa (exceção Remipedia), ao
menos em um estágio do ciclo de vida; olhos compostos sempre elevados num pedúnculo.
-Intestino com ceco digestivo
-Desenvolvimento direto ou misto; larva náuplio10.
A maioria dos crustáceos tem entre 16-20 somitos11, mas algumas formas apresentam
60 ou mais segmentos. O maior grupo é a classe Malacostraca, que reúne lagostas, caranguejos,
camarões, tatuzinhos de jardim e outros. O plano corporal típico tem uma cabeça com cinco
segmentos fundidos, um tórax com oito somitos e um abdômen com seis. Na extremidade
anterior há um rostro não-segmentado e na posterior um télson não-segmentado, o qual constitui
um leque caudal de vários formatos, com o último segmento abdominal e seus urópodes.
São reconhecidas 10 classes, relacionadas na figura 13:
CRUSTACEA
Figura 13: Classificação e relações filogenéticas do filo Crustacea (in: tolweb.org)
O corpo de um crustáceo é coberto por uma cutícula composta de quitina, proteína e
material calcário. As placas resistentes e mais duras dos crustáceos de grande porte são
particularmente ricas em depósitos calcários. Nas articulações as placas são moles e finas,
proporcionando flexibilidade aos somitos. A carapaça, se presente, cobre a maior parte ou todo
o cefalotórax. O abdômen termina em um télson, que não é considerado um somito, onde se
localiza o ânus.
Classe Remipedia – Derivado do latim remipedes = forma de remo. Carapaça
ausente. É representada por uma única espécie de crustáceos das Bahamas. Animais
transparentes, cavernícolas, que vivem em grutas nos mares. Pouco se conhece sobre as 11
espécies descritas. Possuem em média 3cm de comprimento,
Classe Cephalocarida – Do grego kephale = cabeça + karis = camarão. Pequenos
animais marinhos (2,5mm), sem carapaça, olhos compostos e apêndices abdominais. Somente
uma espécie é conhecida, da costa norte dos Estados Unidos, Hutchinsoniella macracantha. É
considerada a classe mais basal de crustáceos. Vivem nos fundos sedimentados ou nos
sedimentos superficiais dos mares. Alimentam-se por filtração das finas partículas do sedimento
onde habitam. São descritas 9 espécies.
Classe Branchiopoda – Do grego branchia = brânquias + pous, podos = pés.
Pertencem a esta classe os crustáceos conhecidos como pulgas d’água, muito utilizados commo
alimentos para peixes de aquário. São 934 espécies descritas com distribuição mundial,
agrupadas em quatro ordens bem distintas: Anostraca, Notostraca, Cladocera e
Conchostraca. O tamanho é variável: 3,5mm – 10cm. São animais típicos de água doce,
adaptados em meios temporários que podem suportar grandes variações de salinidae. Os ovos
são resistentes, suportando ressecamento, e só eclodindo quando o ambiente é favorável.
Classe Maxillopoda – A diversidade dos táxons dessa classe sugere um
parafiletismo. A carapaça é reduzida, possuem tamanho variável de 0,3mm-2cm. Possuem
grande importância ecológica, devido à situação na cadeia alimentar marinha. São bentônicos ou
platônicos, encontrados nos ambientes dulcícolas, no húmus nos fundos oceânicos até 7000m de
profundidade. São descritas 15.214 espécies, a maior parte destas na subclasse Ostracoda.
Muitas espécies de são parasitas. As cracas são os representantes dessa classe mais conhecidos,
e estão classificados na subclasse Cirripedia.
Classe Malacostraca - O nome deriva do grego, malakos=mole + ostrakon=concha.
Essa é a Ordem que abriga os crustáceos mais conhecidos: caranguejos, camarões, lagostas,
todos são malacostracos. Todos esses crustáceos possuem um corpo estruturado em um
cefalotórax e abdômen. As espécies conquistarem todos os meios aquáticos possíveis. São
22.671, distribuídas nas ordens Amphipoda, Decapoda, Euphausica e Isopoda. As espécies
têm tamanho variando de 1cm- Esta última representa o grupo que foi bem sucedido na invasão
do ambiente terrestre. Os isópodes, conhecidos como tatuzinhos de jardim, junto com os outros
crustáceos terrestres, os caranguejos, desempenham um importante papel ecológico, pois muitas
espécies são detritívoras. Sem estes animais, as praias teriam um fedor insuportável.
III.3 Subfilo HEXAPODA: Este é o grupo que compreende o maior número de
organismos, provavelmente milhões de espécies. São os insetos, colêmbolos, proturos e
dipluros. Estão agrupados em duas classes:
Classe Entognatha (base das partes bucais dentro da cápsula cefálica);
Classe Insecta – considerada a mais diversa classe de organismos, dominantes nos
ambientes terrestres e aéreos. As relações filogenéticas entre os grupos estão expressas na
figura 14:
HEXAPODA
Figura 14: Classificação e Relações filogenéticas em Hexapoda (in: tolweb.org)
Os hexápodos conquistaram todos os ambientes terrestres. Alguns deles voltaram à
água, como algumas famílias de insetos. Sua biodiversidade é prodigiosa, e o número de
espécies ultrapassa nossa imaginação. Só para se ter uma ideia, existe hoje mais de 12.000
espécies de formigas descritas, apenas uma família de uma ordem!!
São considerados caracteres derivados exclusivos dos hexápodes:
A perda do segundo par de antenas;
A formação de um tórax;
Os três pares de pernas, daí o nome do subfilo;
O número de segmentos abdominais, limitados a um máximo de 11 segmentos;
A perda dos apêndices abdominais (algumas estruturas persistiram nos dipluros,
colêmbolos e as genitálias externas);
As traqueias, que formam um sistema capaz de realização de trocas gasosas;
A excreção por túbulos de Malpighi.
O desenvolvimento pode ser realizado de três maneiras diferentes: Nos ametábolos, o
animal se desenvolve sem mudar de forma. Os hemimetábolos se desenvolvem por meio de
uma metamorfose dita imperfeita: o jovem é muito parecido com adulto (o grilo, por
exemplo). Nos holometábolos as espécies apresentam uma ecologia completamente
diferente do adulto, ou imago (exemplos: moscas, besouros).
Existem hoje descritas cerca de 830.000 espécies de hexápodes, com distribuição
mundial.
Classe Collembola – Uma das três subclasses de hexápodes não insetos, os colêmbolos têm
a mais ampla distribuição dos hexápodes, ocorrendo inclusive na Antártida. São considerados
também como os mais abundantes, com cerca de 250 milhões de indivíduos por hectare
quadrado. São encontrados no solo, na serrapilheira17, sob pedras, em cavernas, etc. São
conhecidas atualmente cerca de 6000 espécies.
O nome “Collembola” é derivado de colle=cola + embolon=pistão, e refere-se ao tubo
ventral que libera secreções com propriedades adesivas, funcionando como um muco colante.
Este tubo tem função primária de excreção e manutenção do balanço hídrico.
Classe Protura – Especialmente comuns no húmus e no subsolo. São conhecidas cerca
de 500 espécies, todas de hábitos alimentares fungívoros. O nome deriva do grego:
protos=primeiro + oura=cauda. Apresentam as seguintes características derivadas:
-Ausência de olhos;
-Ausência de antenas;
-Ausência de tentorium;
-Pernas posteriores alargadas, com muitas sensilas; pernas anteriores utilizadas como
antenas.
Além destas, outras características são:
-O tamanho é muito pequeno, são menores que 2mm, e o abdômen tem 12 segmentos
quando adultos. As partes bucais são entognatas, ou seja, são localizadas dentro da cápsula
cefálica. Não possuem cercos e as pernas têm cinco segmentos (figura 15).
Classe Diplura – Os dipluros são pequenos hexápodes não insetos, com cerca de 1000
espécies distribuídas em até 9 famílias. Seu tamanho varia de 2-5mm, no máximo de 50mm, não
têm pigmentação e são pouco esclerotizados. São cegos, e as antenas são longas, moniliformes e
multiarticuladas, pois são importantes órgãos dos sentidos. O desenvolvimento dos jovens é
epimórfico, ou seja, as mudas continuam por toda a vida. Algumas espécies são gregárias, e as
fêmeas podem cuidar dos ovos e dos jovens. Este é um grupo onívoro, alguns se alimentam de
vegetação viva e decomposta, enquanto outros são predadores (figura 16).
Classe Insecta - Considerados como o grupo dominante na Terra, os insetos têm sua
origem estimada em cerca de 350 milhões de anos. As estimativas do número de espécies de
insetos chegam a 30 milhões de espécies, a grande maioria delas ainda desconhecida, ou seja,
ainda há muito a ser descoberto!!
Como em outros animais, a evolução dos insetos teve períodos mais ativos que outros.
Em algumas épocas aconteceu uma explosão de novas espécies, provavelmente devido a
mudanças climáticas e ao avanço evolutivo de outros animais e também de plantas.
Um dos primeiros passos evolutivos nos insetos foi o desenvolvimento de olhos
compostos, com centenas e até milhares de facetas, cada uma destas com a face voltada para
uma posição diferente, e que juntas produzem uma imagem completa. Com exceção de alguns
grupos subterrâneos e espécies endoparasitas, a maior parte dos insetos possui um sistema
visual altamente desenvolvido.
Depois houve o aparecimento das asas. Estas apareceram bem “primitivas”, e eram
usadas inicialmente como aparato para saltos, cobrindo pequenas distâncias. Gradualmente estas
se tornaram maiores, com alguns grupos apresentando sofisticados movimentos como a
estabilidade no vôo (mecanismo copiado pelo helicóptero). Os insetos mais derivados têm asas
funcionais quando adultos, e todas as ordens tem ao menos uma espécie alada.
Outro fator que muito contribuiu para a evolução dos insetos foi a capacidade de
metamorfose, a transformação do corpo que leva a máxima adaptação ao ambiente, o que
explica como esse grupo de animais tornou-se tão bem sucedido no planeta. Com a muda, os
insetos apresentam formas diferentes durante o desenvolvimento, tornando-se capazes de
explorar diversos ambientes em cada fase de sua vida.
Todos os insetos são segmentados e possuem a esqueleto externo articulado
(exoesqueleto) característico dos Arthropoda. Os segmentos são agrupados em três unidades, a
cabeça, o tórax e o abdômen, nos quais as partes básicas destes podem ser mais ou menos
modificadas. As pernas são dispostas nos três segmentos torácicos. Os grupos são diferenciados
por várias modificações do exoesqueleto e dos apêndices, como partes bucais, pernas e
abdômen.
Insetos adultos geralmente têm asas, e essas estruturas podem diagnosticar uma ordem.
Alguns caracteres são determinantes para explicar o sucesso desta classe de artrópodes:
Cutícula
É o fator-chave para o sucesso da classe Insecta. A camada inerte oferece força para o
exoesqueleto e apódemas (suportes internos e junção de musculaturas) e atuam como uma
barreira entre os tecidos e o ambiente. Uma função crítica da cutícula é a restrição à perda de
água, vital para o sucesso dos insetos na terra.
Cabeça
A cabeça dos insetos é uma cápsula fortemente esclerotizada, ligada ao tórax por um
pescoço membranoso flexível. Nesta região os apêndices são modificados para os sentidos e a
alimentação. Aqui aparecem o aparato bucal que compreende o labro, as maxilas e o labium, e
também importantes órgãos dos sentidos como as antenas, os olhos compostos e os ocelos.
Também são encontrados olhos compostos e antenas. Em muitos insetos três ocelos
estão situados anteriormente, tipicamente arranjados em triângulo (figura 17).
As partes bucais são formadas de apêndices de todos os segmentos da cabeça.
Compõem o aparato bucal cinco componentes básicos: O labro, ou “lábio superior”; a
hipofaringe, uma estrutura em forma de língua; as mandíbulas; a maxila; e o labium, ou “lábio
inferior”.
As mais óbvias estruturas sensoriais dos insetos estão na cabeça: olhos, ocelos e
antenas (figura 17). Essas últimas são apêndices pares, móveis e segmentados, com diversos
órgãos sensoriais (ou sensilas) que funcionam como quimiorreceptores, mecanoreceptores,
termoreceptores e higrorreceptores. As antenas de machos tendem a ser mais elaboradas que as
das fêmeas correspondentes, o que aumenta a área de superfície utilizada para detecção de
feromônios sexuais masculinos. Em resumo, as antenas funcionam como órgãos sensitivos e são
os receptores primários de todos os insetos e têm também uma função tátil devido ao grande
número de sensilas que possuem.
São reconhecidas atualmente 30 ordens de insetos, relacionadas como mostra o anexo 1.
Algumas características que podem ilustrar a diversidade dessa classe são a seguir
comentadas:
A forma do aparelho bucal é determinada pela dieta, e basicamente, as peças bucais
dos insetos são classificadas em mastigadoras e sugadoras.
Nos insetos mastigadores as mandíbulas movem-se transversalmente, e o inseto é capaz
de cortar e mastigar o alimento sólido.
Mesmo nesse grupo, a morfologia das partes bucais varia entre as espécies. A superfície
cortante da mandíbula é diferenciada de acordo com a dieta da espécie. Por exemplo, nos
insetos carnívoros estas são armadas com fortes “dentes”; nos gafanhotos, que se alimentam de
vegetais, há uma série de “dentes pontudos”. Nas espécies que não se alimentam na fase adulta
as partes bucais são muito reduzidas sendo, às vezes, vestigiais ou ausentes (Ephemeroptera).
O aparato bucal de insetos que se alimentam de fluidos (sugadores) foi modificado para
formação de um tubo, através do qual o líquido pode ser sugado para dentro deste aparelho. A
musculatura da faringe é fortemente desenvolvida para formar uma bomba. Em Heteroptera e
muitos Díptera, que se alimentam de fluidos de plantas ou animais, alguns componentes das
partes bucais foram modificados num ferrão.
Nos Lepidoptera a probóscide é longa e enrolada. Esse tipo de aparelho bucal é
chamado de bomba-sifão, pois não há uma estrutura como o ferrão dos Hemiptera: nesse caso o
inseto simplesmente suga ou bombeia o líquido externo por meio da probóscide.
O tórax é a parte locomotora do corpo, apresentando as pernas e as asas. Divide-se em
três segmentos: Protórax, Mesotórax e Metatórax. O protórax é conectado à cabeça por meio do
cérvix, uma região membranosa, que funciona como um pescoço. Nesta parte do corpo também
são encontrados os espiráculos, aberturas responsáveis pelas trocas gasosas. A porção lateral do
tórax em insetos alados difere do abdômen no que diz respeito à esclerotização: o tórax dos
insetos alados é fortemente esclerotizado e muito rígido.
A morfologia dos três pares de pernas encontrados no tórax caracteriza o hábito dos
insetos:
-pernas saltatórias – Orthoptera (grilos, gafanhotos, esperanças);
-pernas raptoras – grupos que capturam presas;
-pernas cursoriais – insetos que correm (baratas);
-pernas natatórias – espécies que nadam (Coleoptera e Heteroptera aquáticos);
-pernas gressoriais – insetos que andam (formigas);
-pernas fossoriais – insetos que cavam (paquinhas).
O abdômen é composto por 11 segmentos. Nesta parte do corpo são encontrados o
aparelho reprodutor, digestivo e excretor e circulatório. A genitália dos insetos geralmente é
localizada nos segmentos abdominais 8 e 9. Os insetos Apterygotas (sem asas) e muitos insetos
aquáticos imaturos têm apêndices abdominais.
Os órgãos específicos relacionados ao acasalamento e oviposição são conhecidos como
genitália externa, cuja forma é muito diversa e tem considerável valor taxonômico, uma vez que
em muitos grupos de insetos a genitália masculina ajuda na distinção de espécies.
A terminália (porção ano-genital do abdômen) de fêmeas adultas inclui estruturas
internas utilizadas para o recebimento dos órgãos copulatórios masculinos e seus
espermatozóides e estruturas externas para a oviposição. A genitália externa feminina funciona
como um tubo para a postura de ovos, embora em alguns grupos estes sejam ausentes (Isoptera,
Phthiraptera, e a maior parte dos Ephemeroptera). Esses ovipositores podem ter duas formas:
a) O verdadeiro ovipositor, formado por apêndices dos segmentos abdominais;
b) O ovipositor substituto composto de segmentos abdominais posteriores extensíveis.
A-Setácea (Libélula);
B-Filiforme (Besouro);
C-Moniliforme (Besouro);
D-Clavada (Besouro);
E-Clavada (Besouro-joaninha);
F-Capitada (Besouro);
G-Serreada (Besouro);
H-Pectinada (Besouro);
I-Plumosa (Macho de mosquito); JAristada (Mosca das flores);
K-Estilada (Moscas);
L- Flabelada (Besouro);
M-Lamelada (Besouro);
N-Geniculada (Vespa, himenópteros
em geral)
.
a)Pernas fossoriais – insetos que cavam
(paquinhas).
b)Pernas
que
agarram
–
Ectoparasitas
(Mallophaga e Anoplura)
c)Pernas que fazem limpeza – Hymenoptera.
d)Aparato das pernas que coletam pólen.
III.4 Subfilo MYRIAPODA (miríade= milhares; poda=pés): aqueles que têm muitos
pés - Quatro classes compõem esse grupo: Chilopoda, Diplopoda, Pauropoda e Symphila,
ilustradas na figura 10. Dentre elas as mais conhecidas são Chilopoda (centopéias, lacraias) e
Diplopoda (gongolos, que chegam a apresentar até 750 pernas!!). Inicialmente os miriápodes
eram agrupados nos unirremes, como os insetos. Porém, as filogenias estabelecidas a partir de
biologia molecular indicam a presença deste caractere nos dois grupos como uma convergência
correspondente à adaptação ao meio terrestre, nos insetos e nos miriápodes. São artrópodes com
um padrão corporal com dois tagmas (cabeça e tronco) com apêndices pareados em todos ou
quase todos os somitos do tronco.
Junto com os hexápodes, os miriápodes representam o triunfo terrestre dos artrópodes.
Esses dois grupos são chamados de mandibulados terrestres, e são os mais abundantes grupos de
animais terrestres.
Os miriápodes incluem membros das classes Diplopoda, Chilopoda, Pauropoda e
Symphyla, distribuídas em aproximadamente 12.050 espécies de distribuição mundial (figura
18).
Possuem como caracteres derivados exclusivos:
-Órgãos de Tömösvary: órgãos sensoriais particulares de função desconhecida, que
comportam grupos de células sensoriais epidérmicas enervadas pelo protocérebro.
-A perda de um ramo do apêndice birreme.
-A presença de traqueias, responsáveis pelas trocas gasosas, o que constitui uma
convergência com os hexápodes.
-Dois tubos de Malpighi realizam a excreção.
Classe Chilopoda – Membros da classe Chilopoda são os centípedes, geralmente
conhecidos como centopeias, lacraias, piolhos de cobra, etc. O nome tem origem grega: cheilos
=lábio, margem + podus=pés. A maioria dos centípedes tem hábitos noturnos e vivem nas
superfícies de troncos, rochas, ou nas camadas superiores dos solos de florestas. Possuem uma
epicutícula com uma camada de cera e precisam de habitats com entulhos. O corpo é achatado e
possuem um único par de pernas longas em cada uma dos 15 ou mais segmentos do tronco. O
último par de pernas é usualmente modificado em longos apêndices sensoriais. A cabeça tem
apêndices semelhantes aos insetos, com um par de antenas, um par de mandíbulas e u ou dois
pares de maxilas. O par de olhos que se localiza na face dorsal da cabeça é um grupo de ocelos
A reprodução envolve comportamento de corte, no qual o macho tece uma teia a partir
de glândulas no lado posterior do corpo. Ele coloca ali o espermatóforo, no qual a fêmea
introduz sua abertura genital. Os ovos são fertilizados quando são liberados. A fêmea apresenta
cuidado parental, guardando os ovos e circulando entre eles. Os jovens são semelhantes aos
adultos, exceto que têm poucas pernas e segmentos, que são adicionados a cada muda.
Quilópodes são ágeis predadores que se alimentam de pequenos artrópodes, minhocas e
lesmas; no entanto, algumas espécies se alimentam de sapos, roedores e até morcegos! Nestes
animais os apêndices do primeiro segmento corporal se transformaram em poderosas estruturas
de peçonha, os forcípulos que matam ou imobilizam a presa. A maioria das espécies sintetiza
peçonha inofensiva aos humanos, embora muitos tenham forcípulos que são comparáveis aos
ferrões das vespas; os acidentes mortais relatados aconteceram com grandes espécies tropicais.
Classe Diplopoda – Também chamados “mil-patas”, os diplópodos ou milípedes têm
seu nome de origem grega, que significa diploos = duas dobras + podus = pés, ou pés dobrados.
É uma classe com espécies distribuídas mundialmente, facilmente encontradas nas camadas
inferiores da serrapilheira, em húmus ou sob troncos caídos. Sua epicutícula contém muita cera;
por isso a escolha do habitat é importante para evitar dessecação. Todos têm muitas pernas, e se
alimentam de matéria vegetal caída mastigando ou rasgando com suas mandíbulas. Poucas
espécies têm partes bucais adaptadas para sugar secreções vegetais.
A cabeça apresenta dois grupos de olhos simples e um par de antenas, um de
mandíbulas e um de maxilas.
Na maioria das espécies os apêndices do sétimo somito são especializados como órgãos
copulatórios. Depois da cópula as fêmeas depositam seus ovos em um ninho e os guardam até a
eclosão. As formas larvais possum apenas um par de pernas em cada somito.
Os milípedes não são tão ativos como as centopéias, e se enrolam como uma bola
quando perturbados ou ameaçados de dessecação. Muitos possuem glândulas que produzem
substâncias repulsivas como cianeto de hidrogênio, repelente para outros animais.
Classe Pauropoda – Do grego pauros = pequeno + podus = pés). São artrópodes
terrestres, os menores miriápodes (menores que 5 mm), de corpo mole, esbranquiçados ou
amarelados, que são raramente encontrados por um observador casual. Superficialmente eles
parecem hexápodes como colêmbolos ou psocópteros, mas os adultos têm 11 (ou às vezes 12)
segmentos no corpo, e 9 (ou10-11) pares de pernas. Eles também possuem antena única
bifurcada e um padrão locomotor distinto caracterizado pelo movimento rápido e freqüente com
mudanças abruptas de direção. A maior parte dos paurópodes perdeu os olhos, o sistema
traqueal e o sistema circulatório.
Podem ser encontrados no solo, em madeira apodrecida, na serrapilheira e outros locais
úmidos. Cerca de 500 espécies já foram descritas, distribuídas em cinco famílias.
Classe Symphyla – Os representantes dessa classe são pequenos artrópodes com
tamanho variando de 2-10mm que ocupam o solo e folhas apodrecidas e são semelhantes a
centopéias. Estes organismos perderam os olhos, mas possuem antenas longas e não-ramificadas
e poros sensoriais na base das antenas; têm um tronco com 12 segmentos incluindo um par de
fiandeiras17.
Alimentam-se de vegetação caída no solo, e algumas espécies são pragas agrícolas de
flores e vegetais. O nome tem origem grega: sym=mesmo, igual + phyllos=folha.
Figura 18: Diversidade de Myriapoda
IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E AMBIENTAL DOS ARTRÓPODES
Embora sejam competidores com o homem por alimento e também sejam transmissores
de doenças, os artrópodes são animais essenciais na polinização de muitos vegetais usados na
utilização humana, servem de alimento, são utilizados como matéria-prima para drogas e
tinturas, e produzem produtos como a seda, o mel, própolis e a cera de abelha.
As espécies economicamente importantes do filo têm uso direto e indireto, com
impactos positivos e negativos, sendo utilizadas como recurso alimentar, indiretamente na
melhoria do solo para cultivos e como base para rações consumidas por diversas espécies de
animais; são utilizadas na indústria de jóias e pigmentos, têm importância agrícola e na saúde,
utilizados como terapias alternativas ou como vetores de microorganismos causadores de
doenças que afetam o homem e outros animais. As espécies de importância econômica são
encontradas nos seguintes grupos:
CRUSTACEA
BRANCHIOPODA (pulga d’água)
MALACOSTRACA (krill, camarões, caranguejos, lagostas, lagostins)
MAXILLOPODA (cracas)
HEXAPODA
INSECTA
CHELICERIFORMES
CHELICERATA (aranhas, ácaros, carrapatos)
A importância econômica será apresentada em relação aos aspectos positivos e
negativos. Dentro de cada um destes aspectos, o uso desses recursos será tratado como de uma
maneira direta ou indireta, na alimentação, indústria, agricultura, pecuária e saúde pública.
1.Utilização como Recurso alimentar
1.1 Uso direto: A importância dessas espécies utilizadas como alimento remonta a vários
séculos: desde a antiguidade diferentes culturas utilizavam crustáceos e insetos como
importantes itens alimentares.
a) Pesca:
As espécies pescadas exclusivamente para consumo humano são:
ARTHROPODA; CRUSTACEA; Classe MALACOSTRACA; ORDEM DECAPODA:
Família Penaeidae: Penaeus brasiliensis (camarão rosa), Xiphopenaeus kroyer (camarão
sete-barbas).
Famílias Gecarcinidae Cardisoma guanhumi (guaiamu), Ocypodidae (caranguejos),
Portunidae Callinectes sapidus (siris).
Famílias Palinuridae (lagostas), Astacidae (lagostins), Cambaridae (lagostim de água
doce).
b) Colheita em meio terrestre
A nível marginal existem espécies de artrópodes de importância econômica local,
usados na alimentação: abdômen de rainhas de saúvas (INSECTA; FORMICIDAE) consumidos na
América do Sul e Central; gafanhotos (INSECTA; ORTHOPTERA) consumidos no México, África
e China; larvas de escarabeídeos e passalídeos (INSECTA; COLEOPTERA), larvas de lepidópteros
(Insecta; Lepidoptera) consumidas por populações amerindianas, pigmeus africanos e
aborígenes australianos, larvas de vespas (Insecta; Hymenoptera) consumidas no Japão e nas
Ilhas Reunião.
c) Criação de recursos pesqueiros e terrestres:
ARTHROPODA – Carcinicultura (cultivo de camarões).
d) Produtos apícolas:
Abelhas melíferas produtoras de mel e outros produtos apícolas.
ARTHROPODA; INSECTA; HYMENOPTERA; APIDAE; Apis, Melipona,Tetragonisca. Os
dois últimos gêneros representam algumas espécies de abelhas sem ferrão ou indígenas.
1.2 Uso indireto
b) Alimentos para aquariofilia:
ARTHROPODA; CRUSTACEA; BRANCHIOPODA; DAPHINIIDAE; Daphnia spp. utilizado na dieta de
peixes de aquário como “comida viva”, cultivado comercialmente. O krill é pescado
comercialmente, sendo utilizado como ração para peixes, como isca, e também para consumo
humano (ARTHROPODA; CRUSTACEA; MALACOSTRACA).
2. Importância agrícola
2.1 Aspectos econômicos diretos
a) Aspectos benéficos da importância econômica: Engenheiros de ecossistema. São
organismos que modificam o ambiente ao transformarem materiais vivos ou não de um estado
físico para outro através de meios mecânicos ou outros meios. São considerados engenheiros de
ecossistema as minhocas os cupins e as formigas, num conceito definido por Patrick Lavelle,
que desenvolveu esse tema para a sustentabilidade de solos tropicais. Apesar de não ser um
artrópode, o papel dos anelídeos será discutido aqui para uma melhor abordagem do tema.
ARTHROPODA; INSECTA; ISOPTERA, HYMENOPTERA (FORMICIDAE).
As minhocas, com suas atividades mecânicas levam à criação de estruturas como
galerias e coprólitos que modificam as propriedades físicas dos solos onde vivem e a
disponibilidade de recursos para outros organismos. Os agregados do solo formados por essas
atividades podem proteger parte da matéria orgânica de uma mineralização rápida, e constituem
uma reserva de nutrientes disponíveis para as plantas, pois contribuem liberando oligoelementos
e NPK de forma assimilável para os vegetais. Os cupins digerem a celulose, e alteram a
estrutura dos ecossistemas por meio do seu comportamento construtor, promovendo um
aumento na porosidade do solo e no transporte de partículas minerais para a superfície e viceversa. Dessa maneira, eles influenciam a disponibilidade de recursos para organismos de cadeias
tróficas diferentes. As formigas atuam mecanicamente revolvendo o solo movimentando as
camadas em diferentes sentidos. Por serem organismos onipresentes nos ambientes, ajudam a
controlar a população de outros insetos e também contribuem dispersando sementes, enterrando
cadáveres e depositando em diferentes camadas do solo outros restos orgânicos.
b) Aspectos benéficos da importância econômica: Apicultura.
ARTHROPODA; INSECTA; HYMENOPTERA. APIDAE; Apis, Melipona, Tetragonisca.
Abelhas produtoras de mel (usado como item alimentar), própolis (terapia alternativa ao
uso de antibióticos), pólen e geléia real (complemento alimentar).
c) Aspectos benéficos da importância econômica: Polinização
ARTHROPODA; INSECTA; DIPTERA, HYMENOPTERA, LEPIDOPTERA.
Abelhas, lepidópteros e dípteros são conhecidos polinizadores. Dentre os artrópodes, as
abelhas são provavelmente aqueles que tem maior importância econômica como polinizadores,
as espécies do gênero Apis polinizando diversas fruteiras. Mais intensamente no Hemisfério
Norte existe um sofisticado e lucrativo sistema de criação massal de colméias para
arrendamentos a produtores de frutas na primavera. Este é um negócio que movimenta milhões
de dólares anuais: no início da primavera os proprietários das colméias as alugam e estas são
transportadas em caminhões até as fazendas produtoras, polinizando espécies de figos, mirtilos,
melão, laranja, e também legumes. Nas regiões tropicais são conhecidos os himenópteros
polinizadores de maracujá (gênero Xylocopa, abelhas conhecidas como mamangava).
e) Aspectos benéficos da importância econômica: Controle biológico.
ARTHROPODA; HEXAPODA (INSECTA; DIPTERA, HYMENOPTERA); CHELICERIFORMES
(CHELICERATA; ARACHNIDA; ACARI, ARANEAE).
Diversos artrópodes hexápodes e quelicerados são economicamente importantes por
serem utilizados como agentes de controle biológico, e muitos são criados em escala comercial.
O controle biológico baseia-se no estabelecimento (precedido de importação) de inimigos
naturais de pragas exóticas para que a praga seja controlada com pouca ajuda posterior. Esse
tipo de controle manipula uma população de organismos de forma a reduzir seus danos
econômicos usando organismos predadores ou patogênicos.
Como exemplos: aranhas são predadores diversos e eficientes; tradicionalmente são
mantidas em estábulos de criação de gado de leite para controle de moscas. Existem estudos
regionais ainda não publicados de uma família de aranha eficaz no controle da mosca-doschifres (Diptera: Cuterebridae: Dermatobia irritans). Microhimenópteros parasitóides
(Encyrtidae: Apoanagyrus lopezi) utilizados no controle da cochonilha-da-mandioca
(Hemiptera: Homoptera: Phenacoccus manihoti) levando a um benefício anual estimado em
US$ 200 milhões. Ácaros predadores também são importantes e utilizados como inimigos
naturais de ácaros fitófagos. Ácaros também controlam populações de cochonilhas, gafanhotos e
pragas de grãos armazenados.
f) Aspectos negativos: Pragas agrícolas.
Outro aspecto da importância econômica agrícolas dos animais é quando estes se
tornam pragas, podendo causar graves prejuízos financeiros. O status de praga depende da
abundância dos indivíduos, e do tipo de incômodo que eles causam. Alguns conceitos devem ser
definidos para a determinação de uma praga. Dano é a perda mensurável de utilidade do
hospedeiro, como a qualidade ou quantidade da produção, ou da estética. Algumas vezes o dano
provocado por poucos indivíduos é inaceitável, como em frutos infestados por moscas-de-fruta.
Outras vezes é necessária uma alta densidade de indivíduos ou uma epidemia destes antes de se
tornarem pragas (ex: gafanhotos se alimentando nos pastos somente são considerados pragas
quando a população é muito grande!).
Entre os artrópodes existem pragas agrícolas e de grãos armazenados. São espécies do
subfilo HEXAPODA (INSECTA) e CHELICERATA (ACARI) de diversas ordens.
Como exemplos de artrópodes pragas de plantas cultivadas:
INSECTA; HEMIPTERA; HOMOPTERA; STENORRYNCHA; ALEYRODIDAE; Bemisia tabaci,
Bemisia argentifolii, popularmente chamadas de mosca-branca, atacam cultivos de caju, melão,
soja, tomate, plantas ornamentais, entre cerca de 500 espécies nas quais conseguem se
reproduzir.
Os insetos são das mais importantes pragas de grãos armazenados, agentes responsáveis
pelas perdas no período pós-colheita. Os principais insetos de grãos e subprodutos armazenados
pertencem a 28 famílias da ordem Coleoptera (gorgulhos ou carunchos) e seis espécies de
quatro famílias (Pyralidae, Tineidae, Oecophoridae e Gelechiidae) da ordem Lepidoptera
(traças).
Dentre os coleópteros alguns mais importantes são Lasioderma serricorne (F.), também
conhecido com "bicho-do-fumo" e Stegobium paniceum (L.) (gorgulho-da-farinha).
São exemplos de traças: Traça-das-amêndoas (Cadra cautella, Pyralidae), traça
mediterrânea-da-farinha (Ephestia kuehniella, Pyralidae), traça-do-fumo (E. elutella, Pyralidae),
traça-da-passa-de-uva (C. figulilella, Pyralidae), traça-indiana-das-farinhas (Plodia
interpunctella, Pyralidae) e traça-dos-grãos (Sitotroga cerealella, Gelechiidae).
3. Prejuízos a diversos sistemas produtivos.
3.1 Aspectos econômicos diretos
b) Importância veterinária
Na medicina veterinária espécies de artrópodes podem impor perdas significativas na
produção animal.
Os artrópodes que são de importância médico-veterinária pertencem às classes Acari e
Insecta. São carrapatos (Chelicerata; Acari-Parasitiformes), que causam prejuízos como
diminuição na produção animal, perdas no setor coureiro (carrapato-de-boi, Boophilus
microplus) com queda da qualidade do couro a ser comercializado, diversos dípteros (Diptera;
Brachycera, Nematocera) vetores de nematódeos e protozoários que causam doenças como
tripanossomoses e filarioses. Os dípteros pertencem às famílias Culicidae, Cuterebriidae
(Dermatobia, conhecida como berne), Psychodidae e Simuliidae. São também vetores de
importância médico-veterinária os hemípteros vulgarmente conhecidos como barbeiros
(Hemiptera; Heteroptera; Reduviidae; Triatoma infestans). Algumas ordens de insetos são
compostas de parasitas obrigatórios como Phithiraptera: Anoplura e Mallophaga (piolhos
sugadores e mastigadores) e Siphonaptera (pulgas).
4. Importância na saúde: Aspectos positivos e negativos na saúde pública
a) Efeito direto de aspectos positivos.
Os artrópodes também são utilizados em tratamentos de medicina alternativa: é
amplamente divulgado o uso de abelhas Apis mellifera na apiterapia, que é o tratamento por
picadas de abelhas, cujo veneno tem ação antibiótica.
b) Efeito direto de aspectos negativos
Artrópodes podem efetuar um impacto negativo na saúde pública por serem hospedeiros
de microorganismos transmissores de doenças aos animais incluindo o homem. Alguns
artrópodes são os maiores responsáveis pela transmissão de doenças nosocomiais, atuando em
ambientes como centros cirúrgicos e gabinetes dentários. Humanos podem ser infestados por
piolhos, pulgas (que transmitem a peste bubônica) e ácaros. São eficientes vetores de
microorganismos (formigas). Mosquitos dípteros da subclasse Nematocera são transmissores de
dengue, doenças-do-sono, febre amarela, filarioses, leishmaniose, malária, e oncocercoses, entre
outras doenças.
5. Manufaturas; matéria-prima.
Muitas espécies de artrópodes são também utilizados na manufatura de jóias, na
indústria cosmética e na fabricação de tintas.
Nos artrópodes, besouros das famílias Buprestidae e Scarabaeidae são utilizados como
matéria-prima na fabricação de jóias, na cultura andina. As cochonilhas (Hemiptera;
Homoptera; Dactylopius coccus) produzem o corante vermelho-carmim, usado nas indústrias
alimentícia e farmacêutica.
ALÉM DISSO..
O poder da regeneração
Os límulos possuem a rara habilidade de regenerar seus membros perdidos, de uma
forma similar ao que fazem asestrelas-do-mar. Estes animais são extremamente valiosos como
espécies para a comunidade de pesquisas médicas. Desde 1964 uma substância feita através do
sangue (que é azul) dos Límulos, chamada LAL (Limulus Amebocyte Lysate, em inglês) vem
sendo testada contra endotoxinasbacterianas e na cura de várias doenças causadas porbactérias.
Os animais podem ser devolvidos à água após a extração de uma certa quantidade de seu
sangue, fazendo com que essa busca não se torne um risco à sobrevivência destesartrópodes. A
vida de um único Límulo para extração sangüínea periódica pode valer até 2.500dólares. O
sangue destas criaturas é azul, o que é um resultado da alta concentração de hemocianina
cuprosa ao invés da hemoglobina ferrosa encontrada, por exemplo, nos humanos. O fato de os
Límulos terem evoluído tão pouco ao longo desses 300 ou 400 milhões de anos é uma das
razões que faz deste um animal tão diferente dos demais.
Sobre a teia das aranhas...
Diversos aracnídeos e também alguns insetos produzem seda, um hábito importante
para a vida das aranhas. Essas aranhas possuem estruturas especiais, fiandeiras14, e as glândulas
sericígenas, localizadas no abdômen. Uma secreção protéica, líquida, endurece ao ser puxada
das fiandeiras e forma um fio de seda. Os fios de seda são mais fortes que fios de aço do mesmo
diâmetro, e só perdem em resistência para fibras de quartzo fundido. As teias mais comuns são
aquelas construídas para captura de insetos, mas esta pode variar entre as espécies. Os fios de
seda são utilizados também para revestir os abrigos, produzir ootecas, como fio guia, para
produzir pontes, fios de advertência, fios de muda, ou teias comunitárias para desenvolvimento
das crias.
As aranhas são comumente motivos de medo, repulsa ou nojo por parte dos seres
humanos. Relativamente poucas espécies são capazes de causar acidentes em humanos. Dentre
estas podemos citar a “viúva negra” (Latrodectus mactans), a “aranha marrom” Loxosceles
reclusa, “aranha armadeira”, espécies do gênero Phoneutria (estas muito agressivas, com uma
espécie endêmica ameaçada na região sul da Bahia, figura 19).
“Animais domésticos”
Conhecidas como animais símbolo do trabalho e da abnegação, as formigas, como a
maior parte dos insetos são considerados “pequenos animais que incomodam” e comumente, a
primeira pergunta feita a alguém que trabalha com formigas é: “Como eu faço para acabar com
as formigas do açucareiro?” ou então ouvimos afirmações do tipo: “Formigas são boas para a
vista!”
O que muitos desconhecem é que as formigas que passeiam nas residências,
consultórios médicos e hospitais NÃO são boas para a vista. São espécies exóticas, introduzidas
geralmente pela ação humana e, em muitos casos, vetores de microorganismos responsáveis por
uma alta freqüência de infecção hospitalar. Quanto às formigas do açúcar, também espécies
exóticas, na sua maioria, são difíceis de serem exterminadas pelo comportamento reprodutivo:
muitas espécies são poligínicas, ou seja, têm várias rainhas. Assim, quando é utilizado um
inseticida que atinge somente as operárias, a colônia, para se manter, se fragmenta, indo cada
um ou mais de uma rainha para outro local e assim fundando uma nova colônia: essa é a
RESISTÊNCIA A INSETICIDAS, que nada mais é do que o resultado de uma forma
inadequada de controle!
As sociedades
Não foi no homem que apareceu primeiro o cuidado com a prole, a adoção, a divisão de
trabalho como num exército e a sociedade matriarcal: todos esses comportamentos evoluíram e
atingiram a perfeição nos ARTRÓPODES!!!!
Socialidade significa tendência ou padrão de quem vive em sociedade, em grupos. No
reino animal há diversos exemplos de espécies que exibem diferentes padrões de vida social, de
invertebrados a vertebrados. O estudo desse comportamento é um tema que fascina
antropólogos, biólogos, matemáticos, psicólogos e sociólogos.
“Viver em sociedade” exige custos, porém apresenta benefícios que explicam o sucesso
evolutivo de diversos animais, entre eles o homem. Em invertebrados a socialidade, nos mais
variados graus, já foi observada em diversos grupos, mas é nos artrópodes que esta característica
atingiu o mais alto grau de complexidade: a eussocialidade.
Encontramos animais com algum grau de socialidade em aranhas, escorpiões,
pseudoescorpiões, camarões, insetos e miriápodes de diversas ordens com diferentes padrões de
socialidade. O apogeu da eussocialidade aparece nos insetos: cupins, abelhas, formigas e vespas
são os animais eussociais. Nestes grupos é possível observar uma complexa relação entre
parentes dos mais variados graus, pautada pela tolerância. Em nome da manutenção da espécie
algumas fêmeas abrem mão de reproduzirem-se, e cuidam da prole das suas irmãs, sobrinhas e
tias. Nessa sociedade matriarcal (com exceção dos cupins) as tarefas são bem definidas e, mais
importante, exemplarmente executadas!! Não há preguiça, mau humor ou desentendimentos: o
trabalho é bem realizado, a todos os imaturos os mesmos cuidados são dispensados, e um
objetivo maior une os companheiros de ninho: o bem estar da colônia e, por conseguinte, de
toso os seus componentes, que resultam no sucesso reprodutivo da espécie!
Tamanho é o grau de perfeição duma sociedade de insetos que o homem aplica esses
conceitos em diversas situações cotidianas. Entre alguns exemplos podemos citar uma das tribos
mais famosas, citadas no poema épico Ilíada de Homero: os mirmídones, uma tribo de homens
diligentes e trabalhadores, ávidos de ganhar e perseverantes na defesa do que têm!! O nome é
inspirado nas formigas, pois myrmex=formiga em grego.
Vai para o livro dos recordes!
Proporcionalmente ao tamanho do corpo, o salto de uma pulga seria equivalente a um
ser humano de 1,80m executar um salto em altura, sem corrida, de 180m...
O mais rápido movimento do reino animal é executado por uma formiga: espécies do
gênero Odontomachus, também conhecidas como formigas de estalo são capazes de abrir e
fechar as longas mandíbulas numa velocidade de 0,13 milésimos de segundo, 2.300 vezes mais
rápido que um piscar de olhos!! Com esse “estalo” essas formigas chegam a saltar distâncias de
cerca de 40cm. Num ser humano isso equivale a um homem de 1,68m saltar 13,5m de altura e
40m de distância...
Bibliografia consultada
Princípios de Zoologia
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