1 HISTÓRIA DA TERRA Durante os séculos XVIII e - ufam

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DISCIPLINA: IBB602– ECOLOGIA PARA CIÊNCIAS NATURAIS / UFAM
MATERIAL DE APOIO DIDÁTICO / CURSO DE FÉRIAS - 2011
HISTÓRIA DA TERRA
Durante os séculos XVIII e XIX, naturalistas tentaram determinar a idade da Terra através das taxas
de deposição de sedimentos. Assim eles poderiam obter esta informação, a partir da espessura total
das rochas sedimentares em sua crosta. No entanto, as taxas de deposição variam para um mesmo
tipo de rocha e, além do mais, é impossível calcular o volume de rocha removido pela erosão ou o
volume de rocha reduzido pela compactação. Como resultado dessas incertezas, as estimativas
variavam de menos de 1 milhão de anos a mais de 2 bilhões de anos. Somente no século XX, através
de procedimentos de datações radiométricas foi possível obter uma medida mais absoluta para a
idade da Terra. Portanto na atualidade consideramos que nosso planeta possui 4,6 bilhões de anos
de existência. Com base nos principais eventos geológicos ocorridos na história da Terra, foi
desenvolvida uma escala de tempo geológico, na qual as fases foram distribuídas em quatro
categorias hierárquicas (Tabela 1): Éon, Era, Período, Época.
Tabela 1. Divisões da escala de tempo geológico.
Éon
Era
Período
Quaternário
Cenozóica
Neogeno
Terciário
Paleogeno
Fanerozóico
Mesozóica
Paleozóica
Pré-Cambriano
Época
Holoceno
Pleistoceno
Piloceno
Mioceno
Oligoceno
Eoceno
Paleoceno
Cretáceo
Jurássico
Triássico
Permiano
Pensilvaniano
Carbonífero
Mississipiano
Devoniano
Siluriano
Ordoviciano
Cambriano
Proterozóico
Arqueano
Hadeano
idade anos
(x106)
0,01
1,60
5,00
24,00
37,00
58,00
66,00
144,00
208,00
245,00
286,00
320,00
360,00
408,00
438,00
505,00
545,00
2500,00
4000,00
4600,00
A evolução de todos os fenômenos naturais da Terra e sua biota está fortemente relacionada com as
escalas evolutivas do tempo geológico. Este conceito é conhecido como princípio do
uniformitarismo.
A Terra é um planeta dinâmico e notavelmente complexo, com muitos mecanismos de
retroalimentação e interconexões por todos os seus subsistemas e ciclos. Explicações coerentes
sobre os fenômenos naturais, sustentadas por muitas evidências objetivas constituem a base das
teorias da história da Terra. A principal teoria, considerada como marco nas ciências geológicas e a
teoria da tectônica de placas. Desta teoria pode-se destacar alguns conceitos fundamentais:
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• Os continentes e as bacias oceânicas são parte de um mesmo sistema composto – litosferaatmosfera-hidrosfera – que evolui seguindo a dinâmica das camadas do interior da Terra (núcleo,
manto e sub-camadas da crosta terrestre).
• As placas tectônicas são movidas pelas correntes de convecção do manto (camada maior que
circunda o núcleo da Terra). Essa movimentação leva à formação de montanhas e outras
estruturas geológicas que compõe o relevo da superfície da crosta terrestre.
• A disposição geográfica dos continentes como consequência dos movimentos tectônicos
também condiciona a evolução dos ciclos atmosféricos, uma vez que afeta os mecanismos que
mantêm os sistemas eólicos e os que controlam o aquecimento e resfriamento das massas de ar.
Por outro lado, a rápida expansão das placas e as atividades localizadas nas áreas de tensão
podem liberar, vulcanicamente, dióxido de carbono que também interfere nos regimes
climáticos.
• A configuração continental afeta as correntes oceânicas. A velocidade de expansão das placas
afeta o volume das cadeias mesoceânicas e, portanto, o nível do mar. A movimentação e
localização geográfica dos continentes pode contribuir para o início de eras glaciais.
• No que se refere a interferências sobre a Biosfera, além dos efeitos decorrentes da evolução dos
regimes climáticos, o movimento dos continentes cria corredores ou barreiras à migração das
espécies, à criação de nichos ecológicos e ao transporte de hábitats para climas mais ou menos
favoráveis.
• A configuração geográfica dos continentes, além de definir o centro de gravidade do planeta,
também condiciona a circulação das correntes oceânicas. Ambos aspectos interferem no
movimento de rotação da Terra.
• O campo magnético da Terra também é condicionado pelo movimento tectônico. Estudos em
paelomagnetismo revelaram que o campo magnético havia se revertido completamente
numerosas vezes durante o passado geológico. Por este conceito podemos considerar a Terra
como um gigante magneto bipolar, no qual os pólos magnéticos coincidem de certo modo com os
pólos geográficos.
Teorias são formuladas por meio de processos conhecidos como métodos científicos. Esses métodos
são abordagens ordenadas e lógicas que envolvem a reunião e a análise de fatos ou dados sobre os
problemas em consideração. Tentativas de explicações, ou hipóteses, são então formuladas para
explicar os fenômenos observados. Se uma hipótese é confirmada por meio de inúmeros testes,
então a hipótese pode ser formulada como teoria.
Para explicar o movimento dos continentes, com base na teoria da tectônica de placas, Alfred
Wegener (meteorologista alemão), publicou em 1915 a hipótese da deriva continental. Wegener
propôs que todas as massas de terra estavam originalmente unidas em um único supercontinente
denominado de Pangéia (“toda terra” em grego), que se fragmentou em sub-unidades que compõe
os atuais continentes. Em décadas seguintes, novas evidências geológicas apoiaram esta hipótese.
Os elementos que compõe a sustentação para a hipótese da deriva continental podem ser
resumidos da seguinte forma:
• Ajuste continental: a configuração dos contornos das costas dos continentes produz uma elevada
combinação das áreas litorâneas.
• Seqüências das rochas e cadeias de montanhas: as seqüências das rochas marinhas e nãomarinhas e glaciais até a idade Jurássica são praticamente idênticas para todos os cinco
continentes, indicando claramente que foram unidas em alguma época.
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• Evidência glacial: Todas as geleiras formam camadas de sedimentação e produzem estrias
(arranhões) no leito das rochas abaixo destas camadas. Mapeamentos de estrias glaciais em
leitos rochosos na Austrália, Índia e América do Sul indicam que estas áreas continentais se
encontravam localizadas no Pólo Sul, ou próximo a esta região do planeta.
• Registros Fósseis: Algumas das evidências mais notórias à teoria da deriva continental vêm dos
registros fósseis da fauna e flora do período Paleozóico Superior. Como exemplo estão as folhas e
sementes de Glossopteris (uma forma primitiva de samambaia), cujos fósseis foram encontrados
em todos os continentes. Dos registros da fauna, destaca-se os fósseis do Mesossaurus, um réptil
de água doce, encontrados em rochas do período Permiano, em regiões do Brasil e África do Sul.
Do período seguinte (Triássico – era Mesozoíca) destacam-se os fósseis dos répteis Lystrosaurus
e Cynognathus (animais exclusivamente terrestres), no primeiro caso foram encontrados na
África, Índia e Antártida, no segundo caso foram encontrados na América do Sul e África.
• Pesquisas paleomagnéticas: Estudos sobre o magnetismo rochoso remanescente, realizados a
partir da metade do século XX, confirmaram que os continentes apresentavam outro
posicionamento geográfico, coincidindo efetivamente com os modelos de deslocamento
propostos a partir da hipótese da deriva continental.
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