CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA E DISTRIBUIÇÃO DE

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64º Congresso Nacional de Botânica
Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013
CARACTERIZAÇÃO ANATÔMICA E DISTRIBUIÇÃO DE LATICÍFEROS EM
EMBRIÕES DE Tabernaemontana catharinensis (APOCYNACEAE)
1
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Yve Canaveze *, Silvia R. Machado
1
Universidade Estadual Paulista, UNESP, Instituto de Biociências, Programa Pós-graduação Ciências Biológicas Botânica; *[email protected]
Introdução
Laticíferos são comuns em Apocynaceae, sendo
predominantemente descritos como do tipo nãoarticulado [1]. Entretanto a classificação dessas
estruturas secretoras é controversa em algumas espécies
da família [2]. Laticíferos não-articulados têm origem
exclusivamente nas iniciais laticíferas no embrião; essas
iniciais crescem e emitem ramos através de espaços
intercelulares, sem que haja citocinese [3]. Laticíferos
articulados se originam da fusão de protoplastos,
derivados dos meristemas primários ou secundários,
após a dissolução parcial ou total das paredes
transversais [3]. As iniciais dos laticíferos articulados
podem ou não estar aparentes no embrião maduro [1].
Nosso objetivo foi caracterizar a estrutura anatômica e a
distribuição de laticíferos em embriões maduros de
Tabernaemontana
catharinensis
A.DC.
Embriões
maduros guardam sinais evidentes de processos
histogenéticos,
permitindo-nos
discutir
questões
referentes à formação e ao desenvolvimento dos
laticíferos durante a embriogênese [3].
Observamos processo
catharinensis.
similar
no
embrião
de
T.
No terço mediano do eixo embrionário, os laticíferos são
mais alongados axialmente e apresentam dois ou mais
núcleos por célula. É possível observar a conexão entre
laticíferos de séries longitudinais adjacentes pelas
paredes terminais rombudas e ligeiramente oblíquas,
indicando a formação de um sistema anastomosado.
Também são observadas fusões de protoplasto de
laticíferos vizinhos e de laticíferos com outras células do
meristema fundamental, além de laticíferos com
projeções apicais tubulares por entre células adjacentes
sugerindo a ocorrência de crescimento apical intrusivo.
Esta forma de crescimento é comumente associada à
maneira de crescimento e ramificação de laticíferos nãoarticulados [2]; entretanto, já foi reportada para laticíferos
articulados para alguns gêneros de Euphorbiaceae [4].
Próximo ao ápice radicular os laticíferos são mais
delgados do que nas demais regiões do embrião. Tal
característica também foi observada no embrião de
Cryptostegia grandiflora (Apocynaceae), possivelmente,
pelo afastamento do plexo nodal, região “foco” da
diferenciação dos laticíferos [5].
Material e métodos
Conclusões
Coletamos frutos maduros de indivíduos de T.
catharinensis em áreas de cerrado sensu lato.
Removemos manualmente o arilo das sementes e as
colocamos para embeber por 36 h em água deionizada.
Após remoção do tegumento e endosperma, fixamos os
embriões maduros em Karnovsky por 24 h, desidratamos
em série etílica e infiltramos em historresina. Coramos as
secções transversais e longitudinais seriadas (5 µm de
espessura) com Azul de Toluidina 0,05%, pH 4,7.
No embrião maduro de T. catharinensis os laticíferos são
do tipo articulado anastomosado com crescimento apical
intrusivo e já produzem látex, provavelmente atuando na
defesa contra herbívoros e patógenos [6]. Nossos
resultados corroboram com Milanez [3], porque mesmo
analisando unicamente os embriões maduros foi possível
compreender o processo de formação dos laticíferos que
ocorre durante a embriogênese.
Resultados e Discussão
Agradecimentos
O embrião maduro de T. catharinensis é axial, tem cerca
de 5 mm de comprimento e é composto por dois
cotilédones foliáceos sésseis, unidos pelas bases ao eixo
embrionário cilíndrico, com a extremidade radicular
exposta; a plúmula é indiferenciada. Laticíferos ocorrem
por todo o embrião, estão associados ao procâmbio e ao
meristema fundamental e se distinguem das células
adjacentes por apresentarem-se axialmente alongados,
protoplasto geralmente granuloso e núcleo(s) esférico(s)
com nucléolo proeminente. Essas características
morfológicas indicam que os laticíferos diferenciam-se
rapidamente e tornam-se secretores precocemente.
À Fapesp pela bolsa de doutorado à primeira autora
(Proc. 2012/16441-3) e apoio financeiro Projeto TEMBIOTA (Proc. 2008/55434-7).
Na região do nó cotiledonar, em seções transversais, é
comum a formação de projeções laterais entre os
laticíferos e entre esses e as células do meristema
fundamental adjacentes, as quais passam a fazer parte
do sistema laticífero. Milanez [3] considerou que a
formação de novos ramos horizontais nos laticíferos do
embrião maduro de Nerium oleander (Apocynaceae) é
resultado de ação indutora do laticífero sobre uma célula
vizinha do meristema fundamental; neste caso, o laticífero
emite uma projeção lateral fina que penetra no citoplasma
da célula vizinha e, posteriormente, essa célula se
diferencia apresentando características de laticíferos.
Referências Bibliográficas
[1] Evert, R.F. 2006. Esau’s plant anatomy. Wiley-Interscience.
[2] Demarco, D.; Kinoshita, L.S. & Castro, M.M. 2006. Laticíferos
articulados anastomosados - novos registros para Apocynaceae.
Revista Brasileira de Botânica 29(1): 133-144.
[3] Milanez, F.R. 1977. Ontogênese dos laticíferos contínuos de
Neridium (Nerium) oleander L. Trabalhos do XXVI Congresso
Nacional de Botânica, Rio de Janeiro 1975: 343-379.
[4] Rudall, P.J. 1987. Lacticifers in Euphorbiaceae - a
conspectus. Botanical Journal of the Linnean Society 94: 143163.
[5] Milanez, F.R. 1959. Contribuição ao conhecimento anatômico
de Cryptostegia grandiflora – I. Embrião. Rodriguésia 21/22(3334): 347-394.
[6] Farrell, B.D.; Dussourd, D.E. & Mitter, C. 1991. Escalation of
plant defense: do latex/resin canals spur plant diversification?
American Naturalist 138(4): 881-900.
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